Por Rachel Gepp
Depois da entrada das UPP na Babilônia, favela situada no Leme, os moradores começaram a viver um processo acelerado de urbanização e a escutar com frequência sobre a tal gentrificação, mas sem entenderem bem o que é isso.
Gentrificação é a valorização de uma região, através do aumento do custo de vida, afetando as pessoas de baixa renda e dificultando a sua permanência.
Moro no alto do morro da Babilônia, na Vila do Sossego, uma área que ainda tem casas originais do início da ocupação que deu origem à favela. Agora estão chamando aqui de Alto Leme. E essa arquitetura contemporânea em meio à casas de alvenaria, que chama atenção, são meus novos vizinhos!
Mas essa casa não estava aqui antes da “pacificação” e nem estaria. A UPP está justamento ocupando as favelas da zona sul para garantir os melhores espaços da cidade para as pessoas de classe social mais elevada.
Quando a UPP entrou os moradores ficaram proibidos de construir. Mas essa casa não foi impedida de ser erguida, o que levou os moradores a reivindicarem o direito de seguir construindo. Essa casa é uma ilustração perfeita da gentrificação. Da reestruturação pretendida para os espaços urbanos, substituindo antigas residências e enobrecendo bairros populares.
Esse é o caráter excludente e desigual da urbanização das favelas, que alimenta a militarização e já está criando uma grande pressão nos moradores devido ao controle da vida social, o aumento dos custos e a invasão de turistas que estão a disputar o espaço com os moradores.
Como resistir à barbárie desta forma social? Que futuro terão os pobres urbanos lutando por moradia, sujeitos à especulação capitalista e sob violência do Estado?