(São Paulo) Relato da reintegração de posse da ocupação Masterbus | 23 de fevereiro

A comunidade Masterbus nasceu na zona leste de São Paulo em 2014, quando 40 famílias da região ocuparam o terreno que estava vazio há quase 12 anos. Dia 23 de fevereiro de 2016, uma terça-feira, ocorreu a reintegração de posse. Essas fotos foram feitas no domingo, dois dias antes da reintegração, onde o pessoal do Coletivo Ocupa PL e Mídia Nuclear fizeram vários eventos de mobilização pra ajudar a Comunidade. Pra saber a historia toda:

Citados por Associação ao Trabalho Escravo estão por trás da reintegração de posse da Comunidade Masterbus, por Mídia Nuclear

Máfia do Transporte, trabalho escravo e Lava Jato: A reintegração de posse da ocupação Masterbus, por Vice

Imagens da desocupação da ocupação Masterbus no dia 23 de fevereiro, por Daniel Arroy


Não teve arrego por parte do Judiciário. Sem entender nada, moradorxs levantam às 6h com a Tropa de Choque dentro da Comunidade.

Dentro da Comunidade Masterbus o fluxo de pessoas e móveis é intenso. O Choque entra e se posiciona ao lado de um dos prédios onde ficavam algumas galinhas, patos, gansos e outras aves da criação do Sr. Durval (60), um dos moradores mais antigos da Ocupação Masterbus.

Desolada, uma senhora pede ajuda para retirar suas coisas do cômodo de 4m² no complexo de tijolos destruídos pela ira dxs moradorxs durante a madrugada, ao saber que a Juíza Karina Ferraro Amarante Innocencio não revogou o pedido de Reintegração de Posse do terreno de empresários citados nos escândalos da Lava Jato, Lista de Furnas e na Lista Suja do MTE por associação ao Trabalho Escravo.

O clima de despedida se misturava com a angústia de não saber ao certo para onde ir, eis que com a chegada do Secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, o cenário se transforma. Expectativas ficam sugeridas nos sorrisos de alguns moradores, outros ignoram a presença do engravatado ali e prosseguem com a mudança. O Secretário passou cerca de duas horas ouvindo as demandas da comunidade que não via um político desde a época das eleições, segundo o Vídeo.

Entre pedidos de silêncio e gritos de revolta contra o único representante dos Direitos Humanos presente no local, uma moradora interfere na ouvidoria ambulante e tardia da Prefeitura, “Chega! Preciso tirar minhas coisas, vão me dando licença”, diz a moradora Socorro Gomes, mãe de dois filhos.

Antes de ir embora, Suplicy caminha com parte dxs moradorxs para tentar diálogo com o comandante da ação, Coronel Lucco, sem sucesso ele se despede da comunidade pedindo licença para ir à sua terapia. Desabrigados, sem direito à moradia, muito menos à terapia, os moradorxs voltam às atividades do dia: cuidar do que o Estado não cumpre por elxs. Se organizam para usar o número insuficiente de caminhões da Prefeitura para mudança, fica decidido que a prioridade é das mães autônomas com as crianças, enquanto isso os policiais seguem tomando café com leite e pão com manteiga na base comunitária mas essa foto não deu pra tirar porque imprensa alternativa tem cara de juventude ativista e parece que os milicos não vão curtem muito tirar retrato.

Suplicy trocando idéia com o Coronel Lucco (foto: Gabriel Vasconcelos – Mídia Nuclear)

Até a nossa saída do local, por volta das 9h00, não havia nenhum representante do Conselho Tutelar para acompanhar a comunidade que abrigava mais de 400 crianças. Além disso, não houve nenhum tipo de cadastramento dos moradores junto ao Poder Público para os devidos encaminhamentos legais que permeiam uma ação de Reintegração de Posse.

O descaso do Município com a população sem-teto é alarmante, em dois dias ocorreram reintegrações de posse, é bom se familiarizar com o termo gentrificação, parece que ele é tendência em 2016.

(foto: Gabriel Vasconcelos – Mídia Nuclear)

Por Mídia Nuclear

(Paraná) Todo apoio à ocupação Bela Vista! | Guarapuava

Guarapuava, 17 de fevereiro de 2016.

Saudações Anarquistas!

O Núcleo Anarquista Guarapuava NAG saúda a recente Ocupação Bela Vista que surgiu no início dessa semana na Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios na cidade de Guarapuava-PR.

A ocupação ocorreu devido às precárias condições em que viviam os moradores do chamado “beco”, região de favelas da vila dos brasileiros. Sem saneamento, sem água e luz, correndo riscos (recentemente houve um incêndio e dez famílias perderam suas casas), havia a possibilidade de contaminação pela dengue e zica vírus, com focos constatados. A situação de calamidade do beco fez com que as famílias tomassem uma atitude independente da burocracia estatal.

A área ocupada abriga mais de 230 famílias com a possibilidade de abrigar muitas outras mais. A prefeitura de Guarapuava entregou a posse de 97 terrenos e de 1 casa há seis anos para 97 famílias. Os moradores estavam esperando a revitalização do local, pois trata-se de uma área urbanizada aos arredores da Cooperativa Agrária Industrial, maior cooperativa de malte da América Latina, gerida por cooperados descendentes de europeus refugiados da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, croatas, húngaros e alemães

Conhecidos como suábios do Danúbio ganharam 22 mil hectares que foram distribuídos de 15 a 30 para cada uma das famílias. O governo brasileiro entregou as terras para que cerca de 500 famílias recomeçassem suas vidas, ganharam a melhor terra, ganharam financiamento junto ao governo brasileiro e apoio internacional do governo europeu para não sofrerem nas terras tupiniquins. De 1945 até hoje, exploram a mão de obra barata dos chamados “brasileiros”, os quais trabalham na cooperativa como chão de fábrica, na construção civil ou nas casas dos suábios, como jardineiros, empregadas domésticas, babás ou nos serviços gerais.

A Luta é por terra! Direito dos brasileiros que estão vivendo em situação de miséria, sem auxílio e sem recursos, seus terrenos medem 9×21, foram medidos pelos próprios moradores que encontram-se acampados em barracos de lona. Uma horta já foi iniciada com o trabalho autônomo dos ocupados, que coletivamente fazem a gestão da ocupação.

Mulheres e homens estão na linha de frente resistindo às ameaças da polícia.

Os representantes do Estado tentam coagir os ocupantes com a promessa de que as 97 casas serão construídas, entretanto, há muito mais pessoas precisando de um terreno. Aos poucos o número de desabrigados aumenta, estão saindo das valetas do beco e vislumbrando horizontes mais dignos nesta terra dita “de todxs”.

PUBLIQUE-SE.

“Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!”

Ocupa e resiste!

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(Machismo) Sobre a carta pública contra agressões machistas em organizações especifistas da Coordenação Anarquista Brasileira

Minhas ressalvas: a carta em si já é uma excelente iniciativa, já que muito raramente organizações anarquistas reconhecem publicamente atos de machismo.

Porém o que incomoda bastante é a sensação de que a carta foi lançada somente para colocar panos quentes.

O texto fala de “casos” de agressões machistas mas não especifica em nenhum momento o que motivou a escrita do mesmo. Tampouco expõe os agressores machistas, deixando-nos a duvidar do tipo de tratamento que foi dado a essas agressões (não se fala de método prático algum para lidar com essas denúncias).

Outra questão, talvez a mais pertinente é: quem escreveu essa carta? Foi um coletivo de mulheres formado por membrxs de organizações integrantes da CAB? Uma comissão formada para isso? Isso não está nada claro.

Tendo em vista o peso do lugar de fala, como mulher anarcafeminista, considero de extrema importância que esta carta fosse escrita por quem de fato viveu essas agressões para esperar o mínimo de contundência no tratamento dessas denúncias e uma real desconstrução de atitudes machistas no seio da CAB.

Por D.


Segue abaixo a carta na íntegra (original aqui):

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(Brasil) Abaixo a lei antiterrorismo, o povo quer liberdade e direitos sociais!

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ABAIXO A LEI ANTITERRORISMO | O povo quer liberdade e direitos sociais!

O Congresso Nacional, instância maior do Estado dos ricos e inimigos do povo, aprovou ontem (24/03) a famigerada Lei Antiterrorismo, que agora segue para sanção da presidente Dilma (PT-PMDB). Essa Lei antipovo estava em discussão no ano de 2014 e agora, vésperas de Olimpíadas, é aprovada em regime de urgência. Vale ressaltar que foi aprovada anteriormente pela Câmara dos Deputados por 50 deputados do PT (dos 54), em conluio com a oposição burguesa (PSDB, DEM, etc.).

A lei tem claro intuito de enquadrar as lutas populares como ações terroristas e aumentar a repressão aos movimentos autônoma da classe trabalhadora, ou seja, tornar lei o que já ocorria de fato. A lei não faz qualquer distinção sobre as motivações que levaram a ações violentas por parte do povo. O objetivo do Estado é criminalizar e punir, e em meio ao ajuste fiscal impedir que o povo possa exercer pressão real sobre as classes dominantes.

A aprovação da lei antiterrorismo em meio ao oportunismo eleitoreiro da disputa “Fora Dilma X Fica Dilma”, deixa claro que são dois lados da mesma moeda. Os governistas criam uma ilusão de democracia na qual só se beneficiam suas burocracias sindicais e partidárias, pois aceitaram ajoelhar-se frente aos empresários, latifundiários e torturadores de ontem e de hoje. Eis a “democracia” que os oportunistas nos chamam a defender! O que estamos vivendo é o avanço do Estado militarismo, é a política da contra-revolução aplicada pelo governo do PT-PMDB-PCdoB. Nós, trabalhadores e revolucionários, dizemos: Organizemos a resistência contra a repressão, criminalização e contra a retirada de direitos do povo trabalhador!

Nenhuma lei poderá deter a revolta popular!

O povo sabe que o único terrorista existente no Brasil é o Estado brasileiro!

Por UNIPA – União Popular Anarquista