(POESIA) Meu nada querido amigo secreto

Não teve décadas de diferença que te interrompesse
Não teve peso na consciência
Não teve quem te fizesse pagar.

Desde então não tem banho que me limpe
Não tem tranca que me proteja
Não tem choro que me descarregue
Não tem abraço que me roube a angústia.

Não tem grito que me esvazie
Não tem remédio que me cure
Não tem cola que me restaure
Não tem piada sobre que não me machuque.

Não tem terapia que me faça esquecer
Não tem “vidrinhos de paz” pro psiquiatra me prescrever
Não tem anestésico pra essa dor
Não tem sonhos que afastem esse pesadelo ou o horror.

Não tem borracha que apague
Não tem ano novo que renove minha memória
Não tem fogo que queime a lembrança
Não tem faca que corte esse pedaço da minha existência
Não tem vento que traga de volta minha inocência.

Não tem passo a frente que me faça superar
Não tem como lembrar sem querer vomitar
Não tem tempo que faça passar.

Não tem filme que me fortaleça
Não tem música que me devolva a calma
Não tem nada que faça com que eu esqueça
Não tem poema que me limpe a alma.

Então NÃO TEM reclamação, crítica ou choro que me faça parar de lutar para que isso nunca mais aconteça.
Com nenhuma mulher.
Não vem com essa,
Nenhuma de nós quer.

Não tem “Bolsomito” que me faça pensar que estou enganada
Eu não mereci
E ne-nhu-ma de nós merece ser violentada.

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De: L.S