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Uma homenagem à dinamite anarquista de Ravachol: “La Ravachole”

No dia 11 de Julho de 1892 Ravachol foi guilhotinado em Montbrison, aos 32 anos de idade, pelo Estado francês. Naquela mesma manhã um telegrama seria emitido pelo Estado que o executou descrevendo as últimas ações de Ravachol e o contexto em que se deu sua decapitação.

“A Justiça foi feita esta manhã às 4:05 sem incidentes ou protestos de qualquer tipo. Ele acordou às 3:40. O condenado recusou a presença do capelão e declarou que não tinha nada para confessar. Inicialmente pálido e trêmulo logo ele demonstrou um cinismo afetado e exacerbação aos pés do patíbulo momentos antes da execução. Em voz alta ele cantou rapidamente uma curta canção blasfema e revoltantemente obscena. Ele não pronunciou a palavra ‘anarquia’, e quando sua cabeça foi colocada no buraco ele emitiu um último grito de “Longa Vida à Re…” Uma calma completa reinou na cidade. E assim aconteceu como reportado.”

A canção descrita pelas autoridades como ‘obscena’ e ‘blasfema’ cantada por Ravachol aos pés do patíbulo foi a “La Ravachole”, uma paródia da “La Carmagnole” popularmente criada em sua homenagem. Seus executores consideraram que a palavra cortada pela lâmina da guilhotina era “República”, no entanto, é evidente que a palavra era de fato “Revolução”.

La Ravachole

Na grande cidade de Paris
Há burgueses bem nutridos
Há os miseráveis
Com o estômago vazio:
Aqueles têm os dentes longos,
Viva o som! Viva o som!
Aqueles têm os dentes longos
Viva o som!
Da explosão!

Dancemos a Ravachole
Viva o som! Viva o som!
Dancemos a Ravachole
Viva o som
Da explosão!

Há magistrados vendidos
Há banqueiros roliços
Há os policiais
Mas para todos esses patifes
Existe a dinamite
Viva o som! Viva o som!
Existe a dinamite
Viva o som
Da explosão!

Dancemos a Ravachole
Viva o som! Viva o som!
Dancemos a Ravachole
Viva o som
Da explosão!

Há os senadores decrépitos
Há os deputados corruptos
Há os generais
Assassinos e carrascos
Açougueiros de uniforme
Viva o som! Viva o som!
Açougueiros de uniforme
Viva o som!
Da explosão!

Dancemos a Ravachole
Viva o som! Viva o som!
Dancemos a Ravachole
Viva o som
Da explosão!

Ah! Em nome de Deus (é preciso acabar)
Por muito tempo lamentamos e sofremos
Não mais guerra pela metade
Não mais a piedade covarde
Morte à burguesia!
Viva o som! Viva o som!
Morte à burguesia!
Viva o som
Da explosão!

Dancemos a Ravachole
Viva o som! Viva o som!
Dancemos a Ravachole
Viva o som
Da explosão!

ravachol
François Claudius Koënigstein, mais conhecido como Ravachol

(ALERTA ANTIFASCISTA) Diego Vieira Machado assassinado por fascistas na UFRJ

No dia 02 de julho, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, o estudante da Escola de Belas Artes Diego Vieira Machado foi encontrado morto por volta das 18h por colegas em uma viela próxima ao Alojamento Universitário, com sinais de espancamento no corpo. Diego era negro, homossexual, cotista, pobre e nascido em um bairro periférico de Belém do Pará. Essas características lembram uma ameaça feita através de um site criado para que pessoas possam mandar mensagens anônimas de email, 5ymail.com. Essa ameaça chegou a algumas pessoas estudantes e moradoras do alojamento da UFRJ, disfarçada como se tivesse vindo do SIGA (sistema interno da universidade) tendo como título “Relação de Bolsistas” e iniciando com uma referência a uma suposta demanda de criação de email para bolsistas.

Segundo o Jornal o Globo: “O corpo do aluno Diego Vieira  Machado, de 22 anos, foi encontrado por  colegas, por volta das 18h de sábado, com sinais de espancamento, sem  roupas e sem documentos em uma  das vielas próximo ao alojamento de  estudantes. A Divisão de Homicídios  foi acionada, e a perícia foi feita  ainda durante à noite.”

Jornal Extra: “Diego Vieira Machado, de 24 anos, estava com sinais de espancamento e  sem calças. Ele cursava Arquitetura e tentava transferência para Comunicação Social. Os amigos dizem ainda que o jovem foi vítima de homofobia.”

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Diego Vieira Machado estudante da UFRJ

Segundo uma estudante da UFRJ, ele praticava judô e kung-fu, era um rapaz alto e forte, o que indicaria, possivelmente, a participação de mais de uma pessoa no crime. No caso do email, a autoria declarada da ameaça é de “Juventude Revolucionária Liberal Brasileira“, nome que não havia aparecido em buscas no Google até hoje por conta de matérias em jornais comentando sobre a ameaça. É nítido que existe um clima de ódio à diversidade (sexual, étnica etc.) ocorrendo na UFRJ e que pode estar sendo fomentado por um grupo organizado, como o que foi responsável por enviar a ameaça mencionada. Não é possível afirmar que o assassinato de Diego tenha sido cometido exclusivamente por pessoas da universidade, mas a mensagem contendo a ameaça indica um acompanhamento da rotina de algumas pessoas da univerdade visadas por um grupo de ódio.

Segue a íntegra do texto contendo a ameaça:

“Referente à criação do email para os bolsistas. Sabemos a vida que vocês levam de baladas, drogas e promiscuidade. Tomem cuidado, observamos tudo e vamos contar tudo! Vamos começar por um certo alun@ que se diz minoria e orpimido por ser homossexual que gosta de fumar maconha e outras cositas a mais (cocaína, chá de amanita) as vezes com o dinheiro da bolsa ou da família opressora, que briga com os familiares por ter opiniões divergentes da sua grande intelectualidade Marxista, que odeia Bolsonaro, que prega a liberdade e o amor mas apoia o aborto e a discriminalização do uso da maconha para fins recreacionais. Que gosta de mandar e receber nudes de seus amiguinhos pederastas. Que apoia a Dilmãe! Aminguinh@! Seje men@as, né? Sabem de quem eu estou falando? Então, esse mesmo ser comete pequenos e médios furtos em um certo laboratório, denigre os coleguinhas de trabalho, é ofensivo com seus orientadores (a propósito, seria uma pena se eles descobrissem tudo), denigre a sua prórpia família e amigos, se acha afrodescendente e renega a sua educação cristã. Quer destruir o catolicismo a qualquer custo. Muita espert@ amiguinh@, SQN. Amig@ n@o seje burr@. Os gastos governamentais (bolsas, cotas, etc) são desleais com quem contruibui. Não vamos ficar sustentando vocês para que vocês fumem seus baseadinhos, vão fumar seus beck longe do Brasil. Hipócritas! Juventude Revolucionária Liberal Brasileira.”

13599856_942548025871486_9176072977041881483_nEsta não foi a única mensagem de ódio assinada dessa forma. Em 11 de maio 2016, houve outra. Estudantes que as receberam se queixaram na época mas parece que nada foi feito sobre o caso. Agora, com o assassinato de Diego, essas mensagens de email chegam ao centro da investigação.

Segue anexo abaixo:

13578572_1046716638748306_324526696_nEscrevemos esta matéria não somente para denunciar o caso, mas também para alertar as inúmeras pessoas estudantes da UFRJ, moradoras ou não do alojamento, cotistas, homossexuais, mulheres, negras, e todas as minorias estudantes e trabalhadoras que frequentam a universidade que a ameaça é real, que possivelmente há um grupo de inclinações fascistas em operação dentro da univerdade. É importante que haja cautela nos deslocamentos, que evitem andarem sozinhas (principalmente durante a noite, dados os problemas de iluminação e segurança frequentemente relatados no Fundão) e, caso seja possível, andem em grupos de 3 ou 4. Evitem locais escuros e de pouca circulação, avisem sempre a pessoas amigas onde vão, denunciem pichações que exaltem o ódio, procurem não se expor em redes sociais (pois grupos assim também monitoram essas vias), zelem por sua segurança e de quem está ao seu redor em situação precária e vulnerável, e nunca se esqueçam, VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHAS!

É preciso lembrar Boaventura Durruti: “O fascismo não se discute, se destrói.”

Importante: Qualquer informação para além do que está sendo veiculado nas mídias que você possuir sobre as mensagens de email ou sobre o assassinato de Diego, e que ajude na identificação desses grupos de ódio, pode enviar para brasileaks.org. A plataforma Brasileaks garante o anonimato das pessoas que denunciam e o sigilo da fonte, de forma que sequer sua equipe consegue saber de onde vieram as informações caso a pessoa não se identifique no corpo da denúncia. Brasileaks usa a rede Tor e o navegador de mesmo nome deve ser instalado para que a denúncia possa ser feita.

Mais informações sobre a plataforma em: Exclusivo: Nova plataforma pretende expor a sujeira da política brasileira

Links Relacionados ao caso:

1- Nota de Pesar – UFRJ

2- Estudante da UFRJ é encontrado morto às margens da Baía de Guanabara

3- Estudante é encontrado morto e com marcas de espancamento na UFRJ

4- Estudante da UFRJ é encontrado morto no câmpus do Fundão

5- Estudante de Letras é assassinado no campus da UFRJ

6- Estudante é encontrado morto e com marcas de espancamento na UFRJ

 

(MÉXICO) Polícia assassina o AnarcoPunk Salvador Olmos – Junho 2016

HUAJUAPAN DE LEÓN – Salvador Olmos García, de 27 anos, comerciante, jornalista comunitário, lutador social, ativista defensor das terras, cantor e pioneiro do movimento anarcopunk em Huajuapan foi encontrado gravemente ferido na manhã deste domingo (26/06) na colônia de “Las Huertas”, nesta cidade.

mexico-policia-assassina-salvador-olmos-ativista-1Por volta das 04h40 os socorristas da Comissão Nacional de Emergências (CNE) foram alertados por elementos da polícia municipal que na rua “Naranjos”, sem número, se encontrava uma pessoa seriamente ferida, ao que estes se aproximaram rapidamente a bordo da ambulância 06, da delegação 020.

Ao chegar, os paramédicos encontraram uma pessoa que estava caída às margens da via ao que o submeteram os primeiros socorros e o colocaram na maca.

Ao perceberem que havia sofrido lesões nas extremidades, cabeça e dorso, resolveram transladá-lo à área de Urgências do Hospital Geral de Huajuapan, Pilar Sanchéz Villavicencio, para que recebesse a atenção médica devida.

No entanto, após vários minutos de luta para salvar sua vida, “Chava”, como era conhecido por amigos e familiares, havia deixado de existir em razão do ar acumulado na cavidade da pleura (pneumotórax), fratura do úmero direito e rompimento de paredes interiores (hemorragia).

Depois do falecimento de Salvador, que também era narrador da rádio comunitária “Tunn Ñuu Savi”, os integrantes dessa rádio indicaram integrantes da polícia municipal dessa cidade como supostos autores materiais e intelectuais. Asseguraram que “Chava” havia sido detido e na sequência atropelado por uma viatura oficial.

Ao mesmo tempo, instaram posição das autoridades competentes para o imediato esclarecimento dos fatos e punição aos responsáveis, ou, do contrário, tomarão medidas alternativas para fazer justiça ao falecido, e também em relação a outros ocorridos que consideraram como fascistas e opressores por parte dos uniformizados.

Salvador Olmos García, radialista no programa “Pitaya Negra”, lutava há quinze anos pela defesa das terras e comunidades Mixtecas, ante a exploração de recursos naturais e a entrega de concessões a mineradoras estrangeiras por parte das autoridades governamentais.

Após esse lamentável fato, dezenas de pessoas, entre amigos, familiares e conhecidos, se concentraram nas instalações da rádio “Tuun Ñuu Savi” a fim de manifestarem sua solidariedade e exigir punição aos responsáveis.

Sociedade de Huajupan, esperemos que compreendam o que fizeram ao nosso companheiro; não queremos incitar a violência, mas estamos indignados e cheios de raiva por justiça. “Chava” sempre lutou por igualdade e era um companheiro produtivo para a sociedade, solidário e como anarquista sempre protegeu todos em seu entorno”.

Era um bom homem com alma de menino, com suas sandálias negras, rastas e botas, pois nele foi o único espaço que ela encontrou para se desenvolver livremente”, expressou um dos ativistas, companheiro próximo a Salvador.

Cl_cX4JVEAAY44QTradução: http://elenemigocomun.net/2016/06/journalist-activist-killed-oaxaca/

Saiba mais: Barricadas são erguidas em Huajuapan de León, Oaxaca, após assassinato de jovem anarquista

(AUSTERIDADE) Chamada para a luta contra a austeridade no Rio de Janeiro – Cinelândia 24 Junho às 18h

O Movimento Libertário Anti-Austeridade convida a todas e todos para uma roda de conversa na Cinelândia, próxima sexta-feira – 24 de junho às 18h. A proposta é discutirmos os efeitos da austeridade fiscal no Rio de Janeiro e construirmos, nas ruas, uma jornada de lutas que trave as imposições econômicas e políticas feitas contra os trabalhadores e trabalhadoras!

Hoje, 17 de Junho, três anos após a revolta da Alerj, fomos apresentados ao decreto de Calamidade Pública no Estado do Rio. Essa ação apenas ressalta a incapacidade dos administradores do poder público (legislativo, executivo e judiciário) frente uma crise que nunca foi nossa! Afinal, o Estado não está passando por uma crise: o Estado e seus vínculos corruptos com o dinheiro de empresas privadas são a crise!

Cabe a nós, trabalhadores e trabalhadoras, escolhermos qual caminho devemos seguir: o da resignação frente o assalto contra nossos direitos e nossos recursos ou a luta real (e não apenas imagética) contra o governo e as esferas de poder corruptas que hoje (e sempre!) nos escravizaram!

Não pague a conta! Estaremos sempre na rua!

Link: Chamada para a luta contra a austeridade no Rio de Janeiro

Manifesto: Manifesto Movimento Libertário Anti Austeridade

Evento Cinelândia 24/06 às 18h: Roda de Conversa sobre Austeridade no RJ

Movimento Libertário Anti  Austeridade

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(PENSAMENTO) Não sou pelo: “Fora todos”. Sou mais o: “Dentro Todos”.

Não acredito nos gulags, nos campos de reeducação e nos tribunais. Não acho que as praticas do confinamento, do assédio e da coerção sejam válidas para criar uma nova sociedade. Sou cético no que diz respeito ao valor terapêutico dos castigos, e, na mesma medida, acho os prêmios, os privilégios e as honrarias caminhos perigosos para se estimular as virtudes.

O próprio Bakunin, insuspeito pela sua biografia, e, antes dele, Proudhon, já denunciavam os limites de uma democracia mediada pela guilhotina. Para eles uma revolução deveria sustentar-se na indignação e não no ressentimento. A revolução deveria, antes de tudo, anunciar-se por práticas generosas e societárias. Não ao contrário.

Dessa forma, prescrever castigos para os governantes, antes mesmo de envidar esforços no sentido da obra construtiva da revolução é, sem dúvida, tentar prepara o novo reforçando velhas ideias. É tentar criar uma outra forma de relação, usando para tal, as mesmas velhas ferramentas.

Vale insistir aqui, que a lógica do “Fora Todos” é tributária da perspectiva liberal burguesa, é filha da superstição do Estado e subsidiária da dimensão patriótica do chamado “bem comum”. É, portanto, uma abstração. Uma leviandade alçada a discurso de primeira grandeza pelo oportunismo eleitoral. Com algum apelo nos discursos epidérmicos da política vulgar, o slogan expressa a ideia simplória, segundo a qual: “Pior do que está, não pode ficar”.

No meu caso, eu defendo o “Dentro Todos”. Defendo a autoinstituição dos produtores, da classe trabalhadora, do chamado povo, na perspectiva de Proudhon. A Democracia é coisa tão séria que não poderia estar a cargo de políticos. Ela é principio fundante da relação entre os que realizam e são, simultaneamente, responsáveis pela recriação de tudo, em favor de todos. É necessariamente obra coletiva.

Em sendo realização das massas, a Democracia só reconhece o que deriva do seu próprio movimento. Toda e qualquer outra forma de representação inspira desconfiança e mesmo desprezo. Não raro, as massas observam o que não lhes parece genuíno, com profunda indiferença. Não atribuem a essas instituições, qualquer mérito.

Os que entendem a política, fora desse processo criativo, costumam diagnosticar nas massas sua inapetência ou mesmo incapacidade para a política. Um tipo de atavismo, de substância constitutiva, de atrofia congenitamente adquirida.

Assim pensando, o chamado ao “Fora Todos”, implicaria no seu correspondente sequencial, o das “Eleições Já”. Uma sequencia previsível e não menos atrelada aos valores diametralmente opostos aos da Democracia Popular. Um déjà vu performático, completamente domesticado pela perspectiva que mantêm os privilégios do sistema liberal burguês. Um que se mantêm vivo através, dentre outras coisas, da pratica alienada do sufrágio.

Sou pelo “Dentro Todos”, na tradição democrática operária, comunalista, autogestionária e federativa. Na única forma possível de fugir ao binarismo criado e recriado pela política do espetáculo, da dimensão embrutecedora do sistema parlamentar burguês.

Por: Caralâmpio Trillas compa da R.I.A e Anarquista.

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