Category Archives: Comunicado

(Rio de Janeiro) Chamada aberta para a roda de conversas “Gêneros, sexualidades e anarquismo”

O Fórum anarquista aproxima-se do seu início e entre as rodas de conversa teremos a temática “Gêneros, sexualidades”. Felizmente, parece que o tema receberá o devido destaque, porque os grupos feministas e LGBTs vêm apontando insistentemente para a falta de coerência entre a reivindicação teórica e prática da anarquia e a permanência de um profundo sexismo.

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O sexismo se mantém nos seus “pequenos” e “grandes” atos. As denúncias são recorrentes. Centenas de casos já podem ter acontecido no passado, outras centenas ainda poderão acontecer. Sabemos muito bem, pela experiência que temos em nos manifestar, qual o poder da denúncia. Elas precisam continuar, pois em todos os campos que tratam de comportamentos arraigados não há sobressalto e solução imediata. Elas precisam fazer ver, com insistência constante, como “pequenos” atos são dolorosos, embora costumem não ser entendidos como tal, e como os “grandes” atos são inaceitáveis, nem deveriam sequer existir.

Diante da inúmera quantidade de casos sexistas, nós da LIGA nos propusemos a iniciar uma reflexão séria e profunda, pois sabemos que outros casos acontecerão e sentimos que precisamos enfrentar coletivamente o problema. As denúncias isoladas são fundamentais, mas são insuficientes para instituir uma nova prática de relacionamentos e a internalização de condutas igualitárias entre os sexos. Somos anarquistas e precisamos buscar, inclusive, soluções para o sexismo a partir da prática em perspectiva anárquica.

Alguns princípios precisam ficar muito claros: nenhuma opressão de caráter sexual é admissível e ponto. Sem poréns. A prática anárquica coerente não admite nenhuma atitude sexista, como também não admite o racismo, como não pode aceitar discriminações físicas, humilhações ou qualquer tipo de opressão em relação ao corpo ou idade. Sem concessões. Qualquer anarquista que medite seriamente sobre os textos que lê, as palavras que profere, chegará a essa mesma conclusão. Não há espaço para chacota.

Entretanto, entre a teoria e a prática há uma larga distância. Felizmente até, porque não é da conduta anárquica seguir uma tábua de mandamentos. É absolutamente necessário pensar nos próprios atos, pois a equidade, a liberdade, não serão alcançadas por decreto, nem mesmo por revolução, já que as práticas milenares arraigadas perdurarão. A Espanha precisou de suas Mujeres libres em 1936…

Quando se considerava em bloco a “classe operária”, “os trabalhadores”, “o proletariado” não aparecia o problema do “outro”. Não havia mulheres, homossexuais, como não havia, brancos nem negros, nem colonizados. As demandas de caráter étnico, racial e de gênero evidenciaram esses limites e trouxeram um problema que precisa ser reexaminado com muito mais insistência: o problema do comportamento desviante. Se fôssemos legalistas, partidários, bastaria criminalizar as “más” condutas, excluir os transgressores, enviá-los à prisão (ou à Sibéria), porém não o somos e resta o problema de como agir. Seremos juízes? Aplicaremos penas? Em que medida o ostracismo é ou não aceitável? Não esqueçamos, nenhum ato de sexismo é admissível!

Ainda que embrionariamente pensamos em alguns procedimentos de reflexão e integração da perspectiva de gênero dentro das ações gerais dos coletivos:

  • Estudar e integrar reflexões sobre feminismo e gênero em grupos de estudo e de discussão, daí a proposta de dar destaque ao tema no Fórum.

  • Dissociar “gênero” de “mulher”: não há visões neutras e outras, suplementares, femininas; todas as posições, ações e demandas são atravessadas pelo gênero. O gênero não é uma pauta exclusivamente feminista.

  • Ter sensibilidade para identificar problemas que normalmente ficam calados na vida privada entre pessoas. Conhecer ou perceber um comportamento fragilizado, de dependência ou de submissão e omitir-se é ser tão conivente com o sexismo quanto identificar um comportamento sexista e violento e não fazer nada.

  • A palavra é o primeiro meio para lidar com os problemas. Os coletivos precisam ser também um espaço de pedido de ajuda pessoal, sem chacota nem intimidação interna.

  • Igualmente, nenhuma intimidação para com o reconhecimento da parte da pessoa de um comportamento sexista, se essa mostra-se disposta a enfrentar os seus próprios arraigamentos culturais, pessoais, seja quem for.

  • Apoio mútuo e solidariedade para as vítimas: de ordem médica, psicológica, financeira etc.

  • Responsabilização, não punição. A pena não é uma prática anárquica. Penalidades que não têm qualquer relação com o erro cometido excluem a pessoa de lidar com as consequências dos seus próprios atos, livram-no da sua própria vergonha e a longo prazo exigem punições cada vez mais extremas, já que não lida com as causas dos problemas.

Como dissemos, tratam-se apenas de curtas propostas e ainda embrionárias para serem discutidas durante o Fórum, mas desejamos vivamente que a Roda de Conversa sobre gêneros e sexualidades estimule a realização de um encontro futuro especificamente para tratar do problema do sexismo. Infelizmente, anarquistas acordaram tarde para enfrentá-lo, como se o fato de sermos anarquistas, por si, nos eximisse de sua ocorrência. Precisamos de coragem para enfrentá-lo da forma mais anárquica possível: dialogando, chamando para a responsabilidade, encontrando soluções não julgadoras nem punitivas.

Originalmente publicado no site da Liga Anarquista no Rio de Janeiro

(Campinas) Convite aberto para o XIV Expressões Anarquistas – Outubro de 2015

XIV Expressões Anarquistas em Campinas - Outubro de 2015
XIV Expressões Anarquistas em Campinas – Outubro de 2015

Saudações anárquicas,

A união anarquista Fenikso Nigra vem convidar as pessoas, grupos, coletivos, uniões e associações anarquistas que tenham alguma afinidade e interesse no evento XIV EXPRESSÕES ANARQUISTAS que realizaremos nos dias 10 e 11 outubro de 2015 em Campinas, interior de São Paulo.

De forma breve, a proposta do Expressões Anarquistas é motivar, promover e organizar práticas anarquistas no interior paulista onde a prática e organização anarquista estão em menor intensidade.

O evento contará com uma exposição de materiais anarquistas e está aberto a todas formas de expressão cultural que possam idealizar e apresentar.

Nesse sentido, solicitamos a comunicação prévia para divulgar na programação do evento.

Existe a possibilidade que conforme o interesse dos grupos e pessoas, de realizarmos conjuntamente uma Feira Anarquista, a qual seria a primeira realizada na cidade de Campinas. Mas para sua efetivação, repetimos, que tenha interesse de grupos, coletivos, associações que tenham essa vocação.

A programação proposta previamente é construir as conversas libertárias de forma modular em temas gerais, nos quais as pessoas, grupos, coletivos, associações possam contribuir com suas experiências e vivências de luta. Visamos, acima de tudo que se tenha uma interação entre as pessoas, não só como pessoas espectadoras passivas, mas que possam também contribuir ativamente na troca de informações que motivem a ações e organizações diretas, de base anarquista ou ao menos que sejam consideradas como referência prática de luta por emancipação das pessoas forma geral.

Antecipadamente agradecemos a atenção, contamos com a presença e teremos espaços para hospedagem das pessoas que precisarem.

Saúde e anarquia!

Originalmente publicado em anarkio.net

(Uruguai) De 5 de junho à 5 de julho: mês pela terra e contra o capital

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Antes que uma nova tecnologia venha querer nos convencer de que é possível um capitalismo verde, humano, uma gestão mais saudável da devastação e a vida controlada, decidimos intervir.

Antes que nos acostumemos a tanto espetáculo, a perder até a última ilusão de um mundo onde a natureza não escape de ser mercantilizada e coisificada para uso estatal e empresarial, decidimos atuar.

Os protestos pela terra, como tudo neste sistema, tendem a fossilizar-se, tendem a converter-se em parte das vitrines do “dia de”.

Em troca, a ação descentralizada, frontal, livre e autônoma; a ação que busca a raiz do problema e os meios concretos para dar-lhe solução, se dirige ao Capital e às relações sociais que este produz.

Antes de comprovar que já não podemos beber mais água ou ter que pagar por toda a comida às mesmas empresas que a controlam, decidimos não esperar mais, decidimos potencializar a resistência que faz um tempo atravessa os continentes e os oceanos.

As ações de todo tipo nos unem. Potencializemos a crítica real, a que leva em si mesma a prática concreta de uma nova forma de entender a natureza e as relações com os outros e o outro.

O desenvolvimento do capital se faz através de planos, os Estados e as empresas tem suas bases no território, a devastação se concretiza nas ferramentas que se utilizam, tiremos a resistência da abstração, o show e o desespero ativista para convertê-lo em ações que realmente vão transformando a realidade. Juntemos o compromisso e a projeção de nossas lutas para gerar uma transformação real e ampla.

O mês pela terra e contra o capital busca ser uma jornada nada estável ou sacra para potencializar nossas lutas pelo território contra a devastação capitalista e as falsas receitas que tentam potencializar a dominação ou no máximo defender uma menor…

Aos especuladores de todo tipo, à redução da vida e da natureza em mercadoria, à soberba de quem se crê dono do vivo contrapomos a liberdade de todos.

A terra não se vende, se defende!

Pela terra e contra o capital.


Contato:

porlatierraycontraelcapital.wordpress.com

porlatierraycontraelcapital@riseup.net


Originalmente publicado no site da Agência de Notícias Anarquistas

(Rio de Janeiro) Quando a regra é a exceção! Encontro preparatório da Caravana dos 43 de Ayotzinapa

QUANDO A REGRA É A EXCEÇÃO!

Violência sistêmica d’Estado, contra-violência e resistência anti-sistêmica e descolonial na América Latina hoje!

ENCONTRO PREPARATÓRIO DA CARAVANA LATINO-AMERICANA PELO RETORNO COM VIDA DOS 43 ESTUDANTES NORMALISTAS DESAPARECIDOS DE AYOTZINAPA/MÉXICO

caravana43_vivolosqueremosNesta quarta, 03 de junho, ocorrerá um encontro com coletivos de resistências de base territorializada de favelas, aldeias de diversas perspectivas teórico-políticas, das lutas de base territorializadas, como atividade de greve e de construção coletiva de conhecimento, no Auditório Milton Santos do Instituto de Geociências da UFF. A chegada de familiares dos 43 de Ayotzinapa ao Rio de Janeiro será em contextos de lutas nas ruas, nas universidades públicas, pelo direito de greve, contra ameaças de perseguições políticas, demissões arbitrárias, remoções autoritárias como violência de estado, sistêmica/institucionalizada em que A EXCEÇÃO É A REGRA! Inclusive nas universidades que se requerem no figurino francês iluminista, mas na prática cumprem a ordem unida do estado fascista! Mas principalmente nas favelas, ao contrário do que dizem os acadêmicos do Estado, na incrível “arte de fazer desaparecer…”, corpos, vidas, irmãos, pais, filhas, mães, avós, pessoas… E também, como no relatório CPT de Conflitos no Campo, 2014, em terras de resistências indígenas e camponesas estão sendo criminalizadas, perseguidas, ameaçadas, desaparecidas, mutiladas, massacradas, assassinadas cotidianamente nas frentes de desenvolvimento capitalista no Brasil e na América Latina: PAC, IIRSA, etc.

A Caravana Latino-Americana pelos 43 desaparecidos de Ayotzinapa fará também seu encontro com os movimentos de resistência no Rio de Janeiro nos dias 10, no Complexo da Maré, 11 na Aldeia Maraká’nà, e 12 em Ato Público na UERJ.

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Segue, mais informações sobre o encontro preparatório “QUANDO A REGRA É A EXCEÇÃO!”*:

Programação

| MANHÃ | 8h-9h | Pátio de Entrada do Instituto de Geociências |

Sala 206 do prédio da Geociências

Círculo de Recepção, Apresentação e Dinâmica de Situação e construção coletiva da Atividade de Greve

| TARDE | A partir de 14h | Auditório Milton Santos |

Mesa de Exposição e Debates

Sentidos da Caravana de Ayotzinapa

Juliana Bittencourt (Coletivo Geni e Rede de Coletivos por Ayotzinapa)

Território e Dignidade: sentidos dos conflitos na América Latina e
Lançamento do Relatório sobre os Conflitos e a violência no Campo, 2014, da CPT

Professor Carlos Walter Porto-Gonçalves (LEMTO/GeoUFF)

Educação em Tempos de Exceção

Mônica Lima (Professora da UERJ e do sistema sócio-educativo, do coletivo ADEP, e da Resistência Aldeia Maraká’nà)

Lutas Urbanas e Direito à Cidade

Natália Fajardo (Estudante da UFF de Arquitetura e Urbanismo e do coletivo FENEA)

Abolicionismo Penal como Descolonização do Poder desde o Sul

Fernando Henrique Cardoso (Estudante de Direito da UFF, coletivo TACAP)

O perímetro da FIFA, novos territórios de exceção? Tiro, porrada e bomba e o retorno das perseguições políticas no Brasil?

Bruno Machado (Estudante de história da UFF, um dos mais de 23 ativistas perseguidxs pelos protestos contra a Copa do Mundo em 2013)

Releitura Crítica do Mapa da Violência no Brasil ou d'”Arte de fazer desaparecer corpos”

Maurício Campos (Engenheiro civil, assessor de movimentos sociais e fundador da Rede de Comunidades de Favelas e Movimentos Contra a Violência de Estado)

Teko Haw Maraká’nà como Resistência Anti-sistêmica e Descolonial

Urutau José W. P. Guajajara Tenetehara (Professor de Cultura e Línguas Tupi-Guarani no Museu Nacional/UFRJ, Pluriversidade-Aldeia Intercultural de Resistência dos Povos do Maraká’nà – Coletivo CESAC-Cauyré)

caravana43_los43deayoRESUMO

Uma delegação de familiares dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa no México desaparecidos desde de 26 de setembro de 2014 já saiu do México em caravana pela América Latina (Argentina, Uruguai e Brasil). Eles estarão no Rio de Janeiro nos dias 10, 11 e 12 de junho próximo em encontros com movimentos sociais, de favelas, indígenas, estudantis, de luta pela moradia, entre outros.

Nestas semanas que antecedem à chegada da delegação à cidade estão acontecendo encontros preparatórios em diversos locais para o reconhecimento desta causa e a importância desta luta para os movimentos sociais em toda a América Latina. A solidariedade aos 43 de Ayotzinapa também têm ganhado adesões em todo o mundo.

Na noite do dia 26 de setembro de 2014 policiais municipais fardados e em traje civil da cidade de Iguala (estado de Guerrero) atacaram a tiros covardemente aos estudantes da Normal Rural de Ayotzinapa, que se encontravam nesse dia na cidade de Iguala, fazendo uma coleta de recursos entre a população local para a manutenção da sua escola e para assistir a marcha nacional contra o esquecimento da matança dos estudantes de 1968, a realizar-se no dia 2 de outubro na cidade do México. Eles pegaram cinco ônibus para assistir à passeata na cidade, mas três foram na direção errada. Os estudantes desses ônibus desceram para perguntar sobre a saída correta e então ocorreu o primeiro ataque. Várias pessoas começaram a correr e apesar da rua estar cheia de gente, não houve feridos. Os estudantes jogaram pedras e afugentaram as viaturas. Depois, esses três ônibus conseguiram continuar na direção certa, porém, o segundo ataque ocorreu algumas ruas antes de eles pegarem o caminho que levava à Cidade do México e foi ali que levaram alguns dos 43 desaparecidos.

Os normalistas, que viajavam nos outros dois ônibus, chegaram a cidade de Iguala onde receberam o pedido de socorro de companheiros. Os estudantes chamaram a imprensa local, mas nesse momento outro comando abriu fogo contra eles a distância deixando vários feridos e dois estudantes mortos. Os atacantes pararam para recarregar e foi essa a oportunidade que os estudantes tiveram para correr.

Nessa noite um ônibus de jogadores de futebol também foi atacado por engano dos policiais. Ali morreram mais três pessoas. Ao fim dessa noite, havia seis mortos, 29 feridos por arma de fogo e 43 desaparecidos.

Os estudantes sofreram quatro ataques durante a noite de 26 de setembro e a madrugada do dia 27.

Na manhã do dia 27 de setembro, o corpo de Julio Cesar Mondragón, o terceiro estudante assassinado, foi encontrado nas imediações com o rosto destruído, sem um dos globos oculares e a calça enrolada até a debaixo dos glúteos. Não tinha marcas de tiro, morreu por fratura do crânio segundo a autópsia.

A resposta tardia do governo federal (oito dias após o ataque) seguiu a linha de pesquisa da colusão entre crime organizado e o governo da cidade de Iguala. O prefeito de Iguala e sua mulher, irmã de narcotraficantes da quadrilha Guerrero Unidos (grupo criminoso que atua no estado de Guerrero desde 2000), foram apontados pelas autoridades como os principais responsáveis pelo ataque e desaparecimento dos estudantes e detidos.

Segundo a investigação oficial, os estudantes foram executados e incinerados num aterro sanitário e suas cinzas foram jogadas num rio perto dessa cidade. Aponta para a existência de infiltrados do crime organizado entre os estudantes. Identifica apenas os restos de um dos estudantes, com ajuda de um laboratório especializado da Áustria.

O governo mexicano apresenta o acontecido em Iguala como mais uma atrocidade do crime organizado e, segundo as autoridades, era de seu desconhecimento o vínculo entre as quadrilhas criminosas e as autoridades estatais. Porém já se tinha registro de uma denúncia ao prefeito por assassinar um ativista, amigo dos normalistas.

Com isto, fica claro que as autoridades federais estão tentando se desvincular de qualquer responsabilidade do Estado mexicano e às forças armadas, além de negar o contexto geral da impunidade nos crimes e de apagar a violência de Estado que a população mexicana sofre há duas décadas. Contudo, para a população mexicana fica evidente que a brutalidade cometida contra os estudantes normalistas é um crime de Estado, e que trata-se do desaparecimento forçado dos estudantes. A comunidade internacional pelos direitos humanos, bem como jornalistas independentes, têm apresentado fortes indícios que a Polícia Federal estava monitorando aos estudantes desde o momento em que eles saíram da Escola Normal Rural e que as forças de segurança, assim como o Exército, participaram no ataque aos estudantes. Doze vídeos e várias testemunhas contradizem a versão oficial dos fatos. Pesquisadores(as) têm questionado a possibilidade da incineração total dos corpos em um ambiente aberto como o aterro sanitário. Além disso, há indícios de tortura nos detidos e da intervenção do Exército e não têm sido apontados culpáveis pelo assassinato dos três estudantes na noite do dia 26 de setembro.

O governo se nega a reconhecer a responsabilidade das forças policiais públicas na ação e a grande mídia do país reforça a versão dos fatos oficiais, dando por mortos os 43 estudantes desaparecidos de forma forçada. De fato, este já foi reconhecido como um caso de “Desaparecimento forçado” pelo grupo interdisciplinar de expertas/os da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que, desde o dia 19 de março, solicitaram ao Estado mexicano que pesquise o caso dos normalistas de Ayotzinapa como um claro caso deste tipo.

Fonte: http://caravana43sudamerica.org/acervo/

O caso encontra similaridades em relação a outras situações de violência de estado no Brasil, no relatório sobre conflitos no campo de 2014 da CPT, na emergência de casos de desaparecimento como o de Amarildo na Rocinha, do assassinato/extermínio contra a juventude negra nas favelas, entre outros conflitos que marcam o atual contexto do desenvolvimento capitalista no Brasil e na América Latina.

Nos casos de criminalização dos movimentos sociais, de estudantes, professores e professoras, no processo contra 23 ativistas pelos protestos contra a Copa, como no caso da prisão de Rafael Braga Vieira em 20 de junho de 2013. Além disso, há os casos de remoção/urbanização e infraestrutura-estrutura logística do PAC, IIRSA, entre outros, para o desenvolvimento capitalista.

Neste cenário em que a regra é a exceção, insurgem perspectivas autonomistas de retomada e autodemarcação de territórios, e autoafirmação indígena em situação de resistência à urbanização, de pluriversidade e interculturalidade como formas de resistência, organização e autodefesa dos movimentos sociais.

Realização

Resistência da Aldeia Maracanã – Pluriversidade Intercultural dos Povos do Maraká’nà

Centro de Etnoconhecimento Socioambiental Cauyré – CESAC

Laboratório de Movimentos Sociais e Territorialidades – LEMTO/Instituto de Geografia da UFF

ADUFF – Associação dos Docentes de UFF – Comando de Greve (a confirmar)

Ação Direta em Educação Popular – ADEP

Coletivo Geni

Grupo de Educação Popular – GEP / Plenária dxs Educadores Perseguidxs Políticxs

FENEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura

MPC – Movimento Popular Combativo

TaCAP – Tamoios Coletivo de Assessoria Popular

Rede de Coletivos por Ayotzinapa

*Pré-Encontro de Resistência Anti-capitalista/Descolonial dos Povos do Maraká’nà Pelo Retorno com Vida dos 43 de Ayotzinapa, pela Liberdade Irrestrita dos(as) 23 perseguidos(as) pelos Protestos contra a Copa e Contra a Violência de Estado nas Favelas do Rio de Janeiro, Territórios Indígenas e contra os Povos Historicamente Minorizados, Oprimidos em todo o Brasil e na América Latina

Postado originalmente em Mídia Independente Coletiva (MIC)

(Recife) 3ª Jornada de Pedagogia Libertária

A Rede de Informações Anarquistas apoia e compartilha a 3ª Jornada de Pedagogia Libertária, organizada pelo coletivo de agitação e propaganda anarquista Difusão Libertária, a ser realizada em Recife, Pernambuco, entre os dias 13 a 16 de outubro. Nesse sentido, convidamos nossas leitoras e leitores a participar dessa iniciativa, uma experiência de divulgação das práticas e estudos sobre a educação anarquista. Mais informações podem ser encontradas no blog do evento.

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3ª Jornada de Pedagogia Libertária

As Jornadas de Pedagogia Libertária representam o resultado de um esforço que há muito vem sendo gestado pelo Difusão Libertária, e tem como principal objetivo, colaborar para “abrir caminho” à uma abordagem libertária da discussão e da prática em educação.

É  um espaço para facilitar o contato com experiências já realizadas, extintas ou em andamento, bem como engajar-se em iniciativas de educação fora de todo condicionamento dominador das pessoas e grupos sociais; alimentando possíveis condições diretas de desenvolvimento de práticas de educação libertária.

Este ano, o tema provocador é: Anarquismo e Educação Integral. E a partir desta edição, a Jornada será organizada com base em 5 eixos temáticos permanentes, para os quais xs participantes poderão submeter seus trabalhos, a saber:

– Autogestão Pedagógica

– História da Educação Anarquista e da Pedagogia Libertária

– Anarquismo, Gênero e Educação

– Educação Anarquista, Ciência e Sociedade

– Prática Educativa, Sindicalismo e Luta Social


Datas importantes

– Data da 2ª Jornada – 13 a 16 de outubro de 2015
– Data limite para envio dos resumos – 31 de julho 2015
– Comunicação da aceitação – 15 de agosto 2015
– Data limite para a submissão do texto completo – 15 de setembro de 2015 (O não cumprimento deste prazo limite implica a não inclusão do texto na edição impressa da memória)