(Artigo) Anarquismo e 1º de Maio no Brasil

Manifestação operária em 1º de Maio de 1919 no Rio de Janeiro. Reproduzida da Revista da Semana, 10 de maio de 1919.

O Brasil conhecerá seu primeiro grande surto de industrialização a partir da última década do Império (1881-1889). Apesar do grosso da economia do país ainda assentar na exportação em grande escala de matérias primas e produtos agrícolas (com predominância para o café nesta fase), o número de estabelecimentos industriais, que era pouco mais de 200 em 1851 sobe para mais de 500 em 1889. Do total do capital investido nas atividades industriais naquela época, 60% concentram-se na indústria têxtil, 15% na da alimentação, 10% na de produtos químicos, 4% na indústria de madeira, 3,5% na do vestuário e 3% na metalurgia. Estas atividades produtivas manterão suas posições neste ranking durante as décadas seguintes. No período de 1890 a 1895 serão fundadas mais 425 fábricas, com investimento equivalente a 50% do capital investido no início dos anos 1880. Um primeiro censo geral das indústrias brasileiras realizado em 1907 mostrará a existência de 3.258 estabelecimentos industriais, empregando 15.841 operários. 33% destas fábricas estavam localizadas no Rio de Janeiro, então capital da recém proclamada república (1889), percentual a que se poderiam somar os 7% do antigo estado do Rio de Janeiro, 16% em São Paulo e 15% no Rio Grande do Sul. A hegemonia industrial do Rio de Janeiro cederia para São Paulo no período entre 1920-1938. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) dará grande impulso à indústria nacional, com a diminuição da importação dos países envolvidos no conflito e também com a diminuição da concorrência estrangeira, devido à forte queda do câmbio.

O período do início desta primeira industrialização do país coincide com a abolição jurídica da escravidão, trazendo alteração na política do Estado brasileiro em relação à mão-de-obra, passando o governo federal e os dos estados a elaborar leis e programas de subsídio à imigração de trabalhadores europeus e mais tarde asiáticos (japoneses). Entre 1871 e 1920, 3.390.000 imigrantes chegaram ao Brasil. 1.373.000 eram italianos, 901.000 portugueses e 500.000 espanhóis. A maioria deles estabeleceu-se no estado de São Paulo, cujo governo foi o mais ativo na criação de subsídios à imigração. A atividade a que os imigrantes eram inicialmente destinados era a agricultura, porém grandes parcelas encaminhavam-se para os grandes centros urbanos em função da nascente industrialização do país, em parte financiada pelos próprios fazendeiros. A imensa maioria destes imigrantes europeus tomou conhecimento da chamada “questão social” após sua chegada ao Brasil, e não vieram de seus países de origem já imbuídos da ideologia anarquista, desmentindo a imagem da “planta exótica” transplantada para o meio do trabalhador brasileiro cordato e bom. As condições de vida e de trabalho no campo e nas cidades por si já conduziam à luta social. Everardo Dias escreve, a propósito:

“O exíguo grupo capitalista, aglutinado em oligarquia patronal, que se havia abalançado à criação de fábricas geralmente de tecelagem e metalurgia, estabelecera seus cálculos sobre uma base salarial baixíssima, salário de escravo, exploração bruta do braço humilde que se encontrava com abundância no país, gente de pé descalço e alimentação parca (um punhado de farinha de mandioca, feijão, arroz, carne seca) artigos alimentares baratos e abundantes no mercado; café adoçado com mascavo, e um pouco de farinha, pois pão era artigo de luxo, bem como o leite, a carne, os condimentos, os legumes (esses últimos desconhecidos na casa do trabalhador). E quanto à moradia, estava confinada em barracões de fundo de quintal, em porões insalubres, em casebres geminados (cortiços), próximos às fábricas e pelos quais pagava de aluguel mensal 15, 20, 30 mil réis. Esse proletariado fabril, em grande parte feminino e constituído de mocinhas, era o preferido para a indústria têxtil, trabalhando das 6 da manhã às 7 e 8 horas da noite. (…) Na indústria metalúrgica ou mecânica o número de menores também era predominante, sendo que aqui o sexo aceito era o masculino. (…) Todos, ou quase todos, analfabetos, supersticiosos, tímidos, humilhados por palavrões e insultos depreciativos. Ignorância total. Ser dispensado do serviço significava mais fome, mais miséria em casa. Encarava-se o desemprego com arrepios de terror.”

Já os patrões julgavam “estar prestando um grande favor, praticando um ato de benemerência em dar trabalho para proteger essa pobre gente esfomeada… Os gerentes e diretores assumiam, por isso, ares altaneiros e superiores de grão-senhores, aos quais só se podia falar de chapéu sobre o peito, fazendo vênia de beija-mão, numa humildade de escravo.”

E é em uma São Paulo ainda com poucas fábricas que dezessete militantes operários reúnem-se no centro da cidade, à rua Líbero Badaró, número 110, a 15 de abril de 1894. Ali é aprovada a resolução do Congresso Socialista de Paris de 1889, que instituía o 1º de Maio como dia de luta e de protesto contra a condenação e execução dos mártires de Chicago. Os presentes pretendiam mesmo estudar a melhor maneira de comemorar o 1º de maio vindouro. Mas a reunião foi suspensa com a chegada da polícia, mobilizada por uma denúncia, segundo se acredita, do cônsul italiano. O grupo era composto por brasileiros e imigrantes italianos. Espancados e advertidos de que se persistissem em agitar os operários seriam castigados exemplarmente, foram separados em dois grupos, sendo dez deles, os de origem italiana, encaminhados à Casa de Detenção do Rio de Janeiro, de onde só seriam liberados a 12 de dezembro. Ao chegar à cidade de Santos para embarque para o Rio de Janeiro, um deles, Artur Campagnoli, teria conseguido fugir lançando-se ao mar, depois de ter perguntado durante a viagem de trem aos policiais de sua escolta se sabiam nadar. Campagnoli, ourives de profissão, depois de passagens pela França e pela Inglaterra, instalara com seu irmão Luciano uma colônia libertária na cidade de Guararema no interior de São Paulo já nos últimos anos da monarquia (1888).

A polícia de São Paulo colocou-se de prontidão no dia 1º de Maio daquele ano, temendo manifestações operárias e conflitos, que não ocorreram. No entanto, bombas explodiram em dois palacetes da burguesia paulistana e outra no Largo do Carmo, próximo ao quartel do 5º Batalhão de Polícia.

A libertação dos que passaram meses presos no Rio, segundo texto de um deles, Felix Vezzani, enviado ainda da prisão e publicado no jornal Il Risveglio (São Paulo, 2 de dezembro de 1894) só seria possível graças à intervenção do Apostolado Positivista junto ao recém empossado Presidente da República, Prudente de Moraes. Avisados por telegrama de sua libertação, os companheiros de São Paulo acorreram à estação ferroviária para saudar os camaradas que voltavam da então capital federal, furando o cordão de isolamento de soldados com baioneta calada, unindo-se aos libertos no canto da Internacional.

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(Artigo) As origens trágicas e esquecidas do 1° de Maio

Maio já foi um mês diferente de qualquer outro. No primeiro dia desse mês as tropas e as polícias ficavam de prontidão, os patrões se preparavam para enfrentar problemas e os trabalhadores não sabiam se no dia 2 teriam emprego, liberdade ou até a vida.

Hoje, tudo isso foi esquecido. A memória histórica dos povos é pior do que a de um octogenário esclerosado, com raros momentos de lucidez, intercalados por longos períodos de amnésia. Poucos são os trabalhadores, ou até os sindicalistas, que conhecem a origem do 1° de maio. Muitos pensam que é um feriado decretado pelo governo, outros imaginam que é um dia santo em homenagem a S. José; existem até aqueles que pensam que foi o seu patrão que inventou um dia especial para a empresa oferecer um churrasco aos “seus” trabalhadores. Também existem – ou existiam – aqueles, que nos países ditos socialistas, pensavam que o 1° de maio era o dia do exército, já que sempre viam as tropas desfilar nesse dia seus aparatos militares para provar o poder do Estado e das burocracias vermelhas.

As origens do 1° de maio prendem-se com a proposta dos trabalhadores organizados na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) declarar um dia de luta pelas oito horas de trabalho. Mas foram os acontecimentos de Chicago, de 1886, que vieram a dar-lhe o seu definitivo significado de dia internacional de luta dos trabalhadores.

No século XIX era comum (situação que se manteve até aos começos do século XX) o trabalho de crianças, grávidas e trabalhadores ao longo de extenuantes jornadas de trabalho que reproduziam a tradicional jornada de sol-a-sol dos agricultores. Vários reformadores sociais já tinham proposto em várias épocas a idéia de dividir o dia em três períodos: oito horas de trabalho, oito horas de sono e oito horas de lazer e estudo, proposta que, como sempre, era vista como utópica, pelos realistas no poder.

Com o desenvolvimento do associativismo operário, e particularmente do sindicalismo autônomo, a proposta das 8 horas de jornada máxima, tornou-se um dos objetivos centrais das lutas operárias, marcando o imaginário e a cultura operária durante décadas em que foi importante fator de mobilização, mas, ao mesmo tempo, causa da violenta repressão e das inúmeras prisões e mortes de trabalhadores.

Desde a década de 20 do século passado, irromperam em várias locais greves pelas oito horas, sendo os operários ingleses dos primeiros a declarar greve com esse objetivo. Aos poucos em França e por toda a Europa continental, depois nos EUA e na Austrália, a luta pelas oito horas tornou-se uma das reivindicações mais frequentes que os operários colocavam ao Capital e ao Estado.

Quando milhares de trabalhadores de Chicago, tal como de muitas outras cidades americanas, foram para as ruas no 1° de maio de 1886, seguindo os apelos dos sindicatos, não esperavam a tragédia que marcaria para sempre esta data. No dia 4 de maio, durante novas manifestações na Praça Haymarket, uma explosão no meio da manifestação serviu como justificativa para a repressão brutal que seguiu, que provocou mais de 100 mortos e a prisão de dezenas de militantes operários e anarquistas.

 Alberto Parsons um dos oradores do comício de Haymarket, conhecido militante anarquista, tipógrafo de 39 anos, que não tinha sido preso durante os acontecimentos, apresentou-se voluntariamente à polícia tendo declarado: “Se é necessário subir também ao cadafalso pelos direitos dos trabalhadores, pela causa da liberdade e para melhorar a sorte dos oprimidos, aqui estou”. Junto com August Spies, tipógrafo de 32 anos, Adolf Fischer tipógrafo de 31 anos, George Engel tipógrafo de 51 anos, Ludwig Lingg, carpinteiro de 23 anos, Michael Schwab, encadernador de 34 anos, Samuel Fielden, operário têxtil de 39 anos e Oscar Neeb seriam julgados e condenados. Tendo os quatro primeiros sido condenados à forca, Parsons, Fischer, Spies e Engel executados em 11 de novembro de 1887, enquanto Lingg se suicidou na cela. Augusto Spies declarou profeticamente, antes de morrer: “Virá o dia em que o nosso silêncio será mais poderoso que as vozes que nos estrangulais hoje”.

Este episódio marcante do sindicalismo, conhecido como os “Mártires de Chicago”, tornou-se o símbolo e marco para uma luta que a partir daí se generalizaria por todo o mundo.

"Mártires de Chicago"
“Mártires de Chicago”

O crime do Estado americano, idêntico ao de muitos outros Estados, que continuaram durante muitas décadas a reprimir as lutas operárias, inclusive as manifestações de 1° de maio, era produto de sociedades onde os interesses dominantes não necessitavam sequer ser dissimulados. Na época, o Chicago Times afirmava: “A prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social”, mas outros jornais eram ainda mais explícitos como o New York Tribune: “Estes brutos [os operários] só compreendem a força, uma força que possam recordar durante várias gerações…”

Seis anos mais tarde, em 1893, a condenação seria anulada e reconhecido o caráter político e persecutório do julgamento, sendo então libertados os réus ainda presos, numa manifestação comum do reconhecimento tardio do terror de Estado, que se viria a repetir no também célebre episódio de Sacco e Vanzetti.
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A partir da década de 90, com a decisão do Congresso de 1888 da Federação do Trabalho Americana e do Congresso Socialista de Paris, de 1889, declararem o primeiro de maio como dia internacional de luta dos trabalhadores, o sindicalismo em todo o mundo adotou essa data simbólica, mesmo se mantendo até ao nosso século como um feriado ilegal, que sempre gerava conflitos e repressão.

Segundo o historiador do movimento operário, Edgar Rodrigues, a primeira tentativa de comemorar o 1 de maio no Brasil foi em 1894, em São Paulo, por iniciativa do anarquista italiano Artur Campagnoli, iniciativa frustrada pelas prisões desencadeadas pela polícia. No entanto, na década seguinte, iniciaram-se as comemorações do 1 de maio em várias cidades, sendo publicados vários jornais especiais dedicados ao dia dos trabalhadores e números especiais da imprensa operária comemorando a data. São Paulo, Santos, Porto Alegre, Pelotas, Curitiba e Rio de Janeiro foram alguns dos centros urbanos onde o nascente sindicalismo brasileiro todos os anos comemorava esse dia à margem da legalidade dominante.
1-de-maio-1919-pca-da-seForam décadas de luta dos trabalhadores para consolidar a liberdade de organização e expressão, que a Revolução Francesa havia prometido aos cidadãos, mas que só havia concedido na prática à burguesia, que pretendia guardar para si os privilégios do velho regime.

Um após outro, os países, tiveram de reconhecer aos novos descamisados seus direitos. O 1° de maio tornou-se então um dia a mais do calendário civil, sob o inócuo título de feriado nacional, como se décadas de lutas, prisões e mortes se tornassem então um detalhe secundário de uma data concedida de forma benevolente, pelo Capital e pelo Estado em nome de S. José ou do dia, não dos trabalhadores, mas numa curiosa contradição, como dia do trabalho. Hoje, olhando os manuais de história e os discursos políticos, parece que os direitos sociais dos trabalhadores foram uma concessão generosa do Estado do Bem-Estar Social ou, pior ainda, de autoritários “pais dos pobres” do tipo de Vargas ou Perón.

Quanto às oito horas de trabalho, essa reivindicação que daria origem ao 1º de maio, adquiriu status de lei, oficializando o que o movimento social tinha já proclamado contra a lei. Mas passado mais de um século, num mundo totalmente diferente, com todos os progressos tecnológicos e da automação, que permitiram ampliar a produtividade do trabalho a níveis inimagináveis, as oito horas persistem ainda como jornada de trabalho de largos setores de assalariados! Sem que o objetivo das seis ou quatro horas de trabalho se tornem um ponto central do sindicalismo, também ele vítima de uma decadência irrecuperável, numa sociedade onde cada vez menos trabalhadores terão trabalho e onde a mutação para uma sociedade pós-salarial se irá impor como dilema de futuro. Exigindo a distribuição do trabalho e da riqueza segundo critérios de equidade social que o movimento operário e social apontou ao longo de mais de um século de lutas.

Texto extraído: Jorge E. Silva – Membro do Centro de Estudos Cultura e Cidadania – Florianópolis (CECCA)

(Polônia) Entrevista com um integrante do mais antigo espaço ocupado na Polônia, o Rozbrat

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A ocupação de Rozbrat, ativa por mais de 20 anos – o mais antigo espaço ocupado na Polônia –, abriga atividades sociais, culturais e políticas que opõem-se ao autoritarismo e ao capital, às divisões sociais e de classe, espaço esse que faz parte da Federação Anarquista Polonesa. A Rádio Anarquista de Berlim (A-Radio Berlin) teve o prazer de entrevistar um de seus integrantes sobre a iniciativa.

Mais uma tradução da Rede de Informações Anarquistas em parceria com A-Radio Berlin. Confira as outras traduções que fizemos de entrevistas da rádio alemã sobre o Jardim Ocupado ROD, também na Polônia, aqui, e sobre a Cruz Negra da Bielorrússia, aqui.


A-Radio: Oi Chris! Estou aqui com Chris em Rozbrat. Você pode nos falar um pouco de Rozbrat, sobre que tipo de projeto ele é e desde quando ele existe?

Chris: Então, ele tem 21 anos e é um complexo de depósitos industriais perto do centro da cidade. No começo era um lugar somente de moradia para algumas poucas pessoas ligadas a cena antifascista faça-você-mesmo. Mas posteriormente os prédios adjacentes foram renovados e a segunda parte do desenvolvimento dessa ocupação está relacionada a essa subcultura faça-você-mesmo, então ele se tornou um lugar com atividades de contracultura, em sua maioria shows e mais tarde um lugar que estaria ligado a uma atividade social relacionada com o movimento anarquista polonês e iniciativas desenvolvidas por esse movimento. Então digamos que o espaço tem essas dimensões básicas de liberdade em termos de existência, de ser um lugar para pessoas viverem, um centro de subcultura e o espaço para organizar uma atividade social anarquista relacionada a certas classes políticas, digamos.

A-Radio: Ok, então vocês estão ligados a outros projetos em Poznan ou talvez na Polônia ou vocês estão agindo de forma independente aqui?

Chris: Quero dizer que desse projeto surgem muitas iniciativas diferentes que agora estão se desenvolvendo para fora desse local. Por exemplo, em 2004 nós criamos um sindicato. Ele se chama Iniciativa dos Trabalhadores. Ele começou como um grupo informal, mas em 2004 depois de 4 anos de atividade informal ele se tornou um sindicato formal. Digamos que nós temos uma associação de locatários que começou formalmente há 3 anos. Temos uma livraria no centro da cidade. Temos uma outra ocupação que vai acabar no fim desse mês. A ocupação é no antigo mercado. Ele foi ocupado por algumas pessoas mais jovens do nosso grupo, do nosso meio, e depois de 3 anos de atividade, eles fizeram um acordo com o proprietário e eles vão embora, digamos, de maneira pacífica.

No âmbito da nossa cidade, digamos, também há a editora que está funcionando há mais de 10 anos, e a distribuição de algumas publicações de literatura crítica e política. Em nível nacional, estamos em contato com a Federação Anarquista que basicamente tem um tipo de rede de seções que agora não está muito ativa na Polônia. Mas ainda somos uma seção da Federação Anarquista. Como um grupo de Poznan, somos uma seção que tem quase 20 anos. Talvez seja por essa tradição que ainda usamos esse nome, mesmo que a organização não esteja tão ativa.

Além disso, estamos operando a Cruz Negra Anarquista, isso é, uma pequena rede através da Polônia de apoio aos ativistas políticos que tem problemas com a lei. Basicamente temos muitas conexões informais com outras ocupações, alguns sindicatos, associações de moradores, grupos políticos diversos, e algumas editoras e publicações.

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(Ecologia) Sea Shepherd anuncia a destruição de uma frota de pesca ilegal na Antártida

Traduzido pela R.IA. desde Inverse, com apoio de Kataklysma.

Em um vídeo divulgado recentemente, a organização de conservação marinha e de anti-caça Sea Shepherd anunciou que conseguiu impedir efetivamente a continuação de pesca ilegal na Antártida. A afirmação vem na esteira de uma campanha de dois anos chamada Operação Icefish, na qual a Sea Shepherd alvejou navios que pescam ilegalmente marlongas, uma espécie de bacalhau. O alvo específico da Sea Shepherd era um grupo de embarcações ilegais, as quais foram denominadas como “Bandit Six”.

Embora os regulamentos governamentais tenham cortado a maioria da excessiva caça ilegal na Antártida, a Bandit Six tinha sido capaz de evitar detecção – e, por sua vez, prisão – durante a última década. Todos os anos os barcos lançavam suas redes de pesca ilegais na Antártida, e levavam o que pescavam para os portos da Ásia e da África para, em seguida, assumir novos nomes e identidades no caminho de volta para a Antártida.

Participantes do Sea Shepherd coletando redes de pescar.

Ao longo de sua campanha, a Sea Shepherd foi capaz de parar a atividade da Bandit Six através de uma série de iniciativas. As pessoas por trás da campanha Icefish foram capazes de confiscar 72 quilômetros de rede de pesca ilegal – cuja parede da rede de nylon era usada para aprisionar os peixes – lançada pelo navio mais famoso da Bandit Six, o Thunder. O navio da Sea Shepherd, o Bob Barker, também quebrou o recorde de maior tempo de perseguição de um navio no mar quando tentava alcançar o Thunder por 110 dias. A caçada levou ao naufrágio do Thunder perto da costa da África Ocidental.

A busca dos outros cinco navios levou a suas capturas por agências governamentais. Quatro dos navios estão atualmente detidos enquanto o último navio foi afundado pela Marinha da Indonésia em março. Enquanto esta campanha na Antártida foi um sucesso, o trabalho da Sea Shepherd está longe de terminar. A organização opera campanhas em todo o mundo, com o objetivo de proteger especificamente: o atum rabilho, golfinhos, recifes, leões-marinhos, focas, tubarões, tartarugas e baleias. Em setembro está marcada a estreia de um novo barco, o Ocean Warrior, que irá atrás de caçadores de baleias.

“Até que a ONU e outras nações do mundo possam concordar que é preciso aplicar as regras de forma firme em alto-mar”, diz o integrante da Sea Shepherd, Siddharth Chakravarty, “a Sea Shepherd vai continuar a enviar seus navios e fazer cumprir leis de conservação internacional nos oceanos do mundo.”

(França) “A partir do dia 28, ficaremos na praça a noite toda”

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Recebemos dois chamados para ocupar/reocupar/ocupar melhor, resumindo, a não ficar somente uma noite, acordadas, de pé, na Praça da República (NT: Place de la République, Paris). Nós os reproduzimos aqui esses dois chamados um seguido do outro.

Quinta-feira 28 de abril, depois do ato, ficaremos na Praça da República. Greve continuada, ocupação continuada, é disso o que precisamos. Dia 31 de março, nós dizíamos #NãoVoltaremosParaCasa (#OnRentrePasChezNous), passaremos a #NoiteDePé (#NuitDebout). E entretanto nós voltamos pra casa toda a noite, depois de ter desmontado tudo, quando a polícia apitou o fim da brincadeira. E nós estivemos sentados demais nessa praça e não suficientemente de pé a se movimentar, a construir, a dançar, a transformar o espaço em campo de ação, em lugar fortificado, em cidadela dentro da cidade.

Então traga sua tábua, sua placa, seu pedaço de madeira. Pegue pregos, parafusos, um martelo, um serrote, tudo que você puder para construir algumas estruturas para se abrigar, alguns bancos, umas paliçadas. Quanto mais construirmos, mais pessoas terão vontade de chegar e ficar, e mais difícil será nos tirar dali.

Vai ser necessário também compor um clima legal, relaxar, ficar bem ali. Traga um som, tintas, traga seu irmão, sua irmã, seus amigxs. Se você tiver uma caminhonete, pegue um sofá, móveis, o que você encontrar para fazer do espaço um lugar para ficar de boas. Braseiros para fazer fogueiras, lonas para a chuva. É a hora de fuçar os sótãos e as garagens e de todxs trazerem uma coisinha a mais para fazer funcionar a République, ou Praça da Comuna, como algumas pessoas já estão chamando.

E depois não nos esqueçamos que precisaremos defender essa praça, então pense em tudo o que você e seus amigxs puderem para se proteger com joelheiras, cotoveleiras; pegue um capacete, pegue alguma coisa para proteger seu queixo, sua mandíbula, seu nariz. Soro fisiológico, leite de magnésia, limões, óculos de mergulho, máscaras de esqui, tudo que é necessário para não precisar fugir debaixo de gás se eles quiserem nos expulsar.

Enfim, mais do que tudo isso, o que nos permitirá ficar, de resistir no lugar, permanecer de pé até o amanhecer até que uma outra leva chegue no dia 29, e depois pro dia 30 e assim sucessivamente, é o número de pessoas determinadas a ficar, a resistir o maior tempo possível, a não largar essa pequena jangada que vamos começar a construir. “Somos numerosos, fazemos o que queremos”, cantavam os secundaristas em Lyon semana passada. Então é o momento de chamar todxs e de acreditar, e se dizer finalmente que nós podemos ficar até a gente (e não a polícia) decidir que vamos embora. Diga isso a todxs que ainda não vieram, àqueles que vão embora com o último metrô, àqueles que assistem a assembléia mas não prestam atenção ao que se passa em volta, àqueles que bebem uma última cerva antes de ir embora dormir, àqueles que tentaram ficar nas outras noites e tossiram sob o gás lacrimogênio. Desta vez, pra valer, #Ficaremos (#OnReste), #OcuparemosMelhorDoQueIsso (#OnOccupeMieuxQueCa).

#28deAbril #59deMarço
#TragaSuaTábua

#28Avril #59mars
#RamèneTaPlanche

“Começou na noite do dia 28 de abril de 2016.

Na praça, como as assembleias gerais eram cada vez mais mornas, ninguém esperava que as coisas tomassem esse rumo. Tudo foi muito rápido. Depois do ato, fomos todxs até à praça e lá um monte de gente começou a construir cabanas, um forte e outras barracas. Tinha também um banquete e vários aparelhos de som. Foi alucinante, em dois tempos vimos surgir diante de nosso olhos uma cidade dentro da cidade.

Chovia mas todxs ficaram. Ficamos porque tinha muito o que construir, também porque a gente estava fazendo a festa e porque jé estamos cansadxs de zumbis. Ficamos também porque há muito mais do que isso a fazer se queremos que isso se movimente.

Com tudo isso a noite passou rápido. Próximo das 8 horas, no momento do café e do pão, vendo passar apressados os primeiros transeuntes, nós entendemos que nós tínhamos acabado de resistir à nossa primeira noite de ocupação.”

A PARTIR DO DIA 28, FICAREMOS NA PRAÇA A NOITE TODA.

TRAGAM O NECESSÁRIO PARA CONSTRUIR, OCUPAR, RESISTIR.

#OcuparemosMelhorDoQueIsso #OnOccupeMieuxQueCa

Tradução livre do francês. Link do original aqui.