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(Rio de Janeiro) Relato do Ato Indigne-se Contra os Homicídios de Crianças Negras no Brasil

Ato realizado na Central do Brasil – 10 de Setembro de 2015

Após mais uma morte de um jovem negro e pobre nas favelas do Rio de Janeiro, Cristian Soares, de 12 anos, morto na favela de Manguinhos, cerca de 300 pessoas ocuparam e pararam a Central do Brasil para protestar pelo fim do genocídio da população negra. Mais uma, pois os assassinatos contra a população negra e pobre nunca cessaram. Desde a época das “Grandes Navegações” essa população vem sendo dizimada de várias formas.

No século XXI não é diferente. O Rio de Janeiro e cidades mundo afora reproduzem verdadeiros apartheid sociais, exterminado cotidianamente a população mais pobre e não-branca.

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O ato “Indigne-se contra os homicídios de crianças e adolescentes negros e favelados” começou com uma ocupação de um dos portões principais da Central do Brasil, que no horário havia diversos trabalhadores e trabalhadoras voltando para suas casas, o que de certa maneira, deu uma grande visibilidade às denúncias feitas. O portão e grades da Central foram ocupados por diversos cartazes e faixas denunciando as mortes ocorridas na favelas do Rio de Janeiro, que aumentaram após a instalação das UPPs.

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Após a concentração, uma das ruas adjacentes a Central do Brasil foi ocupada e os/as manifestantes, em sua grande maioria negras e negros e moradoras/os de favela, caminharam até uma das secretarias da prefeitura que se localiza também na Central. Ao pararem em frente a esta foram projetados diversos dizeres nas paredes, permanecendo ocupando durante alguns instantes a rua do centro da cidade.

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Não podemos mais admitir o genocídio da população negra e favelada!
Pelo fim do Capital e de seus lacaios chamados de policiais!
Fora UPPs das favelas já!

(Artigo) O Apartheid Social e o processo de higienização no Rio de Janeiro

Apartheid social é a método de violência que mantém o sistema de opressão com base na classe e na raça. A cidade do Rio de Janeiro conhecida internacionalmente por sediar megaeventos também está se aprofundando no processo de higienização social que consiste na expulsão e fragmentação das milhares de famílias que vivem no entorno da cidade suburbana e nas favelas. Uma das medidas que mais afrontam é a seletividade penal, pois é um ataque a auto-estima, subjuga e criminaliza jovens negros e pobres os impedindo de frequentar livremente bens públicos como a praia, por exemplo, porém, este espaço deve sim ser ocupado por todxs.

Esta violência traz muito impacto à cidade , moradorxs antigxs de regiões especuladas são jogados compulsoriamente para o outro lado com as remoções e jovens são afastados da convivência como ocorreu há duas semanas quando alguns ônibus vindos da zona norte foram vistoriados antes de chegar à praia, assim, a desigualdade fica muito mais acentuada e clara em seu propósito de jogo de interesses numa sociedade capitalista.

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Este ciclo se retroalimenta na manutenção dos desiguais porque, de uma forma ou de outra, eles são consumidores e quando deixam de cumprir este papel produzem outra margem de lucro também às suas custas, pois os poderosos se apropriam de uma imagem estigmatizada que se vende na grande mídia.

Não ao Apartheid Social e em defesa da população pobre e negra das favelas!

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Veja as notícias sobre o recolhimento de adolescentes negros a caminhos das praias na Zona Sul do Rio no Jornal Extra e no Brasil 247.


“Este texto está escrito em linguagem não sexista, quer dizer, não vamos usar o masculino para representar um grupo misto, por exemplo ‘os trabalhadores’. Assim, usamos o X para indicar que o gênero é indefinido, por exemplo: ‘xs trabalhadorxs’. Quando isso não for possível, usaremos a palavra feminina, por exemplo ‘algumas’.”

 

(Rio de Janeiro) Greve Estudantil na UFRJ: chamado à construção do levante pelas bases!

IMG_20150615_094957Há duas semanas, uma grande assembleia geral de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Centro de Ciências da Saúde, deliberou, mediante a presença de mais de mil pessoas, dentre estudantes da graduação, pós-graduação, observadores dos técnicos-administrativos e do corpo docente, a instalação de uma greve estudantil permanente. Nas inúmeras pautas levantadas por diversos movimentos, coletivos e indivíduos, destaca-se a crise na assistência estudantil. Com o agravamento no corte de verbas do orçamento federal para a educação brasileira, e, paralelamente, a crise na gestão da UFRJ, a assistência aos estudantes negros, pobres, trabalhadores, precarizados vêm sendo sistematicamente ignorada por todo o corpo administrativo gestor da universidade, enquanto centenas de alunos e alunas deixam de frequentar as aulas graças ao atraso no pagamento de bolsas de permanência, bloqueio na saída de novos editais para bolsas de auxílio, abandono do alojamento estudantil, criminalização da luta por assistência aos estudantes cotistas e total falta de respeito à realidade daqueles que não possuem condições financeiras para sustento próprio sem o devido auxílio da comunidade acadêmica.

É importante frisar que esta pauta não começou em 2015. Levando em consideração o fato da UFRJ ter sido uma das últimas universidades públicas a aderir ao sistema de cotas sociais e raciais, entre 2011 e 2012, período da última grande mobilização grevista vista por aqui, já discutia-se a implementação de políticas reais que garantissem a assistência estudantil aos alunos cotistas, parcela esta que apresenta os maiores índices de evasão da universidade por motivo financeiro. Ainda naqueles anos, as assembleias estudantis lutaram pela instauração da bolsa de acesso e permanência, a finalização de obras nos restaurantes universitários e auxílio moradia. As mobilizações daquele período passaram e agora, mediante os cortes no orçamento federal (através de um conjunto de práticas mundialmente conhecidas como Austeridade Fiscal) nos vemos novamente na luta pela assistência estudantil, com a crucial diferença de que, agora, todo os ganhos obtidos no passado estão fortemente ameaçados. É válido lembrar que a comunidade acadêmica da UFRJ já enfrentou uma primeira paralisação no início de seu ano calendário letivo, com a realização de uma grande assembleia estudantil no primeiro dia marcado para o início das aulas (após um primeiro adiamento por falta de recursos para pagamento dos funcionários terceirizados) cuja pauta principal já configurava o que hoje é nítido aos que mais precisam: a assistência estudantil está sendo abandonada!

Também lembramos que a manutenção de um processo de lutas verdadeiramente participativo e amplo requer métodos horizontais e não hierarquizados para nossa própria organização. Para tanto, 2013 nos deixou valiosos aprendizados, como a importância da construção cotidiana pelas bases, respeitando o debate e a autonomia de cada grupo/coletivo envolvido nos diversos espaços de luta. Por isso mesmo, acreditamos na importância da quebra imediata com modelos organizativos centralizadores de processos, grupos formados por interesses escusos ao da coletividade com o único objetivo de comandar e guiar o movimento grevista (e isso não é diferente no meio estudantil). O resultado na reunião do Consuni – Conselho Universitário da UFRJ (ocorrido na manhã de ontem, 11 de Junho) e a assembleia geral dos estudantes na Escola de Música reforçam nosso posicionamento de que a greve estudantil, mesmo deflagrada e reconhecida institucionalmente, só terá legitimidade se for verdadeiramente organizada pela associação livre estudantil, de baixo para cima, de forma autônoma, descentralizada, libertária!

As falas contra a supressão do calendário acadêmico defendidas pelos conselheiros do Consuni (dentre eles o reitor recentemente eleito pela comunidade acadêmica, Roberto Leher) e por estudantes e professores da elite organizada que atua dentro da UFRJ apenas nos provam como é urgente a necessidade de espaços libertários reais dentro da universidade que reúnam e potencializem a fala dos mais oprimidos pelas políticas de corte na assistência estudantil e precarização do ensino. Falamos aqui de espaços que contemplem negras e negros, pobres, trabalhadores e desempregados que hoje mal conseguem pagar os preços absurdos de um ônibus intermunicipal para deslocar-se, por exemplo! A greve estudantil, para ser legítima, precisa do recorte racial e econômico em todos os cursos mantidos pela universidade, tanto na graduação quanto na pós! É preciso coragem, força e apoio mútuo para rompermos com modelos centralizadores, partidários e conservadores que imperam na UFRJ há décadas, e nós acreditamos que vivemos sim o momento ideal para, ao menos, iniciarmos os diálogos e articulações necessárias nesse sentido!

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Protesto de aluno negro após uma professora do curso de Letras realizar fala de cunho racista durante o Consuni.
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Auditório lotado para reunião do Consuni
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Muitos estudantes ocuparam o saguão e os espaços externos do prédio da Reitoria para assistir a reunião do Consuni.
Assembleia geral dos estudantes da UFRJ realizada na Escola de Música, instituição reconhecida tradicionalmente pelo seu conservadorismo!
Assembleia geral dos estudantes da UFRJ realizada na Escola de Música, instituição reconhecida tradicionalmente pelo seu conservadorismo!

Lembramos também que os técnicos-administrativos e seus comandos de greve local estiveram presentes na reunião do Consuni e na Assembleia Geral dos Estudantes, assim como os funcionários terceirizados e alguns professores que não concordam com a decisão de não adesão à greve por parte da categoria. Em todas as falas, ficou nítido a vontade e a necessidade da união de pautas e lutas! Estudantes e trabalhadores já ensaiam na UFRJ o que podemos prever para os tempos vindouros em todo o Brasil na área da Educação: a união real, pela BASE, entre as pautas sociais e econômicas que lutarão por um projeto de sociedade diferente do que está sendo imposto pelo governo!

Deixamos aqui nosso chamado à luta, à construção da greve geral na educação pela BASE, com a BASE! Sem comandos centralizados, sem direções iluminadas ou vanguardas intocáveis!

Nós por nós, todos contra eles!

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(Rio de Janeiro) Relato preliminar do I Fórum Geral Anarquista no Rio de Janeiro

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O I FÓRUM GERAL ANARQUISTA foi realizado no Rio de Janeiro, na sede do SINDIPETRO, promovido pela Liga Anarquista no Rio de Janeiro e com o apoio do Instituto de Estudos Libertários (IEL) e do Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação (EL). O Fórum funcionou como um espaço de encontro, conversas, análises, discussões, registros, trocas, sugestões, celebrações. O evento contou com dois momentos distintos.

Inicialmente, a pauta pré-definida do FEDERALISMO ANARQUISTA, de convergência e atenção comum, foi pensada e debatida por todos na Conferência de Abertura, cuja apresentação ocorreu por meio de uma mesa com conferencistas do coletivo organizador, de apoiadores e convidados e convidadas da Federação Libertária Argentina (FLA) e do Movimento AnarcoPunk de São Paulo (MAP-SP), exibindo seus estudos/experiências e com o público realizando considerações e questões logo em seguida.

Nos outros dias, em formato misto, as Rodas de Conversas foram constituídas por duas pessoas responsáveis pela relatoria e equilíbrio entre tempo/audição enquanto todos e todas as integrantes de cada Roda abordaram macrotemas pré-definidos (Conjuntura Nacional e Internacional; Gêneros, Sexualidades e Anarquismo; Anarquismo nas regiões brasileiras e na América). A estrutura horizontal teve também os Grupos de Discussão propostos pelos indivíduos e coletivos participantes (Pedagogia Libertária; Privacidade, Web/celular; Assembleias Populares horizontais no Rio de Janeiro; Comunicação comunitária/Resistência favelada). Em cada Grupo, um ou uma das proponentes fez o relato do que foi discutido. No último dia foram apresentadas as relatorias das rodas de conversa e dos grupos de discussão para a elaboração de cartas sugeridas. Em breve a Liga Anarquista postará em seu blog as cartas redigidas ou as teses apresentadas nas discussões para melhor elaboração futura.

Durante o evento foi lançado o livro Anarquismo é Movimento – Anarquismo, Neoanarquismo e pós-anarquismo, de Tomás Ibáñez, seguido de bate-papo com Sérgio Norte, tradutor do livro do espanhol para o português. Ao término do fórum, realizou-se a Feira da Autogestão no espaço aberto existente entre as ruas Luís de Camões e do Teatro. Esse espaço destinado à apresentação de iniciativas autogestionárias e à troca de experiências entre seus idealizadores foi o palco da confraternização entre o/as diverso/as participantes do fórum com os indivíduos/coletivos que produzem material (alimentos e bebidas, conteúdo gráfico, editoras, bazares, feiras agrícolas/orgânicas, etc), ou que incentivam/defendem/pensam a autogestão pelo viés libertário.

Consideramos que o objetivo mais importante do Fórum tenha sido alcançado: o de promover o encontro de anarquistas no Brasil que possuem inclinação federalista; trocar experiências e conhecer estudos realizados por companheiros país adentro; equalizar entendimentos; acordar e realizar ações pontuais, locais e/ou gerais; pautar as questões de gênero e sexualidade no campo anarquista; analisar e discutir a conjuntura social, econômica e política brasileira e mundial (crise econômica, terrorismo de estado, perseguição política, arrocho dos/as trabalhadores, criminalização política e jurídica da pobreza, crise da água, segurança/auto sustentabilidade alimentar e energética, especulação imobiliária, manutenção dos latifúndios rurais, autogestão e descentralização das mídias, movimentos sociais, movimentos populares, sindicalismo, centros de cultura social); conhecer e conversar sobre o federalismo anarquista e elaborar passos efetivos para criação de uma federação ou federações regionais anarquistas.


Algumas imagens do I Fórum Geral Anarquista

forum forum2 forum4 forum5 forum6forum7 forum8Agradecemos a Liga Anarquista no Rio de Janeiro pelo relato, originalmente publicado aqui

A Rede de Informações Anarquistas teve o prazer de cobrir o evento

De baixo para cima, R.I.A. você também

(Rio de Janeiro) Relato do Sarau da Escola de Rua realizado no dia 6 de junho

Rio de Janeiro, 6 de junho de 2015, data da realização do Sarau da Escola de Rua, cuja missão é o ensino, de caráter libertário, a moradores e moradoras de rua da cidade. O sarau foi realizado na Rua Luis de Camões no Centro do Rio, atrás do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e ao lado do Teatro João Caetano. Um local marcado pela violência de infratores que tanto amedrontam as ruas da cidade.

escoladeruaAtravés de uma intervenção artística foi lembrado o primeiro encontro da Escola de Rua, que completou um ano no último dia 29 de Abril de 2015. Onde não há educação a violência predomina e é por isso que a Escola de Rua atua em regiões de alto índice de periculosidade social, mediando, através da esducação e da cultura, as relações de afeto e inclusão.

No Sarau muitas coisas foram diferentes do planejado, porém as surpresas foram incríveis. Entre poemas libertários, oficina de grafite, oficinas de trabalhos manuais – uma delas ministrada por um morador de rua que produz baterias com latinhas de alumínio – e muita música – uma brilhante dupla libertária e um grupo mexicano que toca nas ruas do Rio e no metrô, tendo um de seus integrantes um ex-morador de rua e ex-vendedor da revista Ocas, pudemos ouvir palavras de protestos intervencionistas e palavras de incentivo e carinho.

Houve também brincadeiras com as crianças e muitos voluntários e voluntárias queridas estiveram presentes. Que venham muitos outros saraus, que possamos vencer o medo e intervir através do amor plantando calor humano. Apesar da tensão de todos e todas, podemos dizer que o afeto venceu a desconfiança. Obrigado a companheiros e companheiras que contribuíram de alguma forma e terça-feira que vem tem aula no Largo de São Francisco!

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Mais imagens do Sarau

sarau sarau3 sarau4 sarau5A Rede de Informações Anarquistas agradece a Escola de Rua pelo registro textual e imagético e oferece todo apoio e solidariedade ao projeto