(Reflexão) Sobre práticas acusatórias ao Movimento Anarquista brasileiro

Em outros momentos, a Rede de Informações Anarquistas publicou duas reflexões, a saber, Eleição é farsa, movimentos sociais e organizações anarquistas também!Porque eu não sou anarquista, dos autores R29 e J., respectivamente. Ambas as reflexões promovem importantes críticas ao estágio atual do movimento anarquista no Brasil, perpetuado de individualismos egocêntricos, jogos por poder e autoritarismos disfarçados de princípios programáticos que contradizem os próprios princípios libertários e libertadores que deveriam guiar o anarquismo em qualquer canto do mundo.

Contudo, de modo a criar um espaço de debate, afirmarei aqui que ambos os textos reproduzem alguns equívocos que também devem ser problematizados para que o movimento anarquista brasileiro possa vislumbrar melhores horizontes futuros. Argumento, acima de tudo, que não só o conteúdo de uma crítica importa, como também a forma através da qual ela é feita, algo aparentemente desconsiderado por ambos os autores ao não se preocuparem em desenvolver, em conjunto ao movimento anarquista, uma capacidade de autocrítica que possa ser construída de uma forma leve e saudável. Nesse sentido, apresento a seguir quatro elementos os quais julguei problemáticos nas duas reflexões:

A destruição pela destruição.

A destruição, ao contrário do que pensam muitos, carrega sim consigo uma capacidade inovadora e renovadora capaz de resolver problemas e modificar realidades. Afinal, das cinzas do velho mundo nasce o novo. Contudo, quando a destruição deixa de ser um meio e se transforma no próprio fim da ação, ela deixa de ser propositiva e vira apenas uma negação niilista que em nada agrega.

Ao ler ambos os textos, por mais que eles possuam críticas que eu não só compactuo, como acredito serem problemas centrais do movimento anarquista atual, acredito que os autores ao reproduzirem uma ênfase exacerbada nesse movimento destruidor e negacionista acabam por passar uma impressão que a destruição, que chamarei aqui carinhosamente de esculacho, é a única intenção de ambos.

Explico. Chego a essa interpretação devido aos seguintes fatores: além de ambos serem poucos propositivos (o que, em si, não necessariamente é um problema, pois, como dito, é preciso primeiro criticar para depois ser propositivo), tanto R29 quanto J. parecem estar fazendo a crítica de um lugar de fala fora do próprio objeto o qual eles estão criticando, a saber, o movimento anarquista brasileiro. R29 o faz isso ao rejeitar a própria existência do movimento anarquista no Brasil, enquanto J. nega a si próprio o rótulo de “anarquista”.

Ao fazerem isso, e falarem de certa forma de um “anarquismo que existe por aí”, parece que eles se colocam como imunes à própria crítica uma vez que a construção lógica presente nos textos estabelece uma relação separada entre sujeito crítico e objeto criticado como se essas fossem duas coisas completamente distintas. Se estão do lado de fora desse movimento, se chegam até mesmo a negar o próprio movimento, qual seria então os objetivos da crítica além de esculachar e desmoralizar tal movimento?

Oras, se ambos não fizeram parte e, de alguma forma, ainda fazem sim parte do movimento anarquista (ao se proporem criticá-lo), não são eles tão responsáveis pelos nossos erros como qualquer outro militante? Seja pela omissão, pelo silêncio momentâneo, pelo estabelecimento de prioridades pessoais ou pela seletividade de nossas práticas, seja o que for, quando criticamos uma coletividade, temos que ter ciência de que fazemos parte dessa coletividade, ou seja, que somos objetos de nossas próprias críticas – algo que ambos parecem não só fugir, como também negar ao apelarem até mesmo a uma linguagem debochada (“militontos”, “iluminados”, entre outros termos), em especial o primeiro texto, na construção de sua lógica argumentativa.

Afinal, se o deboche é utilizado como forma de realizar a crítica, quem iria debochar de si próprio? Torna-se evidente assim que o criticado é o “outro”, e não o “nós”. O que nos fazer entrar no segundo elemento que pretendo problematizar, logo abaixo.

A armadilha do anarcômetro. 

Ambos os textos criticam, com razão, a existência de um anarcômetro dentro do movimento, ou seja, uma conduta deplorável de alguns militantes de quererem determinar quem é ou não anarquista, ou quem é a organização ou indivíduo mais revolucionário dentro do movimento, algo que medem a partir de um limitado punhado de princípios e práticas que eles consideram como constituintes do “verdadeiro anarquismo”. Aqueles que não seguem esses princípios e práticas não seriam tidos, assim, como “anarquistas”.

Pois bem, por mais que eu concorde com essa crítica, tanto R29 quanto J. caem na armadilha de reproduzirem eles próprios o que estão criticando. Ao apelarem não só para o deboche, mas também para uma posição privilegiado onde eles se colocam “fora” do movimento anarquista e desenvolvem uma crítica do “outro”, de quem ainda acredita, ingenuamente, que está “dentro” desse movimento, torna-se perfeitamente plausível afirmar que o que os dois autores estão querendo dizer é que o movimento anarquista brasileiro como um todo está caminhando por estradas equivocadas e eles, os iluminados, foram os únicos a perceber isso.

Temos que nos conscientizar de que quando nos propomos a realizar uma crítica estamos sempre emitindo juízos de valores sobre o que achamos certo ou errado, quer a gente queira ou não. Reconhecer isso é o primeiro passo para conseguirmos construir uma crítica amiga e construtiva ao invés de um esculacho onde se estabelece uma relação do “iluminado” perante o “ingênuo”. O tom enfático, negacionista e de deboche presente nas duas reflexões de nada ajuda a construir essa crítica mais fraterna. Dessa forma, ambos os textos tratam-se, também, mesmo que de uma forma diferenciada, de “anarcômetros”.

A localização espacial da crítica. 

Quando alguém realiza uma crítica, é importante definir precisamente o que está sendo criticando para não cair no perigo de generalizar a reflexão a dimensões e espaços da realidade social os quais devemos humildemente reconhecer desconhecimento. Tanto o primeiro texto quanto o segundo caem nesse erro ao não localizarem espacialmente a sua crítica, onde enquanto o primeiro fala do “movimento anarquista brasileiro”, o segundo nem mesmo se dá o trabalho de definir qualquer localização geográfica.

Pois bem, conhecendo os autores de ambos os textos, sei que os dois tiveram uma experiência dentro do movimento anarquista diversificada, mas ainda assim um tanto limitada, assim como eu, assim como qualquer pessoa, não importa o quão experiente seja, pois, afinal, somos todos apenas meros seres humanos.

Os coletivos que fizemos parte, os espaços que estivemos presentes e as pessoas anarquistas que tivemos a chance de conhecer são ínfimos perto da gama de possibilidades existentes dentro do movimento anarquista brasileiro, mesmo que esse não se encontre em sua melhor fase.

Então, oras, como que é possível a partir dessa limitada experiência acreditar que é legítimo falar do movimento anarquista como um todo, sendo que este que está presente de norte a sul, sendo que há relatos de sua existência, organizada ou não, em todas as regiões brasileiras, e mesmo aqui na cidade onde moramos, temos total ciência da existência de espaços e grupos os quais pouco conhecemos?

Qual a necessidade de generalizar a crítica e partir para uma arrogante presunção de que o “anarquismo brasileiro é uma farsa” se não conhecemos o movimento anarquista brasileiro em sua plenitude? Qual a dificuldade de reconhecer a nossa limitação de atuação e localizar espacial e temporalmente a nossa crítica, dado que só podemos problematizar o que conhecemos?

Ambos os textos caem no equívoco de acreditar que a experiência limitada dos autores resume toda a dimensão de possibilidades e alternativas vigentes dentro do diversificado campo que chamamos de “movimento anarquista”. Errado. O movimento anarquista sempre foi, e sempre será, muito maior do que nossas individualidades. Ainda bem.

O anarquismo pós-colonial. 

Tanto o texto de R29 quanto a reflexão de J. contém uma crítica correta em relação ao eurocentrismo não só contido em muitos dos discursos e práticas de militantes e organizações anarquistas brasileiras, como em outras esferas de produção de conhecimento dada a relação geopolítica desigual entre centro periferia que o Brasil possui com os países do norte.

Contudo, antes de prosseguirmos, vale destacar que, embora eu compactue com a constatação colocada por ambos os autores de que o anarquismo precisa se renovar, ou seja, que precisamos problematizar o colonialismo existente no fato de que o pensamento anarquismo europeu do século 19 continua guiando as nossas práticas atuais em um Brasil do século 21, a questão não é, e nem pode ser, um total abandono de tudo que foi construído e dito até o presente momento.

Pois a história do movimento anarquista é, em alguma medida, a história do operariado, das pessoas oprimidas, dos de baixos, europeus ou não, e, se afirmamos que fazemos parte desses grupos ou que ao menos somos aliados a estes, temos o dever de resgatar e resguardar tal história que é incessantemente rejeitada e negada pela historiografia oficial imposta pelo Estado e suas instituições elitistas. Além disso, tal acúmulo histórico pode conter sim respostas a problemas que hoje nos perturbam em nossas militâncias cotidianas. O problema, portanto, não é descartar o que foi produzido pela sua limitação regional e temporal, mas a transposição mecânica e acrítica que alguns militantes brasileiros fazem dos conceitos e teorias concebidas em realidades distintas do contexto social singular do Brasil atual.

Ambos os autores concordariam comigo, acredito. R29 atenta para a condição colonizada do nosso país, decreta também que os séculos 19 e 20 já acabaram além de atestar que as armas utilizadas pelo movimento anarquista de cá tratam-se de interjeições e verbetes importados dos países europeus. Já J. diz que “se ser anarquista é vomitar pensadores de outros séculos e fechar os olhos para o quanto o mundo mudou desde então, eu não sou anarquista“. Pois bem, a crítica está correta. O equívoco está em achar que tal crítica é inédita.

A questão é que essa reflexão crítica tão necessária para a renovação do movimento anarquista já se encontrando em curso há um bom tempo. O bolo já foi fatiado e distribuído, a cereja já foi digerida. Não só isso, enquanto R29 e J. ainda se limitam a simples crítica, o anarquismo do século 21 já superou esse momento ao estar vivenciando processos propositivos onde novos caminhos possíveis estão sendo colocados no horizonte de possibilidades, mesmo que muitos ainda se encontrem em uma fase embrionária.

Exemplos não faltam. O diálogo entre povos não-ocidentais com a teoria libertária presente na antropologia anarquista, o movimento pós-anarquista influenciado pelo pós-estruturalismo francês, o anarquismo negro de diversos militantes ex-Panteras Negras que incessantemente ganha forma nos Estados Unidos, o resgate da história do movimento anarquista em países da África, o confederalismo democrático curdo, os diálogos globais entre os novos movimentos sociais (feministas, queer, trans, LGBT, movimentos negros, etc.) com o anarquismo e, para darmos um exemplo local, as recentes conexões que estão sendo feitas entre os movimentos quilombolas e anarquistas no nordeste brasileiro e o movimento anarcopunk paulista que continuamente coloca em intersecção o anarquismo com as pautas raciais ilustram a capacidade de reinvenção do anarquismo mundial que tanto R29 e J. clamam e parecem negar.

Então, se considerarmos que o movimento anarquista brasileiro ainda está longe do ideal tanto em termos quantitativos quanto em formas qualitativas, qual a necessidade desse jogo identitário de ficar se afirmando frente a meia dúzia de militantes que continuam a insistir no passado? Por que não apostar nessas outras proposições que já se encontram sendo desenvolvidas cotidianamente por pessoas que necessitam mais do que eu, indivíduo privilegiado, por essa renovação? Por que toda essa ênfase na negação, na crítica ao outro, na retórica discursiva, se a melhor maneira de criticar alguém é com base no fazer diferente? Ou seja, ao invés da negação, ação. Ou melhor, negar o autoritarismo e o jogo por poder existente dentro do movimento anarquista brasileiro, algo que não ouso negar, com base em uma ação cotidiana, diária e contínua.

Debochar do outro, se colocar como fora de um movimento o qual você também fez parte e é igualmente responsável por, criticar esse movimento a partir desse lugar de fala diferenciado e privilegiado o colocando como o “outro ingênuo” enquanto você, o “iluminado”, foi um dos poucos que percebeu o quão errados estamos, tudo isso o movimento anarquista já está cheio. O que precisamos agora é desenvolver um ambiente inclusivo, livre de autoritarismos e opressões, no qual a crítica pode não só ser construída de forma leve e cuidadosa, como também traduzida em ações propositivas – e isso, como vimos nos exemplos citados, não falta. Então, antes de negar o anarquismo, conheça o anarquismo. Pois ele se encontra muito além de nossas limitadas e egóicas individualidades. As potencialidades estão aí, basta explorarmos elas.

Por G.

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(Rio de Janeiro) “Mulheres contra cunha” tomam as ruas do Rio de Janeiro em protesto

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MULHERES CONTRA CUNHA

Milhares de mulheres marcharam pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (28/10) contra a ofensiva da bancada conservadora da Câmara dos Deputados, liderada por Eduardo Cunha, a seus direitos conquistados.

A concentração começou por volta das 14h em frente a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), onde tramita a “CPI do aborto”, destinada a estabelecer punições mais rígidas para mulheres e profissionais de saúde que realizarem esse procedimento.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cada 2 dias uma brasileira morre por aborto inseguro, um problema de saúde pública ligado à criminalização da interrupção da gravidez

Por volta das 17h, a marcha seguiu em direção à Cinelândia, passando pelo escritório do presidente da Câmera, Eduardo Cunha, o mesmo que já declarou que leis sobre a legalização do aborto só passariam “sobre seu cadáver”, sendo conivente assim com o cadáver de milhares de mulheres que morrem em decorrência de procedimentos clandestinos por conta da intransigência de um Estado autoritário que não se cansa de legislar sobre o direito ao corpo das pessoas. O protesto ficou marcado por frases como “machistas, fascistas, não passarão!”, “legaliza! o corpo é nosso, é nossa escolha, pela vida das mulheres!”, “pílula fica, Cunha sai”, “meu corpo, minhas regras”, entoadas tanto nos cantos quanto nos cartazes e faixas.

Ao chegar na Cinelândia, as mulheres e apoiadores, que somaram cerca de 4 mil manifestantes, tomaram a escadaria da Câmara Municipal e transformou a praça em um grande palco de intervenções artísticas com o intuito de denunciar o machismo presente tanto na sociedade quanto nas práticas do Estado brasileiro e conscientizar sobre o retrocesso que seria a aprovação do PL 5069-13, de autoria de Cunha, projeto de lei que dificulta o acesso de mulheres estupradas a procedimentos abortivos e que criminaliza quem ajudar uma mulher a abortar ilegalmente.

Segue mais fotos do ato:

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Foto: Tatiana Ruediger
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Foto: Tatiana Ruediger
Foto: Tatiana Ruediger
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Foto: Tatiana Ruediger

 

(Reflexão) Para nós, homens: o debate feminista no ENEM e a nossa obrigação enquanto machistas

Para nós, homens.

11249094_10153261009871973_86279490837545895_nDe nada adianta compartilhar o meme da Simone de Beauvoir ou comemorar o tema da redação no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), a saber, a persistência da violência contra a mulher no Brasil, se não estamos engajados em um processo contínuo de autocrítica e vigilância sobre nossas micro-práticas que violentam, seja fisicamente, seja simbolicamente, as mulheres ou outro grupo oprimido.

Celebrar o alheio e se juntar ao coro é fácil. Agora, refletir sobre a nossa própria posição social enquanto machistas e indivíduos privilegiados, o que por conta própria já é uma violência em si, aí trata-se de um caminho que quase ninguém quer trilhar.

Mesmo os poucos que trilham esse caminho, boa parte o faz com muita dificuldade. Alguns são seletivos em sua autocrítica, se recusam a ouvir certas sugestões e críticas de nossas companheiras e amigas feministas sobre nossa conduta e/ou deixam de chamar a atenção de nossos amigos homens quando eles reproduzem algum tipo de postura machista na nossa frente (e aqui eu me incluo como alvo dessa crítica, pois nenhum de nós, homens, está imune de tal processo reflexivo).

Para ser um homem empenhado em desconstruir o patriarcado, o machismo e o sexismo não basta afirmar perante ao mundo “eu não sou machista”. Nem mesmo a mera autoafirmação como anarquista ou libertário é suficiente para atingir essa desconstrução, uma vez que de nada serve a retórica descolada da prática, um problema que faz com que o movimento anarquista seja, infelizmente, repleto dos ditos “anarcomachos” – os supostos anarquistas que não problematizam o machismo inerente em suas condutas e em suas organizações.

Para sermos esse homem comprometido com a construção de relações sociais livres de opressões, o primeiro passo é justamente nos reconhecer como machistas, é dizer para o mundo e para si mesmo, “eu sou machista”. Enquanto as estruturas de poder de nossa sociedade continuarem a reproduzir práticas e discursos que oprimem mulheres, enquanto o patriarcado persistir em ser a ideologia hegemônica, nós seremos machistas, não importa o quão avançado estamos em nossos processos de desconstrução e autocrítica. Pois não há uma solução individual para um problema que é coletivo.

Não basta desconstruir, é preciso destruir esse patriarcado, e essa destruição há de ser coletiva. Ou todos nós deixamos de reproduzir posturas e valores machistas, ou continuaremos todos a oprimirem mulheres, seja de forma estrutural e involuntária ou consciente e deliberada – não existe exceções.

Não tornemos, portanto, vazia toda a justa celebração que ocorreu em torno da presença das tão importantes pautas feministas na prova do ENEM. Por mais que nós, enquanto anarquistas, recusemos tal prova por ela se tratar de uma ferramenta elitista e mercadológica que reproduz desigualdades e opressões capitalistas, reconhecemos o valor de ter esse debate antiopressão inscrito em seu conteúdo no sentido de disseminar essas ideias e fazer frente a discursos conservadores e protofascistas.

Dito isso, devemos permitir que todo o debate incitado por esse momento histórico passe de fato a influenciar nossa conduta cotidiana para combatermos toda violência machista e sexista inserida em nossas práticas tanto em um nível macro (no caso, na disputa pelos discursos) quanto em um nível micro (no nosso dia-a-dia).

Homens, não passaremos!

Por Gustavo Fernandes

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(Rio de Janeiro) Manifesto de Criação da Frente Anticapacitista de Esquerda, F.A.E.

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“Nós somos a F.A.E (Frente Anticapacitista de Esquerda). Somos um coletivo auto-organizado destinado a discutir e combater o Capacitismo e a Psicofobia, coletivo este fundado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Historicamente, dentro do debate de opressões, a luta anticapacitista sempre foi esquecida, sendo desconhecida por muitos e menosprezada por tantos outros. O que não toleraremos mais em nossa Universidade e nosso cotidiano.

O Capacitismo é o preconceito/intolerância materializado em agressões físicas, verbais ou psicológicas contra pessoas com alguma deficiência física/psicológica/mental reproduzido por indivíduos que se enquadram nos “padrões de normalidade imposto pela sociedade”.

Devendo ser desconstruídos inclusive, os sentimentos de caridade ou pena em relação a pessoas com deficiência, deixando claro que antes de tudo somos Seres humanos, não sendo superiores ou inferiores a ninguém devido às particularidades de cada um.

Lutamos por uma Universidade verdadeiramente acessível em todos as áreas, e a todos os indivíduos que constroem esse ambiente de forma plural. Lutamos para que a Esquerda dê o espaço necessário a esse debate tão importante contra o Capacitismo, a medicalizaçao da vida e a psicofobia.”

No dia 28 de setembro de 2015, a F.A.E. realizou uma intervenção anticapacitista no hall do nono andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Abaixo, segue algumas fotos de cartazes colados contendo frases que precisamos todxs refletir sobre.

intervenção anticapacitista FAE

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(Rio de Janeiro) Relato da Feira da Pretitude, Autonomia Preta!, ocorrida no dia 18 de outubro

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Realizada pelo Fórum de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, a Feira Pretitude Econômica teve a sua primeira edição realizada no Complexo do Alemão no dia 18 de outubro, domingo.

A Feira foi construída a partir da iniciativa de movimentos e coletivos de maioria negra das áreas da saúde, da cultura, da culinária, da educação, da psicologia, do audiovisual, bem como familiares e vítimas do Estado racista Brasileiro.

Também teve como objetivo difundir a cultura de resistência africana e afro-brasileira, impulsionando o consumos de acessórios, músicas, arte, livros entre outros bens materiais e imateriais. Como proposta, parte da renda da Feira é revertido em fundo de apoio às vítimas do Estado.

Contando com a participação de moradores e moradoras do Complexo, a Feira conseguiu atingir o seu objetivo mesmo tendo pouco tempo de divulgação. Todo o processo foi de protagonismo negro, visando fortalecer a autonomia política e financeira dos coletivos e pessoas que participaram.

Estiveram presente na organização o pessoal da Frente de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro e o Ocupa Alemão com apoio da Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta.

A próxima edição será realizada no Vidigal, em dezembro.

Segue algumas fotos da Feira

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