Tag Archives: ocupação

(Polônia) Entrevista com um ativista do Jardim Ocupado ROD, em Varsóvia, Polônia

Continuamos nossa parceria com a Rádio Anarquista de Berlim a qual está nos rendendo uma série de traduções das entrevistas que a rádio realiza pela Europa e, ocasionalmente, em outros continentes sobre diversas temáticas relacionadas ao movimento libertário mundial. A próxima publicação será sobre a Ocupação Rozbrat, organizada pelo movimento anarquista da cidade polonesa de Posnânia. Agradecemos a oportunidade e seguimos na disseminação dos ideais e informações anarquistas.


 

CarrotA Rádio Anarquista de Berlim teve a oportunidade de falar com um ativista que faz parte de um grupo de pessoas ocupando uma horta urbana em Varsóvia, Polônia. Nesta entrevista, pudemos conhecer um pouco das origens deste projeto que começou na primavera deste ano. A ocupação em si é baseada na iniciativa Reclaim the Fields* na Polônia e que organizou recentemente algumas ações interessantes.

A-Radio Berlin:

Olá, Angel. Estamos sentados aqui em um jardim ocupado em Varsóvia chamado ROD. Obrigado por se mostrar disponível para ser entrevistado pela A-Radio Berlim. Você poderia primeiro falar um pouco sobre as origens do projeto?

Angel:

Sim, claro. Nós nos conhecemos em março deste ano (2015), pela primeira vez, no contexto de uma reunião do Reclaim the Fields aqui em Varsóvia. O plano era ver se havia a possibilidade de ocupar alguma coisa para iniciar um projeto. Então partimos e verificamos alguns locais selecionados, e acabamos terminando aqui, nesse jardim. É uma horta urbana abandonada ou, na verdade, uma parte de um relativamente grande jardim cujos espaços eram alugados para pessoas. Relativamente central, são quinze minutos de bicicleta, e isso é ótimo. Foi assim que tudo começou. Decidimos começar aqui. Em abril as primeiras pessoas se mudaram para cá. Em maio nós nos tornamos cinco. Está crescendo continuamente.

Como você descreveria as trajetórias das pessoas que fundaram o projeto?

Os que realmente começaram o projeto foram Oslar e Baschar, ambos viviam em Syrena na época. Syrena é uma casa ocupada no centro da cidade. Eles iniciaram a coisa toda. Lukasz também se envolveu desde o início. Vieram da cena anarquista de Varsóvia.

Você pode mencionar algumas etapas do projeto, que lhe permitiu tornar-se o que é hoje?

No início tudo parecia muito precário. É importante mencionar que esta parte do jardim foi adquirido por um investidor. Ou seja, ele tinha sido comprado da prefeitura. As pessoas que tinham hortas aqui tinham contratos de locação. Acordos relativamente longos, alguns até mesmo vitalícios. Eles foram basicamente terminados, e seus jardins apropriados. Eles foram expulsos, mais ou menos diretamente. Os mais resistentes deles, que foram os que lutaram por mais tempo contra a saída, suas casas foram parcialmente incendiadas. Essa foi uma imagem bastante extrema, ver um brinquedo queimado em uma casa parcialmente incendiada e assim por diante. E assim a primeira coisa que tínhamos que fazer era simplesmente realizar um mutirão de limpeza para que pudéssemos sequer começar algo. Quase todas as casas dificilmente tinham sido usadas pelos proprietários atuais nos últimos sete anos. Elas foram negligenciadas, algumas pessoas passaram o inverno lá em uma base temporária, e tinha havido uma série de arrombamentos, roubos, depredações. Essa foi a primeira coisa que tivemos de fazer, limpar tudo aquilo de novo.

Então montamos a cozinha como uma sala comum. Todo mundo se apropriou de uma casa, que ele ou ela haviam limpado por conta própria e arrumaram para que pudessem viver. Desde então, desde então nós continuamos a crescer. Quero dizer, algumas pessoas se juntaram a nós. Temos agora 2, 3, 4 pensões, onde os hóspedes podem ficar. Não importa quanto tempo. É muito aberto aqui quanto a esse respeito. Nós encontramos tempo para nos dedicar a coisas comuns. Nós construímos uma casa. Nós construímos uma tenda como um espaço comum e fizemos espaços sociais dessa forma.

Como você descreveu, há um grupo de pessoas que mantêm o projeto. Mas parece que também há pessoas que vêm e participam por um curto período de tempo em projetos menores e, em seguida, desaparecerem. Quantas pessoas estão no centro do projeto? O que você diria sobre isso?

Exatamente. Cinco de nós fundaram o projeto. Nesse meio tempo eu me tornei apenas uma presença temporária aqui. Três outras pessoas se juntaram, que realmente querem fazer parte disso no longo prazo. E então há uma outra pessoa que também é apenas temporária. No entanto, esta pessoa está há seis meses já. E vai ficar por mais alguns meses. Para além disso, há sempre pessoas dos círculos de Syrena ou Przychodnia, que querem sair por um dia ou uma semana ou algo assim. Elas vêm para aproveitar a natureza no meio da cidade, digamos assim.

Vocês estabeleceram os chamados “Dias de Ação” aqui, onde vocês convidam pessoas para vir e ajudarem a levar o projeto adiante. Vocês têm um objetivo específico para estes dias da ação? E por quanto tempo eles vão ocorrer?

 Eles estão quase acabando agora. Nós agora estamos tentando há duas semanas aumentar a aceitação do nosso projeto na área diretamente em torno de nós, neste bairro, através de uma limpeza que estamos fazendo de uma praça em frente aos jardins, o que também foi negligenciada e estava cheia de lixo. Nós cortamos a grama, montamos mesas, cadeiras, lugares para sentar, para criar um espaço de vivência social. Os moradores mais próximos nos disseram que eles tinham há algum tempo atrás perdidos o espaço que tinha em sua vizinhança. Ele foi simplesmente tirado sem compensação. Nós estamos tentando comunicar para as pessoas na área o que estamos planejando aqui. Ou seja, ser um espaço social para o bairro, onde todos podem participar e fazer parte livremente, isso é algo que queremos comunicar. Nós construímos uma pequena casinha com material do lixo que recolhemos aqui e a cobrimos com terra de uma forma bem bacana e também colocamos alguns azulejos que também estavam espalhados na floresta que existe bem em frente a nossa porta, que também é bastante cheia de lixo, algo que nem os moradores do bairro nem nós gostamos. Nós simplesmente tentamos mostrar que queremos fazer algo e somos contra permitir que o investidor, que quer fazer um parque de estacionamento, acabe com a horta.

Isso tem funcionado maravilhosamente, nós podemos ver. Vocês conseguiram fazer algo aqui. No final dos Dias da Ação os convidados, convidadas e pessoas que querem conhecer o projeto estão ansiosas para um concerto que ocorrerá amanhã. Esse é o primeiro concerto no lugar, certo?

Basicamente, sim. Esse será o primeiro concerto oficial nesse espaço. Cinco bandas punk estão chegando.

Esperamos que o lugar ainda esteja de pé depois. [risos]

Sim, o medo é que isso vai sair de controle então, sim. [risos]

Angel, obrigado pela entrevista. Existe alguma coisa que você gostaria de acrescentar?

Sim, claro. Nosso nome e como nos encontrar. É claro que estamos abertos para qualquer pessoa que queira passar por aqui, e elas podem, naturalmente, ficar por mais tempo. Somos chamados ROD, essa é a abreviatura anterior para jardim cívico da cidade. Significa algo como loteamento jardinário. Entretanto, nós não nos chamamos mais de jardim cívico da cidade, mas sim como jardim radical da cidade. Somos relativamente fáceis de encontrar quando você vem para Varsóvia. Nas casas ocupadas de Syrena ou de Przychodnia há uma descrição da rota de como chegar a nós. Ou on-line através da rede do “Reclaim the Fields” você pode encontrar os nossos contatos. Então – passem por aqui.

Ótimo. Então, nós esperamos que o evento amanhã seja um sucesso e gostaríamos de nos despedir.

Obrigado. Se cuidem.


*Reclaim the Fields trata-se uma constelação de pessoas e projetos coletivos dispostos a voltar para a terra e reassumir o controle sobre a produção alimentícia.

O objetivo é criar alternativas para o capitalismo através de pequenas iniciativas cooperativas, coletivas e autônomas, orientadas para suprir demandas reais, colocando em prática a teoria e relacionando a ação prática local com as lutas políticas globais.

reclaim the fields

titom_reclaim_the_fields

(São Paulo) Solidariedade ao Centro de Cultura Social Vila Dalva, iniciativa Anarc@Punk

Saudações Anarc@Punk, companheir@s!

Estamos escrevendo para pedir apoio mútuo e colaboração para nosso novo (velho) projeto que já está em andamento: o CCS – Favela Vila Dalva (Centro Comunitário Favela Vila Dalva) e que já estamos em processo de reforma, pintura e arrumação. Tais ações são necessárias porque o espaço estava totalmente destruído e abandonado por anos.

Nós, da Comuna Aurora Negra, resolvemos reocupar esse espaço, onde funcionava uma creche e o antigo centro comunitário da favela, com o apoio d@s morador@s. Já recebemos algumas doações de materiais e coisas que iremos utilizar no espaço e ajuda nas limpezas e arrumações, que ainda continuam pois ainda há muito a ser feito.

Agora estamos enviando essa carta para vocês que conhecem nossa cominada e história de militância dentro e fora do Movimento Anarquista e Anarc@Punk para pedirmos uma ajuda em dinheiro. Precisamos desse apoio financeiro para arrumar os tetos que são de gesso e que ficou no valor de 1.271,50 (orçamento feito por um mano gesseiro aqui do bairro com valor bem reduzido e camarada!) e para comprar algumas telhas grandes para substituir as que estão em péssimo estado e precisando serem trocadas (9 telhas R$ 250,00 – a colocação ficará por nossa conta). As que derem para tapar com “durepox”, vamos fazer pra economizar! Total: R$ 1.521,50.

Queremos iniciar as atividades no início do mês de Agosto, pois é a data que colocamos como limite para as arrumações (e continuarmos na casa atual da Comuna) e deixar o local habitável e com as mínimas condições de iniciarmos nossas atividades que serão diversas: para crianças, adolescentes e adult@s, juntamente com nossa biblioteca e arquivos com diversos temas: Punk, Anarquista, do universo libertário e outros diversos (livros, jornais, zines, panfletos, revistas, material que já soma mais de 21 anos de história pois se iniciou com a Comuna Goulai Polé em 1994 e está viva até hoje sob nossa responsabilidade). Continuamos com o projeto anarquista e anarc@punk de vivência em comunidade aqui e agora (e não para um futuro distante), solidariedade, apoio mútu@ e autogestão!

Bom, companheir@s. De início, é isso. Temos mais valores em mãos para outros serviços e arrumações, mas esses citados acima são os mais importantes no momento. Os outros estamos fazendo na medida do possível e do impossível também! Logo mais informaremos em uma lista as coisas que já recebemos e fizemos no local, com fotos, valores e tudo mais. Esperamos vocês em breve por aqui para conhecerem nosso espaço! Contamos com o seu apoio!

Segue o número da conta para deposito: Banco Itaú: Agencia 6997 – Conta Corrente: 00383-2 (Doralice David dos Santos), em prol do CCS – Favela Vila Dalva. Se possível, enviar o comprovante de depósito para o seguinte e-mail, pois estamos registrando tudo: comunaauroranegra@krutt.org.

Página do Centro de Cultura Social Vila Dalva nas redes sociais. Iniciativa do Movimento Anarc@Punk de São Paulo (MAP-SP).

COMUNA ANARC@PUNK AURORA NEGRA – MOVIMENTO ANARC@PUNK DE SÃO PAULO (MAP). FAVELA VILA DALVA E COLABORADOR@S. NÃO SOMOS SÓ PALAVRAS… VIVENDO A ANARQUIA!

ria-map2

ria-map