Category Archives: Relatos

(Rio de Janeiro) Relato da roda de conversa Rádio e Comunicação Libertária | 30 de Janeiro de 2016

Cerca de 25 pessoas se reuniram no espaço do Ação Direta em Educação Popular (ADEP), num sábado a tarde (30/01/16) para a nossa Roda de Conversa Rádio e Comunicação Libertária que contou com falas da Rádio Anarquista da Alemanha, o projeto audiovisual colombiano Antena Mutante e de uma Comunicadora Comunitária do Complexo de Favelas da Maré, além de outros coletivos e participantes, seguido de roda de conversa e troca de ideais.

As trocas foram animadoras, abordando assuntos como antivigilância, construção de rádios livres, experiências e dificuldades de construção da comunicação libertária em ambientes militarizados, como favelas, e a necessidade da criação de redes de solidariedade e apoio mútuo entre coletivos e indivíduos que atuam no âmbito da comunicação e da mídia livre.

Além disso, foi criada uma rede de contatos para aproximações futuras e a possibilidade de marcar um segundo encontro sobre comunicação libertária, com pretensões de criar um espaço permanente de discussão e trocas nesse âmbito.

Em breve divulgaremos informações e programação da II Roda de Conversa Rádio e Comunicação Libertária, evento aberto a participação de todas e todos.

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(Porto Alegre) Ataque incendiário a tanque do Exército exposto como monumento na Avenida Ipiranga

Relato recebido por e-mail do ataque incendiário a um tanque desativado exposto como monumento em homenagem ao Exército Brasileiro na Avenida Ipiranga, Porto Alegre/RS:

*Quem sabe faz a hora não espera acontecer.*

“Definitivamente somos imprestáveis para o funcionamento desta sociedade baseada na dominação de tudo, da terra, dos seres.

Somos parte da terra, da imensidão da natureza. A terra, os seres vivos, não estão ai para servir, ser domado e transformado em valor monetário.

Esta doentia maneira de viver, que é a regra da máquina, não é a nossa, nos ofende, maltrata e assassina com extrema violência.

Não te parece?

Realmente não podemos nos calar e conformar mantendo as misérias que nos condicionam na busca de recursos básicos.

A passividade, a obediência, a apatia não tem espaço em nosso vocabulário.

Não vamos cooperar para o domínio e o controle! Tudo pelo contrário. Atuamos pela destruição, pelo vandalismo, às estruturas e valores do reino do dinheiro.

Sua cidadania é uma humilhação que muitos escravos ainda sonham. Não nos enganam com tamanho engodo. Não desejamos sermos servos de nenhum rei, de nenhum estado, de ninguém de nada.

Na madrugada de 18 de janeiro fomos ao encontro de um tanque de guerra estacionado na Avenida Perimetral esquina Ipiranga ao lado de um quartel do exército em Porto Alegre.

O tanque estava exposto na avenida e segundo as notícias ali ficaria como um presente para a cidade.

Abandonamos um artefato incendiário com um dispositivo de retardo sobre o tanque. Sabemos que acionou, porém de alguma maneira, que ignoramos, sua força incendiária e destrutiva não iluminou com toda sua beleza.

Três dias depois o tanque foi retirado da rua sem mencionarem este fato. Através das notícias percebemos que outros foram até lá contribuir para sua destruição. Nossa alegria era ter o carbonizado.

Com este ato aprendemos uma vez mais que somos capazes de atacar e ferir os que impõem este colapso organizado. Aprendemos que nossa ação surte efeito, que o que realizamos com determinação balança seu entorno.

Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

Nos querem amedrontados, escravizados. Rompa as grades que te rodeia! Dentro de você e na sua volta.

Esta ação não foi um caso isolado, nos irmanamos com esta ação e intenção com uma rajada de ações por todas as partes do mundo.

Nos irmanamos no ataque contra a dominação pela libertação total.

Um salve à todos indomáveis que não sossegam somente com as palavras e as ideias em sua mente. Estejam onde estiverem. Estamos vivos!

Nos bosques da Alemanha, nos cortes de estrada e nos acampamentos na Argentina contra a Monsanto, na Itália contra as linhas de trem, na França contra um novo aeroporto, pelas ruas de Exarchia na Grécia, nas barricadas no Chile, nas pichações em Guayaquill, no alto dos Andes ou nas terras dos xiximecas, nas prisões de Espanha.

*Vândalos Selvagens Antiautoritários*

Fevereiro 2016

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(Itanhaém-SP) Relato sobre o No Gods No Masters Fest

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Nos dias 23 e 24 de Janeiro aconteceu o No Gods No Masters Fest, um evento anarquista e punk, no município de Itanhanhem, litoral de São Paulo.

O evento contou com uma grande quantidade de participantes. As atividades do festival foram bem diversas, desde oficina de horta, debates sobre as lutas libertárias hoje, passando até por oficina de pão. Além dessas atividades, os dois dias de evento contaram com apresentações de grupos e individualidades musicais anarquistas.

O evento que teve que mudar de local por causa da perda de um antigo espaço no qual o coletivo geria, o Semente Negra, ocorreu de maneira totalmente horizontal, fazendo com que todas as envolvidas com este, desde organizadoras até participantes, ajudassem a gerir o espaço e mantê-lo organizado coletivamente.

No Gods No Masters Fest é o segundo grande evento que o coletivo e distro No Gods No Masters realiza no município, grande evento pois, estes estão sempre realizando eventos de menor porte no local.

Fonte: http://anarcopunk.org/

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(Rio de Janeiro) Oficina de Colagem no Espaço Ateliê Kabana

O espaço Ateliê Kabana é um projeto de residência artística desenvolvido dentro da periferia da Zona Norte carioca.

A ideia é gerir de forma não hierarquizada um espaço de criação livre, voltado para os moradores e desenvolvendo acesso à arte e à possibilidade de cura através dela.

A Kabana juntamente com o olhar das crianças, visa buscar novas formas de relações, baseando-se no conhecimento da permacultura, na consciência de nossa natureza.

Nosso ateliê é um convite para descobertas do cotidiano, para a colaboração e para a vida em toda sua magnitude.

Aqui todas as pessoas são professoras e aprendizes. Quem sabe, ensina. Quem não sabe, aprende.

Segue algumas imagens da Oficina de Colagem que rolou no espaço no último domingo, dia 10/01:

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(Relato) Atos e manifestações: Quais objetivos? De quem para quem? Uma reflexão sobre o #8J no Rio de Janeiro

O que sempre esteve, está e estará em jogo no campo da disputa política (o ato de manifestação é uma disputa política deliberada), é a capacidade dos agentes principalmente implicados na cena, em alcançar os objetivos aos quais se propõe, não frustrando assim as expectativas da sociedade. Nesse sentido, estamos falando sobretudo de EXPECTATIVAS E FRUSTRAÇÕES.

Estão em caixa alta, essas duas palavras, por um motivo muito simples: Quem quer adesão, precisa corresponder às expectativas daqueles de quem se espera um retorno (participação). A mobilização política só acontece se a sociedade acreditar nos atores que produzem a contestação e, se minimamente, esses atores utilizarem códigos ou símbolos de conduta que lhes sejam próximos.

Quando um ato é puxado sob a bandeira pela redução das tarifas dos transportes, automaticamente uma expectativa começa a ser construída no imaginário popular, uma vez que a tal manifestação simbolicamente outorga pra si, mesmo que à revelia do desejado por seus organizadores, a legitimidade enquanto ferramenta para transformação da pauta apresentada. Nesse sentido, após a expectativa gerada, cabe então aos manifestantes comprovarem a EFICÁCIA do seu modelo de transformação da pauta apresentada, visando justamente a NÃO FRUSTRAÇÃO da população.

Av. Presidente Vargas – RJ

A grande questão é que o consciente popular é mais complexo e a população sempre vai esperar que “o outro” reivindique e transforme, mas segundo valores, padrões e regras morais e sociais que são provenientes de uma cultura ainda conservadora. Sendo assim, exige-se minimamente que os organizadores de um ato, apresentem e realizem uma sequência de processos que demonstre claramente que possuem um plano para reduzir as tarifas, plano esse que obviamente pode incluir o confronto com as forças de segurança do estado, entretanto, tal confronto JAMAIS DEVE PRECEDER as etapas anteriores de ação (esperadas pela população) e quando se efetivar, o confronto deve também ser planejado de forma precisa, atingindo objetivos centrais e produzindo uma cena que seja favorável ao movimento, drenando qualquer possibilidade de formulação de narrativa que explore a tradicional imagem de “vândalos”.

Pode parecer repetitivo dizer tudo isso novamente após 2013, afinal, já conversamos muito sobre isso, mas parece que nunca fica muito claro.

Quando se organiza um ato reivindicando determinada pauta, seus organizadores e participantes tornam-se automaticamente responsáveis, ou em dado momento, “co-responsáveis” pelo desenrolar das ações propostas. No momento em que se vai às ruas tentando ganhar a população para lutar contra o aumento das tarifas, inicia-se um conjunto de expectativas que a todo custo não devem ser frustradas, sob a pena do esvaziamento da luta em questão. Quando um ato proposto para lutar por determinada pauta fracassa, a própria pauta FRACASSA e a frustração se abate sobre a população, que passa a não aderir a qualquer tentativa de mobilização relativa a pauta em questão.

Aqueles que USAM uma pauta específica para cumprir seus desejos de auto-promoção, confronto ou para dar vazão aos seus tesões reprimidos, são em última análise perversos, prevaricadores e usurpadores. Se sabem eles que essa tática tradicional de confronto não funciona, estão apenas usando uma manifestação por uma pauta para fazer outra coisa. Os militantes partidários tolos, deveriam ser sinceros e puxar atos para promoção de seus candidatos, deixando claro os seus objetivos marqueteiros, assim como os movimentos belicistas e demais meninos e meninas que adoram confronto deveriam usar da honestidade e criar eventos no Facebook que chamassem as pessoas para um “pique-pega com a PM”, deixando claro seus objetivos e não usurpando causas nobres e importantes.

Dito isso, é de se acreditar, sinceramente, que ainda existem mecanismos de pressão que, alinhados à atos de manifestação, podem surtir efeito e cumprir uma determinada pauta defendida. Para tanto, precisam estudar a pauta que defendem, identificar os mecanismos institucionais relevantes, realizar manifestações e, se for preciso, ocupar locais estratégicos de forma organizada, visando o cumprimento de um instrumento de pressão que tenha EFICÁCIA quanto ao alcance do que se objetiva.

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Bloco Livre Reciclato

Vejam, se em 2013 quando a Prefeitura suspendeu o aumento das passagens, os protestos tivessem da mesma forma recuado, o ato reivindicatório em si, continuaria a ser uma arma potente contra o Estado, podendo a todo momento ser utilizado como forma de combate para qualquer situação que fosse. A continuação e a persistência nas ruas de forma desordenada, desidratou as manifestações e tornou-as frágeis, uma vez que não conseguiam mais obter vitórias.

Enfim, tudo isso é mais uma ampla reflexão para salientar que, mais uma vez, são os nossos erros que mais comprometem a luta do que os equívocos do Estado e demais agentes.

Ativistas, militantes e cidadãos engajados precisam conversar e planejar cada passo a ser tomado, sem medo disso ser centralizado ou o que for. É melhor pecar por suplantar alguns métodos preciosos do que falhar na defesa de uma pauta, tornando-a desacreditada para a população.

A Prefeitura do Rio em ano de Olimpíadas aumentou em 40 centavos o preço da passagem, demonstrando claramente que não teme as manifestações e confiando no julgamento da sociedade contra os “vândalos” ou os “partidinhos de esquerda”.

Falhamos no passado e permitimos esse virada na mesa. Não podemos falhar novamente.

Há que se recusar participar de atos ou manifestações que acabem por manchar ainda mais pautas tão importantes e que por consequência enfraqueçam ainda mais o ato de manifestação enquanto ferramenta de luta.

É isso. Sigamos…

Por Itagiba Rocha

Itagiba Rocha é ativista e milita no campo dos Direitos Humanos e do fomento à participação política. Frequenta Plenárias no Rio de Janeiro e participa de coletivos que defendem o direito à livre manifestação.

*Itagiba é um pseudônimo mas a sua descrição corresponde a realidade da pessoa por trás desse nome.