(Ceará) Assembleia Popular Horizontal de Fortaleza lança campanha “Fora todos! Poder para o povo!”

fora todos

Os recentes áudios vazados comprovam o que todos nós já sabíamos: que a corrupção e a podridão estão presentes em todas as instituições que sustentam o sistema. Deputados, senadores, ministros, militares, imprensa, empresários, partidos, supremo tribunal federal, políticos ditos de esquerda e de direita, etc.

Mostram assim que não estão do lado do povo, mas de um sistema baseado na concorrência das grandes empresas capitalistas pelo controle e uso dos recursos do país.

O Estado, sempre corrupto, nos rouba não apenas dinheiro, mas junto com o capital, nos rouba a própria vida. Nos roubam da saúde, da educação, da merenda, roubam nossa cultura, nossa internet, nossa terra, nossos direitos, nossa liberdade.

Não ficaremos calados. Chegou a hora do povo dizer basta! Tudo o que nos roubaram até hoje, nós tomaremos de volta a partir de agora!

Ocupemos as escolas, os prédios públicos, as fábricas, as terras, as praças, as ruas! Ocupemos a vida e experimentemos decidir por nós mesmxs o que juntxs queremos viver!

Vamos construir desde baixo a única saída verdadeiramente popular: A democracia direta e real, sem políticos para decidir por nós! Vamos à luta juntxs, em uma grande manifestação por todo o país, de forma horizontal, autogerida e descentralizada!

Por Assembleia Popular Horizontal :: Fortaleza

(Artigo) O que Temer?

8EF3.tmpSegundo a historiografia oficial e oficiosa, grosso modo, as forças políticas brasileiras – e latino-americanas, em geral – dividir-se-iam, de bom grado, em dois grandes blocos: liberais doutrinários vs. autoritários instrumentais; luzias vs. saquarema; conservadores entreguistas vs. nacionais desenvolvimentistas; coxinhas e petralhas. Nada novo sob o sol. Contudo, a dicotomia não resiste à prova. Não apenas no sentido de que outras forças diabolizam essa simbologia bipartidária, borrando o espectro, mas também pelo fato de que, como alertava Gabriel Garcia Marquez, “nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder”. Não afirmamos a identidade entre Michel Temer e Dilma Rousseff, diga-se de uma vez. Apenas pontuamos a necessidade de saber de quais diferenças se tratam. Afinal de contas, o que temer?

A máquina capitalista funciona como axiomatização dos fluxos, através de todos os meios necessários. Ousado, descolado e performático, esse enunciado, que tão bem poderia ilustrar a camiseta dalgum barbudinho da Praça São Salvador, descreve com precisão cínica o processo que pauta as idas e vindas dessa instância misteriosa chamada de “avanço democrático”.

O que é uma axiomática? Um sistema axiomático é uma espécie de sistema dedutivo que parte de condições mínimas não-questionadas ou tidas como evidentes – os axiomas – para chegar-se às conclusões permitidas pelo sistema através de regras de definição. Isso significa – bem entendido, aplicada à discussão que pretendemos levar adiante aqui – que no capitalismo a produção de tudo que existe é submetida a um conjunto de axiomas que fazem com que os fluxos de trabalho e o os fluxos de capital sejam conjugados e encaminhados, para alegria de poucos e miséria de muitos, para o mercado mundial. No capitalismo, a produção de tudo que existe, inclusive a produção da própria existência, acaba sendo capturada para os fins do mercado. Produz-se para o mercado e nos termos do mercado.

Nesse movimento de organizar toda a atividade humana e canalizá-la para o mercado, isto é, organizar a produção num “modo”, transformá-la em trabalho – e, mais, em trabalho assalariado do qual se extrai a mais-valia – o Estado joga um papel decisivo. É ele que transforma cada um de nós em sujeito de direitos. Isto é, em pessoa privada, despida de toda e qualquer singularidade e que, para se ver restituída de tudo aquilo que lhe foi espoliado nesse processo, adquire benefícios e pagamentos, seja a título de direitos sociais ou massa salarial. Como essa restituição nunca é possível – como atesta a história da colonização – a máquina capitalista sempre se vê diante da tarefa de acrescentar novos e novos axiomas na sua já velha axiomática. Infelizmente, essa é toda a história dos sucessivos governos do Partido dos Trabalhadores. Enganchar pequenos axiomas na velha axiomática do capital. Axiomas para a classe trabalhadora através de programas como o bolsa família, somado a um aumento real na massa salarial, e um aumento virtual do poder de compra ocasionado por endividamento – numa espécie de keynesianismo privado – gerado através de um sistema de crédito articulado nas malhas do capital financeiro mundial (ou, nas palavras do próprio Lula na Lapa, ou seria Lula Lélé: jamais os banqueiros lucraram tanto!); axiomas para os negros e jovens pobres através da implantação de um sistema de cotas aliados a programas como o Prouni e Pronatec; promessa de axiomas para as mulheres através da criação de um ministério voltado a problemáticas vinculadas às disparidades de gênero e toda sorte de opressões a isso vinculadas. Entre promessas e concretizações, o Partido dos Trabalhadores liberava todo o seu volume nas ondas do capital.

Não sejamos hipócritas. Não façamos eco aos enunciados mais reacionários da política brasileira. Mas não sejamos também os governistas de última hora. Os anarquistas arrependidos. Aqueles que aderem ao barco do governo que naufraga simplesmente por perceber que os fascistas sitiaram a praia. Existem, evidentemente, diferenças entre um governo que cria ou pretende criar axiomas sensíveis aos devires minoritários e aqueles que submetem as secretarias de Mulheres, Direitos Humanos, Juventude e Igualdade Racial ao crivo do – historicamente falocêntrico e hegemonicamente ocupado por homens brancos – Ministério da Justiça. Longe de pautar a justiça nos termos da igualdade racial, essa manobra tem por finalidade transformar os problemas sociais em questões policiais.

Nós não somos idiotas, existem diferenças! Todavia, acreditamos que essa diferença seja tão grande quanto aquela que separa Blairo Maggi e Kátia Abreu, atual ministro e ex-ministra da agricultura respectivamente.

Nesse sentido, o que temos que temer é exatamente aquilo que já vínhamos temendo nos últimos anos dos governos do PT. A saber, a retirada desses pequenos axiomas que foram enganchados lentamente no corpo do capital (os programas sociais, os avanços mínimos na massa salarial, os tímidos avanços na promoção da igualdade racial e de gênero através dos programas de cotas) articuladas em meio ao extermínio de negros e indígenas. Contudo, sabendo dos riscos e evitando a posição apocalíptica, acreditamos que as anarquistas possuem aqui um ponto vital. A derrocada do projeto axiomático do PT tem por consequência elevar a militância combativa para um outro patamar. Trata-se, em suma, de reconhecer de uma vez por todas que a máquina capitalista funciona aumentando e retirando axiomas conforme a conjuntura e que instaurar uma insurgência efetivamente anticíclica consiste em implodir a máquina e todos os seus axiomas. Longe de afirmar que quanto pior melhor, nós anarquistas temos a ocasião para reconhecer que diante da retirada desses axiomas não há motivos para retroceder e embarcar no governismo, nem muito menos temer o devir sombrio desse novo governo fascistóide.

Se não temos o que temer, resta saber o que fazer quando os repertórios tradicionais de ação são capturados pela direita. Nas manifestações de 2013, vimos emergir um grande campo de combate que se espalhava entre as ruas das cidades e as redes do ciberespaço. As grandes massas constituíam espaços heterogêneos que enunciavam muitas coisas. De lá para cá, num claro movimento de captura articulado em camisas da CBF, matracas verde-amarelas, danças coreografadas e patos da FIESP, o ato de se manifestar foi transformado num espetáculo, incentivado pela Globo e outras mídias hegemônicas.

A publicização, em meios de onde se escorre veneno por entre linhas e pautas, dos atos corruptos do governo, centralizou no PT e na figura da presidente as milhares de críticas sistêmicas dos manifestantes. O investimento reacionário na constituição de um nós combativo – que atua contra a corrupção e os problemas do mundo – suplantou com cinismo a velha questão de quem seria de fato o sujeito revolucionário. Olavo de Carvalho destronou Marx e os novos revoltados estão online. No reino da ficção fascistóide – onde reina um universo comunista e anti-homofobia regido pelo foro de São Paulo – combativo é ser reacionário. O pior é que os jovens e cabeludos estão caindo nessa ladainha. Lembrança do velho postulado: todo fascismo é uma revolução fracassada.

O movimento cíclico e veloz do capitalismo se atualiza em acontecimentos desastrosos. Ao contrário de um navio sem direção, a máquina capitalista se territorializa entre mobilidade e controle, dispositivos materializados nas políticas de urbanismo. As cidades se desenvolvem através de tecnologias repressivas e estéticas higienistas. Por que pensarmos então uma polaridade entre os governos de direita e de “esquerda”, ao invés de assumirmos que não há conjugação possível entre esquerda e governo?

A favor de uma análise mais materialista da conjuntura política atual e menos ligada a reproduções da política representativa, ou do Estado enquanto órgão máximo de poder, desejamos desenvolver uma reflexão que, partindo dos dispositivos de controle, seja capaz de sugerir o deslocamento dos centros de gravidade da política para instaurar espaços e práticas de resistência e insurgência. Trata-se, em suma, de criticar todas as posturas que investem na disputa da institucionalidade burguesa considerando que se trata de um movimento de alargamento dos parâmetros de interiorização. Ou seja, entender que no melhor dos mundos possíveis da institucionalidade o máximo que se consegue é incluir o maior número de pessoas na dinâmica do mercado capitalista globalizado. Quando o que devemos, na verdade, é criar zonas de exterioridade – temporárias ou não.

Bom momento para as anarquiadas. Lutas menos interessadas em aparelhamentos midiáticos ou estatais, refratárias a todas as nuances da captura. A situação atual exige exteriorização ao capital, no sentido territorial e organizativo, na construção de autonomia, autogestão e autodefesa. O momento é oportuno, afinal com a redução, ou mesmo com a retirada desses axiomas – que funcionavam como colchão de amortecimento para as derivas da máquina capitalista – ocasionados pela transição para o novo governo, algumas lutas, antes aparelhadas pelo Estado, encontrar-se-ão doravante desaxiomatizadas, destuteladas, desprotegidas de uma proteção que só lhes vedava autonomia. Em poucas palavras, desgovernadas – reconduzidas à selvageria de um devir revolucionário.

Essa conjuntura marca a urgência de outras estratégias de insurgência, que não se detenham ao espaço “legitimado” da manifestação e dos atos de rua, mas que apostem em táticas menos chamativas ou espetacularizadas. Criar zonas autônomas, ocupar e fortalecer a ocupação das escolas, das fábricas, dos espaços de moradia, dos bairros, das cidades e dos mundos (im)possíveis. Diante desse cenário de consagração de um governo que nasce morto – daí a necessidade de se botar um vampiro na presidência – nunca antes na história desse país foi tão desejável afirmar o lema anarquista para dizer: não nos submetamos a nenhum governo, todo governo é um golpe, cuidemos nós mesmos das nossas vidas.

Por Nômades Urbanos Anárquicos

(Artigo) Para além dos 4 anos das eleições

Postado originalmente no Encruzilhadas de um Labirinto

Por Rafael Viana

Há uma ilusão em andamento que é forçar o observador político a compreender o funcionamento do Estado apenas pela escala das eleições. Sendo assim, o observador passa a analisar as mudanças do Estado como algo que ocorreria de 4 em 4 anos, no curto prazo. Isso é exatamente a incorporação de uma significação imaginária liberal, que faz com que pensemos e pratiquemos a política estritamente pelas regras liberais. O centro da política passa a ser o curto prazo eleitoral, o “menos pior”, os próximos 4 anos.

Vejo a ascensão do governo Temer (PMDB) e o avanço conservador como algo que não ocorrem fundamentalmente nesses últimos 4 ou 8 anos. A primeira vitória eleitoral do PMDB ocorre na abertura democrática como força central no processo de reorganização do parlamento brasileiro. É a vitória do liberalismo sobre a organização da classe.

A segunda vitória se dá de maneira indireta, quando o PT formaliza em 1987 a estratégia democrático-popular, de tomada do Estado com um apoio de um amplo movimento de massas. O liberalismo mais uma vez impõe ao imaginário da esquerda, mais uma derrota: a pretensa possibilidade de se fazer a mudanças nas urnas. O liberalismo, traz o “inimigo” progressivamente para seu campo.

labirinto

Cada vitória eleitoral do PT foi também uma derrota da classe trabalhadora, pois ganhava o pragmatismo eleitoreiro e perdiam os movimentos populares e sindicatos. Perdia o imaginário de luta e ganhava o imaginário da reforma e do parlamento. Perdia o imaginário da auto-organização e entrava o imaginário da organização como força auxiliar. Enquanto os petistas comemoravam as vitórias, as bases se esvaíam e os movimentos iam sendo carregados a reboque dessa estratégia. A cada vitória na arena parlamentar, perdiam as bases sociais organizadas da classe trabalhadora. As regras que contavam passavam a ser, as medidas em 4 em 4 anos.

A aliança do PT com o PMDB em 2012 foi a terceira vitória do PMDB e praticamente selou o destino do PT. As regras do PMDB agora não pautariam apenas o parlamento brasileiro, mas igualmente pautariam o próprio PT. Tal esforço não foi tão necessário, já que o PT, desde sua crise interna do mensalão, reproduzia os comportamentos fisiológicos do seu então aliado de 2012, ainda que guardadas as devidas comparações. O imaginário petista, outrora nascido no berço de um certo imaginário de esquerda, reduz-se de maneira quase degenerativa, em direção a um republicanismo moderado. Mais uma vitória do imaginário liberal: tornar o PT completamente inócuo do ponto de vista da organização de classe. O petismo crítico, que ainda tinha esperanças no caminhar à esquerda de Dilma e do PT, não compreendera que o republicanismo de Dilma e do PT representam apenas a forma acabada da ideologia liberal no seio do partido, já integralmente introjetada.

O impeachment de Dilma e ascensão de Temer, são portanto, a quarta vitória do PMDB, que impôs a máxima de Bakunin, de que “a aliança entre dois partidos diferentes volta-se sempre em proveito do partido mais reacionário”. Mais a primeira aliança do PT foi não com o PMDB, mas com seu espelho mais próximo: as eleições burguesas e o parlamento brasileiro, formalizada na abertura democrática. A vitória do PMDB não é contra o PT especificamente, mas contra o imaginário que o PT uma vez representou e que hoje, foi completamente absorvido pelo imaginário liberal. Ciente da correlação de forças favorável, o PMDB pode implementar todas as medidas exigidas pela burguesia com até pasmem, apoio passivo ou ativo de parte substantiva da população brasileira (e um setor da classe trabalhadora).

À partir disso, não se pode portanto pensar no curto prazo como saída, isso só implica em pragmatismo e reformismo eleitoral. É preciso construir algo que não se subordine as regras do jogo democrático-popular. Para não ser um novo PT é preciso abandonar de uma vez por todas a estratégia que pretende fazer a disputa dentro da máquina eleitoral. Esses quase 30 anos de estratégia democrático-popular e seu melancólico fim, numa pretensa disputa do parlamento (que não durou 4 anos, mas 29) demonstram que a ação política de classe não pode cair mais nas redes das significações imaginárias da burguesia. A “disputa” no parlamento é uma delas.

(México) A solidariedade de Mazateca, Oaxaquenha, Mexicana e Internacional

mexico-a-solidariedade-mazateca-oaxaquenha-mexic-1

Primeiro Comunicado do CSPPE  (27 de abril de 2016)

Recebido por e-mail

Eloxochitlán de Flores Magón, é um município localizado nas montanhas da Sierra Madre Ocidental em Oaxaca, México, com população de aproximadamente 7000 pessoas, divididas em 18 bairros. Fazemos parte do povo de língua mazateca. Nos organizamos tradicionalmente em nossa Assembleia Comunitária, tanto para as decisões que se tomam através de discussões e acordos, como para a eleição de nossos cargos locais.

Nas últimas duas décadas, as mulheres e @s jovens são parte importante da construção e fortalecimento da Assembleia Comunitária. Existe entre nós trabalhos comunitários que não tem outra forma de pagamento que a a satisfação de compartilhar e coletivizar, baseando-nos na reciprocidade, na limpeza dos caminhos, no cultivo do milho, na construção de uma casa ou sua reparação, ou na organização das diferentes festas locais, entre outras solidariedades e ações comunitárias.

Nosso povo é rico em recursos naturais, água, bosque, terras… E estes são os bens comunitários que os Caciques locais junto com suas famílias, empregados e mercenários armados estão roubando,contando com a ativa colaboração policial proporcionada pelos Partidos políticos em conluio com o Governo atual de Oaxaca, e também com a cumplicidade comprada e interessada politicamente das diversas burocracias judiciais tanto nas comarcas como regionais.

Nossa luta é pela defesa do território Comunitário e pela Defesa de nosso Sistema Tradicional Comunitário, Assembleario com Democracia Direta e para que os partidos políticos não consigam se estabelecer em nossas comunidades…não ser dividido e corrompidos. Os Caciques, apoiados pelos partidos políticos, já geraram conflitos muito graves e diversos enfrentamentos violentos, contratando paramilitares para agredir e castigar muitas pessoas da Comunidade. Também conseguiram que o Exército Mexicano tenha registrado e batido casas, domicílios, e pessoas e nos bairros mais organizados.

Após todas estas agressões, os Caciques e Partidos instalaram suas próprias empresas familiares para extrair e roubar pedra, cascalho e areia dos rios da Comunidade. Depois da prisão de 12 membros das Assembleias Comunitárias, há 18 meses, por oporem-se firmemente a essa espoliação de nossa terra e por resistir ao luxo de violência e repressão local(mercenários),regional (polícia do governo de Oaxaca) e estatal (Exército Mexicano), e após o poder judicial corrupto emitir aproximadamente umas 50 Ordens de Detenção contra mais pessoas da Assembleia Comunitária, muitas famílias tiveram que se deslocar fugindo de mercenários armados, policiais estatais e ocasionalmente do Exército Mexicano. Não é delito e sim dever para conosco, nossos antepassados e com a humanidade, como comunidade Índia e Livre, defender a Terra e Autogovernos de forma Assemblearia, Solidária e Autogestiva, Autônoma.Exigimos e lutamos por:

   –  Liberdade para todos os nossos 12 presos e presas!!
–  O Fim da Perseguição Judicial aos integrantes das Assembleias Comunitárias!
–  Fora Paramilitares e Policias Estatais de nosso Território Comunitário!

Por um Eloxochitlan e um Povo Mazateco Livre e Autônomo. Por uma Oaxaca Autogestiva e Solidaria. VIVA TERRA E LIBERDADE! COMITÊ DE SOLIDARIEDADE COM OS PRES@S e PERSEGUID@S de ELOXOCHITLAN CSPPE (Email: solidaridadelox@gmail.com).

Traduzido por K

(São Paulo) Convocação: Comunidade do Cimento | Reintegração de posse no dia 15 de Maio 2016

A Comunidade do Cimento, localizada debaixo do Viaduto Bresser e em seus arredores na Radial Leste (na cidade de São Paulo), têm sido alvo de inúmeras investidas das forças de repressão da Prefeitura de São Paulo, e de nenhuma tentativa de diálogo. A especulação imobiliária avança sobre a região, e as pessoas que moram no local denunciam que uma das motivações principais para as tentativas de remoção é a construção de um estacionamento para o hospital próximo ao viaduto.

A comunidade é formada por mais de trezentas famílias que não possuem condições financeiras e que não têm para onde ir no momento. A maioria das pessoas trabalha de forma informal, sem carteira de trabalho assinada, exercendo funções como guardar carros e vender coisas no sinal. As condições são precárias; a água utilizada pela comunidade vem parcialmente de uma caixa d’água que não é limpa há mais de quatro anos, tendo de ser fervida para consumo pelas crianças.

A proposta da Prefeitura de Haddad é dividir a comunidade e oferecer lugar em abrigos variados do programa “Autonomia em Foco”. “Você mora aqui na Mooca, e todas as suas influências de emprego e de bico é tudo aqui. Como você quer pegar essa pessoa que mora na Mooca e põe ela lá num albergue na Casa Verde, ela vai viver do quê?”, diz uma moradora de nome Simone sobre a proposta da Prefeitura. Existe uma faixa de terra vazia nas proximidades da comunidade que já foi proposta como alternativa, onde é possível construir moradias dignas para todas essas famílias, mas a vontade para diálogo que não se resuma a aceitar o que a Prefeitura quer é nula.

A reintegração está prevista para o dia 15 de maio (domingo), às seis da manhã, acompanhada da Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Acesse aqui evento no Facebook convocando uma manifestação no local. Militantes do CATSO (Coletivo Autônomo de Trabalhadores Sociais) e pessoas que moram na Comunidade do Cimento estiveram em evento onde o ex-secretário de Direitos Humanos de São Paulo (Eduardo Suplicy) compareceu, e lá ele foi pressionado a assinar uma carta de repúdio à reintegração. O documento também exigia seu adiamento, para que as pessoas tenham mais tempo para reverter esse processo considerado como “um novo Pinheirinho, só que desta vez criado pelo PT de Haddad”.

Nós da Rede de informações Anarquistas encarecidamente pedimos que as organizações e coletivos Anarquistas do Estado de São Paulo, independentes e ou aquelas e aqueles que possam nesse dia 15 de Maio, ajudem a compor as fileiras da resistência juntamente com a comunidade do Cimento, pois eles pedem ajuda de todxs!

Assista ao vídeo feito pelo coletivo:
1- Reintegração da Comunidade do Cimento: É preciso evitar um novo Pinheirinho
2- Comunidade do Cimento – Depoimento Simone
3- Comunidade do Cimento – Depoimento Silvia
4- Comunidade do Cimento – Depoimento Padre Julio e Geraldo

Para um contexto mais amplo, recomenda-se a seguinte matéria: “Fernando Haddad é tão higienista quanto Gilberto Kassab”.

Coletivo Autonomo Dos Trabalhadores Sociais – Catso

COMUNIDADE DO CIMENTO RESISTE!

13095895_587134718134640_268542804207961588_n