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(Rio de Janeiro) Apoio Urgente para a Vila Autódromo

ALERTA GERAL!

Hoje, a prefeitura do Rio de Janeiro mostrou que não está brincando ao preparar a cidade para as Olimpíadas.

Utilizou contra nós todo tipo de violência, desrespeito. Agiu com imensa covardia. Ela está tentando nos sufocar de todas as formas. Conseguiu imissões na posse para três imóveis e espalhou o terror dizendo que os cumpriria todos de uma vez. Pressão, pressão, pressão. Por todos os lados.

Agora, mais do que nunca, precisamos de TODOS os nossos apoiadores! Quem puder vir HOJE para cá, será importante e necessário! Acionem suas redes e contatos. Toda solidariedade agora é necessária.

Nós vamos ficar!
A prefeitura não vai nos silenciar!
Chega de violação dos nossos direitos!

Por Moradoras/es da Vila Autódromo

(Comunicado) Nota Pública de Repúdio ao Governo da Bahia e seus Lacaios, Cúmplices do Pacto da Morte Negra e do Terrorismo desse Estado Racista de Direito Penal

No dia 03 de novembro de 2015 o Núcleo de Familiares de Vítimas do Estado Racista Brasileiro, da Campanha Reaja, convocou uma audiência pública para tratar dos graves atos de intimidação, terror e morte em comunidades negras de Salvador e do Interior da Bahia, onde atuam os Núcleos Avançados de Luta da Campanha Reaja. Estavam presentes os representantes dos Familiares do Jovem Jakson Costa, morto e esquartejado em Itacaré, representantes de Amargosa, Feira de Santana, Ilhéus, representantes das vítimas da Polícia dos bairros soteropolitanos Fazenda Coutos, Valéria, Engenho Velho de Brotas, Periperi e São Cristovão, além dos familiares das vítimas do massacre do Cabula. Procedemos à protocolização de Convites na Sepromi – Secretaria de Promoção da Igualdade, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – Geraldo Reis, o assessor do Governador, Paulo Cezar Lisboa, o Ministério Público, a Organização Justiça Global e a Defensoria, essas ultimas presentes e solidarias com nossas demandas.

Como demonstração da desatenção, do descaso e da violência institucional do governo e sua incapacidade de dialogar com membros da Campanha Reaja, entre sua maioria Mães e Pais de jovens mortos pela política letal de segurança pública, todos os convocados, se fizeram ausentes, sem qualquer justificativa, demonstrando o total descaso com as vidas negras, respaldando as denúncias que foram colhidas pela Organização Justiça Global e pela Defensoria.

Abuso policial, tortura, desrespeito e criminalização das mulheres, execuções sumárias e extrajudiciais, racismo e terrorismo de servidores públicos de uma administração já largamente confessa em seus abusos contra a maioria da população, porém, que faz uso de seus ardis políticos e da propaganda com auxílio de religiosos, políticos, ativistas e capitães do mato negros que seguem fazendo o jogo do feitor.

Não nos causou espanto, mas revolta! Depararmos-nos com imagens e notícias no dia 04 de abril, com o anúncio de recursos vultosos para o Pacto Pela Vida, programa de segurança que desde o começo, ao contrário do que se imaginou nos círculos de “Igualdade Racial”, tem gerado mais mortes e terror nas comunidades negras.

Utilizando o capital cultural e simbólico dos negros e negras que, historicamente, sempre lutaram contra esse poder colonial da Bahia, o Estado ostenta a presença de líderes negros que continuamente tangenciam as dores e as desgraças que envolvem a comunidade por seus lucros pessoais. O lançamento e anúncio do programa na página da Sepromi foi uma segunda humilhação que o governo impôs aos familiares das vítimas que organizam e comandam a campanha Reaja. Como se isso não bastasse, divulgar fotos de pessoas sorridentes em comoventes místicas com policiais da Rondesp, entre os quais, os citados na ação penal que denunciou a tragédia do Cabula. Agora o governo ignora nossa dor e nosso direito às respostas sobre vários casos apresentados a essas secretarias, desde 2006, e nos impõe esse silêncio que pretende nos matar simbólica e politicamente, ignorando-nos, fingindo que nós não existimos.

O programa Pacto Pela Vida promete recursos para essas ONGs que não se respeitam, para que realizem cursinhos de direitos humanos, fomentem as invenções da moda, aprofundando o sequestro politico do mês da consciência negra. As camisas com o timbre do governo farão caminhadas “chapa branca” enquanto o sangue continua a escorrer nos locais onde moramos, ali mesmo local onde morremos sem que ninguém lamente.

Semelhante às combativas mulheres que lutam contra o terror de demolições e remoções engendradas por ACM Neto – face da mesma moeda de Rui Costa, nós da Reaja estamos nos preparando para ofertar a Rui Costa, num desses jantares e cafés da manhã que ele organizará em novembro, o Troféu Fuzil de Ouro. Com este troféu ele poderá ostentar em suas mãos a responsabilidade pelas mortes de tantas vidas negras e, ainda assim, ter amigos, seguidores e admiradores, entre as quais, pessoas que deveriam lutar contra isso.
Insistimos que essas Secretarias acima citadas , respondam aos chamados das famílias de vitimas e das comunidades atingidas pela violência da policia com seu terrorismo de Estado.

Não queremos mendigar cargo ou emprego , emenda parlamentar ou beneficio para nossos filhos e parentes num carguinho qualquer , queremos que eles respondam porque em 09 anos de incidência da Reaja, nenhuma questão suscitadas por nós foi atendida. encaminhada.

Se antes era a enganação, a conversa interminável e um mar de reunião agora é a desatenção com nossa dor. E as pessoas que se respeitam e que nos apoiam para além das redes sociais, boicotem essas festas de um governo Genocida.

NOVEMBRO NEGRO DE LUTO, NOVEMBRO NEGRO DE LUTA

Originalmente publicado no blog do Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta

novembro negro de luta

(Texto) O Grito de Socorro da Mulher Favelada

Ser mulher favelada

Aproveito esse espaço para falar da mulher favelada, desta que serve e faz a cidade funcionar todos os dias. É esta mulher favelada que muitas das vezes não tem nome, nem sobrenome e não mora em lugar nenhum. Hoje, ela está aqui exigindo o seu direito de ser mulher, de que alguém ouça o seu grito de socorro!

Tal mulher é, em sua maioria, nordestina, negra, indígena, é parte deste povo que está morrendo dia a dia. Digo, dia a dia, porque é sua casa que há mais de cem anos é removida nesta cidade maravilhosa, é o seu filho que há um século está sendo assassinado por causa da criminalização da pobreza. É ela, os seus filhos e seus familiares que não têm e nunca tiveram o direito de estudar, de ter o direito à saúde, ao trabalho digno e até o direito de circular a cidade, a não ser que seja para trabalhar.

Pelo motivo desta mulher morar na favela, ela nem é vista como mulher, como cidadã, ela é apenas “fábrica de produzir marginal”, como disse o ex-governador Sergio Cabral em uma entrevista. A cultura desta mulher, a identidade, a forma dela falar e até as suas roupas são consideradas feias, erradas, são desvalorizadas por toda a sociedade.

Imaginem o que é não ser considerada parte desta cidade apenas por morar na favela? Ter que se defender todos os dias quando você atravessa os muros visíveis e invisíveis da favela? Ter que dizer que você tem cultura sim, que você é parte da cidade e não margem, que você e toda a sua ‘comunidade’ não é criminosa e sim criminalizada, que você e todos os que fazem parte desta tão grande família favelada não é violenta e sim violentada há mais de cem anos.

Lembrando que esta mulher existe! No entanto, ela deve ser ouvida, não mais lavar sangue de seus filhos, não mais chorar e se preocupar com seus filhos a cada vez que a sua favela é invadida por caveirões. Ela merece que o seu filho tenha uma educação de qualidade, ela deve ter um atendimento digno em um hospital público, ela deve ser respeitada na rua, no trabalho, no ônibus, no metrô, em qualquer espaço.

É 2015 e ainda lutamos por direitos básicas porque muitas de nós estão morrendo, sendo violentadas, espancadas, assassinadas apenas pelo fato de sermos mulheres. O Machismo mata, ele sempre matou. É, por isso, que nós mulheres temos que exigir o nosso espaço em qualquer parte da cidade. Tirar o lugar do homem que sempre nos calou, que sempre matou suas companheiras, que não respeita quando a mulher anda na rua, que não ouve quando ela quer gritar e exigir o que é seu!

Esta mulher favelada e todas as outras mulheres vão seguir falando, escrevendo, gritando e exigindo cada dia o seu direito de existir, de andar, de circular a cidade, de viver!

Nós somos parte da cidade, nós existimos!

Por Gizele Martins, jornalista, moradora e comunicadora do Conjunto de Favelas da Maré.

Originalmente publicado aqui.

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(Rio de Janeiro) Relato da Feira da Pretitude, Autonomia Preta!, ocorrida no dia 18 de outubro

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Realizada pelo Fórum de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, a Feira Pretitude Econômica teve a sua primeira edição realizada no Complexo do Alemão no dia 18 de outubro, domingo.

A Feira foi construída a partir da iniciativa de movimentos e coletivos de maioria negra das áreas da saúde, da cultura, da culinária, da educação, da psicologia, do audiovisual, bem como familiares e vítimas do Estado racista Brasileiro.

Também teve como objetivo difundir a cultura de resistência africana e afro-brasileira, impulsionando o consumos de acessórios, músicas, arte, livros entre outros bens materiais e imateriais. Como proposta, parte da renda da Feira é revertido em fundo de apoio às vítimas do Estado.

Contando com a participação de moradores e moradoras do Complexo, a Feira conseguiu atingir o seu objetivo mesmo tendo pouco tempo de divulgação. Todo o processo foi de protagonismo negro, visando fortalecer a autonomia política e financeira dos coletivos e pessoas que participaram.

Estiveram presente na organização o pessoal da Frente de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro e o Ocupa Alemão com apoio da Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta.

A próxima edição será realizada no Vidigal, em dezembro.

Segue algumas fotos da Feira

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(Rio de Janeiro) Relato do Ato Indigne-se Contra os Homicídios de Crianças Negras no Brasil

Ato realizado na Central do Brasil – 10 de Setembro de 2015

Após mais uma morte de um jovem negro e pobre nas favelas do Rio de Janeiro, Cristian Soares, de 12 anos, morto na favela de Manguinhos, cerca de 300 pessoas ocuparam e pararam a Central do Brasil para protestar pelo fim do genocídio da população negra. Mais uma, pois os assassinatos contra a população negra e pobre nunca cessaram. Desde a época das “Grandes Navegações” essa população vem sendo dizimada de várias formas.

No século XXI não é diferente. O Rio de Janeiro e cidades mundo afora reproduzem verdadeiros apartheid sociais, exterminado cotidianamente a população mais pobre e não-branca.

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O ato “Indigne-se contra os homicídios de crianças e adolescentes negros e favelados” começou com uma ocupação de um dos portões principais da Central do Brasil, que no horário havia diversos trabalhadores e trabalhadoras voltando para suas casas, o que de certa maneira, deu uma grande visibilidade às denúncias feitas. O portão e grades da Central foram ocupados por diversos cartazes e faixas denunciando as mortes ocorridas na favelas do Rio de Janeiro, que aumentaram após a instalação das UPPs.

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Após a concentração, uma das ruas adjacentes a Central do Brasil foi ocupada e os/as manifestantes, em sua grande maioria negras e negros e moradoras/os de favela, caminharam até uma das secretarias da prefeitura que se localiza também na Central. Ao pararem em frente a esta foram projetados diversos dizeres nas paredes, permanecendo ocupando durante alguns instantes a rua do centro da cidade.

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Não podemos mais admitir o genocídio da população negra e favelada!
Pelo fim do Capital e de seus lacaios chamados de policiais!
Fora UPPs das favelas já!