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(México) A solidariedade de Mazateca, Oaxaquenha, Mexicana e Internacional

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Primeiro Comunicado do CSPPE  (27 de abril de 2016)

Recebido por e-mail

Eloxochitlán de Flores Magón, é um município localizado nas montanhas da Sierra Madre Ocidental em Oaxaca, México, com população de aproximadamente 7000 pessoas, divididas em 18 bairros. Fazemos parte do povo de língua mazateca. Nos organizamos tradicionalmente em nossa Assembleia Comunitária, tanto para as decisões que se tomam através de discussões e acordos, como para a eleição de nossos cargos locais.

Nas últimas duas décadas, as mulheres e @s jovens são parte importante da construção e fortalecimento da Assembleia Comunitária. Existe entre nós trabalhos comunitários que não tem outra forma de pagamento que a a satisfação de compartilhar e coletivizar, baseando-nos na reciprocidade, na limpeza dos caminhos, no cultivo do milho, na construção de uma casa ou sua reparação, ou na organização das diferentes festas locais, entre outras solidariedades e ações comunitárias.

Nosso povo é rico em recursos naturais, água, bosque, terras… E estes são os bens comunitários que os Caciques locais junto com suas famílias, empregados e mercenários armados estão roubando,contando com a ativa colaboração policial proporcionada pelos Partidos políticos em conluio com o Governo atual de Oaxaca, e também com a cumplicidade comprada e interessada politicamente das diversas burocracias judiciais tanto nas comarcas como regionais.

Nossa luta é pela defesa do território Comunitário e pela Defesa de nosso Sistema Tradicional Comunitário, Assembleario com Democracia Direta e para que os partidos políticos não consigam se estabelecer em nossas comunidades…não ser dividido e corrompidos. Os Caciques, apoiados pelos partidos políticos, já geraram conflitos muito graves e diversos enfrentamentos violentos, contratando paramilitares para agredir e castigar muitas pessoas da Comunidade. Também conseguiram que o Exército Mexicano tenha registrado e batido casas, domicílios, e pessoas e nos bairros mais organizados.

Após todas estas agressões, os Caciques e Partidos instalaram suas próprias empresas familiares para extrair e roubar pedra, cascalho e areia dos rios da Comunidade. Depois da prisão de 12 membros das Assembleias Comunitárias, há 18 meses, por oporem-se firmemente a essa espoliação de nossa terra e por resistir ao luxo de violência e repressão local(mercenários),regional (polícia do governo de Oaxaca) e estatal (Exército Mexicano), e após o poder judicial corrupto emitir aproximadamente umas 50 Ordens de Detenção contra mais pessoas da Assembleia Comunitária, muitas famílias tiveram que se deslocar fugindo de mercenários armados, policiais estatais e ocasionalmente do Exército Mexicano. Não é delito e sim dever para conosco, nossos antepassados e com a humanidade, como comunidade Índia e Livre, defender a Terra e Autogovernos de forma Assemblearia, Solidária e Autogestiva, Autônoma.Exigimos e lutamos por:

   –  Liberdade para todos os nossos 12 presos e presas!!
–  O Fim da Perseguição Judicial aos integrantes das Assembleias Comunitárias!
–  Fora Paramilitares e Policias Estatais de nosso Território Comunitário!

Por um Eloxochitlan e um Povo Mazateco Livre e Autônomo. Por uma Oaxaca Autogestiva e Solidaria. VIVA TERRA E LIBERDADE! COMITÊ DE SOLIDARIEDADE COM OS PRES@S e PERSEGUID@S de ELOXOCHITLAN CSPPE (Email: solidaridadelox@gmail.com).

Traduzido por K

(Artigo) A política munduruku – consenso, alianças e integração com a natureza

Jairo Saw durante assembleia dos Munduruku no médio Tapajos

Publicado originalmente por Repórter Brasil

Com forte tradição guerreira, índios se organizam e fazem alianças para enfrentar o governo brasileiro. Eles querem barrar as hidrelétricas que podem alagar suas terras no rio Tapajós.

Microfone na mão, tronco desenhado com traços pretos e um cocar de penas vermelhas na cabeça, o cacique Juarez Saw discursa: “O governo tá chegando aqui para acabar com tudo: o indígena, a floresta e o rio”. Às margens das bucólicas corredeiras do rio Tapajós, no Pará, 230 índios munduruku se reuniram para discutir a resistência ao projeto do governo federal, que planeja construir até sete hidrelétricas na região. A maior delas, a usina de São Luiz do Tapajós, teria potência máxima de 8.040 megawatts e deve alagar mais de 70.000 hectares de floresta. As águas devem deixar áreas munduruku submersas, entre elas a aldeia Dace Watpu, onde a assembleia foi realizada.

“Eles querem acabar com a história munduruku, mas nós não vamos deixar”. A cada frase entoada pelo cacique, os 230 índios ao seu redor gritam “Sawé!”, expressão que mistura saudação com grito de guerra.

O mesmo grito foi entoado no início de dezembro, em Paris, durante a COP-21, conferência sobre mudanças climáticas das Nações Unidas. Dessa vez, a voz ao microfone era da indígena Maria Leusa Kaba Munduruku, que foi à França receber o Prêmio Equador. Concedido pela ONU, o prêmio reconhece o protagonismo do seu povo contra as usinas como uma ação de “sucesso proeminente na promoção de soluções sustentáveis”. Não é a primeira vez que a organização munduruku chama a atenção da comunidade internacional, a resistência dos indígenas já foi retratada pelos jornais Guardian, Washington Post, Aljazeera e BBC.

Em Paris para receber o Prêmio Equador, da ONU, as lideranças munduruku participam de evento que reuniu outras lideranças ambientais importantes do Brasil e do mundo

No Pará ou em Paris, o elemento que fortalece o grupo é sua habilidade para fazer política. Os indígenas sabem costurar parcerias, manter aliados e têm líderes dedicados a estudar os seus direitos no Brasil e os mecanismos internacionais que podem ser usados em sua defesa.

A capacidade de organização e estratégia está alicerçada em sua própria tradição. Durante a assembleia, fica claro que a experiência em debates políticos é anterior à chegada das usinas. Os índios munduruku tem um rito próprio, que lembra um modelo de democracia participativa. Durante as reuniões, qualquer um pode falar – homem, mulher, jovem ou idoso –, pelo tempo que desejar. Todas as decisões têm que sair por consenso, não importando o tempo que isso tome. Nos quatro dias do evento, as reuniões se estenderam das primeiras horas da manhã até o sol se por. Para dar sustento, corria entre os participantes uma cuia com farinha e água, que era sorvida aos goles.

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(Chile) Felipe Durán – preso por denunciar violência contra mapuches

FELIPE DURÁN, FOTÓGRAFO CHILENO ESTÁ PRESO HÁ MAIS DE 200 DIAS POR USAR SUA CÂMERA PARA DENUNCIAR AS VIOLÊNCIAS CONTRA COMUNIDADES MAPUCHES NO SUL DO CHILE

Publicado originalmente no Mídia Coletiva

Felipe Durán é um fotógrafo nascido na comuna de Cañete, cidade situada na província de Arauco, Região de Bío-Bío, sul do Chile – Felipe retratou distintos processos da nação mapuche no últimos anos. Marchas, ocupações de terras, repressões, organização de eventos, cerimônias, e fotografou como poucos os verdadeiros impactos do conflito que se vive na região.

Felipe foi detido em companhia de um comunero chamado Cristian Levinao, que se encontrava em clandestinidade despois de ter sido julgado na lei antiterrorismo que criminaliza diretamente Mapuches que estão tomando terras ancestrais das mãos dos latifundiários de Araucanía, principalmente. A polícia alega ter encontrado armas e explosivos em posse deles. Fato que sabemos consta de uma série de ‘montagens’ – flagrantes forjados pelos carabineiros – para criminalizar os que lutam pela autonomía dos movimentos mapuches no sul do Chile.

Felipe segue em prisão preventiva no Centro de Cumprimento Penitenciário da cidade de Temuco. No dia 23 será realizada uma marcha plurinacional da Rede de Defesa pelas Águas e Territórios, e está coordenada por diversas comunidades mapuches e não-mapuches, que dentre outras ações vai fazer um ato na porta do presídio onde Felipe e outros presos se encontram. Leia mais no MapuExpress e acompanhe as transmissões em cadeia de rádios livres que serão realizadas pela comissão de cobertura da marcha e diversos meios independentes.

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Leia esse post do MapuExpress sobre sua prisão e veja algumas fotos de Felipe Durán aqui.

COLETIVOS DE MÍDIA INDEPENDENTE LATINOS ASSINARAM UM MANIFESTO EM APOIO A NAÇÃO MAPUCHE E REPUDIANDO A PRISÃO PREVENTIVA DE FELIPE DURÁN

Nós, comunicadores populares de meios independentes declaramos nossa solidariedade ao fotógrafo chileno Felipe Durán, preso preventivamente no presídio de Temuco por mais de 200 dias, e reafirmamos nosso respeito as comunidades mapuches que resistem ao avanço da criminalização de sua cultura e organização comunitária no território de Wallmapu.

Felipe foi preso por carabineiros em Temuco no dia 22 de setembro de 2015, devido sua colaboração e compromisso política com a luta das comunidades mapuches que estão em risco. Sua câmera esteve a serviço da denúncia das violações de direitos humanos que sofrem os mapuches no sul do Chile, e por isso se converteu ele mesmo em alvo da repressão dos governos.

O governo chileno é funcional e obedece aos interesses das empresas transnacionais na região, e por isso é responsável direto pelos crimes que estão violando os direitos das comunidades indígenas.

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Assim como Felipe, diversos mapuches estão sendo processados pela justiça chilena em um contexto de montagens (flagrantes forjados), que vem realizando o governo contra os indígenas na região. Diversas machis, que são as curandeiras mapuches, também estão presas e processadas com provas falsas da polícia. Outros sofreram atentados contra suas vidas, com o objetivo de silenciar as lideranças que resistem contra as empresas que exploraram eucalipto e celulose, e que contratam empresas para-militares para realizar sua segurança privada, ameaçando e atentando contra a vida dos habitantes das comunidades.

Repudiamos o terrorismo do Estado contra o povo mapuche e somamos nossos meios independentes para desmoralizar o governo chileno e denunciar suas práticas racistas frente aos povos originários.

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(Bahia) Liberdade para o Cacique Babau!

CACIQUE BABAU É SEQUESTRADO PELA PM APÓS CONFLITO CONTRA A MINERAÇÂO NA TERRA INDÍGENA TUPINAMBÁ GRAVATÁ NO SUL DA BAHIA

Por Aldeia Rexiste

O Líder político e espiritual do povo Tupinambá do sul da Bahia Babau Tupinambá, e seu irmão, Teity Tupinambá, denominados em cartório de registro como respectivamente Rosiveldo Ferreira da Silva e José Aelson, foram presos por uma guarnição da 69a. Cia de Polícia Militar-PM da Bahia, do governo Ruy Costa (PT).

Presos de forma ilegal, e conduzidos até a Polícia Federal na cidade de Ilhéus. A prisão aconteceu no processo de rexistência à exploração de areia da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, já reconhecida pelo governo federal. Em “operação” ilegal e violenta do Estado-PM em proteção à empresa mineradora, para garantir a extração de areia da TI. Também por este fim, a PM tenta afastar Babau da Região Tupinambá da Serra do Padeiro e de Olivença.

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