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(São Paulo) Convocação: Comunidade do Cimento | Reintegração de posse no dia 15 de Maio 2016

A Comunidade do Cimento, localizada debaixo do Viaduto Bresser e em seus arredores na Radial Leste (na cidade de São Paulo), têm sido alvo de inúmeras investidas das forças de repressão da Prefeitura de São Paulo, e de nenhuma tentativa de diálogo. A especulação imobiliária avança sobre a região, e as pessoas que moram no local denunciam que uma das motivações principais para as tentativas de remoção é a construção de um estacionamento para o hospital próximo ao viaduto.

A comunidade é formada por mais de trezentas famílias que não possuem condições financeiras e que não têm para onde ir no momento. A maioria das pessoas trabalha de forma informal, sem carteira de trabalho assinada, exercendo funções como guardar carros e vender coisas no sinal. As condições são precárias; a água utilizada pela comunidade vem parcialmente de uma caixa d’água que não é limpa há mais de quatro anos, tendo de ser fervida para consumo pelas crianças.

A proposta da Prefeitura de Haddad é dividir a comunidade e oferecer lugar em abrigos variados do programa “Autonomia em Foco”. “Você mora aqui na Mooca, e todas as suas influências de emprego e de bico é tudo aqui. Como você quer pegar essa pessoa que mora na Mooca e põe ela lá num albergue na Casa Verde, ela vai viver do quê?”, diz uma moradora de nome Simone sobre a proposta da Prefeitura. Existe uma faixa de terra vazia nas proximidades da comunidade que já foi proposta como alternativa, onde é possível construir moradias dignas para todas essas famílias, mas a vontade para diálogo que não se resuma a aceitar o que a Prefeitura quer é nula.

A reintegração está prevista para o dia 15 de maio (domingo), às seis da manhã, acompanhada da Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Acesse aqui evento no Facebook convocando uma manifestação no local. Militantes do CATSO (Coletivo Autônomo de Trabalhadores Sociais) e pessoas que moram na Comunidade do Cimento estiveram em evento onde o ex-secretário de Direitos Humanos de São Paulo (Eduardo Suplicy) compareceu, e lá ele foi pressionado a assinar uma carta de repúdio à reintegração. O documento também exigia seu adiamento, para que as pessoas tenham mais tempo para reverter esse processo considerado como “um novo Pinheirinho, só que desta vez criado pelo PT de Haddad”.

Nós da Rede de informações Anarquistas encarecidamente pedimos que as organizações e coletivos Anarquistas do Estado de São Paulo, independentes e ou aquelas e aqueles que possam nesse dia 15 de Maio, ajudem a compor as fileiras da resistência juntamente com a comunidade do Cimento, pois eles pedem ajuda de todxs!

Assista ao vídeo feito pelo coletivo:
1- Reintegração da Comunidade do Cimento: É preciso evitar um novo Pinheirinho
2- Comunidade do Cimento – Depoimento Simone
3- Comunidade do Cimento – Depoimento Silvia
4- Comunidade do Cimento – Depoimento Padre Julio e Geraldo

Para um contexto mais amplo, recomenda-se a seguinte matéria: “Fernando Haddad é tão higienista quanto Gilberto Kassab”.

Coletivo Autonomo Dos Trabalhadores Sociais – Catso

COMUNIDADE DO CIMENTO RESISTE!

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(Reflexão) Uma política de afetos como desafio

Se política é lugar de poder que nosso poder seja o do afeto, da empatia. Então, a gente não disputa, a gente ocupa os espaços vazios tornados invisíveis pelo sistema.

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A violência é a marca do patriarcado, a mesma que nutre o capitalismo. O capitalismo não conhece afeto, ele condecora com medalhas – mortes, carnificina! A violência como expressão humana é tão antiga quanto o mundo. Precisamos desenvolver a capacidade de dialogar com o outro, seja ele quem for! Produzimos tantas teorias, camalhaços, teses, livros, mas até agora parece que só conseguimos nos ferrar e destruir o planeta!

Quando nós nos juntamos e reivindicamos justiça social o que nos move é a empatia, o sentir com o outro! Precisamos estar unidos, olhos nos olhos, abertos ao acolhimento, precisamos sentir que podemos confiar no outro ao nosso lado!

Nosso amigo Pedro, poeta da Pavuna, pensando sobre uma perspectiva em tempos de crise, nos convidou numa roda de conversa a refletir sobre a possibilidade de “quem sabe” buscar um exercício de linguagem, talvez próximo da roça, do campo, dos lugares de onde nós viemos e não de lugares muito além no oceano atlântico! É possível que esse seja um caminho viável, retomar o simples, poder num encontro ter de fato uma escuta profunda, perceber como o outro se sente, resgatar nossa origem camponesa, tribal.

Tudo é experimento, estamos experimentando, aprendendo uns com os outros, ninguém sabe nada do novo, porque o novo precisa ser criado, partejado. Afinal, o que estamos procurando? Certamente, não é o outro lado da moeda! Não nos satisfaz reverter, porque cara ou coroa, continua sendo MOEDA, e não é isso que nos move. Sonhamos com o salto! Uma nova forma de habitar o planeta! Somos sem lugar nesse mundo, porque olhamos à nossa volta e vemos injustiça social, uma vida asfixiante, dominada pelo capital! A lógica burra e perversa do capital é a prática da necrofilia! Sim, o gozo é com a morte! Nosso mover é por vidas! Nossos corpos e emoções necessitam ser vitalizados por trocas afetivas.

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(Artigo) Onde estão os anarquistas? Um grito para o silêncio

Em tempos de crise política no Brasil, vemos uma intensa polarização no debate que se resume a coxinhas e petralhas, esquerda institucional ou direita liberal/conservadora, golpe ou democracia, poder ou poder(?).

No entanto a realidade mostra que a esmagadora maioria da população não se encaixa em nenhum dos dois lados e está a margem da discussão.

Do favelado que tem mais o que fazer pra botar comida em casa ao taxista classe média, que sequer pode pensar em parar de rodar para fazer política.

Será que não era a hora de colocar a realidade do quadro político em xeque? As instituiçoes estão a beira de um colapso. A presidenta não governa mais, escolhe um investigado em operação da federal para assumir um cargo de ministro, apenas pelo foro privilegiado fugindo assim de um juiz federal tresloucado, que faz o que bem entende.

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Chamada para ato antifascista a ocorrer no próximo dia 30 de abril

O STF acovardado, faz vista grossa aos atos de tal juiz e no entanto se prepara para assumir os holofotes, pois é lá que essa grande palhaçada vai terminar.

Os sindicatos, movimentos sociais e organizações estudantis em sua grande maioria cooptados e com interesses eleitorais.

O senado e a câmara dispensam comentários. Enquanto o pau quebra na dicussão coxinha ou empadinha, aprovam leis que certamente irão provocar um enorme retrocesso para a sociedade em muito pouco tempo. Da não rotulagem de transgênicos a tipificação de terrorismo.

Dito isso, vamos ao que interessa:

Porque num momento como esse não se vê intelectuais, artistas, cientistas políticos ou economistas falando do momento de degradação moral e estrutural por qual passam todas as intituições do país? Porque continuamos alimentando essa palhaçada, como se a representatividade fosse a única saida?

Não é!

Está mais do que na hora de darmos um passo a frente. De incluir a DEMOCRACIA DIRETA nessa discussão.

Chega de representantes, chega de líderes, chega de presidentes e parlamentares.

A saída pra crise não é na economia nem na política institucional. A saída pra crise é auto organização do povo. É dar ao povo o que lhes é de direito: o controle sobre suas próprias vidas.

Mas aí eu me pergunto: Aonde estão os anarquistas? Perdidos em meio a essa polarização e a essa falsa dicotomia política, com certeza.

Onde estão as organizações anarquistas, que num momento como esse se acovardam, com medo de PARECER estar do lado do governo ou da oposição?

Assembleia de alunos e alunas do movimento Ocupa Escola, 2015 - São Paulo
Assembléia de alunos e alunas do movimento Ocupa Escola, 2015 – São Paulo

Algumas continuam com seu trabalho de base nas favelas e comunidades, o que é louvável, mas param por aí.

Outras se preocupam mais em fazer “campeonatos” para ver quem leu mais Bakunin e quem leu mais Proudhon, não que a teoria e o debate entre nós seja fator ruim, mas é preciso tencionar o nosso discurso para fora das rodas anarquistas, para a linguagem que o povo entenda, dialogar para fora da zona de conforto anarquista.

Especifistas vs Sintetistas pra mim é exatamente a mesma coisa que Dilma vs Aécio, o anarquismo é plural, tem diversas formas ditas e não ditas, o anarquismo é diferente e é por isso que não se limita e se torna lindo, o anarquismo é simplesmente anarquismo e ponto.

Não é hora de se acovardar. É hora de trazer ao menos a discussão à tona.

Esquecer as diferenças e ridicularizar os três poderes como eles merecem ser ridicularizados. De mostrar que existem soluções para fora da representatividade e que elas não são utopias.

Tencionemos a corda, precisamos dar uma resposta a altura do que está e vem acontecendo e o momento não é de silêncio e sim de marcar posição com a bandeira negra mostrando mais um caminho para o povo sem dizer o que ele tem que fazer e sim dizendo que estamos aqui para contruir juntxs marchando ombro a ombro!

Nós estamos com o povo, pois nós também somos o povo!

Vida longa a anarquia!

Por J.

(Espanha) Toda solidariedade a Francisco e Mónica, anarquistas condenados por terrorismo | Ato-repúdio em Portugal

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Francisco Solar e Mónica Caballero

Penas podem chegar até 44 anos de prisão; sentança sairá dentro de um mês

Julgamento ocorrido nos dias 8, 9 e 10 de março tem como resultado a condenação das anarquistas Francisco Solar e Mónica Caballero por supostamente terem danificado um banco de uma Basílica.

Há 3 anos em prisão preventiva, na maior parte do tempo em regime de isolamento, Mónica e Francisco foram condenadas em julgamento. A acusação pede 44 de prisão por terem “danificado bancos de uma Basílica com um artefato explosivo” e por pertencerem a uma suposta “organização terrorista anarquista”, os GAC – Grupos Anarquistas Coordinados (mais sobre, em espanhol: bit.ly/1RwEXNh). Estima-se que a sentença irá sair dentro de um mês.

Contudo, a única prova contra Mónica e Francisco são imagens de um restaurante e de um ônibus nas proximidades da Estação de Zaragoza, onde não é possível identificá-los através de técnicas biométricas comparando com fotos baixadas da Internet pela polícia (mais sobre, em espanhol: bit.ly/1ppNIln).

“Sim, sou anarquista porque entendo que essa é a liberdade livre de toda coação. Penso que a criatividade individual surge quando não há autoridades nem ordens nem mandamentos, que apenas atrofiam e degradam a conduta humana. O Estado implica subordinação e é contrário a todo esforço pela liberdade, implica também a existência de usurpadores e exploradores…” (Francisco Solar, declaração dada em juízo durante o seu julgamento na Audiência Nacional, antes de ser interrompido pela juíza).

Repressão no Estado espanhol: o bode expiatório anarquista

O aparato repressivo do Estado espanhol, sem trabalho desde a dissolução da E.T.A. e o fim do paradigma do anti-independentismo basco, junto a seu milionário aparelho policial “anti-terrorismo”, elegeu o movimento anarquista como novo bode expiatório para justificar a sua existência.

Isto obrigou a Espanha a passar por uma redefinição do “inimigo interno” e uma reorganização das instituições repressivas para atacar o seu novo alvo. Os grupos anarquistas passaram a ser o principal objeto da retórica e das ações repressivas do Estado espanhol. Custe o que custar, dizem eles.

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“Solidariedade a todas as pessoas anarquistas presas; saudações a Mónica e Santiago; vida longa a anarquia!”

Assim, num momento em que a repressão sobre o movimento anarquista chega a limites que se não fossem dramáticos seriam ridículos, demonstramos nossa solidariedade com quem sofre os ataques do Estado. Pessoas e coletivos que, nos territórios dominados pelo capital, se levantam contra a injustiça e acabam acusadas de terrorismo e filiação a organizações criminosas, enfrentando a polícia, o tribual e a prisão.

O Estado, quando coloca em causa os alicerces da sua existência (e a injustiça é um desses alicerces), reage violentamente, esquece-se da retórica democrática, usa leis anti-terroristas fascistóides, além de fabricar provas ridículas, enviar os presos e presas a penitenciárias de segurança máxima e condená-lxs com processos ilegais.

“Sim, semnpre manifestei minha posição ideológica, muitas vezes em apoio a outras presas. A solidariedade a meus companheiros e companheiras sempre mostrarei de forma pública e aberta.” (Mónica Caballero, declaração dada em juízo em seu julgamento na Audiência Nacional).

Pessoas como Mónica Caballero e Francisco Solar enfrentam todo o peso do aparato repressivo do Estado espanhol. Enfrentam penas de até 44 anos por um suposto uso de explosivo que danificou um banco de mandeira de uma igreja. Um “atentado” que ambos afirmam não ter cometido, podendo ler-se nas entrelinhas que desconfiam até da sua autenticidade, levantando a possiblidade de se tratar de uma montagem policial.

Nem culpados, nem inocentes: ato-repúdio em Lisboa

No próximo dia 24 de março, grupos solidários marcaram uma concentração em frente ao Consulado Geral de Espanha em repúdio ao julgamento fantoche de Mónica e Francisco. O ato está marcado para às 17h30 e o consulado fica localizado na Rua do Salitre, nº 3, Lisboa.

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Chamada para a concentração em Lisboa

Na semana passada, um grupo solidário estendeu uma faixa em um viaduto na cidade de Porto Alegre, sul do Brasil, contra o julgamento, acompanhando de um pequeno texto, divulgado em mídias anarquistas, em solidariedade a Mónica e Franscisco, reproduzido abaixo:

“Nossa solidariedade não fica quieta nestes dias. Duxs compas estão sendo julgadxs pelo Estado espanhol e xs anarquistas saímos nas ruas para mostrar que eles não estão sós.

Com muita força Mónica e Francisco têm gritado morte ao Estado e que viva a anarquia no julgamento. Para elxs nosso abraço terno, nossa cumplicidade e solidariedade.

Um abraço apertado também para xs perseguidxs das operações Pandora, Piñata e Ice que souberam tirar da repressão alentos solidários. Um carinho para Nahuel que desde novembro está encerradx nas jaulas do estado espanhol.

Contra a igreja o Estado e suas leis, andamos juntxs semeando caos e anarquia.

Que a solidariedade chegue até vocês.

Pela anarquia!

Pela revolta!”

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Faixa estendida para Mónica e Francisco em Porto Alegre-RS

A Rede de Informações Anarquistas, comprometida com a luta anticapitalista, antiestatista e libertária, não só presta solidariedade, como também convoca todos os coletivos e indivíduos anarquistas a demonstrarem o seu apoio a Mónica e Francisco, vítimas do terrorismo do Estado.

(Relato) Pequena homenagem a Presidente, um homem que escolheu lutar

Um curto vídeo produzido em 2014 por alguns midiativistas cariocas fica como homenagem a Sérgio Luis Santos das Dores, o Presidente.

Presidente, morador de rua e ativista, era figura ativa na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, por onde morava. Sua partida comoveu companheiros e companheiras de luta, amigos e amigas de rua. Presidente faleceu nessa segunda-feira (14/12), depois de ficar internado por quatro dias com graves problemas de saúde.

Presidente vivia desde 2005 nas ruas próximas à Cinelândia. Sofria com o Mal de Parkinson e com diabetes. Após ter graves problemas no pulmão, esteve internado durante quatro dias na Coordenação Regional de Emergência (CER), do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Na unidade de saúde, ele teve tremores, delírios e um derrame pleural no pulmão, além de septicemia. Faleceu em decorrência de uma falência múltipla dos orgãos e deixou orfãos e orfás de sua companhia uma legião de ativistas que sempre esbarrava com ele nas ruas cariocas, palco das Revoltas de Junho em 2013.

No Souza Aguiar, o Presidente sofreu com o descaso típico dos hospitais públicos brasileiros:

“Ele estava com uma infecção aguda na perna e sofria de Parkinson e diabetes. Quando chegou no CER, diagnosticaram erroneamente com abstinência alcoólica por contra da tremedeira, e injetaram soro com glicose. Em um diabético! Além disso, os documentos dele foram extraviados durante uma troca de quarto. Isso atrasou o atestado de óbito, que ainda foi preenchido errado. Por isso, não conseguimos vaga para sepultar o corpo hoje (terça)”, lamentou uma ativista que o conheceu na Assembleia Popular da Cinelândia, que se reúne mensalmente desde 2013.

Presidente era conhecido por sua espontaneidade e pelo ativismo. Engajado politicamente, estava sempre presente nas ocupações, protestos, manifestações e assembleias populares que tomam o cinza da cidade em um ímpeto combativo cujo intuito é questionar o autoritarismo do Estado e a exploração pelo Capital.

O velório de Presidente ocorreu, simbolicamente, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, bem no meio do covil dos ratos. Pois dizemos, na Cinelândia, presidente só tem um! O nosso eterno Presidente! Abaixo o presidente fantoche da Câmara!

Após o velório, um cortejo saiu da câmara por volta das 13h30 em direção ao Cemitério do Catumbi sob os gritos de “poder, poder para o povo!”, interditou ruas e derramou lágrimas de eternas saudades desse ser tão vívido, tão combativo.

No fim da tarde, foi, enfim, sepultado. “Presidente eterno!”, lembrava quem estava presente no enterro. Um guerreiro se foi, mas a sua memória ficará guardada para sempre nas lembranças e nos corações de ativistas e militantes cariocas.

“Ele perdeu a mãe e se separou da mulher, e isso foi uma hecatombe para ele. Mesmo assim, em todos os atos, manifestações e passeatas, ele agiu sempre como um cidadão consciente de seus direitos de lutar”, disse um amigo, antigo morador de rua, e que conheceu o Presidente em 2011.

PRESIDENTE, PRESENTE! SAUDADES ETERNAS!

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