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(AUSTERIDADE) Chamada para a luta contra a austeridade no Rio de Janeiro – Cinelândia 24 Junho às 18h

O Movimento Libertário Anti-Austeridade convida a todas e todos para uma roda de conversa na Cinelândia, próxima sexta-feira – 24 de junho às 18h. A proposta é discutirmos os efeitos da austeridade fiscal no Rio de Janeiro e construirmos, nas ruas, uma jornada de lutas que trave as imposições econômicas e políticas feitas contra os trabalhadores e trabalhadoras!

Hoje, 17 de Junho, três anos após a revolta da Alerj, fomos apresentados ao decreto de Calamidade Pública no Estado do Rio. Essa ação apenas ressalta a incapacidade dos administradores do poder público (legislativo, executivo e judiciário) frente uma crise que nunca foi nossa! Afinal, o Estado não está passando por uma crise: o Estado e seus vínculos corruptos com o dinheiro de empresas privadas são a crise!

Cabe a nós, trabalhadores e trabalhadoras, escolhermos qual caminho devemos seguir: o da resignação frente o assalto contra nossos direitos e nossos recursos ou a luta real (e não apenas imagética) contra o governo e as esferas de poder corruptas que hoje (e sempre!) nos escravizaram!

Não pague a conta! Estaremos sempre na rua!

Link: Chamada para a luta contra a austeridade no Rio de Janeiro

Manifesto: Manifesto Movimento Libertário Anti Austeridade

Evento Cinelândia 24/06 às 18h: Roda de Conversa sobre Austeridade no RJ

Movimento Libertário Anti  Austeridade

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(PENSAMENTO) Não sou pelo: “Fora todos”. Sou mais o: “Dentro Todos”.

Não acredito nos gulags, nos campos de reeducação e nos tribunais. Não acho que as praticas do confinamento, do assédio e da coerção sejam válidas para criar uma nova sociedade. Sou cético no que diz respeito ao valor terapêutico dos castigos, e, na mesma medida, acho os prêmios, os privilégios e as honrarias caminhos perigosos para se estimular as virtudes.

O próprio Bakunin, insuspeito pela sua biografia, e, antes dele, Proudhon, já denunciavam os limites de uma democracia mediada pela guilhotina. Para eles uma revolução deveria sustentar-se na indignação e não no ressentimento. A revolução deveria, antes de tudo, anunciar-se por práticas generosas e societárias. Não ao contrário.

Dessa forma, prescrever castigos para os governantes, antes mesmo de envidar esforços no sentido da obra construtiva da revolução é, sem dúvida, tentar prepara o novo reforçando velhas ideias. É tentar criar uma outra forma de relação, usando para tal, as mesmas velhas ferramentas.

Vale insistir aqui, que a lógica do “Fora Todos” é tributária da perspectiva liberal burguesa, é filha da superstição do Estado e subsidiária da dimensão patriótica do chamado “bem comum”. É, portanto, uma abstração. Uma leviandade alçada a discurso de primeira grandeza pelo oportunismo eleitoral. Com algum apelo nos discursos epidérmicos da política vulgar, o slogan expressa a ideia simplória, segundo a qual: “Pior do que está, não pode ficar”.

No meu caso, eu defendo o “Dentro Todos”. Defendo a autoinstituição dos produtores, da classe trabalhadora, do chamado povo, na perspectiva de Proudhon. A Democracia é coisa tão séria que não poderia estar a cargo de políticos. Ela é principio fundante da relação entre os que realizam e são, simultaneamente, responsáveis pela recriação de tudo, em favor de todos. É necessariamente obra coletiva.

Em sendo realização das massas, a Democracia só reconhece o que deriva do seu próprio movimento. Toda e qualquer outra forma de representação inspira desconfiança e mesmo desprezo. Não raro, as massas observam o que não lhes parece genuíno, com profunda indiferença. Não atribuem a essas instituições, qualquer mérito.

Os que entendem a política, fora desse processo criativo, costumam diagnosticar nas massas sua inapetência ou mesmo incapacidade para a política. Um tipo de atavismo, de substância constitutiva, de atrofia congenitamente adquirida.

Assim pensando, o chamado ao “Fora Todos”, implicaria no seu correspondente sequencial, o das “Eleições Já”. Uma sequencia previsível e não menos atrelada aos valores diametralmente opostos aos da Democracia Popular. Um déjà vu performático, completamente domesticado pela perspectiva que mantêm os privilégios do sistema liberal burguês. Um que se mantêm vivo através, dentre outras coisas, da pratica alienada do sufrágio.

Sou pelo “Dentro Todos”, na tradição democrática operária, comunalista, autogestionária e federativa. Na única forma possível de fugir ao binarismo criado e recriado pela política do espetáculo, da dimensão embrutecedora do sistema parlamentar burguês.

Por: Caralâmpio Trillas compa da R.I.A e Anarquista.

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(POEMA) Eu sobrevivi – Essa não é uma poesia de amor

Essa não é uma poesia de amor

Boto pra tocar um som primaveril
Pra instigar a esperança sutil
Preservar o sonho infantil
Ei mana, pensa só, eu saia a pouco da puberdade
Nesse mundo mó misoginia, já era suficiente a crueldade
A violência já tinha destruído o que cês chamam de família
Meu corpo já era motivo de assédio nessa correria
Tinha saído do trampo, matei aula pra entorpecer a alma
Tinha uma barato perto de casa, festa pra quem aguentava
Naquele tempo não importava o meio, a transgressão era o fim
Se liga mana, cocaína não tem cheiro de jasmim
Eu ia fundo naquela dança, koé parceiro, pó não é novidade pra mim
Sabe lá que era um salário na mão há mais de dez anos atrás?
Eu achava que o mundo não era metade do que é mesmo capaz
Tinham matado meu pai, levado minha casa e me convencido que eu tava sozinha
Porra, por que eu não fui pra casa com a vizinha?
Durante todo o tempo alguma coisa me dizia pra eu ir embora
Mas eu não levava a sério. Ah, é só uma prosa.
Eu me lembro de querer dançar, havia verde no quintal e precisava extravasar
Me lembro também que chorei num canto, euforia alguma parecia esconder aquele pranto
De repente um apagão.
Um apagão completo até chegar a porta de casa carregada por algum estranho que me dizia pra pedir ajuda.
Eu sentia dor. Sentia toda a dor do mundo de uma vez só, imensa e completa que passava por todo o meu corpo e atingia a alma com golpes violentos que me atiravam no chão.
Eu não tinha a menor idéia do que estava acontecendo.
Eu quebrei a casa toda. Bati nos meus amigos.
Eu desferi socos em mim mesma, onde é que tava esse inimigo?
Eu tomei remédios, desmaiei e morri.
Eu ressuscitei num hospital. Tudo era branco, havia tubos no meu braço e tudo doía como antes.
Eu não acredito que não morri.
As médicas me olhavam como se eu tivesse feito alguma merda, o que será que eu fiz?
Porra, eu não tenho nem dezoito, se minha mãe não me entendia, agora ela me odiaria
Por favor, não chama ninguém, eu já sou emancipada, sei me virar
Aí eu lembro daquele irmão que me carregou, chorou comigo no caminho do corredor
Anos depois mataram ele também, parecia que velório era o destino do meu amor
Durante mais de dez anos foi esse o fim dessa história
Me reconheci como vítima, só que de certa forma eu via glória
Não foi falta de coragem, nem de certeza, nem de estudo
Eu contei pra mim mesma que tinha fugido daquele absurdo
Lutei como sobrevivente, quase foi comigo
Só que tinha alguma coisa errada
E não era qualquer grilo
Ja passava mais de uma década e muitas andanças
Eu tava por mais uma ocupa, vários debates, várias alianças
Foi quando fantasmas tomaram conta de uma noite comum
Eu me perguntei se a culpa não era do rum
Aos prantos eu via as cenas do dia macabro
Não era mentira, tinha acontecido comigo, não era imaginário
Me lembrei de rastejar no chão e sentir no meu corpo um monte de mão
De sentir rasgarem minha calcinha
Mano, eu tava dopada, que força eu tinha?
Minha mente não deixa eu chegar perto demais
Eram só flashs da cara deles, e dos gritos abissais
Não tem jeito, teu organismo te apaga porque não suporta
Ué garota, então tem certeza que você é que não gosta?
Quando eu tropecei fugindo no quintal, pude contar que eles eram sete
Porra maluco, acho que eu não tinha nem dezessete.
Eu sei irmã, que você já achou que tinha consentido
Que deve ser coisa normal mulher ter libido
Mas eu sinto muito, minha amiga
Aquilo não foi coisa natural de qualquer menina
Eu sei irmã, que você achou que a culpa fosse sua
Mas homem algum deveria ter te tocado, mesmo que cê tivesse nua
Eu sei irmã, que você teve muita vergonha
Mas o mundo precisa saber que isso acontece também sem maconha
Só mesmo essa semana eu cogitei ter sido dopada sem perceber
Sabe como é, na minha cabeça eu era a viciada culpada por me entorpecer
No final das contas, não faz diferença
Levei muito tempo pra perceber que essa violência é cultural
Você tem licença se tiver um pau
Cê pode ser boa, recatada, mãe, exemplar
O patriarcado sempre vai te estuprar
Irmã, a culpa não é sua
Tá me ouvindo, irmã?
A culpa não é sua
Hoje eu tomei coragem de dizer
E vou repetir pra cês nunca mais esquecer
Eu sofri um estupro coletivo
Eu sofri um estupro coletivo
EU SOFRI UM ESTUPRO COLETIVO
E não teve nenhuma outra razão senão o fato de eu ser mulher
Eu sou mulher
Eu sofri um estupro coletivo
A culpa é dos estupradores
Eles me estupraram porque eu sou mulher
Eu sofri um estupro coletivo porque eu sou mulher
Eu fui estuprada
Eu sou mulher
Eu sobrevivi
Fui estuprada
E sobrevivi
Eu sou mulher
E sobrevivi
Eu sofri um estupro coletivo
Eu sobrevivi

Poema feito por J. anarquista e amiga da R.I.A

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(Noruega) Vestbredden Vel Vel, em Oslo, uma das ocupações mais antigas da Escandinávia, sob risco de despejo

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O trabalho do coletivo Vestbredden Vel Vel que reside no Hausmannsgate 40 em Oslo está sob ameaça de despejo.

A prefeitura de Oslo está perto de terminar um processo de vendas a longo prazo que, se for aprovado pelo conselho da cidade, o que provavelmente ocorrera, irá resultar na expulsão e demolição da mais velha ocupação existente na Escandinávia.

Páginas da ocupação e do coletivo: www.vestbredden.net & www.hauskvartalet.org.

Leia o comunicado de imprensa do coletivo:

Comunicado de imprensa de Vestbredden

13 de abril de 2016

Sim, não foi bacana.

As políticas requerem dinheiro. Mas quem realmente decide isso, e isso é aceitável?

Um indivíduo não precisa ser um gênio político ou econômico para ver que algo está errado e que as políticas partidárias, em toda a sua simplicidade, apenas desejar auxiliar as forças do mercado, às cutas dos aspectos humanos, ecológicos e culturais.

Com a informação de que a gigante imobiliária Urbanium A/S, tendo Espen Pay como diretor administrativo, possui planos de demolir  Vestbredden se a venda de Hauskvartalet (localizado no bairro Haus) for aprovada pelo conselho municipal de Oslo, está mais do que claro que o conselho político da cidade está dando carta branca parlamentar para o aniquilamento de Vestbredden.

O fato que de que essa informação foi retida e que eles, como políticos “responsáveis”, continuam com suas mentiras inabaláveis, defender uma remoção e demolição de uma coletividade residencial, funcional, ecológico e que também serve como espaço de trabalho, gerenciada pelas pessoas que ali circulam, pode apenas ser visto como um escalamento repressivo onde a elite municipal atua, infelizmente, como principal força motriz.

Espen Pay diz que ele quer criar algo duradouro em Hauskvartalet. Demolir um prédio residencial com 130 anos de história, Barrikaden, um dos mais importantes cenários underground de Oslo, ao mesmo tempo colocar na rua um dos coletivos autogeridos mais antigos da capital, não pode ser chamado de criar alguma coisa, só pode ser chamado de destruição!

Vestbredden se distancia do uso da violência e não irá, sob forma alguma, tomar iniciativa em qualquer ação violenta. Mas nós não temos absolutamente nenhum plano para deixar nossas casas voluntariamente e qualquer forma de poder utilizada para alcançar esse objetivo vai ser reconhecida como mais um ataque a toda a cultura em si.

Que eles conscientemente optaram por irem nessa direção, onde conflito é praticamente inevitável, parece incompreensível e devemos deixar bastante claro que a responsabilidade é total da elite do município pelos efeitos colaterais desse tipo de ação.

É triste ver partidos operários no bolso das grandes corporações, mas nós estamos felizes em ver que o apoio está começando a ganhar forma em contraste a esse ataque.

A comissão financeira irá, no dia 28 de abril, revelar sua posição ao conselho municipal quanto se eles devem vender Hauskvartalet ou não. A votação no conselho irá acontecer, provavelmente, entre 11 de maio e 15 de junho. Se o comitê financeiro escolher seguir a recomendação da prefeitura de vender, nós encorajamos todos os representantes do conselho municipal a estudar profundamente o caso antes de dar o seu “veredicto”.

(Paraná) Massacre de trabalhadores rurais em Quedas do Iguaçu: terrorismo premeditado pelo Estado em favor das Classes Dominantes

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Postado originalmente no Coletivo Quebrando Muros.

A semana passada foi marcada por duros ataques contra a luta dos povos do campo e das florestas. Em Quedas do Iguaçu, cidade do sudoeste do Paraná, Vilmar Bordim e Leomar Bhorbak, dois trabalhadores rurais e militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que estavam numa caminhonete dentro do acampamento Dom Tomás Balduíno, foram assassinados por policiais militares e por capangas da Araupel – empresa madeireira que utiliza milhares de hectares de terras públicas griladas, como reconheceu a própria justiça do Paraná, e que por este motivo não existe qualquer ordem judicial de reintegração de posse. A versão canalha da Polícia Militar, foi que os policiais teriam sido chamados por seguranças da Araupel para combater um incêndio e teriam sido recebidos à bala pelos acampados, e por isso teriam reagido – uma mentira sórdida, que sequer se preocupa em mascarar o fato de que os trabalhadores foram mortos com tiros pelas costas, e nenhum policial sequer foi ferido. Não bastasse tamanha violência, ainda impediram o acesso dos outros acampados ao local do ataque para esconder seus crimes e ajeitar sua “versão” dos fatos.

A morte de Vilmar Bordim e Leomar Bhorbak, é a dura explicitação do massacre sistemático conduzido pelo Estado contra os movimentos sociais, sobretudo nas periferias e no campo, em favor dos interesses dos latifundiários, do agronegócio e das empreiteiras. Em fevereiro deste ano, Pobres Valdiro Chagas de Moura e Enilson Ribeiro dos Santos, militantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Acampamento Paulo Justino em Jaru, RO, foram também brutalmente assassinados por pistoleiros sob as vistas grossas da polícia local. De dezembro do ano passado para cá aconteceram 6 assassinatos e 3 desaparecimentos na região do Vale do Jamari (onde ficam o Paulo Justino e outros acampamentos), transformada pelo latifúndio e o Estado em verdadeiro campo da morte. E isso é uma pequena amostra da brutalidade que usam contra aqueles que lutam por direitos, quando esses afetam os interesses dos de cima.

Ao mesmo tempo, o genocídio contra os povos indígenas segue a pleno vapor, ancorado pelas políticas do Governo Federal, que tem um lado claro: o dos latifundiários e do agronegócio. Na mesma semana em que tombaram os dois companheiros do MST, o Cacique Baubau e seu irmão foram presos em Ilhéus (Bahia), enquanto resistiam a um violento despejo. E não é apenas nas aldeias que a violência aos indígenas tem acontecido: no dia 19 de março, o estudante da UFRGS Nerlei Fidelis foi espancado por estudantes da mesma universidade, pelo simples fato de ser indígena.

Os culpados por mais um massacre, além do governador Beto Richa (PSDB) responsável pela fascista PM-PR, é uma estrutura política muito mais ampla, que só age em favor dos burgueses. O governo Dilma Rousseff (PT) é igualmente responsável por manter a política de concentração de terras e de favorecimento incondicional e sistemático ao agronegócio, à guerra generalizada contra os pobres, à criminalização das lutas dos trabalhadores e do povo. Frente a esse cenário, sabemos que o único caminho é o da resistência e da organização coletiva nos locais de trabalho, estudo e moradia. Que nosso luto seja pelos companheiros assassinados, espancados e privados de uma vida digna, e que nossa solidariedade seja mais que palavra escrita e se estenda a todas e todos que lutam por um mundo mais justo, no campo, nas cidades e nas florestas.