Por: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Diferentemente do que diz o discurso oficial, as incursões policiais em favelas continuam a ser a principal forma de atuação estatal na área da segurança pública no Rio de Janeiro.
Esta forma de atuação costuma se caracterizar pelo imenso aparato utilizado, pelo uso descomunal de armas de guerra, pela produção do conflito armado e por uma série de violações de direitos.
Hoje, uma dessas incursões ocorreu em Acari, favela situada no subúrbio do Rio de Janeiro. Foi realizada pela Polícia Federal, com apoio da Polícia Civil. Deixou 5 mortos. Cinco vidas subtraídas de forma brutal.
Exigimos o imediato esclarecimento destas mortes. Como muito bem demonstrou a Anistia Internacional em relatório divulgado no ano passado, em Acari diversas mortes tratadas pela polícia como “mortes em confronto” e registradas como “auto de resistência” não passaram de execuções sumárias, ou seja, cometidas deliberadamente pelos agentes de segurança.
Essa situação não pode continuar nas favelas cariocas e brasileiras. Queremos andar tranquilamente nas favelas onde nascemos.
CHEGA DE CHACINAS, ESTADO ASSASSINO!
CHEGA DE MORTES NAS FAVELAS!
UM BASTA NA “DEMOCRACIA DAS CHACINAS”
Infelizmente já não são raras as notícias de crianças negras e pobres sendo assassinadas nas favelas e periferias do Rio de Janeiro. Enquanto uma boa parte da esquerda (burocrática ou não) se preocupa em discutir o que é golpe, fazer atos em favor de um governo ou de outro, a população que “nunca parou de militar”, a população negra e pobre, continua sendo morta. Nunca parou de militar pois, em suas vidas cotidianas tem que lutar para sobreviver, para não serem mortas pelos cães do Estado e do capital.
No dia 28/03, mais uma criança foi assassinada. Desta vez em Madureira. A população local em forma de protesto ateou fogo em dois ônibus do BRT e em uma estação, deixando a via interditada por alguns instantes. Como represália, foram brutalmente reprimidos/as pela Polícia Militar.
No dia 06/03, o coletivo favelada de maioria negra Ocupa Alemão realizou sua primeira edição do OcupaRap. A atividade é mais uma das diversas atividades que o coletivo realiza no Complexo do Alemão, conjunto de favela localizadas na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Além de várias apresentações de grupos de Rap locais e de outras favela, o evento também contou com a participação do grupo de apoio e pela liberdade de Rafael Braga, que falou sobre o processo e receberam doações de alimento para a família de Rafael. Vale lembrar que o coletivo Ocupa Alemão dá também um grande e importante apoio para as familiares de Rafael Braga, que moram no Complexo do Alemão, recebendo sempre donativos para ele e para sua família.
O evento aconteceu durante toda a tarde e começo da noite e contou com um fluxo grande de pessoas, tanto da favela quanto de outros locais. Além da campanha contra a prisão de Rafael, o evento teve várias falam contra o genocídio da população negra e também a estreia no Rio de Janeiro do jornal da campanha Reaja ou Será Morta/Morto, intitulado ASSATA SHAKUR!
A comunidade Masterbus nasceu na zona leste de São Paulo em 2014, quando 40 famílias da região ocuparam o terreno que estava vazio há quase 12 anos. Dia 23 de fevereiro de 2016, uma terça-feira, ocorreu a reintegração de posse. Essas fotos foram feitas no domingo, dois dias antes da reintegração, onde o pessoal do Coletivo Ocupa PL e Mídia Nuclear fizeram vários eventos de mobilização pra ajudar a Comunidade. Pra saber a historia toda:
Não teve arrego por parte do Judiciário. Sem entender nada, moradorxs levantam às 6h com a Tropa de Choque dentro da Comunidade.
23 de fevereiro de 2016 às 6e12 da matina, cerca de 10 viaturas, um ônibus e uma base comunitária da PM travam o cruzamento da Avenida Cipriano Rodrigues com a Rua Manoel Ferreira Pires. A ação de remoção já começa prejudicando o cotidiano dos trabalhadorxs da região que tiveram seus trajetos alterados por conta do remanejo das linhas de ônibus que costumam passar pelo local.
Dentro da Comunidade Masterbus o fluxo de pessoas e móveis é intenso. O Choque entra e se posiciona ao lado de um dos prédios onde ficavam algumas galinhas, patos, gansos e outras aves da criação do Sr. Durval (60), um dos moradores mais antigos da Ocupação Masterbus.
O clima de despedida se misturava com a angústia de não saber ao certo para onde ir, eis que com a chegada do Secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, o cenário se transforma. Expectativas ficam sugeridas nos sorrisos de alguns moradores, outros ignoram a presença do engravatado ali e prosseguem com a mudança. O Secretário passou cerca de duas horas ouvindo as demandas da comunidade que não via um político desde a época das eleições, segundo o Vídeo.
Entre pedidos de silêncio e gritos de revolta contra o único representante dos Direitos Humanos presente no local, uma moradora interfere na ouvidoria ambulante e tardia da Prefeitura, “Chega! Preciso tirar minhas coisas, vão me dando licença”, diz a moradora Socorro Gomes, mãe de dois filhos.
Antes de ir embora, Suplicy caminha com parte dxs moradorxs para tentar diálogo com o comandante da ação, Coronel Lucco, sem sucesso ele se despede da comunidade pedindo licença para ir à sua terapia. Desabrigados, sem direito à moradia, muito menos à terapia, os moradorxs voltam às atividades do dia: cuidar do que o Estado não cumpre por elxs. Se organizam para usar o número insuficiente de caminhões da Prefeitura para mudança, fica decidido que a prioridade é das mães autônomas com as crianças, enquanto isso os policiais seguem tomando café com leite e pão com manteiga na base comunitária mas essa foto não deu pra tirar porque imprensa alternativa tem cara de juventude ativista e parece que os milicos não vão curtem muito tirar retrato.
Até a nossa saída do local, por volta das 9h00, não havia nenhum representante do Conselho Tutelar para acompanhar a comunidade que abrigava mais de 400 crianças. Além disso, não houve nenhum tipo de cadastramento dos moradores junto ao Poder Público para os devidos encaminhamentos legais que permeiam uma ação de Reintegração de Posse.
O descaso do Município com a população sem-teto é alarmante, em dois dias ocorreram reintegrações de posse, é bom se familiarizar com o termo gentrificação, parece que ele é tendência em 2016.
O Núcleo Anarquista Guarapuava NAG saúda a recente Ocupação Bela Vista que surgiu no início dessa semana na Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios na cidade de Guarapuava-PR.
A ocupação ocorreu devido às precárias condições em que viviam os moradores do chamado “beco”, região de favelas da vila dos brasileiros. Sem saneamento, sem água e luz, correndo riscos (recentemente houve um incêndio e dez famílias perderam suas casas), havia a possibilidade de contaminação pela dengue e zica vírus, com focos constatados. A situação de calamidade do beco fez com que as famílias tomassem uma atitude independente da burocracia estatal.
A área ocupada abriga mais de 230 famílias com a possibilidade de abrigar muitas outras mais. A prefeitura de Guarapuava entregou a posse de 97 terrenos e de 1 casa há seis anos para 97 famílias. Os moradores estavam esperando a revitalização do local, pois trata-se de uma área urbanizada aos arredores da Cooperativa Agrária Industrial, maior cooperativa de malte da América Latina, gerida por cooperados descendentes de europeus refugiados da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, croatas, húngaros e alemães
Conhecidos como suábios do Danúbio ganharam 22 mil hectares que foram distribuídos de 15 a 30 para cada uma das famílias. O governo brasileiro entregou as terras para que cerca de 500 famílias recomeçassem suas vidas, ganharam a melhor terra, ganharam financiamento junto ao governo brasileiro e apoio internacional do governo europeu para não sofrerem nas terras tupiniquins. De 1945 até hoje, exploram a mão de obra barata dos chamados “brasileiros”, os quais trabalham na cooperativa como chão de fábrica, na construção civil ou nas casas dos suábios, como jardineiros, empregadas domésticas, babás ou nos serviços gerais.
A Luta é por terra! Direito dos brasileiros que estão vivendo em situação de miséria, sem auxílio e sem recursos, seus terrenos medem 9×21, foram medidos pelos próprios moradores que encontram-se acampados em barracos de lona. Uma horta já foi iniciada com o trabalho autônomo dos ocupados, que coletivamente fazem a gestão da ocupação.
Mulheres e homens estão na linha de frente resistindo às ameaças da polícia.
Os representantes do Estado tentam coagir os ocupantes com a promessa de que as 97 casas serão construídas, entretanto, há muito mais pessoas precisando de um terreno. Aos poucos o número de desabrigados aumenta, estão saindo das valetas do beco e vislumbrando horizontes mais dignos nesta terra dita “de todxs”.
PUBLIQUE-SE.
“Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!”