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(Rio de Janeiro) Moradoras da Vila Autódromo são agredidas em mais uma tentativa de remoção arbitrária

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Dia 3 de Junho de 2015, quarta-feira, na Vila Autódromo, ocorreu mais uma tentativa de remoção e intimidação truculenta na cidade do Rio de Janeiro. Uma família foi expulsa por uma oficial de justiça com apoio da Guarda Municipal, que não esclareceram a moradores e moradoras o que estava acontecendo. Sua moradia foi posta em risco frente a mais um novo processo de demolição. Vários moradores e moradoras foram agredidas, incluindo a Dona Penha, uma das principais lideranças da comunidade, que teve seu nariz quebrado e sofreu lesões no olho causadas por cacetadas proferidas contra o seu rosto. O pessoal da comunidade teve que passar horas em uma delegacia policial apurando o ocorrido.

As marcas da violência arbitrária ficaram evidentes nas fotos divulgadas no perfil virtual da Vila Autódromo nas redes sociais. Relatos indicam que os guardas municipais claramente tinham o intuito de violentar as pessoas moradoras, muitas idosas, aterrorizando física e psicologicamente com o intuito de forçar assim a remoção da comunidade que há anos resiste. Felizmente, a Prefeitura foi obrigada a cumprir uma decisão judicial assinada por um desembargador que suspendeu a remoção, impedindo a demolição da casa. No entanto, o grupo alerta que as covardias presenciadas na quarta-feira pode continuar, o que requer dos movimentos sociais e ativistas uma atenção contínua. O temor é que a Prefeitura e a Guarda Municipal retornem durante o feriado para “terminar o serviço”.

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A atual conjuntura da comunidade se dá por conta de alguns processos de desapropriação que existem para algumas casas na região, todos questionados pela Defensoria Pública. Esta é a primeira tentativa de remoção que ocorre em função do decreto expedido pelo Prefeito em março desse ano, decreto esse que desconsidera os títulos de concessão real de uso dos moradores entregues pelo estado do Rio de Janeiro há vinte anos e a declaração de Área de Especial Interesse Social com relação à comunidade. O Prefeito ainda ignora o projeto de urbanização proposto pelo grupo de moradores e moradoras, que viabilizaria a permanência da Vila Autódromo e deixaria um verdadeiro legado social para a área, além de ser bem menos custoso economicamente ao município.

Se existe uma imissão na posse para a casa, fato é que a Prefeitura não concede tempo hábil para a família encontrar outro local de moradia e se mudar de forma tranquila, desrespeitando o direito constitucional à moradia. Além disso, notícias apuradas até o momento informam que o valor depositado pela Prefeitura é menor que o avaliado pelo perito, havendo decisão judicial que suspende qualquer ato de imissão na posse e demolição. Todos os fatos demonstram, portanto, que a tentativa injustificada de remoção da Vila Autódromo se transforma, cada vez mais, em uma ação que está produzindo múltiplas violações dos direitos de moradores e de todos os cidadãos do Rio de Janeiro.

Mais informações e atualizações da situação da Vila Autódromo podem ser encontradas na página da comunidade, a qual foi utilizada como fonte junto a relatos de ativistas para a redação do presente comunicado. Nós da RIA pedimos para divulgarem essa mensagem e contribuírem se puderem, como puderem. A Vila Autódromo resiste.

Abaixo, seguem mais fotos da violência e arbitrariedade perpetuada pelo Estado a moradores e moradas da Vila Autódromo e uma entrevista com Dona Penha relatando a agressão sofrida:

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(Rio de Janeiro) Programação do I Fórum Geral Anarquista no Brasil

Local do evento: Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO) | Endereço: Avenida Passos, 34, Centro, Rio de Janeiro

| QUINTA-FEIRA | 4 de junho | Primeiro dia |

(A partir das 9 horas) Chegada e alojamento

(18:30h) Conferência de Abertura: Federalismo Anarquista

| SEXTA-FEIRA | 5 de junho | Segundo dia |

(09:00 a 12:30h) Roda de Conversa I: Conjuntura nacional e internacional

(12:30 a 13:00h) Intervalo para Almoço

(13:00 a 18:30h) Grupos de Discussão: Pedagogia Libertária | Privacidade Web/celular | Assembleias Populares Horizontais no Rio de Janeiro | Comunicação comunitária/Resistência Favelada

(18:30 a 19:00h) Intervalo para Descanso

(19:00 a 21:30h) Roda de Conversa II: Gêneros, sexualidades e Anarquismo

| SÁBADO | 6 de junho | Terceiro dia |

(09:00 a 12:30h) Roda de Conversa III: Anarquismo nas regiões brasileiras e na América

(12:30 a 13:00h) Intervalo para Almoço

(12:40 a 13:30h) Lançamento do Livro Anarquismo é Movimento – Anarquismo, Neoanarquismo e pós-anarquismo de Tomás Ibáñez e bate-papo com Sérgio Nobre, tradutor do mesmo

(13:30 a 19:00h) Fórum Geral: Cartas e relatorias

(19:00 a 21:30) Feira da Autogestão, com participação de diversos indivíduos, coletivos e organizações de todo Brasil e de outros países

| DOMINGO | 7 de junho | Quarto dia |

Dia livre para trocas e conversas

Partida dos indivíduos e coletivos participantes do Fórum

(12:30 a 13:00h) Almoço

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Cronograma do I Fórum Geral Anarquista

Apresentação

O I Fórum Geral Anarquista é aqui considerado como espaço de encontro, conversas, análises, discussões, registros, trocas, sugestões, celebrações. Notadamente, este fórum que realizaremos no Rio de Janeiro terá uma estrutura vertical e uma horizontal. Na forma vertical, uma pauta pré-definida, de convergência e atenção comuns, será pensada e debatida por todos numa Conferência de Abertura, cuja apresentação se dará por meio de mesa com conferencistas exibindo seus estudos-experiências e o público, logo em seguida, realizando considerações ou questões. Em formato misto, as Rodas de Conversas serão constituídas de duas pessoas responsáveis pela relatoria e equilíbrio entre tempo-audição enquanto todos os integrantes de cada Roda abordam temas macro (também pré-definidos) de forma horizontal. A estrutura horizontal contará com os Grupos de Discussão que poderão ser propostos pelos indivíduos e coletivos que participarão do fórum. Em cada Grupo, um de seus proponentes fará relato do que for discutido, para que no último dia de debates possamos realizar o Fórum propriamente dito, onde, com apoio e assistência de coletivos realizadores do evento, serão apresentadas as relatorias das rodas de conversa e dos grupos de discussão. Será um momento importante para propostas dos participantes e mesmo a elaboração de uma ou várias cartas sugeridas.

Ao término do evento, realizaremos a Feira da Autogestão, espaço que se destinará à apresentação de iniciativas autogestionárias e a troca de experiências entre seus idealizadores. Sendo assim, todo e qualquer indivíduo/coletivo que produz material (alimentos e bebidas, conteúdo gráfico, editoras, bazares, feiras agrícolas/orgânicas, etc) ou que incentiva/defende/pensa a autogestão pelo viés libertário terá neste espaço a oportunidade de apresentar seus trabalhos.

Objetivos do Fórum

Promover o encontro de anarquistas no Brasil que possuem inclinação federalista; trocar experiências e conhecer estudos realizados por companheiros e companheiras país adentro; equalizar entendimentos; acordar e realizar ações pontuais locais e/ou gerais; pautar as questões de gênero e sexualidade no campo anarquista; analisar e discutir a conjuntura social, econômica e política brasileira e mundial (crise econômica, terrorismo de estado, perseguição política, arrocho dos trabalhadores, criminalização política e jurídica da pobreza, crise da água, segurança/auto sustentabilidade alimentar e energética, especulação imobiliária, manutenção dos latifúndios rurais, autogestão e descentralização das mídias, movimentos sociais, movimentos populares, sindicalismo, centros de cultura social); conhecer e conversar sobre o federalismo anarquista e elaborar passos efetivos para criação de uma federação ou federações regionais anarquistas.

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O I Fórum Geral Anarquista é realizado pela Liga Anarquista no Rio de Janeiro

Apoio do Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação (EL) e Instituto de Estudos Libertários (IEL) 

Divulgado pela Internacional de Federações Anarquistas (IFA) e pelas federações que a compõem

Cobertura da Rede de Informações Anarquistas | De baixo para cima, ria você também!

(Conto) Crônicas de bolso em bytes: desmistificar

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Morro da Providência, Centro do Rio de Janeiro

Por Vinicius Soh

Nos dois primeiros anos, só repetiu o caminho de casa pro trabalho, faculdade. Mesmas ruas, seguia reto da Presidente vargas, virava depois de certa altura duas vezes pra esquerda. Terceiro ano, uma enchente alastra a cidade. Se obriga a subir por duas ruas acima porque seu caminho de sempre se tornou uma reprise da Lagoa azul. No ano seguinte, primeiro assalto na passagem de conforto, nada era tão seguro assim. Começou a mudar um pouco a rota. A rua Uruguaiana desse lado de cá não era tão obscura assim, tinha até policiamento de vez quando. Não que a polícia fosse garantia de nada, já sabia. Começou a ver com certo conforto e graça a presença dos fieis evangélicos que saiam das igrejas e suas vigílias enquanto voltava no meio da madrugada de uma noitada ou boteco. Visitou, meses depois, pela primeira vez, uma roda de samba há duas quadras de casa, na Pedra do Sal.

Quando completava cinco anos de moradia, embriagado, pegou pela primeira vez um ônibus errado. Desceu atrás da Central, subiu a Senador Pompeu a pé pela primeira vez na vida, antes só de táxi. Descobriu alguns comércios abertos, gente na porta do lar aliviando o calor, outros chegaram a lhe pedir um cigarro, mas findo o maço, além de ser três da manhã, negou e seguiu. Subiu o Morro da Conceição verdadeiramente pela primeira vez. Descobriu uma Santa Teresa encolhida, mais humilde e gostou. Tantos motoristas já se negaram deixá-lo na porta por conta destes detalhes de geografia apenas ensinados na escola da vida. Subiu a escadaria e conheceu a Casa Amarela do Morro da Providência. Brincou com as crianças, foi apresentado pessoalmente à marca da SMH da prefeitura do Rio nos lares dos moradores planejadamente a serem removidos um dia em detrimento de um empreendimento turístico. Resistiam. No ano seguinte conheceu o bloco de Carnaval local, Prata Preta, que guiou a ele e outros foliões por vielas, que exceto por seus moradores e micro-comerciantes locais, raramente eram desbravadas na Zona Portuária. Se perdeu atrás da cidade do samba, tirou foto com integrantes da bateria da Portela que aproveitavam a energia do bloco para comemorar o seu quinto lugar no Grupo Especial. Aos gritos de “É campeã”.

Fez amizades com uns colombianos e peruanos que moravam em um dos antigos cortiços localizados por sua área. Tocaram uma viola, trocaram uns acordes, negou educadamente o trago de maconha. Agora já era quase íntimo do moço que vende cachorro quente na esquina de sua residência para os mesmos fieis que vinham da baixada ou zona norte especificamente para aquela congregação. Descobriu que ele, na verdade, reside no Engenho Novo. Admira a disposição de ambos. Ainda não sabe como lidar com moradores de rua, embora fique mais com angústia por eles do que deles. Como da vez que um, já senhor de idade, trilhava seu rumo pela Sacadura Cabral com pedaços de espuma de um travesseiro que, supôs, não ia precisar mais. Um João e Maria sem Maria se trilhando pelas vias da Gamboa. Certamente nunca esqueceu o caminho de volta. Desde a primeira semana que se mudou, pelo menos 2 vezes por semana, cruza também por uma senhora que lhe aplaude quando passa, quase na esquina da Marechal Floriano, ao lado da quadra do colégio Pedro II. Posteriormente descobriu que aplaudia todos com fins de chamar atenção e pedir trocados. Nunca lhe guardou rancor por isso e ainda aceita, humildemente, os aplausos que nunca mereceu.

Sete anos de capital carioca e tem se acostumado a subir agora pela viela paralela à sua habitual, a dos Andradas, lado oposto ao Largo de São Francisco. Ali tem dois bares que varam a madrugada com movimento, alguns camelôs, cachorros, gatos, e crianças brincando. Descobriu até uma roda de choro em um dos bares, na esquina da Conceição, que acontece de vez em quando. Sete anos depois. Quem sabe tenham que passar só mais meia dúzia para perder o medo de vez do bairro onde reside. O medo da cidade deverá durar mais uns séculos. Ou, quem sabe, acabará na análise.

(Rio de Janeiro) Quando a regra é a exceção! Encontro preparatório da Caravana dos 43 de Ayotzinapa

QUANDO A REGRA É A EXCEÇÃO!

Violência sistêmica d’Estado, contra-violência e resistência anti-sistêmica e descolonial na América Latina hoje!

ENCONTRO PREPARATÓRIO DA CARAVANA LATINO-AMERICANA PELO RETORNO COM VIDA DOS 43 ESTUDANTES NORMALISTAS DESAPARECIDOS DE AYOTZINAPA/MÉXICO

caravana43_vivolosqueremosNesta quarta, 03 de junho, ocorrerá um encontro com coletivos de resistências de base territorializada de favelas, aldeias de diversas perspectivas teórico-políticas, das lutas de base territorializadas, como atividade de greve e de construção coletiva de conhecimento, no Auditório Milton Santos do Instituto de Geociências da UFF. A chegada de familiares dos 43 de Ayotzinapa ao Rio de Janeiro será em contextos de lutas nas ruas, nas universidades públicas, pelo direito de greve, contra ameaças de perseguições políticas, demissões arbitrárias, remoções autoritárias como violência de estado, sistêmica/institucionalizada em que A EXCEÇÃO É A REGRA! Inclusive nas universidades que se requerem no figurino francês iluminista, mas na prática cumprem a ordem unida do estado fascista! Mas principalmente nas favelas, ao contrário do que dizem os acadêmicos do Estado, na incrível “arte de fazer desaparecer…”, corpos, vidas, irmãos, pais, filhas, mães, avós, pessoas… E também, como no relatório CPT de Conflitos no Campo, 2014, em terras de resistências indígenas e camponesas estão sendo criminalizadas, perseguidas, ameaçadas, desaparecidas, mutiladas, massacradas, assassinadas cotidianamente nas frentes de desenvolvimento capitalista no Brasil e na América Latina: PAC, IIRSA, etc.

A Caravana Latino-Americana pelos 43 desaparecidos de Ayotzinapa fará também seu encontro com os movimentos de resistência no Rio de Janeiro nos dias 10, no Complexo da Maré, 11 na Aldeia Maraká’nà, e 12 em Ato Público na UERJ.

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Segue, mais informações sobre o encontro preparatório “QUANDO A REGRA É A EXCEÇÃO!”*:

Programação

| MANHÃ | 8h-9h | Pátio de Entrada do Instituto de Geociências |

Sala 206 do prédio da Geociências

Círculo de Recepção, Apresentação e Dinâmica de Situação e construção coletiva da Atividade de Greve

| TARDE | A partir de 14h | Auditório Milton Santos |

Mesa de Exposição e Debates

Sentidos da Caravana de Ayotzinapa

Juliana Bittencourt (Coletivo Geni e Rede de Coletivos por Ayotzinapa)

Território e Dignidade: sentidos dos conflitos na América Latina e
Lançamento do Relatório sobre os Conflitos e a violência no Campo, 2014, da CPT

Professor Carlos Walter Porto-Gonçalves (LEMTO/GeoUFF)

Educação em Tempos de Exceção

Mônica Lima (Professora da UERJ e do sistema sócio-educativo, do coletivo ADEP, e da Resistência Aldeia Maraká’nà)

Lutas Urbanas e Direito à Cidade

Natália Fajardo (Estudante da UFF de Arquitetura e Urbanismo e do coletivo FENEA)

Abolicionismo Penal como Descolonização do Poder desde o Sul

Fernando Henrique Cardoso (Estudante de Direito da UFF, coletivo TACAP)

O perímetro da FIFA, novos territórios de exceção? Tiro, porrada e bomba e o retorno das perseguições políticas no Brasil?

Bruno Machado (Estudante de história da UFF, um dos mais de 23 ativistas perseguidxs pelos protestos contra a Copa do Mundo em 2013)

Releitura Crítica do Mapa da Violência no Brasil ou d'”Arte de fazer desaparecer corpos”

Maurício Campos (Engenheiro civil, assessor de movimentos sociais e fundador da Rede de Comunidades de Favelas e Movimentos Contra a Violência de Estado)

Teko Haw Maraká’nà como Resistência Anti-sistêmica e Descolonial

Urutau José W. P. Guajajara Tenetehara (Professor de Cultura e Línguas Tupi-Guarani no Museu Nacional/UFRJ, Pluriversidade-Aldeia Intercultural de Resistência dos Povos do Maraká’nà – Coletivo CESAC-Cauyré)

caravana43_los43deayoRESUMO

Uma delegação de familiares dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa no México desaparecidos desde de 26 de setembro de 2014 já saiu do México em caravana pela América Latina (Argentina, Uruguai e Brasil). Eles estarão no Rio de Janeiro nos dias 10, 11 e 12 de junho próximo em encontros com movimentos sociais, de favelas, indígenas, estudantis, de luta pela moradia, entre outros.

Nestas semanas que antecedem à chegada da delegação à cidade estão acontecendo encontros preparatórios em diversos locais para o reconhecimento desta causa e a importância desta luta para os movimentos sociais em toda a América Latina. A solidariedade aos 43 de Ayotzinapa também têm ganhado adesões em todo o mundo.

Na noite do dia 26 de setembro de 2014 policiais municipais fardados e em traje civil da cidade de Iguala (estado de Guerrero) atacaram a tiros covardemente aos estudantes da Normal Rural de Ayotzinapa, que se encontravam nesse dia na cidade de Iguala, fazendo uma coleta de recursos entre a população local para a manutenção da sua escola e para assistir a marcha nacional contra o esquecimento da matança dos estudantes de 1968, a realizar-se no dia 2 de outubro na cidade do México. Eles pegaram cinco ônibus para assistir à passeata na cidade, mas três foram na direção errada. Os estudantes desses ônibus desceram para perguntar sobre a saída correta e então ocorreu o primeiro ataque. Várias pessoas começaram a correr e apesar da rua estar cheia de gente, não houve feridos. Os estudantes jogaram pedras e afugentaram as viaturas. Depois, esses três ônibus conseguiram continuar na direção certa, porém, o segundo ataque ocorreu algumas ruas antes de eles pegarem o caminho que levava à Cidade do México e foi ali que levaram alguns dos 43 desaparecidos.

Os normalistas, que viajavam nos outros dois ônibus, chegaram a cidade de Iguala onde receberam o pedido de socorro de companheiros. Os estudantes chamaram a imprensa local, mas nesse momento outro comando abriu fogo contra eles a distância deixando vários feridos e dois estudantes mortos. Os atacantes pararam para recarregar e foi essa a oportunidade que os estudantes tiveram para correr.

Nessa noite um ônibus de jogadores de futebol também foi atacado por engano dos policiais. Ali morreram mais três pessoas. Ao fim dessa noite, havia seis mortos, 29 feridos por arma de fogo e 43 desaparecidos.

Os estudantes sofreram quatro ataques durante a noite de 26 de setembro e a madrugada do dia 27.

Na manhã do dia 27 de setembro, o corpo de Julio Cesar Mondragón, o terceiro estudante assassinado, foi encontrado nas imediações com o rosto destruído, sem um dos globos oculares e a calça enrolada até a debaixo dos glúteos. Não tinha marcas de tiro, morreu por fratura do crânio segundo a autópsia.

A resposta tardia do governo federal (oito dias após o ataque) seguiu a linha de pesquisa da colusão entre crime organizado e o governo da cidade de Iguala. O prefeito de Iguala e sua mulher, irmã de narcotraficantes da quadrilha Guerrero Unidos (grupo criminoso que atua no estado de Guerrero desde 2000), foram apontados pelas autoridades como os principais responsáveis pelo ataque e desaparecimento dos estudantes e detidos.

Segundo a investigação oficial, os estudantes foram executados e incinerados num aterro sanitário e suas cinzas foram jogadas num rio perto dessa cidade. Aponta para a existência de infiltrados do crime organizado entre os estudantes. Identifica apenas os restos de um dos estudantes, com ajuda de um laboratório especializado da Áustria.

O governo mexicano apresenta o acontecido em Iguala como mais uma atrocidade do crime organizado e, segundo as autoridades, era de seu desconhecimento o vínculo entre as quadrilhas criminosas e as autoridades estatais. Porém já se tinha registro de uma denúncia ao prefeito por assassinar um ativista, amigo dos normalistas.

Com isto, fica claro que as autoridades federais estão tentando se desvincular de qualquer responsabilidade do Estado mexicano e às forças armadas, além de negar o contexto geral da impunidade nos crimes e de apagar a violência de Estado que a população mexicana sofre há duas décadas. Contudo, para a população mexicana fica evidente que a brutalidade cometida contra os estudantes normalistas é um crime de Estado, e que trata-se do desaparecimento forçado dos estudantes. A comunidade internacional pelos direitos humanos, bem como jornalistas independentes, têm apresentado fortes indícios que a Polícia Federal estava monitorando aos estudantes desde o momento em que eles saíram da Escola Normal Rural e que as forças de segurança, assim como o Exército, participaram no ataque aos estudantes. Doze vídeos e várias testemunhas contradizem a versão oficial dos fatos. Pesquisadores(as) têm questionado a possibilidade da incineração total dos corpos em um ambiente aberto como o aterro sanitário. Além disso, há indícios de tortura nos detidos e da intervenção do Exército e não têm sido apontados culpáveis pelo assassinato dos três estudantes na noite do dia 26 de setembro.

O governo se nega a reconhecer a responsabilidade das forças policiais públicas na ação e a grande mídia do país reforça a versão dos fatos oficiais, dando por mortos os 43 estudantes desaparecidos de forma forçada. De fato, este já foi reconhecido como um caso de “Desaparecimento forçado” pelo grupo interdisciplinar de expertas/os da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que, desde o dia 19 de março, solicitaram ao Estado mexicano que pesquise o caso dos normalistas de Ayotzinapa como um claro caso deste tipo.

Fonte: http://caravana43sudamerica.org/acervo/

O caso encontra similaridades em relação a outras situações de violência de estado no Brasil, no relatório sobre conflitos no campo de 2014 da CPT, na emergência de casos de desaparecimento como o de Amarildo na Rocinha, do assassinato/extermínio contra a juventude negra nas favelas, entre outros conflitos que marcam o atual contexto do desenvolvimento capitalista no Brasil e na América Latina.

Nos casos de criminalização dos movimentos sociais, de estudantes, professores e professoras, no processo contra 23 ativistas pelos protestos contra a Copa, como no caso da prisão de Rafael Braga Vieira em 20 de junho de 2013. Além disso, há os casos de remoção/urbanização e infraestrutura-estrutura logística do PAC, IIRSA, entre outros, para o desenvolvimento capitalista.

Neste cenário em que a regra é a exceção, insurgem perspectivas autonomistas de retomada e autodemarcação de territórios, e autoafirmação indígena em situação de resistência à urbanização, de pluriversidade e interculturalidade como formas de resistência, organização e autodefesa dos movimentos sociais.

Realização

Resistência da Aldeia Maracanã – Pluriversidade Intercultural dos Povos do Maraká’nà

Centro de Etnoconhecimento Socioambiental Cauyré – CESAC

Laboratório de Movimentos Sociais e Territorialidades – LEMTO/Instituto de Geografia da UFF

ADUFF – Associação dos Docentes de UFF – Comando de Greve (a confirmar)

Ação Direta em Educação Popular – ADEP

Coletivo Geni

Grupo de Educação Popular – GEP / Plenária dxs Educadores Perseguidxs Políticxs

FENEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura

MPC – Movimento Popular Combativo

TaCAP – Tamoios Coletivo de Assessoria Popular

Rede de Coletivos por Ayotzinapa

*Pré-Encontro de Resistência Anti-capitalista/Descolonial dos Povos do Maraká’nà Pelo Retorno com Vida dos 43 de Ayotzinapa, pela Liberdade Irrestrita dos(as) 23 perseguidos(as) pelos Protestos contra a Copa e Contra a Violência de Estado nas Favelas do Rio de Janeiro, Territórios Indígenas e contra os Povos Historicamente Minorizados, Oprimidos em todo o Brasil e na América Latina

Postado originalmente em Mídia Independente Coletiva (MIC)

I Fórum Geral Anarquista no Rio de Janeiro – Carta Convite

Nós, da Rede de Informações Anarquistas (RIA), compartilhamos e apoiamos o I Fórum Geral Anarquista no Rio de Janeiro, o qual a RIA irá cobrir, organizado pela Liga Anarquista no Rio de Janeiro com apoio do Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação e Instituto de Estudos Libertários. Segue abaixo a carta convite para o evento, originalmente publicada no blog da Liga Anarquista.


I Fórum Geral Anarquista 2015 no Rio de Janeiro – Carta Convite

Olá companheiras.

Temos a alegria de convidarmos os indivíduos e coletivos anarquistas para o Fórum Geral Anarquista no Brasil a ocorrer na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 04 e 07 de junho de 2015.

A Iniciativa foi apresentada pela Liga Anarquista no Rio de Janeiro em evento anterior e contou com apoio do Instituto de Estudos Libertários (grupo dedicado ao fomento e divulgação do anarquismo nas suas diversas correntes) e Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação (organização de libertárixs centrada nas experiências pedagógicas e práticas sociais) que atuam no Rio de Janeiro também, e foi aprovada por consenso entre os grupos presentes, além de apoiada pela Internacional de Federações Anarquistas – IFA, Federação Libertária Argentina -FLA, Federação Anarquista Francófona – FA, Federação Anarquista Alemã- FdA, Federação Anarquista do México, Federação Anarquista Local de Valdivia (Chile) – FALV, Grupo de Estudos Gomes Rojas (Chile) e todas as pessoas presentes na roda.

Ouvimos bastante sobre a organização federalista anarquista das federações e coletivos citados acima, o que nos motivou a iniciar conversas na direção do reconhecimento do movimento anarquista no país e de estudar possibilidades para sua construção.

Diante da conjuntura entre 2013 e 2015, destacamos os seguintes pontos: os levantes populares, ocupações, greves, assembleias populares horizontais, anticopa, manifestações pelo passe livre e tarifa zero em parte considerável do Brasil, eleições gerais 2014, crescimento da inflação, redução de direitos dos trabalhadores, demissões nas indústrias e serviços (atacando diretamente os terceirizados que são a parcela mais precarizada dos trabalhadores) aumento de taxas de energia e água, aumento nas tarifas de ônibus, manifestações de direita e esquerda, movimentações, projetos e discursos fascistas nas ruas, nas câmaras, congresso nacional, práticas fascistas pelo judiciário e executivo, visibilização de grupos paramilitares religiosos como de igrejas pentecostais, atuação militar oficial em chacinas nas periferias e favelas do país adentro. A LIGA convida xs companheirxs para expor suas analises, refletir sobre esta conjuntura, conversar sobre saídas propositivas para as trabalhadoras/trabalhadores e precarizadas/precarizados.

Este Fórum se propõe promover e reiniciar as conversações sobre Federalismo Anarquista no Brasil. Diante disso, a participação e apresentação do anarquismo nas cinco regiões do país darão uma imagem mais diversificada e menos imprecisa de como o anarquismo se encontra atualmente, de como podemos caminhar para atuar pontualmente ou coletivamente.

Acreditamos que a organização federalista anarquista pode contribuir potencializando os trabalhos de todos coletivos e indivíduos sejam na direção de quaisquer ações: assembleias populares horizontais, movimentos populares, movimentos sociais, movimentos sindicais, divulgação e propaganda das ideias e práticas ácratas, cooperativas autogestionárias de serviços e ou produtos, realização de artes, etc.

Consideramos outras formas de organizações anarquistas e suas atuações, respeitamos suas trajetórias e seguiremos na construção da nossa maneira de ver e viver o mundo anarquicamente, estabelecendo o diálogo quando desejável, possível e necessário. Todas as formas de organização anarquista serão bem vindas ao Fórum Geral Anarquista.

Todas aquelas e aqueles que se encontrem de acordo com estas proposições, sentimentos e objetivos são convidadxs. Cada indivíduo e coletivo virá por sua conta própria e nós ofereceremos apenas o alojamento para aqueles que realmente necessitem, ofereceremos uma lista de locais para nos alimentarmos o mais barato possível e com uma qualidade satisfatória. Em breve, divulgaremos mais detalhes sobre metodologia, estrutura e atividades do Fórum Geral Anarquista.

Atenciosa e fraternalmente, Liga Anarquista no Rio de Janeiro.

 Rio de Janeiro – RJ, 03 de Maio de 2015

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