Cerca de 20 mil pessoas no Recôncavo, pretas e pretos quilombolas, marisqueiras e pescadores, estão sendo paulatinamente dizimados pelo que, podemos dizer, é um dos maiores desastres da foz do Rio Paraguaçu: a USINA HIDRELÉTRICA DE PEDRA DO CAVALO, que funciona há mais de 5 anos SEM licenciamento ambiental, SEM garantir condicionantes ou medidas compensatórias às populações tradicionais.
A usina, projetada em detrimento das populações tradicionais, possui mega turbinas que mesmo funcionando à mínima capacidade, jorram uma quantidade absurda de água rio abaixo. Para manter uma vazão média diária de pelo menos de 10 m³/s (determinado pelo Estado), a usina funciona por aproximadamente 3 horas por dia, estrangulando totalmente o Rio Paraguaçu por quase 22 horas.
Por se tratar de um estuário, há uma adaptação das espécies de peixes e mariscos a uma flutuação gradual de salinidade, pois a água doce do rio mistura-se com as águas do mar que sobem a calha do Paraguaçu conforme horários de maré, quantidade de chuvas, etc. Há anos que a usina libera quantidades imensas de água em poucas horas, adocicando todo o estuário, matando toneladas de mariscos que dependem da salinidade, para depois cortar o fluxo de água doce por um longo período, fazendo a maré salgar todo o estuário matando peixes adaptados a águas mais doces.
Milhares de famílias que antes viviam tranquilas com a abundância na pesca, hoje retiram da maré uma mísera renda familiar per capta mensal de R$ 20,00. Esta rotina diária de enxurradas e estrangulamento do Paraguaçu é como um açoite do senhor de engenho que sobe e desce cotidianamente massacrando os modos de vida das populações tradicionais do Recôncavo. Mas os quilombos resistem e reagem! Compartilhe a informação, organize-se conosco, pressione e apoie esta luta! A causa ambiental, disfarçada pela mídia como um problema que assola a toda a humanidade de forma equivalente, possui um cruel e meticuloso corte de classe, racial, étnico… Deguste esse Café amargo e chegue junto!
Por Café Preto