Terrorismo é a palavra que justifica todas as exceções dos estados modernos, criminaliza populações e demoniza idéias partindo do ponto que o estado e sua forma de existir são naturais e moralmente irretocáveis, como monarquias na idade média.
A conservação do estado, sua forma de ser, sua justiça e sua autoridade autodeclarada precisa controlar e punir os fluxos contrários. Criminaliza para negar e esvaziar qualquer política independente de um jogo de poderes estabelecidos e anti-populares. De acordo com o estado, o terrorismo é algo carregado de “ideologia”, pois não existe maior “terrorismo” que o sonho de transformação.
Abaixo desse guarda-chuva de terrorismo estão fascistas como o ISIS, Al-Qaeda e suas práticas deploráveis em todos os sentidos, mas também uma origem comum no coração, no dinheiro e nas armas dos próprios países que contra eles promovem sua “guerra ao terror”.
A palavra Curdistão pode ser remetida à palavra suméria kurti que, há milhares de anos, significava algo parecido com “povo da montanha”. Desde então, a luta dos curdos pela sua existência atravessou um longo caminho até os dias atuais, quando vemos circulando pelo mundo imagens de mulheres curdas lutando nas montanhas com seus sorrisos e armas que se tornaram símbolos de resistência. Podemos dizer que a grande repercussão dessa luta hoje (assim como sua força e beleza) está ligada, dentre outros fatores, ao seu aspecto libertário. Diferente de uma ideia comum relacionada às lutas dos povos minoritários, o movimento de libertação curdo não busca construir um novo Estado. Atravessando a questão étnica, mas indo além dessa, o movimento apresenta uma proposta, que está sendo experimentada nos territórios liberados, de ruptura radical com a modernidade capitalista: o Confederalismo Democrático.
ATUALMENTE, O POVO CURDO É UM DOS MAIORES POVOS SEM ESTADO, COM CERCA DE 30 MILHÕES DE PESSOAS CONCENTRADAS, PRINCIPALMENTE, NA REGIÃO DO CURDISTÃO, QUE ABRANGE UMA PARCELA TERRITORIAL DOS ESTADOS DA SÍRIA, IRAQUE, TURQUIA E IRÃ, COM QUEM MUITOS GRUPOS ESTÃO EM CONFLITO HÁ DÉCADAS.
Lá no seu íntimo, você sabe que abortar não é legal. Bem ali no seu íntimo, você sente que ser mãe é natural, é o seu destino ou o destino dela, e você ama o destino. No fundo do teu peito, mora um músculo que se aperta ao pensar na cena: pernas abertas e algum sangue a escorrer. Abortar é quebrar um contrato com Deus, é ter o diabo como advogado e um homem com poder de juiz. Seu íntimo ainda cochicha sobre a irresponsabilidade dela, que não se cuidou, que não pensou duas vezes. Ele se divide entre condenar por ignorância quem não se informou e tomou o remédio errado, por burrice quem confiou demais nos métodos contraceptivos, por vadiagem a quem se rende ao tesão descuidado, de merecedora que provocou com a saia encurtada. Toda vida é uma dádiva. E toda vida perdida é uma dívida.
Nosso íntimo é um ser em eterna gestação. Grávido dos valores e das certezas que encafifamos pelo caminho. Gosto da palavra encafifar. Aos meus ouvidos, ela chega como uma ilustração dessa coisa que é ser fruto das ideias que o mundo dá pra gente, mas do jeito que a gente mesmo consegue processá-las. O seu íntimo, o meu íntimo, é o fruto desse movimento. E desde de que seu íntimo é íntimo, que te mostram fotografias de outros fetos, semelhantes fisicamente ao bicho gente, dizendo que abortar é matar um ser pronto, um ser feito, um ser vivo. Antes de você saber que tinha ideias, já as colocavam dentro de você. E não consigo pensar em nada mais natural do que isso, além da própria possibilidade de refazer essas ideias, rever aquilo que eu quero em mim e o que eu não quero.
Hoje você (e o seu íntimo) é a favor do transplante. Na verdade, transplante é uma coisa que você nem pensa ser contra ou a favor. Transplante é uma necessidade que se apresenta, uma demanda da vida, uma política a ser melhorada, um objeto de estudo, mas não é algo a ser contra ou a favor. Só que nem sempre o transplante foi natural. Criaram a técnica, treinaram e aprimoraram as ferramentas, mas faltava decretar a morte, a ausência da vida. Era necessária uma legislação (apoio e adesão popular também, claro) que determinasse quando um coração poderia ser retirado de um corpo, sem que o matasse. Nesse momento, nasce a morte. Dar a luz à morte, exigiu a matança de muitos íntimos, tão justos e tão certos quantos esses nossos, para fazer viver outros seres, tão cheios de íntimo quanto nós. O que fizemos, humanidade, foi estabelecer que o corpo morre quando tais funções acabam, ainda que outras estejam muito bem obrigada. Legalizar o transplante de órgãos foi determinar onde a vida acaba. Legalizar o aborto será determinar quando a vida começa.
Minhas ressalvas: a carta em si já é uma excelente iniciativa, já que muito raramente organizações anarquistas reconhecem publicamente atos de machismo.
Porém o que incomoda bastante é a sensação de que a carta foi lançada somente para colocar panos quentes.
O texto fala de “casos” de agressões machistas mas não especifica em nenhum momento o que motivou a escrita do mesmo. Tampouco expõe os agressores machistas, deixando-nos a duvidar do tipo de tratamento que foi dado a essas agressões (não se fala de método prático algum para lidar com essas denúncias).
Outra questão, talvez a mais pertinente é: quem escreveu essa carta? Foi um coletivo de mulheres formado por membrxs de organizações integrantes da CAB? Uma comissão formada para isso? Isso não está nada claro.
Tendo em vista o peso do lugar de fala, como mulher anarcafeminista, considero de extrema importância que esta carta fosse escrita por quem de fato viveu essas agressões para esperar o mínimo de contundência no tratamento dessas denúncias e uma real desconstrução de atitudes machistas no seio da CAB.
ABAIXO A LEI ANTITERRORISMO | O povo quer liberdade e direitos sociais!
O Congresso Nacional, instância maior do Estado dos ricos e inimigos do povo, aprovou ontem (24/03) a famigerada Lei Antiterrorismo, que agora segue para sanção da presidente Dilma (PT-PMDB). Essa Lei antipovo estava em discussão no ano de 2014 e agora, vésperas de Olimpíadas, é aprovada em regime de urgência. Vale ressaltar que foi aprovada anteriormente pela Câmara dos Deputados por 50 deputados do PT (dos 54), em conluio com a oposição burguesa (PSDB, DEM, etc.).
A lei tem claro intuito de enquadrar as lutas populares como ações terroristas e aumentar a repressão aos movimentos autônoma da classe trabalhadora, ou seja, tornar lei o que já ocorria de fato. A lei não faz qualquer distinção sobre as motivações que levaram a ações violentas por parte do povo. O objetivo do Estado é criminalizar e punir, e em meio ao ajuste fiscal impedir que o povo possa exercer pressão real sobre as classes dominantes.
A aprovação da lei antiterrorismo em meio ao oportunismo eleitoreiro da disputa “Fora Dilma X Fica Dilma”, deixa claro que são dois lados da mesma moeda. Os governistas criam uma ilusão de democracia na qual só se beneficiam suas burocracias sindicais e partidárias, pois aceitaram ajoelhar-se frente aos empresários, latifundiários e torturadores de ontem e de hoje. Eis a “democracia” que os oportunistas nos chamam a defender! O que estamos vivendo é o avanço do Estado militarismo, é a política da contra-revolução aplicada pelo governo do PT-PMDB-PCdoB. Nós, trabalhadores e revolucionários, dizemos: Organizemos a resistência contra a repressão, criminalização e contra a retirada de direitos do povo trabalhador!
Nenhuma lei poderá deter a revolta popular!
O povo sabe que o único terrorista existente no Brasil é o Estado brasileiro!