Category Archives: Relatos

(Rio de Janeiro) Um relato sobre o ato-greve dxs servidorxs públicos e contra o peleguismo sindical | 2 de Março de 2016

Em um dia que começou muito antes do 2 de Março, alunas e alunos, professoras e professores, servidores do Estado e apoiadores tomaram as ruas do Centro da cidade do Rio de Janeiro protestando e reivindicando seus direitos mais básicos, como salário e educação, em um protesto que não se limitou apenas ao centro da cidade tento em vista manifestações de alunos e professores em diversas escolas por todo o Estado.

Profissionais da Educação lotaram o espaço da Fundição Progresso em assembleia realizada no dia 2, enquanto alunos de diversas outras escolas estaduais tomavam por completo as escadarias da Câmara dos Vereadores na Cinelândia. Era de dar gosto ver como os estudantes estavam engajados na luta.

As 15h seguiram todas para o encontro nas escadarias da Alerj, tomando a por completo (não só as escadarias mas as ruas da Av. 1° de Março). Era notável o número de pessoas ali, que se nos é permitido arriscar tomava proporções de cerca de 10 mil pessoas.

O ato seguiu até a Cinelândia e teve o seu término em frente à Câmara dos Vereadores. Nesse momento, vaias intermináveis foram ouvidas em toda a região devido ao fato do carro de som (do sindicato) ter puxado o Hino Nacional. Não satisfeitos com tamanha burrice, pois ali não havia espaço para nacionalistas, os dirigentes do sindicato, tomados pelo poder que o microfone lhes dá, tiveram a audácia de agradecer à polícia militar pela escolta e segurança no ato.

Destacamos aqui um comentário muito lúcido sobre o ato de ontem que coletamos na internet:

“Ontem o ato foi incrível.

Mas no Final, o sindicato pelego (normal os sincatos serem assim) fez vergonha!

Agradecer a PM?

Vocês esqueceram o que a PM fez com os professores em 2013?

E vocês se lembram pra quem vocês foram pedir ajuda?

E quem deu o sangue literalmente por vocês?

E cantar o hino?

Está de brincadeira, só faltou a selfie com a PM e pedir para o próximo ato a galera ir com a camisa da CBF!

Uma hora o pezão vai mandar a PM agir com truculência, pois isso é normal, e sempre aconteceu!

Ai vocês lembraram quem está realmente ao lado de vocês.”

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(Rio de Janeiro) Relato – Mais uma edição do Sarau da Roça no Conjunto de Favelas da Maré

No dia 27 de Fevereiro aconteceu mais um Sarau da Roça, loja e espaço social localizado no conjunto de favelas da Maré. Essa edição do sarau contou com o relançamento do livro “Anarquismo e Revolução Negra” de Lorenzo Komboa, traduzido e editado pelo coletivo Das Lutas. O amigo de luta André, do morro da Formiga, puxou um riquíssimo debate sobre o livro e sobre suas experiencias como negro e anarquista.

Rolou também a estreia do curta em solidariedade a okupa “Solidária”, que fica em território controlado pelo estado uruguaio e que está sofrendo processo de remoção. Depois do curta o compa Maluco, integrante da okupa “Solidária” fez um relato sobre o processo.

Além disso, como é de costume, rolou diversas apresentações musicais, declamações de poesias, muita música e a deliciosa cerveja artesanal da Roça.

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“Sorria, embora seu coração esteja doendo” – Um relato de agradecimento da Rede de Informações Anarquistas

Em 2014, no calor das emoções e bombas lacrimejantes do pós Junho-2013 na cidade do Rio de Janeiro, um grupo de anarquistas conversavam sobre a forma como as informações estavam sendo transmitidas por coletivos que não participavam da imprensa empresarial. A percepção era de que havia muito trabalho bom sendo lançado, mas eram poucos, muitas vezes escassos, os materiais produzidos por coletividades assumidamente anarquistas para um público que não suportava mais os panfletos padronizados da estética militante. A análise sob um viés libertário, a necessidade de realizar contra-informação permanente diante do que Globo e semelhantes nos empurravam guela abaixo, a compreensão de que a informação é poder e que deve ser subvertida… Todas essas questões rodaram entre as pessoas daquele grupo noite adentro. Entre um gole e outro de alguma bebida e nas tragadas esbaforidas de cigarros amassados veio a proposta: e se montássemos um canal de informação no Facebook e em outras plataformas virtuais com o objetivo de descentralizar as informações e fazer a crítica que tanto andávamos sentindo falta? E assim nascia a R.I.A – Rede de Informações Anarquistas, das cadeiras sujas de algum bar sujo no centro vil de uma cidade tão desigual para o mundo afora e quiçá o universo (não necessariamente nessa mesma ordem, mas assim a narrativa fica mais fofa!)

A ideia inicial já estava contida no próprio nome: iríamos usar do bom humor para alcançar mais pessoas com aquilo que precisava ser dito, porém só reproduzido no velho formato acadêmico/militante, tão descolada de nosso cotidiano e tão distante de inúmeras realidades. Não que tenhamos saído demais dessa linha de pensamento, afinal ainda somos uma rede chamada “RIA” e continuamos acreditando no poder pouco explorado do sarcasmo, mas com o tempo (e amadurecimento) percebemos que nem sempre era possível manter-se na “zuera” diante da enxurrada de informações que recebíamos e das tantas coisas com as quais nossa atenção acabava por se voltar.

Inclusive, desde nosso lançamento num simples canal de Facebook em Junho de 2014, observamos como as inúmeras pessoas que nos acompanham diariamente foram desenvolvendo uma certa animosidade com a página. Para muitos, a RIA se tornou um verdadeiro portal para que seus anseios, questionamentos e informes pudessem transbordar mundo afora.

E isso tudo é maravilhoso e muito gratificante, pois não esperávamos que em tão pouco tempo o termo “rede” começasse a fazer tanto sentido Emoticon grin

Hoje, a rede é muito mais que um grupo de anarquistas espalhados por aí se esforçando diariamente para consolidar um canal de comunicação libertária. Hoje, a rede é você! Sim, cada um de vocês, tantas Marias, Joãos, Mônicas, Alices, Marcos… hoje vocês fazem a RIA ser o que se tornou: uma malha de pontos visíveis e invisíveis, pontos aqui e ali, pontos em toda parte, dispostos a dizer NÃO à informação dominante!

Somos (porque vocês são) continuaremos (porque vocês continuam) sendo a ferramenta necessária para potencializar a revolta de cada um de vocês! Todas e todos possuem espaço cativo nessa rede que se estende cada vez mais, num ritmo que chega a espantar até os próprios administradores da página!

Curiosamente, nem todos que acompanham a página são assumidamente anarquistas (e quem somos nós e quem é você para dizer quem é ou não), mesmo após as incontáveis postagens com ideais anarquistas de mais de um século de experiências ao redor do mundo. E isso é incrível, pois denota, para nós, que o trabalho está sendo feito no caminho certo: a descentralização da informação, e não a concentração dela na cabeça de poucos pretensos seres ditos iluminados!

Esse post é um grande agradecimento a cada coração libertário que nos acompanha na luta diária contra o Estado-Capital. Sabemos que erramos muito, diversas vezes. Nossa, erramos feio, erramos rude, até porque para nós também é uma grande aprendizagem, pois por trás de algoritmos existem pessoas e seus sentimentos, existe vida, amor e ódio, carinho e tristeza, existe amizade. Mas nada disso impede de nos manter na tarefa inicialmente proposta. Por isso mesmo cada um de vocês é importante nesse processo Emoticon wink.

Temos muitas novidades lá na esquina do tempo, nas curvas relativas da vida. Nosso trabalho não para por aqui e ainda temos muuuuuitas ideias para colocar em prática, online e off-line. Aguardem!

De baixo para cima, RIA você também!

AMOR, SAÚDE E ANARQUIA!

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(São Paulo) Relato da reintegração de posse da ocupação Masterbus | 23 de fevereiro

A comunidade Masterbus nasceu na zona leste de São Paulo em 2014, quando 40 famílias da região ocuparam o terreno que estava vazio há quase 12 anos. Dia 23 de fevereiro de 2016, uma terça-feira, ocorreu a reintegração de posse. Essas fotos foram feitas no domingo, dois dias antes da reintegração, onde o pessoal do Coletivo Ocupa PL e Mídia Nuclear fizeram vários eventos de mobilização pra ajudar a Comunidade. Pra saber a historia toda:

Citados por Associação ao Trabalho Escravo estão por trás da reintegração de posse da Comunidade Masterbus, por Mídia Nuclear

Máfia do Transporte, trabalho escravo e Lava Jato: A reintegração de posse da ocupação Masterbus, por Vice

Imagens da desocupação da ocupação Masterbus no dia 23 de fevereiro, por Daniel Arroy


Não teve arrego por parte do Judiciário. Sem entender nada, moradorxs levantam às 6h com a Tropa de Choque dentro da Comunidade.

Dentro da Comunidade Masterbus o fluxo de pessoas e móveis é intenso. O Choque entra e se posiciona ao lado de um dos prédios onde ficavam algumas galinhas, patos, gansos e outras aves da criação do Sr. Durval (60), um dos moradores mais antigos da Ocupação Masterbus.

Desolada, uma senhora pede ajuda para retirar suas coisas do cômodo de 4m² no complexo de tijolos destruídos pela ira dxs moradorxs durante a madrugada, ao saber que a Juíza Karina Ferraro Amarante Innocencio não revogou o pedido de Reintegração de Posse do terreno de empresários citados nos escândalos da Lava Jato, Lista de Furnas e na Lista Suja do MTE por associação ao Trabalho Escravo.

O clima de despedida se misturava com a angústia de não saber ao certo para onde ir, eis que com a chegada do Secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, o cenário se transforma. Expectativas ficam sugeridas nos sorrisos de alguns moradores, outros ignoram a presença do engravatado ali e prosseguem com a mudança. O Secretário passou cerca de duas horas ouvindo as demandas da comunidade que não via um político desde a época das eleições, segundo o Vídeo.

Entre pedidos de silêncio e gritos de revolta contra o único representante dos Direitos Humanos presente no local, uma moradora interfere na ouvidoria ambulante e tardia da Prefeitura, “Chega! Preciso tirar minhas coisas, vão me dando licença”, diz a moradora Socorro Gomes, mãe de dois filhos.

Antes de ir embora, Suplicy caminha com parte dxs moradorxs para tentar diálogo com o comandante da ação, Coronel Lucco, sem sucesso ele se despede da comunidade pedindo licença para ir à sua terapia. Desabrigados, sem direito à moradia, muito menos à terapia, os moradorxs voltam às atividades do dia: cuidar do que o Estado não cumpre por elxs. Se organizam para usar o número insuficiente de caminhões da Prefeitura para mudança, fica decidido que a prioridade é das mães autônomas com as crianças, enquanto isso os policiais seguem tomando café com leite e pão com manteiga na base comunitária mas essa foto não deu pra tirar porque imprensa alternativa tem cara de juventude ativista e parece que os milicos não vão curtem muito tirar retrato.

Suplicy trocando idéia com o Coronel Lucco (foto: Gabriel Vasconcelos – Mídia Nuclear)

Até a nossa saída do local, por volta das 9h00, não havia nenhum representante do Conselho Tutelar para acompanhar a comunidade que abrigava mais de 400 crianças. Além disso, não houve nenhum tipo de cadastramento dos moradores junto ao Poder Público para os devidos encaminhamentos legais que permeiam uma ação de Reintegração de Posse.

O descaso do Município com a população sem-teto é alarmante, em dois dias ocorreram reintegrações de posse, é bom se familiarizar com o termo gentrificação, parece que ele é tendência em 2016.

(foto: Gabriel Vasconcelos – Mídia Nuclear)

Por Mídia Nuclear

(Paraná) Todo apoio à ocupação Bela Vista! | Guarapuava

Guarapuava, 17 de fevereiro de 2016.

Saudações Anarquistas!

O Núcleo Anarquista Guarapuava NAG saúda a recente Ocupação Bela Vista que surgiu no início dessa semana na Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios na cidade de Guarapuava-PR.

A ocupação ocorreu devido às precárias condições em que viviam os moradores do chamado “beco”, região de favelas da vila dos brasileiros. Sem saneamento, sem água e luz, correndo riscos (recentemente houve um incêndio e dez famílias perderam suas casas), havia a possibilidade de contaminação pela dengue e zica vírus, com focos constatados. A situação de calamidade do beco fez com que as famílias tomassem uma atitude independente da burocracia estatal.

A área ocupada abriga mais de 230 famílias com a possibilidade de abrigar muitas outras mais. A prefeitura de Guarapuava entregou a posse de 97 terrenos e de 1 casa há seis anos para 97 famílias. Os moradores estavam esperando a revitalização do local, pois trata-se de uma área urbanizada aos arredores da Cooperativa Agrária Industrial, maior cooperativa de malte da América Latina, gerida por cooperados descendentes de europeus refugiados da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, croatas, húngaros e alemães

Conhecidos como suábios do Danúbio ganharam 22 mil hectares que foram distribuídos de 15 a 30 para cada uma das famílias. O governo brasileiro entregou as terras para que cerca de 500 famílias recomeçassem suas vidas, ganharam a melhor terra, ganharam financiamento junto ao governo brasileiro e apoio internacional do governo europeu para não sofrerem nas terras tupiniquins. De 1945 até hoje, exploram a mão de obra barata dos chamados “brasileiros”, os quais trabalham na cooperativa como chão de fábrica, na construção civil ou nas casas dos suábios, como jardineiros, empregadas domésticas, babás ou nos serviços gerais.

A Luta é por terra! Direito dos brasileiros que estão vivendo em situação de miséria, sem auxílio e sem recursos, seus terrenos medem 9×21, foram medidos pelos próprios moradores que encontram-se acampados em barracos de lona. Uma horta já foi iniciada com o trabalho autônomo dos ocupados, que coletivamente fazem a gestão da ocupação.

Mulheres e homens estão na linha de frente resistindo às ameaças da polícia.

Os representantes do Estado tentam coagir os ocupantes com a promessa de que as 97 casas serão construídas, entretanto, há muito mais pessoas precisando de um terreno. Aos poucos o número de desabrigados aumenta, estão saindo das valetas do beco e vislumbrando horizontes mais dignos nesta terra dita “de todxs”.

PUBLIQUE-SE.

“Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!”

Ocupa e resiste!

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