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(Noruega) Vestbredden Vel Vel, em Oslo, uma das ocupações mais antigas da Escandinávia, sob risco de despejo

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O trabalho do coletivo Vestbredden Vel Vel que reside no Hausmannsgate 40 em Oslo está sob ameaça de despejo.

A prefeitura de Oslo está perto de terminar um processo de vendas a longo prazo que, se for aprovado pelo conselho da cidade, o que provavelmente ocorrera, irá resultar na expulsão e demolição da mais velha ocupação existente na Escandinávia.

Páginas da ocupação e do coletivo: www.vestbredden.net & www.hauskvartalet.org.

Leia o comunicado de imprensa do coletivo:

Comunicado de imprensa de Vestbredden

13 de abril de 2016

Sim, não foi bacana.

As políticas requerem dinheiro. Mas quem realmente decide isso, e isso é aceitável?

Um indivíduo não precisa ser um gênio político ou econômico para ver que algo está errado e que as políticas partidárias, em toda a sua simplicidade, apenas desejar auxiliar as forças do mercado, às cutas dos aspectos humanos, ecológicos e culturais.

Com a informação de que a gigante imobiliária Urbanium A/S, tendo Espen Pay como diretor administrativo, possui planos de demolir  Vestbredden se a venda de Hauskvartalet (localizado no bairro Haus) for aprovada pelo conselho municipal de Oslo, está mais do que claro que o conselho político da cidade está dando carta branca parlamentar para o aniquilamento de Vestbredden.

O fato que de que essa informação foi retida e que eles, como políticos “responsáveis”, continuam com suas mentiras inabaláveis, defender uma remoção e demolição de uma coletividade residencial, funcional, ecológico e que também serve como espaço de trabalho, gerenciada pelas pessoas que ali circulam, pode apenas ser visto como um escalamento repressivo onde a elite municipal atua, infelizmente, como principal força motriz.

Espen Pay diz que ele quer criar algo duradouro em Hauskvartalet. Demolir um prédio residencial com 130 anos de história, Barrikaden, um dos mais importantes cenários underground de Oslo, ao mesmo tempo colocar na rua um dos coletivos autogeridos mais antigos da capital, não pode ser chamado de criar alguma coisa, só pode ser chamado de destruição!

Vestbredden se distancia do uso da violência e não irá, sob forma alguma, tomar iniciativa em qualquer ação violenta. Mas nós não temos absolutamente nenhum plano para deixar nossas casas voluntariamente e qualquer forma de poder utilizada para alcançar esse objetivo vai ser reconhecida como mais um ataque a toda a cultura em si.

Que eles conscientemente optaram por irem nessa direção, onde conflito é praticamente inevitável, parece incompreensível e devemos deixar bastante claro que a responsabilidade é total da elite do município pelos efeitos colaterais desse tipo de ação.

É triste ver partidos operários no bolso das grandes corporações, mas nós estamos felizes em ver que o apoio está começando a ganhar forma em contraste a esse ataque.

A comissão financeira irá, no dia 28 de abril, revelar sua posição ao conselho municipal quanto se eles devem vender Hauskvartalet ou não. A votação no conselho irá acontecer, provavelmente, entre 11 de maio e 15 de junho. Se o comitê financeiro escolher seguir a recomendação da prefeitura de vender, nós encorajamos todos os representantes do conselho municipal a estudar profundamente o caso antes de dar o seu “veredicto”.

(Bielorrússia) Entrevista com a Cruz Negra Anarquista Bielorrussa, agosto de 2015

Com essa publicação, inauguramos nossa parceria com a Rádio Anarquista de Berlim a qual nos renderá uma série de traduções das entrevistas que a rádio realiza pela Europa e, ocasionalmente, em outros continentes sobre diversas temáticas relacionadas ao movimento libertário mundial. Agradecemos a oportunidade aos companheiros e companheiras da rádio e seguimos na disseminação dos ideais e informações anarquistas.


downloadNo dia 22 de agosto, o presidente bielorrusso Lukashenk assinou documentos para soltar todos os prisioneiros políticos oficiais no país. Isso inclui os três anarquistas que ainda estavam presos. Nós, da A-Radio Berlin, falamos com a Cruz Negra Anarquista (CNA) da Bielorrússia sobre sua libertação e as próximas eleições, entre outras coisas. Você pode encontrar mais informações em inglês e em bielorrusso no site da CNA Bielorrússia.

A-Radio Berlin:

Olá, no dia 22 de agosto vocês deram a notícia de que “o último ditador da Europa” finalmente soltou os restantes prisioneiros anarquistas Ihar Alinevich, Mikalai Dziadok e Artsiom Prakapenko. Qual é o contexto dessa decisão?

CNA Bielorrúsia:

Alguns de vocês podem saber que a Bielorrússia é chamada às vezes de a “última ditadura da Europa”. O país está sob sanções econômicas e políticas constantes por violar os direitos humanos e políticos das pessoas, bem como repressões. A União Europeia e os EUA têm exigido a libertação de todos os prisioneiros políticos desde 2010. Desde então, um grande número de pessoas foi perdoado pelo presidente e liberado. Em agosto de 2015, tinham seis presos políticos restantes na cadeia, incluindo os nossos camaradas e um ex-candidato à presidência. Ao mesmo tempo, Lukashenko está se preparando para a nova eleição prevista para 11 de outubro de 2015. Este gesto foi com certeza uma tentativa de ganhar alguma credibilidade no cenário político europeu e introduzir outro “degelo político”. Lukashenko tem utilizado o mesmo esquema cada vez que ele precisa de alguma coisa da Europa. Neste caso ele espera pelo reconhecimento das eleições como transparentes e democráticas.

Eles precisaram assinar alguma coisa? Quanto tempo faltava em suas sentenças?

Artsiom Prakapenka pediu pelo perdão em fevereiro de 2015, mas seu recurso foi rejeitado em abril deste ano. O restante dos prisioneiros nunca assinou nada parecido com isso e foram perdoados por iniciativa do próprio presidente. Mikalai era para ser solto em março de 2016, Ihar em novembro de 2018 e Artsiom em janeiro 2018.

Foram libertados todos os presos políticos? Se não, quem ainda está na prisão?

Sim, todos aqueles reconhecidos internacionalmente como prisioneiros políticos foram libertados. Ao mesmo tempo, mais três pessoas foram presas no início de agosto por grafites políticos. Elas vêm do chamado cenário étnico-anarquista. Também apoiamos quatro pessoas militantes antifascistas que não são reconhecidas como presos políticos pelas organizações internacionais e um anarquista que prefere que o seu caso não se torne público.

E, só por curiosidade, o que seria um ou uma anarquista étnico?

São pessoas que vêm de torcidas organizadas antifascistas que ultimamente têm sido muito influenciadas pelo patriotismo e pela estética nacionalista. Elas propagam ideias antifascistas e antiautoritárias, mas ao mesmo tempo se colocam contra a opressão cultural russa e pela promoção do renascimento da cultura e da língua bielorrussa. Esta mistura acaba em slogans “Bielorrússia deve ser bielorrussa”, “revolução da consciência. Ela está vindo…”, “Paz para as cabanas, guerra aos palácios”.

Como será mudar o foco do seu trabalho agora, se for o caso?

Na verdade, estávamos dando muita atenção aos camaradas soltos em 2010-2011, quando o apoio era mais necessário. Ao longo do tempo o nosso apoio tornou-se igualmente distribuído entre o resto dos nossos prisioneiros. É por isso que não podemos dizer que perdemos uma boa parcela de nosso trabalho com a libertação. No momento estamos nos preparando para a nova campanha eleitoral, que geralmente termina em novas detenções e sentenças. Também tentamos fazer um trabalho mais preventivo, educando ativistas sobre estratégias para evitar a repressão e fazer o trabalho da polícia o mais difícil possível.

O que vocês esperam tanto politicamente quanto em relação a repressão para as próximas eleições, que provavelmente serão realizadas no outono de 2015?

Por agora é extremamente suspeito que a repressão ainda não tenha começado. Talvez os policiais decidiram primeiro lidar com os “anarquistas étnicos” e com os hooligans no futebol (no verão houveram algumas prisões). Ao mesmo tempo, consideramos esta omissão um tanto tática. Os policiais não se esqueceram dos e das anarquistas e seus círculos mais próximos como no ataque recente a um concerto ao ar livre de música punk e alguns processos criminais que foram iniciados após a campanha de solidariedade em Janeiro-Fevereiro de 2015. Nós sentimos que a polícia está apenas esperando o momento certo para usar suas “listas negras” e começarem a prender pessoas por suspeita de participação nas ações de solidariedade. O que diz respeito às eleições, ainda não está claro se há qualquer protesto em curso porque a oposição está dividida e é perigoso chamar para as ruas quando olhamos para trás em 2010, quando todos os candidatos à presidência foram detidos. O próprio movimento anarquista está longe de ter uma base social vasta que pode se juntar ao nosso chamado para protestar.

 Muito obrigado!

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(Artigo) Grécia: Por um olhar anarquista dos fatos

Durante o ano de 2014 tivemos a oportunidade de trocar ideias sobre conjuntura política com uma companheira militante anarquista da Grécia, então de passagem pelas Américas. Dizia-nos ela que naquele país não havia forma possível para que anarquistas e comunistas viessem a desenvolverem ações em comum. Quando há marchas contra medidas de austeridade ou com qualquer outra pauta social formam-se diversas jornadas diferentes, os comunistas vão às ruas com suas bandeiras e demandas, reunidas em torno de suas organizações estudantis, trabalhistas ou partidos políticos. Em horários diferentes vão os anarquistas em manifestações construídas a partir de seus mecanismos deliberativos de estrutura assemblearia distribuída por alguns bairros de Atenas. Dizia ela que eles não se misturam… Alguns podem considerar uma postura sectária. Não pensamos deste modo. Parece-nos coerente com as posturas que defendem ambas as partes… Para os gregos não há mais tempo a perder com devaneios e a rua comporta à todos.

Quanto ao movimento anarquista grego, a companheira pintava um quadro bastante vivo e vibrante apesar da conjuntura de crise que assola o país há mais de uma década. Disseminado por toda a Grécia com ações que apontam para autogestão da produção, revitalização de estruturas produtivas abandonadas ou falidas e a descentralização política feita a partir das assembleias de bairro, o movimento anarquista nos parecia bastante avançado em articulações entre as diversas organizações e tendências. Há cooperativas modestas que funcionam na base do sangue, suor e lágrimas, há iniciativas de autogestão de fábricas abandonadas, centros de cultura social e ateneus, enfim, espaços libertários de sociabilidade que obviamente se fazem públicos e dialogam abertamente com qualquer um interessado em participar de suas atividades ou articular com os diversos grupos libertários atuantes no interior destes espaços.

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Como sabemos, em quadros de crise econômica, os capitais são os primeiros a se retirarem do cenário deixando a imagem da devastação, do desemprego e do abandono dos espaços outrora produtivos. Se os capitais se retiram para outros países mais atrativos, não podemos dizer o mesmo das pessoas. Elas têm necessidades básicas como alimentar-se, vestir-se, trabalhar e o desejo sempre ardente de uma vida digna, onde a felicidade é uma condição possível.

Neste cenário devastado, onde a repressão política, consolidação de organizações de cunho fascista e até o suicídio assustadoramente fazem parte do cotidiano dos cidadãos gregos, é que os anarquistas encontram terreno para construir ações libertárias de apoio mútuo e solidariedade, reforçando os laços de sociabilidade e cidadania entre os indivíduos, tocam-se importantes debates e, sobretudo, põe-se em prática conceitos que fora dos contextos de crise, infelizmente, nos parecem apenas palavras soltas contidas em alguma teoria escrita em tempos passados.

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Vemos agora as imagens de grandes manifestações e confrontos do povo grego contra o Estado, a traição anunciada pelo uso político do recente referendo que rejeitou qualquer possibilidade de acordo com a Europa, seus bancos, pacotes de “ajuda”, empréstimos e juros. Vemos que, como sempre, são os anarquistas os acusados pela crise grega, são eles os inimigos apontados a serem combatidos através de um discurso construído e disseminado pela grande mídia. A canção é antiga e já foi executada em muitas línguas, inclusive em português.

É aqui que enviamos toda a nossa solidariedade ao povo grego, aos anarquistas e todos que não desejam salvar os bancos, que não desejam um novo pacote enviado pela zona do euro, um novo referendo, uma nova traição. Todos os que desejam que as próprias pessoas juntas criem as formas de salvar a si mesmas. A todos os gregos que lutam acreditando que a solução não virá da zona do Euro, mas do interior dos bairros, dos campos, das fábricas e cooperativas, da ação direta e da descentralização política. A todos que sabem que é preciso virar as costas para a política da UE e do próprio Estado grego, verdadeiros responsáveis pela crise humana que abate a Grécia. Nossa saudação e solidariedade a todos que se empenham hoje em construir dos escombros deixadas pelo capitalismo uma via possível para o resgate da dignidade do povo grego sem esperar que a solução caia dos céus ou das mesas de negociação dos políticos profissionais e banqueiros europeus.

Saudações aos que lutam!

Rede de Informações Anarquistas – R.I.A
“Debaixo para cima, Ria você também!”

(Grécia) Por que eu vou votar “não” no plebiscito grego de Domingo

Em sua essência, a questão de domingo é uma de dignidade e sobre nossas vidas a partir desse momento.

Por Antonis Vradis

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Marcha pelo “não” em Atenas

O plebiscito de domingo não é sobre um detalhe fiscal ou outro, um acordo ruim ou outro menos pior. Na sua essência, a questão de domingo é sobre dignidade e sobre nossas vidas a partir desse momento.

É sobre a dignidade para acabar com as gangues de colarinho branco que fizeram com que a até então desprezível face do poder político parecesse bem intencionado e inocente. E é sobre uma questão de saber se nós (enquanto indivíduos, não essa ideia estranha de “povo”: mais sobre isso daqui a um momento) queremos continuar vivendo uma vida de incertezas excruciantes, ultimatos e emergências intermináveis, de humilhação e tristeza.

É uma questão que aqueles entre nós sortudos os suficientes para chegarem nas urnas terão que responder por aqueles que não conseguiram chegar. É por isso que eu, se o plebiscito for adiante, vou votar pela primeira vez na minha vida. Eu vou votar pelos meus amigos e familiares afugentados e a que foi negada a capacidade de viver aqui. Eu vou votar por um amigo querido que decidiu, nas horas mais escuras da crise, que a sua vida não valia ser vivida. Vou votar na esperança que assim ajudarei a fazer com que as vidas da gangue do mercado se tornem verdadeiramente inviáveis.

Como um anarquista, não tenho nenhuma fé no sistema de representação eleitoral, nem tenho vontade de entregar minhas demandas políticas para qualquer líder, por qualquer período de tempo. Mas isso não é o que esse plebiscito irá fazer. Seja ele um plano bem orquestrado pelo Syriza para fazer as pessoas engolirem o remédio da austeridade, o seu blefe já foi lançado. Com certeza, o voto “não” no domingo não irá garantir que mais um outro programa de austeridade não se siga a esse. Mas nós iremos lidar com isso se e quando tal programa chegar. E com certeza, ao votar “não” nós não temos nenhuma ideia para o que nós estamos votando “sim”.

Mas eu tenho uma ideia bem clara para quem o meu “não” se dirige. Esse “não” vai para o mercado, essa força onipresente que nós permitimos permear mesmo os nossos espaços mais íntimos, mesmo os mais internos, as fundações basilares de nossa existência. Vai para a escória parasitária em ternos e gravatas, os padres da ortodoxia bancária e sua pomposa e arrogante crença de que eles podem se manter comandando o show para sempre.

Não, vocês não podem. O voto vai para aqueles que estão alimentando o nacionalismo na Europa, vai contra a invocação do Syriza de um “povo” grego. Existe tal coisa como o “povo”? Claro que não; eu não tenho nenhuma ideia do que essa ideia significa. Onde se encontra qualquer comunalidade? Na língua que nós falamos? Nos espaços que nós habitamos? Nossos interesses são de alguma forma compatíveis, ou ao menos comuns, com a escória parasitária sugando o sangue para fora de nossas próprias vidas?

A esquerda nesses cantos, e no continente como um todo, será historicamente responsável por colocar essa ideia para frente, por alimentar nacionalismos, por ajudar a formar um ambiente onde em que a mais a mais desprezível das ideologias da extrema-direita pode prosperar. Nossas comunalidades não estão na língua, nossos laços não dependem de nossas proximidades físicas.

Há não muito tempo atrás nós conseguimos desenvolver um movimento anti-capitalista nesse continente baseado na seguinte compreensão: nós estamos no caminho de criar uma consciência política da Europa como um espaço comum. Esse “não” é uma homenagem ao nosso legado comum anti-capitalista e anti-autoritário, legado este que foi esmagado nesse cenário de emergência permanente e governo mercantil.

Agora é quando nós começamos a reimaginar nossas comunalidades e interesses trans-fronteiriços, agora é quando nós expomos nossos inimigos dentro e fora das fronteiras por aquilo que são, agora é quando nós trazemos para baixo a fachada do mercado e da unidade nacional. E tudo começa com esse “não”.

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Manifestante queima bandeira da União Européia em marcha pelo “não”

Texto originalmente publicado em inglês no portal Open Democracy e repassado pelo ativista Antonis Vradis para tradução e publicação na Rede de Informações Anarquistas.

Versão em inglês:

Sunday’s referendum vote is not about one fiscal detail or another, a bad agreement or one that is less so. In its essence, Sunday’s question is about dignity and our lives from this point on.

It is about the dignity to do away with the criminal gang-in-suits that has made even the otherwise despicable face of political power appear well-intended and innocent. And it is a question of whether we (as individuals, not as this weird idea of “a people”: more on this in a second) want to continue living a life of excruciating uncertainty, never-ending ultimatums and emergencies, of humiliation and sorrow.

It is a question those of us lucky enough to have made it to the ballot box will have to answer for those who didn’t make it. This is why, should the referendum go ahead, I will be casting a vote, for the first time in my life. I will be voting for my friends and family chased away and denied the capacity to live over here. I will be voting for my dear friend who decided, in the darkest hours of the crisis, that his was a life not worth living. I will be voting in the hope that doing so will help make the lives of the criminal market gang truly unlivable.

As an anarchist, I have no faith in the system of electoral representation, nor do I have the will to surrender my political demands to any leader, for any amount of time. But this is not what this referendum will do. Should this be a well-orchestrated plan on the side of Syriza to let people swallow the austerity medicine, their bluff is already called. Sure enough, a ‘no’ vote on Sunday doesn’t guarantee that yet another austerity programme won’t follow. But we’ll deal with that if and when it comes. And sure, in voting ‘no’ we have no idea what we are actually voting ‘yes’ to.

But I have a pretty good idea who my ‘no’ will go out to. This ‘no’ will go out to the market, this ubiquitous force we have allowed to permeate even the most intimate of our spaces, even the innermost, the core foundations of our existence. It will go out to the parasite scum in suits and ties, the priests of the banking orthodoxy and their pompous, arrogant belief that they can keep running the show, for ever.

No, you can’t. It will go out to those fueling nationalism in Europe, it will go out against Syriza’s invocation of a Greek “people”. Is there such a thing as a “people”? Of course not; I am not sure what the idea even means. Where does any such commonality lie? Is it in the language that we speak? In the spaces that we inhabit? Are our interests in any way compatible, let alone common, with the parasitic scum sucking the blood out of our very lives?

The Left on these shores, and in the continent as a whole, will be historically liable for putting this idea forward, for fueling nationalisms, for helping form an environment in which the most despicable of far-right ideologies can thrive. Our commonalities do not lie in language, our bonds do not depend upon our physical proximities.

Not too many years ago, we succeeded in developing an anti-capitalist movement on this continent based on this understanding: we were on course in creating a political consciousness of Europe as a common space. This ‘no’ is a homage to our common anti-capitalist, anti-authoritarian legacy, one that was crushed in this landscape of permanent emergency and market rule.

This is when we start re-imagining our cross-border commonalities and interests, this is when we expose our enemies within and beyond borders for what they are, this is when we bring down the facade of the market and national unity. And it all starts with this ‘no’.