(Campanha) Colabore com a Editora Punho Cerrado na Publicação do Livro “Pedagogia da Desmularização”

Colabore com a editora artesanal Punho Cerrado para a publicação do livro Pedagogia da Desmularização através do site da Catarse (basta clicar no link). Dependendo da colaboração, a pessoa irá receber da editora não só o livro, como também outros produtos do coletivo, como stickers e lambe-lambes. Abaixo segue o comunicado da campanha.


A editora artesanal punho cerrado é destinada a literatura libertária com a confecção de zines, livros artesanais, lambe-lambe , stickers, etc.

O projeto não tem somente como objetivo a publicação do livro Pedagogia Da Desmuralização mas também a arrecadação de fundos para a compra de um impressora “EPson K101” que só com ela se realizará a publicação do mesmo.

O livro:

PEDAGOGIA DA DESMURALIZAÇÃO é um estudo educacional que parte dos princípios da pedagogia libertária e da descolorização, faz uma dura critica ao atual sistema educacional que enjaula indivíduos entre muros visando apenas a manutenção da mão de obra para o grande capital. O livro faz uma comparação da educação prussiana que recebemos hoje com a escola libertária dentro e fora de sala e ainda a educação em uma sociedade utópica. A pedagogia da desmuralização também oferece uma nova ou não tão nova maneira de se aprender baseada nos princípios libertários.

Recompensas

  • livro impresso
  • ebook do livro
  • sticker:

  • lambe-lambe:

Orçamento

  • 13% taxas catarse
  • 72% impressão dos livros /recompensas
  • 15% correios

(Poesia) Poesia em Reflexão ao Genocídio dos Povos Índigenas

Eu não terei “Feliz dia da Criança!”

Sinto muito
Mas não terei “Feliz dia da criança!!!”
Nem terei presente.
Pois o que adianta um brinquedo?
Se não tenho o mais precioso
Para que eu viva minha infância feliz.
A natureza
A paz do meu povo.
O direito de viver.
A cada dia meus irmãos e irmãs morrendo.
Como posso viver?
Roubaram-me tudo que faz uma criança feliz:
– O lar!
Cerca de 500 anos de sequestro do que é nosso:
– O conhecimento
– Vida
– Terras
Agora te pergunto que “Feliz de Criança!?!?”
Vocês são culpados de eu não ter o “feliz dia das crianças”
Pois minha infância é assisti genocídio e suicídio do meu povo.
Um Estado que não se importa com a criança aqui.
Pois me nega o direito de viver desde a barriga da minha mãe!
Enfim não terei o que comemorar neste “Dia das crianças”
Porque se sua felicidade é ter um brinquedo?
Eu seria ter simplesmente minhas terras.
Sim, não seria um presente pois apenas seria uma dívida eterna.
Que nem com todas as terras devolvidas vai reparar
As vidas indígenas que já foram tiradas!!!
As infâncias degradadas e roubadas!!!
Então “EU NÃO TEREI FELIZ DIA DA CRIANÇA”

Por BASTOS, Ramille

“Tão pequena, tão nova e com um olhar que diz tanto.”

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Foto por Marcos Ermínio

(Zapatismo) 12 de Outubro: Dia da Resistência Indígena nas Américas

Em 12 de Outubro de 1992, no âmbito dos 500 anos da invasão espanhola, os Zapatistas (então invisíveis) derrubaram a estátua do conquistador o capitão Diego de Mazariegos em São Cristobal de las Casas – Chiapas.

Não se consegue distinguir se é um homem ou uma mulher. Preferimos pensar que é uma mulher, o que aumenta ainda mais o evento que vamos narrar: Uma mulher indígena chiapaneca empurra a estátua do capitão espanhol Diego de Marariegos. Olha para baixo, mas não esconde a sua satisfação. Morena, de boné, botas de trabalho e segurando um martelo, com sua força recém recuperada, a mulher derruba com um gesto 500 anos um peso de metal que simboliza a “conquista”.

12115872_966739356701090_8970424504231000906_nDebaixo do lugar onde se encontra a estátua, outros indígenas esperavam a derrubada para desmembra-la e quebrar todos os pedaços de Mazariegos para então poder andar pela cidade antes vedada a eles.

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Esta fotografia é tão palpável registro da rebelião que nasceu nas montanhas, córregos e riachos do sudeste do México em meados dos anos 80 e início dos 90. Aquele rosto, inclinado para baixo e alegre, talvez iria cobrir-se dois anos mais tarde com um “pasamontañas” ou bandana. Em vez de um martelo, a menina iria segurar um rifle e viria a ocupar, um pouco mais de uma ano mais tarde (1 de janeiro 1994), a cidade de San Cristobal de las Casas no México, que então viria a estar agora dentro das fileiras do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN ).

Outras fotos nessa marcha do “Dia da Raça” em 1992 mostram centenas de homens e mulheres, bem treinados, muito felizes, segurando abertamente cartazes como:

                            “Hoje cumpre 500 anos de roubo, morte e destruição do povo indígena.”

                                                           “12 de outubro, dia da desgraça.”

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(Texto) Pois as crianças são as verdadeiras anarquistas

Sempre que faço uma nova amizade com alguma criança lembrar da minha própria infância torna-se inevitável. Tais recordações trazem um amálgama de amor e dor. Amor pela felicidade latente manifesta nas memórias, seja do pensar, seja do álbum de fotos; dor por ter tido essa alegria usurpada de mim.

Explico. Para quem não me conhece, eu sou gago. Como já expliquei em outro texto, tal gagueira, quando criança, não me era impeditiva. A fala não era um problema, nem para mim, nem para meus e minhas colegas. A convivência era leve e doce, a cooperação e o coletivismo presente nos espaços que circulei foram cruciais para que eu pudesse me sentir parte integrante dos grupos, como qualquer outra criança, independente das heterogeneidades existentes.

Contudo, conforme as crianças cresceram, conforme elas foram sendo sociabilizadas nas escolas, nas famílias, nessa monstruosidade que chamamos de sociedade, a coletividade deu espaço para o conflito, para a competição, para uma busca implacável por status e poder onde os indivíduos que não se encaixavam nos padrões ideais vigentes, como eu, acabavam sendo marginalizados, sofrendo, assim, com a humilhação cotidiana.

Pois a gagueira (e as dificuldades comunicacionais), ao invés de uma patologia individual como a fonoaudiologia tenta nos convencer, é antes resultado de discriminação social, fruto do capacitismo (mais sobre gagueira e capacitismo, aqui).

Antes dos 12, não existia depressão, antidepressivos, deboches, terapias, vergonha, inferioridade e tantas outras coisas que me dói o corpo ao tentar lembrar. O choro, hoje convulsivo, era só de manha; a gagueira não me impedia de usufruir a plenitude do meu ser, do meu existir.

Claro que, tirando o capacitismo, eu gozava de diferentes privilégios que garantiram tal contexto. Sei muito bem que a minha boa sorte desfrutada é diariamente negada a crianças negras, pobres, deficientes, entre tantas outras. Mas ainda acredito, talvez ingenuamente, que é necessário olhar para as infâncias, hoje componentes de nosso passado, se queremos construir um futuro mais justo.

Sem querer cair em um determinismo teológico, como alguns teóricos anarquistas defendiam ao afirmar que o apoio mútuo (e a anarquia) é uma tendência natural dos seres vivos, creio sim que o humano possua um potencial para a cooperação não explorado com o qual podemos esperançar por mundos mais livres – e é por isso que luto.

Eu luto para que esse potencial não seja transformado em individualismos tão cruciais para a manutenção da dominação e do capitalismo, eu luto pela que a memória do passado não seja uma refugiada do presente, eu luto pelas crianças ainda vindouras. Pois nós, pessoas adultas, ao nos fazer enquanto crescidos, fomos domesticados e, consequentemente, já estamos há tempos perdidos. Mas as crianças, elas sim, contém uma semente de rebeldia que torna possível sonhar por um mundo onde caiba vários mundos.

Pois, como dito em muros alheios, as crianças são as verdadeiras anarquistas.

Feliz dia das crianças.

Por Gustavo Fernandes

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(Bahia) Sem Terra sofre despejo violento na Chapada Diamantina

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Cerca de 180 famílias foram surpreendidas com um despejo violento realizado nesta quarta-feira (7), nos acampamentos Olga Benário e Bom Jardim, localizados no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina.

O despejo aconteceu simultaneamente nos acampamentos. A polícia usou uma pá carregadeira e um trator que passou por cima dos barracos e pertences das famílias.

Comandado pelo capitão Gomes Junior, a polícia civil e o comando especial de proteção aos biomas e Caatinga, chegaram nos acampamentos com uma liminar de despejo “sem nenhum cuidado e respeito com as famílias”, denunciaram os trabalhadores.

Para a direção estadual do MST, a forma como a ação foi conduzida representa um retrocesso na luta pela terra no estado.

“Nós não podemos remeter a luta da classe trabalhadora a este método desumano provocado pelo estado brasileiro que possui a burguesia como centro e a defesa da propriedade privada como espaço de acumulo de riqueza. Continuaremos em luta desconstruindo esta lógica de dominação e rompendo as cercas do latifúndio”, enfatiza a direção.

Estes dois despejos se somam a mais dois realizados no mês passado nos acampamentos 25 de Julho e Capitão Lamarca, ambos na mesma região.

A maioria das famílias estão desabrigadas às margens da ‘Estrada do Feijão’, que liga os municípios de Feira de Santana a Irecê.

Em repudio as ações truculentas e desumanas, os trabalhadores criaram um documento denunciando a violência praticada pela polícia.

Via Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra