Prisões, Falência e Crime Social – Emma Goldman

O fator econômico, político, moral e físico são os micróbios do crime, então, como pode a sociedade enfrentar esta situação? Os métodos para lidar com o crime têm sem dúvida passado por muitas mudanças, mas principalmente no sentido teórico.

Na prática, a sociedade tem mantido o objetivo primitivo ao lidar com o criminoso, que é a vingança. Ela também adotou a ideia teológica, em outras palavras, punição; e o método legal e “civilizado” consiste em retrocesso ou terror, e reforma. Devemos observar, atualmente, que os quatros tipos falharam totalmente, e que nós não estamos hoje mais perto de uma solução do que na idade das trevas. O impulso natural do homem primitivo de revidar um golpe, de vingar-se de uma ofensa, é anacrônico. Ao invés disso, o homem civilizado, despido de coragem e audácia, tem delegado a um organizado maquinário a responsabilidade de vingar-se por ele de suas ofensas, baseado na tola crença que o Estado se justifica ao fazer aquilo para o qual ele não tem mais a virilidade ou consistência.

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A “majestade da lei” é algo racional; ela não desce aos instintos primitivos. Sua missão é de natureza “superior”. Verdade, ela ainda é impregnada pela confusão teológica, que proclama a punição como forma de purificação, ou uma indireta reparação do pecado. Mas, legal e socialmente o estatuto exercita a punição, não apenas como aplicação da dor sobre o criminoso, mas também para provocar um efeito aterrorizante sobre outros. Entretanto, qual é a base real para a punição? A noção do livre arbítrio, a ideia que o homem é sempre um agente livre para o bem ou para o mal; e se ele escolhe o último, deve pagar o preço. Ainda que esta teoria tenha explodido há muito, e tenha sido jogada em um entulho, ela continua a ser aplicada diariamente por toda a maquinaria do governo, tornando-a o mais cruel e brutal torturador da vida. A única razão para isto continuar é a noção, ainda mais cruel, que quanto maior a propagação do terror da punição, certamente maior será seu efeito preventivo.

Um retrato da gentrificação

Por Rachel Gepp

Depois da entrada das UPP na Babilônia, favela situada no Leme, os moradores começaram a viver um processo acelerado de urbanização e a escutar com frequência sobre a tal gentrificação, mas sem entenderem bem o que é isso.

Gentrificação é a valorização de uma região, através do aumento do custo de vida, afetando as pessoas de baixa renda e dificultando a sua permanência.

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Moro no alto do morro da Babilônia, na Vila do Sossego, uma área que ainda tem casas originais do início da ocupação que deu origem à favela. Agora estão chamando aqui de Alto Leme. E essa arquitetura contemporânea em meio à casas de alvenaria, que chama atenção, são meus novos vizinhos!

Mas essa casa não estava aqui antes da “pacificação” e nem estaria. A UPP está justamento ocupando as favelas da zona sul para garantir os melhores espaços da cidade para as pessoas de classe social mais elevada.

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Quando a UPP entrou os moradores ficaram proibidos de construir. Mas essa casa não foi impedida de ser erguida, o que levou os moradores a reivindicarem o direito de seguir construindo. Essa casa é uma ilustração perfeita da gentrificação. Da reestruturação pretendida para os espaços urbanos, substituindo antigas residências e enobrecendo bairros populares.

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Esse é o caráter excludente e desigual da urbanização das favelas, que alimenta a militarização e já está criando uma grande pressão nos moradores devido ao controle da vida social, o aumento dos custos e a invasão de turistas que estão a disputar o espaço com os moradores.

Como resistir à barbárie desta forma social? Que futuro terão os pobres urbanos lutando por moradia, sujeitos à especulação capitalista e sob violência do Estado?