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(França) “A partir do dia 28, ficaremos na praça a noite toda”

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Recebemos dois chamados para ocupar/reocupar/ocupar melhor, resumindo, a não ficar somente uma noite, acordadas, de pé, na Praça da República (NT: Place de la République, Paris). Nós os reproduzimos aqui esses dois chamados um seguido do outro.

Quinta-feira 28 de abril, depois do ato, ficaremos na Praça da República. Greve continuada, ocupação continuada, é disso o que precisamos. Dia 31 de março, nós dizíamos #NãoVoltaremosParaCasa (#OnRentrePasChezNous), passaremos a #NoiteDePé (#NuitDebout). E entretanto nós voltamos pra casa toda a noite, depois de ter desmontado tudo, quando a polícia apitou o fim da brincadeira. E nós estivemos sentados demais nessa praça e não suficientemente de pé a se movimentar, a construir, a dançar, a transformar o espaço em campo de ação, em lugar fortificado, em cidadela dentro da cidade.

Então traga sua tábua, sua placa, seu pedaço de madeira. Pegue pregos, parafusos, um martelo, um serrote, tudo que você puder para construir algumas estruturas para se abrigar, alguns bancos, umas paliçadas. Quanto mais construirmos, mais pessoas terão vontade de chegar e ficar, e mais difícil será nos tirar dali.

Vai ser necessário também compor um clima legal, relaxar, ficar bem ali. Traga um som, tintas, traga seu irmão, sua irmã, seus amigxs. Se você tiver uma caminhonete, pegue um sofá, móveis, o que você encontrar para fazer do espaço um lugar para ficar de boas. Braseiros para fazer fogueiras, lonas para a chuva. É a hora de fuçar os sótãos e as garagens e de todxs trazerem uma coisinha a mais para fazer funcionar a République, ou Praça da Comuna, como algumas pessoas já estão chamando.

E depois não nos esqueçamos que precisaremos defender essa praça, então pense em tudo o que você e seus amigxs puderem para se proteger com joelheiras, cotoveleiras; pegue um capacete, pegue alguma coisa para proteger seu queixo, sua mandíbula, seu nariz. Soro fisiológico, leite de magnésia, limões, óculos de mergulho, máscaras de esqui, tudo que é necessário para não precisar fugir debaixo de gás se eles quiserem nos expulsar.

Enfim, mais do que tudo isso, o que nos permitirá ficar, de resistir no lugar, permanecer de pé até o amanhecer até que uma outra leva chegue no dia 29, e depois pro dia 30 e assim sucessivamente, é o número de pessoas determinadas a ficar, a resistir o maior tempo possível, a não largar essa pequena jangada que vamos começar a construir. “Somos numerosos, fazemos o que queremos”, cantavam os secundaristas em Lyon semana passada. Então é o momento de chamar todxs e de acreditar, e se dizer finalmente que nós podemos ficar até a gente (e não a polícia) decidir que vamos embora. Diga isso a todxs que ainda não vieram, àqueles que vão embora com o último metrô, àqueles que assistem a assembléia mas não prestam atenção ao que se passa em volta, àqueles que bebem uma última cerva antes de ir embora dormir, àqueles que tentaram ficar nas outras noites e tossiram sob o gás lacrimogênio. Desta vez, pra valer, #Ficaremos (#OnReste), #OcuparemosMelhorDoQueIsso (#OnOccupeMieuxQueCa).

#28deAbril #59deMarço
#TragaSuaTábua

#28Avril #59mars
#RamèneTaPlanche

“Começou na noite do dia 28 de abril de 2016.

Na praça, como as assembleias gerais eram cada vez mais mornas, ninguém esperava que as coisas tomassem esse rumo. Tudo foi muito rápido. Depois do ato, fomos todxs até à praça e lá um monte de gente começou a construir cabanas, um forte e outras barracas. Tinha também um banquete e vários aparelhos de som. Foi alucinante, em dois tempos vimos surgir diante de nosso olhos uma cidade dentro da cidade.

Chovia mas todxs ficaram. Ficamos porque tinha muito o que construir, também porque a gente estava fazendo a festa e porque jé estamos cansadxs de zumbis. Ficamos também porque há muito mais do que isso a fazer se queremos que isso se movimente.

Com tudo isso a noite passou rápido. Próximo das 8 horas, no momento do café e do pão, vendo passar apressados os primeiros transeuntes, nós entendemos que nós tínhamos acabado de resistir à nossa primeira noite de ocupação.”

A PARTIR DO DIA 28, FICAREMOS NA PRAÇA A NOITE TODA.

TRAGAM O NECESSÁRIO PARA CONSTRUIR, OCUPAR, RESISTIR.

#OcuparemosMelhorDoQueIsso #OnOccupeMieuxQueCa

Tradução livre do francês. Link do original aqui.

(França) Noites de Pé: apelo a uma revolta global no dia 15 de maio | Encontro internacional em Paris, dias 7 e 8 de maio

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Nuit Debout (ou Noites de Pé, em português): APELO A UMA REVOLTA GLOBAL EM 15 DE MAIO | ENCONTRO INTERNACIONAL EM PARIS DIAS 7 E 8 DE MAIO

Nós chamamos pessoas e movimentos de todo o mundo a mobilização pela justiça e pela democracia real no fim-de-semana de 15 de maio, 2016, por uma revolta global! Nós convidamos vocês para vir a Paris por um Encontro Internacional dos movimentos na Praça da República (Place de la Republic) nos dias 7 e 8 de maio.

Em 46 de Março (15 de Abril), duas semanas depois da grande mobilização que envolveu milhões de pessoas em Paris, o movimento Nuit Debout não pára de crescer. Em numerosas cidades francesas e estrangeiras, as Noites de Pé vêem o dia e testemunham esperanças e revoltas comuns. Todos aqueles que passaram pelas praças ocupadas e que nelas estão participando nesse momento sabem-no bem: algo está a acontecer.

Habitantes do mundo inteiro, façamos cair as fronteiras e construamos juntos uma nova primavera global de resistência! Venham juntar-se a nós nos próximos 7 e 8 de Maio em Paris, na Praça da República, para nos encontrarmos, debater, compartilhar as nossas experiências e os nossos saberes, e começar a construir em conjunto perspectivas e soluções comuns. Sobretudo, preparemo-nos e lancemos juntos uma grande ação internacional no fim-de-semana do 15 de Maio (#76mars) para nessa data ocupar massivamente as praças públicas por todo o mundo.

Nuit Debout fixou como objetivo primeiro a criação de um espaço de “convergência de lutas”. Esta convergência pode ir ainda mais longe, para além da França, e fazer-se ouvir a um nível internacional. Existem laços entre os numerosos movimentos que, nos quatro cantos do mundo, se opõem à precariedade, à imposição dos mercados financeiros, à destruição do ambiente, às guerras e ao militarismo, à degradação das nossas condições de vida e às desigualdades inaceitáveis.

Diante da competição e do individualismo, nós respondemos com a solidariedade, com a democracia participativa e com a ação coletiva. As nossas diferenças não são mais fonte de divisões, mas a base da nossa complementaridade e da nossa força comum.

Nem ouvidos nem representados, nós, pessoas de todos os horizontes, reapropriamo-nos juntos da palavra e do espaço público: nós fazemos a política porque ela é o assunto que a todos e todas diz respeito. Hoje não é mais o momento de nos indignarmos sozinhos no nosso canto ou de recuarmos, mas de agirmos de forma coletiva.

Nós, os 99%, temos a capacidade de agir e de repelir definitivamente o controle financeiro e político dos 1% e seu mundo. Nós estamos aqui para retomarmos nossas cidades, nossos locais de trabalho, nossas vidas.

A 7 e 8 de Maio, vamos nos juntar em Paris na Praça da República!

No fim-de-semana do 15 de Maio, levantemo-nos todos juntos: Noites de Pé em todos os cantos, em todo o globo!

(Marselha) Breve reportagem da manifestação selvagem noturna de 16 de Abril

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Fotos da Action Française [Ação Francesa] na Rua Navarin

Depois de muitas horas sentadxs no Noite de Pé [NuitDeBout], algumas pessoas tomaram a palavra para apelar a uma partida em manifestação selvagem. Grande parte da assembleia levantou-se para uma caminhada pela cidade…

Cerca das 23:30 duas centenas de pessoas descem a Rua Estelle aos gritos de “greve, bloqueio, manifestações selvagens”, “Marselha, de pé, levanta-te”, “lei, trabalho, retirada dos dois”. A manifestação dirigiu-se para o local do PS, que se encontra recoberto de palavrinhas, e cujas janelas se encontram altamente blindadas. Quase sem pausa, partiu-se para o pequeno local da frente nacional, bem escondido, perto da Praça Castellane. Lojas fechadas e alguns transeuntes incentivando a manifestação, aproximando-se e até a acompanhando num pequeno trajeto.

Reinicia-se em direção à baixa, desta vez pela Rua Navarin. E desta vez os fachos da Ação Francesa não têm a polícia anti-motim para proteger a sua sede. Sede na qual as janelas não são blindadas e onde a porta foi rapidamente destruída aos gritos de “Chega de fachos nos nossos bairros, chega de bairro para os fachos”  e com os sorrisos dxs habitantes do bairro – que vêem tudo o que se está a desenrolar – a acompanhar-nos.

Ainda a gritar palavras de ordem contra a lei El-Khomri, trabalho e polícia, a manifestação rapidamente atingiu a baixa, depois Cours Julien, onde o Noite de Pé seguiu o seu curso.

em francês via Marseille Autonomous Info  l  inglês

(França) Hoje a Comuna de Paris completa 145 anos

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Em meio a essa crise política no Brasil, onde as soluções dadas em um nível institucional representam mais do mesmo, tudo em nome dessa falsa “democracia”, essa sim o verdadeiro golpe, há de se olhar para o passado:

A Comuna de Paris completa hoje 145 anos. Foi no dia 18 de março de 1871 que se iniciou a constituição da primeira experiência histórica de autogoverno operário e popular, a qual durou cerca de quarenta dias.

Em semanas, a Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados – e provavelmente mais do que os governos posteriores:

– O trabalho noturno foi abolido;

– Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;

– Residências vazias foram expropriadas e ocupadas;

– Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;

– Todas os descontos em salário foram abolidos;

– A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;

– Os sindicatos foram legalizados;

– Instituiu-se a igualdade entre os sexos;

– Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);

– O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;

– Testamentos, adopções e a contratação de advogados tornaram-se gratuitos;

– O casamento tornou-se gratuito e simplificado;

– A pena de morte foi abolida;

– O cargo de juiz tornou-se eletivo;

– O calendário revolucionário foi novamente adoptado;

– O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;

– A educação tornou-se gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;

– Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;

– A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também;

– A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;

– O internacionalismo foi posto em prática: o facto de se ser estrangeiro tornou-se irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, polacos, húngaros;

– Instituiu-se um escritório central de imprensa;

– Emitiu-se um apelo a Associação Internacional dos Trabalhadores;

– O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;

– Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;

– Havia um plano para a rotação de trabalhadores;

– Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;

– Os artistas passaram a autogerir os teatros e editoras;

– O salário dos professores foi duplicado.


Texto retirado da página do coletivo de informação Guilhotina.info

Mais informações sobre a Comuna de Paris, na página da Wikipedia.

Artigo da Carta Maior sobre a revolução social da Comuna de Paris, aqui.

A história da Comuna de Paris, antes, durante e depois, em espanhol.

Relato de Piotr Kropotkin sobre a Comuna de Paris, aqui.

(FRANÇA) Comunicado do grupo Regard Noir (Paris) da Federação Anarquista francesa, sobre ataques do dia 13 de Novembro de 2015 na região parisiense.

Passados o choque e o susto, é difícil achar as palavras que não parecerão vazias de sentido depois dessa noite de 13 de novembro. Ainda que saibamos que outros massacres acontecem frequentemente no mundo, ainda que sejamos internacionalistas e logo solidários às vitimas de ataques em Ancara, Nairobi, Suruç, Beirute, Tunis e em outros lugares, não podemos fingir que esses ataques não nos afetaram de forma especial. Enquanto militantes na região de Paris, esses ataques atingiram locais que frequentamos, ruas nas quais caminhamos, afetaram pessoas que conhecemos, camaradas e amigxs. Diremos, portanto, as coisas como as sentimos e pensamos.

Garantimos às famílias e parentes das vítimas nossa compaixão. Temos consciência que isso não mudará grande coisa para elas e eles, mas isso nos permitirá talvez de achar um sentido em tudo isso.

Manter a cabeça fria não é fácil sob a avalanche de discursos midiáticos e políticos que, sob o pretexto da solidariedade, tentam instrumentalizar nossa comoção. O que esses discursos pretendem ocultar é que esses atentados são fruto de uma situação política, econômica e social: esses atos homicidas têm raízes na guerra, na miséria, na estigmatização e na exclusão, dentro da França ou nos países onde esta faz intervenções militares. Os ideólogos que se servem da religião para canalizar os rancores gerados por esses atos em prol de seus interesses políticos, econômicos e militares prosperam nessa base. Prevenir de forma real esses ataques significa, sobretudo, lutar contras as condições que os tornaram possíveis. A França já há tempos está em guerra no Mali, na África Central, na Síria, principalmente. As medidas e os discursos reacionários na França, desde muitos anos, reforçam a estigmatização e a exclusão de muçulmanxs e assimiladxs. As políticas antissociais conduzidas governo após governo, a guerra contra os pobres e os trabalhadores conduzida pela burguesia compõem a receita desse coquetel explosivo do qual nossos dirigentes, de todos os partidos, são responsáveis.

Não devemos ceder à lógica da guerra civil. Assim como os atentados de janeiro (NT: ataques contra a sede da revista Charlie Hebdo), o principal objetivo dos mandantes desses atentados é reforçar a estigmatização dos muçulmanxs esperando nos fazer entrar numa lógica de guerra de civilizações e consolidar sua própria influência sobre essas populações marginalizadas. Não é relativizar os fatos notar que a maioria das vitimas de atentados são muçulmanxs, em países de maioria muçulmana. Os discursos sobre o fechamento de mesquitas ditas fundamentalistas ou radicais constroem um paralelo imediato entre “fundamentalista” e “terrorista”, a passagem de uma coisa a outra sendo apresentada como uma simples variação, ignorando que o recurso à violência armada tem sua origem numa lógica diferente. No âmbito desse tipo de discurso, observações sobre a “recusa de amálgama” (NT: amálgama entre a religião muçulmana e o terrorismo) são pura hipocrisia.

Não nos deixemos enganar pela campanha política em favor da união nacional. Os corresponsáveis desses atentados estão hoje no poder, nas mídias e em todos os partidos políticos: do Front de Gauche (NT: Frente de Esquerda, aliança de esquerda radical análoga ao PSOL no Brasil) que apoiou as intervenções militares, ao Front National (NT: Frente Nacional, partido de extrema direita – teve 18% de votos nas últimas eleições presidenciais na França) que todos conhecem os posicionamentos. Ao favorecer a estigmatização desses que consideramos como “estrangeiros”, atacando populações de outros países, e de maneira geral contribuindo às desigualdades sociais, a classe dirigente carrega uma grande parcela de responsabilidade. A união nacional deles proíbe nossas manifestações e estigmatiza os imigrantes. Os sindicatos retiram seus chamados à greve e as ameaças contra os movimentos sociais se fazem mais presentes. A união nacional deles é um artifício de comunicação para nos fazer aceitar o estado de sítio.

Por outro lado, consideramos que os ataques de 13 de novembro tenham talvez tido como alvo “a França”, mas é o proletariado que foi principalmente atingido em seus lugares de vida e lazer. Não foi o Senado nem o Fouquet (NT: restaurante frequentado pela alta burguesia parisiense) que foram atacados. São os nossos, em sua diversidade, que foram as vitimas desses ataques. O Estado francês não virou de uma hora pra outra nosso aliado. Lembremo-nos que as medidas de repressão tomadas depois dos ataques de janeiro. O Estado que se apresenta como nosso defensor não nos protege como ele alega, visto que sua própria existência e suas ações são as bases das desigualdades e da injustiça, condições prévias de massacres desse tipo.

E agora, como agir? Como não ceder às sirenes midiáticas e políticas? Como lutar para que tais acontecimentos não sejam mais possíveis? Como resistir à ofensiva xenófoba que não tardará a chegar? É preciso que fujamos da lógica do “choque de civilizações” promovida, que eles a admitam ou não, pelas classes dirigentes francesas, e recuperada pelo Estado Islâmico. Nosso lado não mudou, nossos aliados não estão e jamais estarão no poder. Nas lutas que se anunciam, nosso lugar está decididamente do lado dos sindicalistas reprimidos, dos coletivos de resistência à guerra contra os pobres, dxs migrantes, dxs muçulmanxs e assimiladxs que lutam contra a estigmatização e de todas as pessoas que sofrem ataques em função de suas crenças ou origens. Esse campo social é o da solidariedade entre nós outros de baixo que não podemos viver que de recursos modestos e que sofremos todos os dias as injustiças dos de cima. Hoje como ontem e ainda amanhã, é preciso que nos reunamos, nos associemos e nos organizemos para combater os males que afligem essa sociedade, impulsionando ou aderindo a associações de solidariedade, redes locais de ajuda mútua e de acompanhamento dos mais oprimidos. Se engajar, militar, fazer da liberdade e da igualdade valores concretos nas ações cotidianas.

Não devemos aceitar as determinações para ficarmos em nossas casas, à não mais agir, à “deixar a polícia fazer seu trabalho”. Devemos ao contrário nos reunir para mostrar que as tentativas de divisão de nossa classe não funcionam, que elas venham de assassinos no poder ou de assassinos ilegais. O bombardeamento de represália contra o Estado Islâmico mostra bem que nossos governantes não pretendem mudar sua maneira de agir. A linha de frente deles não é a nossa. Se existir uma linha de frente, ela deve ser contra o Estado, seja ele islâmico ou não. A guerra civil não acontecerá.

É preciso ter esperança. As expressões de solidariedade espontâneas, as doações de sangue, as “portas abertas”, os apelos à paz, as multidões reunidas em homenagem às vitimas expulsando os fascistas em Metz ou em Lille são todas demonstrações positivas. Cultivemos esses clarões de solidariedade contra o medo e a ordem securitária defendida por nossos inimigos. Os anarquistas devem se levantar contra as injustiças onde quer que elas apareçam, de onde quer que elas venham. Se a situação política toma o caminho de ataques, vindos do Estado ou não, contra imigrantes, fiéis de uma religião ou militantes progressistas, nossos inimigos vão nos encontrar em seu caminho.

Coragem, os dias ruins se acabarão.

12265595_900956699980802_5500422101567759694_o-752x440NT: Nota da Tradutora

O grupo Regard Noir (Paris) da Federação Anarquista francesa trata-se de um grupo de orientação anarco-comunista e sintetista focado em ações de rua e lutas sociais, considerando a implantação local e social como única garantia da propagação de ideias anarquistas no seio do proletariado.

Link em francês: http://www.regardnoir.org/passes-le-choc-et-la-frayeur/

Regard Noir no facebook: https://www.facebook.com/RegardNoirFA

Traduzido pela Rede de Informações Anarquistas