(Angola) Presos políticos iniciam greve de fome em Angola

Em Junangolaho, foram presos em Luanda 15 ativistas cívicos. Os jovens estavam reunidos numa residência particular com o objectivo de lerem e discutirem um livro sobre técnicas de ação não violenta visando a substituição de regimes ditatoriais.

Alguns destes ativistas tornaram-se conhecidos nos últimos anos ao darem o rosto, em diversas manifestações, a favor da democratização e pacificação de Angola, e de um desenvolvimento social mais justo. Tais manifestações foram sempre duramente reprimidas pela polícia.

O governo angolano acusou os jovens de atentar contra a ordem pública e segurança de estado. Num discurso público, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos veio caucionar a acusação, associando-a ao que se passara com os trágicos acontecimentos de 27 de Maio de 1977.

Pessoas detidas por tentativa de golpe de Estado são, naturalmente, presos políticos.

Pouco depois de o Tribunal Supremo ter negado o pedido de Habeas Corpus requerido pela defesa, cumpriram-se 90 dias desde a prisão dos jovens. 90 dias em solitária, em condições precárias para a sua saúde física e mental. Foi, assim, esgotado o primeiro prazo normal e o segundo excepcional de prisão preventiva, sem que a Procuradoria Geral da República comprovasse os crimes de que são indiciados.

À meia noite do dia 21 de setembro, Domingos da Cruz, Inocêncio de Brito, Luaty Beirão e Sedrick de Carvalho tomaram a decisão extrema de iniciar uma greve de fome. De acordo com a sua vontade, este protesto só terminará quando forem soltos, sendo que o estado de saúde dos ativistas é bastante preocupante. A situação é de enorme angústia para os familiares e amigos dos jovens democratas e para todas as pessoas comprometidas com a democracia e a liberdade. Dado o delicado estado de saúde de alguns deles, devido a um tratamento médico deficiente e a várias carências alimentares, uma greve de fome pode vir a representar uma ameaça às suas vidas.

Caso as autoridades não reajam atempadamente, as consequências desta greve de fome poderão ser trágicas. Silenciar é compactuar com a injustiça.

Exigimos que se façam todos os esforços para preservar a vida e a saúde de todos os presos políticos. Exigimos que se quebre o silêncio. Exigimos Liberdade e respeito pelos Direitos Humanos em Angola.

Exigimos Justiça.

A situação é urgente. Nenhuma pessoa pode sentir-se livre sabendo que há, algures, outras pessoas presas por sonharem com um mundo mais justo. Nós partilhamos desse mesmo sonho que levou os jovens à cadeia, o mesmo sonho que agora pode custar-lhes a vida.

Liberdade já!

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(Cuba) Campanha de crowdfunding visa arrecadar fundos para criar Centro Social Libertário em Cuba

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C o m u n i c a d o

As fronteiras estão se abrindo depois de muitos anos, e as mudanças em Cuba auguram novas possibilidades e perigos para a sociedade cubana. Se torna imprescindível, pois, reforçar o trabalho de quem desde Cuba defende um olhar crítico, anticapitalista e antiautoritário ao sistema-mundo, o mesmo que cada dia se expressa com mais clareza na vida nacional.

Depois de mais de uma década de ativismo social e político no Observatório Crítico Cubano, e cinco anos de trabalho como parte do Taller Libertario Alfredo López (TLAL), pudemos identificar como principal dificuldade para nosso desempenho e a ampliação de nosso impacto social, a carência de uma sede fixa, que nos permita construir comunidade e configurar nossa identidade de maneira mais sólida e duradoura.

Quem somos?

O TLAL é um coletivo especificamente anarquista, que tem mantido uma atividade sistemática nos últimos anos, radicalizando suas propostas e mantendo uma ancoragem firme na sociedade cubana e suas comunidades. Temos conseguido em curto tempo estabelecer anualmente as Jornadas Primavera Libertária de Havana, onde buscamos fazer confluir o pensamento e a ação anarquista ou libertária na ilha. Ademais, emitimos um modesto periódico em versão impressa,¡Tierra Nueva!, com o que tentamos não sem dificuldades fazer chegar nosso olhar contestatório às pessoas comum, essa que é maioria e não tem acesso a Internet em Cuba, assim como também promover o ideal libertário, anarcossindicalista, e naturista, presente na história do país antes do triunfo insurrecional de 1959, e cujo impacto pulsa escondido nos interstícios da Cuba de hoje.

Por outro lado, um dos principais empenhos organizativos em que nos empenhamos tem sido a fundação em março deste ano, junto a outros compas da região, da Federación Anarquista de Centroamérica e o Caribe, rede que contêm uma grande potencialidade de expansão e desenvolvimento.

Manter este ritmo de projetos e ações requer de um espaço físico onde poder confluir, ensaiar na prática mostras de solidariedade, cooperativismo, horizontalidade, auto-organização, e autonomia.

Quê buscamos?

Dada a impossibilidade em Cuba de alugar um local, a opção que propomos é comprar um imóvel, casa ou apartamento, para fundar nosso Centro Social e Biblioteca Libertária.

Ademais de ser sede permanente do Taller Libertario Alfredo López, para celebrar reuniões de trabalho e outras atividades, o local acolherá uma Biblioteca Libertária. Esta será formada com os materiais que durante anos temos acumulado, produto de doações nacionais, internacionais, ou compras pessoais. Se incluirá todo tipo de publicações físicas ou digitais, tanto periódicas como únicas, discos compactos (CD-ROM) e DVD, filmes, áudio, etc. Se privilegiará aqueles referidos direta ou indiretamente com o anarquismo, mas também estarão presentes outros tópicos relacionados com as lutas sociais ao longo da história, desde qualquer perspectiva política ou área de criação.

Por outro lado, no espaço se desenvolverão ações próprias de um Centro Social: palestras, eventos, reuniões, comidas coletivas, apresentações de textos, festas, vídeo-debates, encontros com visitantes estrangeiros ou nacionais de outras províncias, concertos, leituras, exposições, atividades produtivas, entre outras.

Quanto necessitamos?

Para a compra do local necessitamos no total 12.000 euros. Não obstante, em nossa recente visita à França e Espanha, graças à solidariedade de compas libertários, conseguimos coletar algo mais de 1.000 euros. É por isso que, para o presente crowdfunding, estamos solicitando contribuições para chegar aos € 11.000 (onze mil euros).

Por quê pedimos?

Porque não recebemos financiamento de nenhum Estado, instituição oficial, ou ONG. Tampouco desejamos recebê-la, a fim de garantir nossa total independência e não subordinação a agenda externa alguma. Em ocasiões temos recebido doações de coletivos e pessoas afins a nossos princípios, de maneira desinteressada e incondicional. Tampouco nossas práticas geram lucro de nenhum tipo, muito pelo contrário. É sabido, ademais, que com o salário médio dos cubanos (20 USD mensais), é impossível cobrir o altíssimo custo de uma moradia em Cuba, que nenhum trabalhador honrado, sem explorar o trabalho de outros, pode custear.

Quem receberá o benefício direto do trabalho do Centro Social e Biblioteca Libertária?

Primeiramente, a totalidade dos que integram o TLAL, e que trabalham sem nenhuma remuneração nesse espaço, entre eles, as pessoas que viverão ali diretamente, e cuidarão do local.

Fora do TLAL, é a comunidade quem primeiro perceberá os benefícios, dado que pretendemos estabelecer vínculos com esta, e pôr nosso espaço a sua disposição. Não entendemos possível um projeto deste tipo, desligado de sua vizinhança mais imediata, e as pessoas que o rodeiam.

Também os projetos vinculados ao Observatório Crítico Cubano, nos quais nos mantemos participando, terão um espaço seguro nesta sede, para consolidar ainda mais seus trabalhos.

Por outra parte, estudantes e pesquisadores cubanos e internacionais terão sobretudo na Biblioteca uma fonte única e valiosíssima de informação.

No mais pode-se dizer que tanto os visitantes libertários e anticapitalistas que cheguem à ilha, como outras pessoas necessitadas de solidariedade, terão lugar em nosso Centro.

Quê daremos em troca aos contribuintes?

Não temos muito material que dar em troca, mas sim nossa gratidão e boa vibração. Claro, os e as doadores(as) disporão de um espaço em nosso local em  Cuba e acesso a todos os serviços do centro.

Ademais, se permitirem, incluiremos seus correios eletrônicos em nossa lista de distribuição, de modo que possam receber o periódico libertário cubano ¡Tierra Nueva!

Para quem deseje tornar públicos seus nomes, teremos uma lista de agradecimentos em nossa web com aquelas pessoas que colaboraram em materializar este empenho.

Faremos chegar a cada contribuinte um informe pormenorizado do uso que se deu aos fundos coletados.

Sua colaboração é decisiva, se queremos promover o ideal anticapitalista e libertário em Cuba e no Caribe.

Mais informações, consultar: http://www.gofundme.com/gg2wrcac

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(Rio de Janeiro) Relato sobre o CineQueer: Pós-Pornô

cinequeerDurante os dias 15 e 16 de setembro aconteceu mais uma edição do coletivo CineQueer sobre a temática do Pós-Pornô O evento, que sempre traz debates muitas vezes “deixados de lado” pelos movimentos sociais e organizações anarquistas, seja esse “deixa de lado” proposital ou não, contou com a participação de uma grande quantidade de pessoas, lotando o local. A RIA esteve no evento para acompanhar as atividades.

Além da exibição de curtas que abordam a temática e as práticas do pós-pornô, a atividade, como é de práxis, contou com um debate puxado por Angela Donini, professora adjunta no Departamento de Filosofia da UNIRIO, por Bibi Campos Leal, filósofa e integrante do Khôra – Laboratório de Filosofias da Alteridade.

O evento contou também com a participação de Laura Milano, comunicadora e investigadora, licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidad de Buenos Aires, escreve e investiga sobre questões vinculadas ao cruzamento da comunicação, gênero e sexualidades, que lançou também o seu livro “USINA POSPORNO: disidencia sexual, arte y autogestión en la pospornografía”. Estas trouxeram reflexões enriquecedoras sobre a temática em si e sobre questões adjacentes.

No segundo dia de evento aconteceu duas oficinas, “Díldo-oído”, puxada por Laura Milano
e “Estranhamentos: desvios da carne e polimorfismo afetivo”, realizada por Bibi Campos Leal.

O evento aconteceu no “Castelinho do Flamengo”, no Bairro do Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Segue algumas fotos do evento:

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Relato de uma militante anarquista sobre o machismo no movimento

No Brasil vivemos num país com fronteiras, como todos os países do mundo. No Brasil somos capitalistas e vivemos um liberalismo devorador. Vivemos num sistema patriarcal, racista, homofóbico… Um país que presa pela gentrificação, com cidades não são pensadas para deficientes.

Algumas pessoas escolheram lutar contra o sistema vigente e entre as diversas formas de possíveis novas organizações sociais existe o anarquismo e pessoas que se declaram anarquistas. Os anarquistas (homens) muitas vezes mesmo sendo brancos se dizem antiracistas, pró-feministas… e que como bons anarquistas presam a igualdade entre os povos e o fim das fronteiras e opressões sejam quais forem. Mas na prática muitas vezes esses homens cis branco héteros são agressores de suas companheiras e precisam ser cobrados.

Não se trata de vingança ou de “xilique de mulher”, se trata de cobrar de alguém que tenha suas atitudes, no mínimo, condizentes com seus discursos. Então pra quem se diz anarquista e se porta como anarcomacho agressor SERÁ SIM COBRADO. Porque não se pode escolher estar na trincheira da luta e agir como o opressor, reproduzindo as práticas cotidianas de repressão e acuação da mulher quando a situação sai do controle do branco macho necessitado de que as coisas sejam do seu modo para não agredir por sentir sua “honra” atacada.


Para você anarcomacho tenho uma solução. Pare de fingir que luta por um mundo diferente porque você fracassou na meritocracia do molde capitalista e ficou pra trás contando moeda, e se aceite como um reprodutor do sistema e vá para o lado de lá da trincheira. Pois como todxs sabemos ser anarquista é uma escolha, e se você agressor anarcomacho não sabe porque está na luta, não esteja. Algumas pessoas, mesmo se dizendo da luta, as acadêmicas pensantes não entendem como é problemática a questão de agressões contra mulheres, e o enorme número de crimes “passionais” cometidos por parceiros e ex-parceiros. Acho que as pessoas precisam escolher suas bandeiras de luta e saber de verdade o que elas significam.

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(Artigo) O Caso Sírio: as movimentações do capitalismo para a garantia do seu poder absoluto

coloA França anuncia que deve bombardear a Síria para evitar a entrada de pessoas refugiadas na Europa como se a simples solução fosse, do céu, com seus aviões, jogar bombas e exterminar tudo que suas miras tecnológicas julgarem que deve ou não morrer. Como se a solução para parar a entrada de pessoas refugiadas em países da Europa fosse exterminar todo um povo que, com seu sangue, terá que pagar pela manutenção do Capitalismo.

Tudo isso para não terem que abrir suas fronteiras e receberem famílias que fogem das guerras, criadas e potencializadas por esses mesmos países. Tudo isso para não terem que compartilhar suas riquezas com quem tem fome, sede, frio. Riquezas que, deve-se ressaltar, foram adquiridas depois de anos de exploração colonialista dos ditos “países periféricos”, entre eles, os países do Oriente Médio. Acham mais fácil derramar o sangue do que estender a mão e ajudar o próximo.

Vale destacar que para esses países não há a distinção entre Estado Islâmico (ISIS) e a Resistência Curda. Um prega o fascismo fundamento pela religião o outro uma organização autônoma da região do Curdistão. Logo, para os interesses do sistema capitalista, nenhum dos dois é interessante. Como podemos ver, os curdos e curdas que estão na resistência contra o ISIS estão sendo bombardeados principalmente pela Turquia. O governo turco não só os considera como terroristas, como também reprime a população curda que vive em território turco, além de dificultar a passagem pelas suas fronteiras de militantes, apoiadores e recursos para a região de Rojava, situada dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Síria, onde a Resistência Curda mostra-se mais intensificada.

Dessa forma, a Europa apenas evidencia a sua supremacia enquanto uma raça superior, potencializando assim a segregação, o racismo e discriminação. Quanto mais reforçam colonialsuas fronteiras e erguem seus muros mais essa divisão de raças é feita, mais exposto fica a face do seu fascismo desencadeado pelo sistema capitalista, sistema esse que potencializa a desigualdade entre raças e povos para poder gerar uma mão-de-obra barata na produção dos produtos consumidos pelas pessoas brancas dos países do norte.

Não podemos esquecer que quem criou essa situação foram os Estados Unidos e seus aliados, integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ao impulsionarem o Estado Islâmico a derrubar o governo da Síria, os armando e financiando e, assim, através de mais um “governo marionete”, poderem colocar os interesses do imperialismo/Capitalismo na Síria e por todo o Oriente Médio.

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