Em tempos de crise política no Brasil, vemos uma intensa polarização no debate que se resume a coxinhas e petralhas, esquerda institucional ou direita liberal/conservadora, golpe ou democracia, poder ou poder(?).
No entanto a realidade mostra que a esmagadora maioria da população não se encaixa em nenhum dos dois lados e está a margem da discussão.
Do favelado que tem mais o que fazer pra botar comida em casa ao taxista classe média, que sequer pode pensar em parar de rodar para fazer política.
Será que não era a hora de colocar a realidade do quadro político em xeque? As instituiçoes estão a beira de um colapso. A presidenta não governa mais, escolhe um investigado em operação da federal para assumir um cargo de ministro, apenas pelo foro privilegiado fugindo assim de um juiz federal tresloucado, que faz o que bem entende.
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O STF acovardado, faz vista grossa aos atos de tal juiz e no entanto se prepara para assumir os holofotes, pois é lá que essa grande palhaçada vai terminar.
Os sindicatos, movimentos sociais e organizações estudantis em sua grande maioria cooptados e com interesses eleitorais.
O senado e a câmara dispensam comentários. Enquanto o pau quebra na dicussão coxinha ou empadinha, aprovam leis que certamente irão provocar um enorme retrocesso para a sociedade em muito pouco tempo. Da não rotulagem de transgênicos a tipificação de terrorismo.
Dito isso, vamos ao que interessa:
Porque num momento como esse não se vê intelectuais, artistas, cientistas políticos ou economistas falando do momento de degradação moral e estrutural por qual passam todas as intituições do país? Porque continuamos alimentando essa palhaçada, como se a representatividade fosse a única saida?
Não é!
Está mais do que na hora de darmos um passo a frente. De incluir a DEMOCRACIA DIRETA nessa discussão.
Chega de representantes, chega de líderes, chega de presidentes e parlamentares.
A saída pra crise não é na economia nem na política institucional. A saída pra crise é auto organização do povo. É dar ao povo o que lhes é de direito: o controle sobre suas próprias vidas.
Mas aí eu me pergunto: Aonde estão os anarquistas? Perdidos em meio a essa polarização e a essa falsa dicotomia política, com certeza.
Onde estão as organizações anarquistas, que num momento como esse se acovardam, com medo de PARECER estar do lado do governo ou da oposição?
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Algumas continuam com seu trabalho de base nas favelas e comunidades, o que é louvável, mas param por aí.
Outras se preocupam mais em fazer “campeonatos” para ver quem leu mais Bakunin e quem leu mais Proudhon, não que a teoria e o debate entre nós seja fator ruim, mas é preciso tencionar o nosso discurso para fora das rodas anarquistas, para a linguagem que o povo entenda, dialogar para fora da zona de conforto anarquista.
Especifistas vs Sintetistas pra mim é exatamente a mesma coisa que Dilma vs Aécio, o anarquismo é plural, tem diversas formas ditas e não ditas, o anarquismo é diferente e é por isso que não se limita e se torna lindo, o anarquismo é simplesmente anarquismo e ponto.
Não é hora de se acovardar. É hora de trazer ao menos a discussão à tona.
Esquecer as diferenças e ridicularizar os três poderes como eles merecem ser ridicularizados. De mostrar que existem soluções para fora da representatividade e que elas não são utopias.
Tencionemos a corda, precisamos dar uma resposta a altura do que está e vem acontecendo e o momento não é de silêncio e sim de marcar posição com a bandeira negra mostrando mais um caminho para o povo sem dizer o que ele tem que fazer e sim dizendo que estamos aqui para contruir juntxs marchando ombro a ombro!
Nós estamos com o povo, pois nós também somos o povo!
Vida longa a anarquia!
Por J.