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(Rio de Janeiro) Greve Estudantil na UFRJ: chamado à construção do levante pelas bases!

IMG_20150615_094957Há duas semanas, uma grande assembleia geral de estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Centro de Ciências da Saúde, deliberou, mediante a presença de mais de mil pessoas, dentre estudantes da graduação, pós-graduação, observadores dos técnicos-administrativos e do corpo docente, a instalação de uma greve estudantil permanente. Nas inúmeras pautas levantadas por diversos movimentos, coletivos e indivíduos, destaca-se a crise na assistência estudantil. Com o agravamento no corte de verbas do orçamento federal para a educação brasileira, e, paralelamente, a crise na gestão da UFRJ, a assistência aos estudantes negros, pobres, trabalhadores, precarizados vêm sendo sistematicamente ignorada por todo o corpo administrativo gestor da universidade, enquanto centenas de alunos e alunas deixam de frequentar as aulas graças ao atraso no pagamento de bolsas de permanência, bloqueio na saída de novos editais para bolsas de auxílio, abandono do alojamento estudantil, criminalização da luta por assistência aos estudantes cotistas e total falta de respeito à realidade daqueles que não possuem condições financeiras para sustento próprio sem o devido auxílio da comunidade acadêmica.

É importante frisar que esta pauta não começou em 2015. Levando em consideração o fato da UFRJ ter sido uma das últimas universidades públicas a aderir ao sistema de cotas sociais e raciais, entre 2011 e 2012, período da última grande mobilização grevista vista por aqui, já discutia-se a implementação de políticas reais que garantissem a assistência estudantil aos alunos cotistas, parcela esta que apresenta os maiores índices de evasão da universidade por motivo financeiro. Ainda naqueles anos, as assembleias estudantis lutaram pela instauração da bolsa de acesso e permanência, a finalização de obras nos restaurantes universitários e auxílio moradia. As mobilizações daquele período passaram e agora, mediante os cortes no orçamento federal (através de um conjunto de práticas mundialmente conhecidas como Austeridade Fiscal) nos vemos novamente na luta pela assistência estudantil, com a crucial diferença de que, agora, todo os ganhos obtidos no passado estão fortemente ameaçados. É válido lembrar que a comunidade acadêmica da UFRJ já enfrentou uma primeira paralisação no início de seu ano calendário letivo, com a realização de uma grande assembleia estudantil no primeiro dia marcado para o início das aulas (após um primeiro adiamento por falta de recursos para pagamento dos funcionários terceirizados) cuja pauta principal já configurava o que hoje é nítido aos que mais precisam: a assistência estudantil está sendo abandonada!

Também lembramos que a manutenção de um processo de lutas verdadeiramente participativo e amplo requer métodos horizontais e não hierarquizados para nossa própria organização. Para tanto, 2013 nos deixou valiosos aprendizados, como a importância da construção cotidiana pelas bases, respeitando o debate e a autonomia de cada grupo/coletivo envolvido nos diversos espaços de luta. Por isso mesmo, acreditamos na importância da quebra imediata com modelos organizativos centralizadores de processos, grupos formados por interesses escusos ao da coletividade com o único objetivo de comandar e guiar o movimento grevista (e isso não é diferente no meio estudantil). O resultado na reunião do Consuni – Conselho Universitário da UFRJ (ocorrido na manhã de ontem, 11 de Junho) e a assembleia geral dos estudantes na Escola de Música reforçam nosso posicionamento de que a greve estudantil, mesmo deflagrada e reconhecida institucionalmente, só terá legitimidade se for verdadeiramente organizada pela associação livre estudantil, de baixo para cima, de forma autônoma, descentralizada, libertária!

As falas contra a supressão do calendário acadêmico defendidas pelos conselheiros do Consuni (dentre eles o reitor recentemente eleito pela comunidade acadêmica, Roberto Leher) e por estudantes e professores da elite organizada que atua dentro da UFRJ apenas nos provam como é urgente a necessidade de espaços libertários reais dentro da universidade que reúnam e potencializem a fala dos mais oprimidos pelas políticas de corte na assistência estudantil e precarização do ensino. Falamos aqui de espaços que contemplem negras e negros, pobres, trabalhadores e desempregados que hoje mal conseguem pagar os preços absurdos de um ônibus intermunicipal para deslocar-se, por exemplo! A greve estudantil, para ser legítima, precisa do recorte racial e econômico em todos os cursos mantidos pela universidade, tanto na graduação quanto na pós! É preciso coragem, força e apoio mútuo para rompermos com modelos centralizadores, partidários e conservadores que imperam na UFRJ há décadas, e nós acreditamos que vivemos sim o momento ideal para, ao menos, iniciarmos os diálogos e articulações necessárias nesse sentido!

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Protesto de aluno negro após uma professora do curso de Letras realizar fala de cunho racista durante o Consuni.
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Auditório lotado para reunião do Consuni
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Muitos estudantes ocuparam o saguão e os espaços externos do prédio da Reitoria para assistir a reunião do Consuni.
Assembleia geral dos estudantes da UFRJ realizada na Escola de Música, instituição reconhecida tradicionalmente pelo seu conservadorismo!
Assembleia geral dos estudantes da UFRJ realizada na Escola de Música, instituição reconhecida tradicionalmente pelo seu conservadorismo!

Lembramos também que os técnicos-administrativos e seus comandos de greve local estiveram presentes na reunião do Consuni e na Assembleia Geral dos Estudantes, assim como os funcionários terceirizados e alguns professores que não concordam com a decisão de não adesão à greve por parte da categoria. Em todas as falas, ficou nítido a vontade e a necessidade da união de pautas e lutas! Estudantes e trabalhadores já ensaiam na UFRJ o que podemos prever para os tempos vindouros em todo o Brasil na área da Educação: a união real, pela BASE, entre as pautas sociais e econômicas que lutarão por um projeto de sociedade diferente do que está sendo imposto pelo governo!

Deixamos aqui nosso chamado à luta, à construção da greve geral na educação pela BASE, com a BASE! Sem comandos centralizados, sem direções iluminadas ou vanguardas intocáveis!

Nós por nós, todos contra eles!

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#México: Escola Normal Rural Ayotzinapa (CONHECENDO A HISTÓRIA)

A Escola Normal Rural Ayotzinapa é um modelo popular, auto-gerida, de educação horizontal e consciente digna de admiração.

Ela tem suas origens em um projeto do governo de Lázaro Cárdenas na década de 20 do século passado, que visa difundir a educação através da criação de escolas normais que permitem formar professores rurais.

É assim que em 1926 é fundada a Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos  (que é o seu nome oficial), que foi mantida, apesar de uma série de eventos e processos históricos envolvendo-a, um verdadeiro gesto de resistência é baseado nos dias de hoje. Constantemente atacado pela caráter combativo e altos níveis de consciência política de seus alunos, a Escola Normal Rural Ayotzinapa tem enfrentar tanto a repressão quanto a indiferença das autoridades. Na segunda forma de agressão, realizada principalmente pela negação de financiamento, é que os estudantes e professores normalistas desenvolveram formas de auto-gestão, onde são protagonistas de angariação de fundos para as despesas escolares e pessoal de apoio.

 

Texto de um companheiro e colaborador da RIA no México.


[SÃO PAULO] OCUPAÇÃO SÃO JOÃO – 16 SETEMBRO 2014

#ocupaçãosãojoão2RESUMO DOS FATOS OCORRIDOS NA DESOCUPAÇÃO SÃO JOÃO NO DIA 16 SETEMBRO DE 2014

No dia 16 de setembro de 2014 na cidade de São Paulo mais de 200 famílias da Ocupação São João, também conhecido como hotel Aquarius, na região central, na clássica esquina conhecida e imortalizada na música “Sampa” de Caetano Veloso,  Av.Ipiranga com Av.  São João foram desocupadas, cerceadas e arrancadas do local que chamavam de lar.

Mulheres grávidas, crianças, idosos e homens que viam a ocupação São João como um lar, hoje, pela mão repressora do Estado de São Paulo, a polícia militar, não tem um teto para passar essa noite.

Às 08h da manhã a PM foi até a ocupação cumprir o mandado de reintegração de pose, como era de se esperar houve resistência por parte dos ocupantes, barricadas foram feitas e os moradores se defendiam como podiam, defendiam o pouco que tinham na desesperada tentativa de reverter aquela situação de desocupação. Logo a PM reagiu usando de bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha.

Por parte da polícia grande era o seu contingente, caminhões, veículos blindados e carros  da tropa de choque, milhares de homens equipados de armaduras, escudos, armamentos letais e menos letais todo o aparato de “guerra” do Estado para desocupar pessoas simples, moradores que não tem um teto, crianças e idosos, seres humanos em busca de uma moradia.

Após a reação da PM, o confronto se espalhou por outras ruas da região central. Na Rua Barão de Itapetininga, nas proximidades da Praça da República, a PM disparou bombas de gás lacrimogênio para dispersar pessoas que resistiam.
Um ônibus foi incendiado na Praça Ramos de Azevedo, ao lado do Theatro Municipal, por volta das 10h.

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A confusão no Centro causou interdição no trânsito em várias vias do entorno. Às 13h, a Avenida São João seguia interditada. O bloqueio acontecia entre o Largo do Paissandu e a Avenida Ipiranga. No mesmo horário, a Rua Xavier de Toledo, junto à Avenida São Luís, a Avenida Rio Branco, próximo à Rua Aurora, e o Viaduto do Chá também apresentavam interrupções no tráfego de veículos.
Mais cedo, a Avenida São João precisou ser totalmente interditada na altura do cruzamento com a Avenida Ipiranga.
Por causa da reintegração, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) chegou a emitir um comunicado recomendando aos motoristas a evitarem trafegar pela região durante a manhã.
30 linhas de ônibus tiveram seus trajetos afetados pelo conflito após o incêndio a um coletivo. Os bloqueios no Centro resultaram em congestionamentos em outras importantes vias da cidade nesta manhã.

O balanço de tudo isso foi:
Mais de 200 famílias desocupadas, 70 pessaos foram levadas para a delegacia, 8 pessoas foram presas, e em torno de 9 pessoas feriadas dentre elas moradores e policiais, sonhos e esperanças jogadas no lixo mais uma vez pela ação torpe do Estado.

Esta foi a terceira vez em que a retirada dos ocupantes foi marcada. Nas outras duas datas – em julho e em agosto-, os oficiais de Justiça avaliaram que a quantidade de caminhões disponíveis não era suficiente.

Para o movimento Frente de Luta por Moradia (FLM), a decisão do judiciário vai devolver o prédio “à especulação imobiliária, sem levar em conta o problema social.

“Aproximadamente 800 pessoas, crianças e idosos serão jogados na rua, sem uma solução definitiva”, disse o FLM em comunicado. Ainda segundo o movimento, cerca de 200 famílias ocupam o imóvel há seis meses.
Enfim

Mais uma vez presenciamos a forma que o Estado age, priorizando empresários e grandes corporações, estimulando a especulação imobiliária e todo o capital que gira em torno disso. Dessa maneira pessoas são esquecidas, direitos cerceados, sonhos desconsiderados, melhorias sociais deixadas de lado única e exclusivamente visando o dinheiro e todxs nós sabemos que a culpa disso é exclusivamente o capitalismo.

TODO APOIO E SOLIDARIEDADE AS FAMÍLIAS DA OCUPAÇÃO SÃO JOÃO!

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[RIO DE JANEIRO] CERCEAMENTO DO DIREITO AO LAZER.

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Lastimável são as cenas presenciadas em um dia de domingo nas praias do Rio de Janeiro.

O que deveria ser um dia de lazer, ao sol típico de pré-verão, torna-se um drama na vida do cidadão, morador da periferia, que apenas desejar descansar e se divertir.

Cenas flagradas em pouco tempo mostram a ação da polícia militar em cercear, oprimir e com toda sua velha forma truculenta privar o povo do seu direito ao lazer na praia.

É um Estado militarizado de todas as formas, tanto nas favelas, comunidades, subúrbios como também podemos ver nas praias da cidade do Rio de Janeiro, que entre as fotografias do seu mais típico cartão postal composto por praias, sol e fim de tarde deslumbrantes, agora fazem parte dessa cena inúmeras viaturas da polícia, guardas municipais e tropa pesada da PM.

O privilegio de ter e levar uma vida tranquila de paz e serenidade, aos olhos do Estado, é apenas da classe rica e ele, o Estado, faz e usa de todos os seus recursos para garantir que essa divisão de classes seja evidenciada de fato.

A quem interessa essas divisões? Quem lucra com esse tipo de política? Quem ganha e quem perde?

Segregar e evidenciar  a divisão de classes é papel do capitalismo e é ele quem lucra com toda esse divisão.

Um dia de domingo nas praias do Rio de Janeiro, para aqueles que tem o olhar cirúrgico, é uma avalanche de desigualdade e cerceamento de um dos direitos mais fundamentais que cada um poderia ter: O direito ao Lazer.

R.I.A – “de baixo para cima, Ria você também”

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Rede de Apoio Mútuo Anarquista no Rio de Janeiro Promove: Fórum: Criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, populares, sindicais e perseguição política no Rio de Janeiro.

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A Rede de Apoio Mútuo Anarquista convida todos movimentos sociais, populares e sindicais para o fórum de diálogos e debates sobre a criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, populares, sindicais e perseguição política no Rio de Janeiro.

Somos um coletivo autogestionário de apoio mútuo, constituído para promover a liberdade e as lutas da resistência contra perseguições, prisões, violência, terror de estado, e de todas as formas de opressão e repressão. Entre estas o racismo, o patriarcado, homofobias, transfobias, colonialismos.

Seguimos com nossos trabalhos de acordo com os princípios e estatutos da Internacional de Federações Anarquista e Federação de Grupos Anarquista Cruz Negra.

Reafirmamos nossa disposição contra a criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, populares e sindicais na construção cotidiana para a sociedade livre.

Saudamos a todos os companheiros e companheiras e fazemos o chamado a resistência e luta por uma sociedade sem  medos e grades, e a criação e construção da sociedade livre.

TÍTULO – Fórum: Criminalização da pobreza, dos movimentos sociais, populares, sindicais e perseguição política no Rio de Janeiro.

Data: 01/09 – Local: Colégio Pedro II Centro / Endereço: Avenida Marechal Floriano, 80 – Centro – RJ.

Hora: 18:30 (café início dos trabalhos) 19h inicio
Organização: Rede de Apoio Mútuo Anarquista – RJ(R.A.M.A)
Realização: Rede de Apoio Mútuo Anarquista – RJ(R.A.M.A), Núcleo Pró-Federação Libertária de Educação

Apoio:Colégio Pedro II e Escola de Rua

Rebele-se! Descentralizar para libertar.

Rede de Apoio Mútuo Anarquista
Rede de Apoio Mútuo Anarquista