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(POESIA) Todo o mapa mundi colorido de sangue

Ninguém fala nada
Se é em Fortaleza a chacina
Ou se foi em Minas que a lama na vida dos pobres virou rotina
Aí a quantidade de mortos não deixa a maioria das pessoas indignada.

Quase não se fala dos que agora estão na miséria,
Assim como parece não importar o que acontece com meninas (-bomba) na Nigéria.

As cores azul, branco e vermelho colorem a foto do perfil
Enquanto a PM colore de vermelho as ruas das periferias do Brasil.

Todo o mapa mundi colorido de sangue
Mas não é todo tipo de sangue que comove a maioria
O dono do sangue por quem todos têm empatia não é preto
Pobre
Ou da periferia.

E a nossa desgraça? “Não tem graça”.
Não vai passar na TV,
Não vai comover,
Não vai vender.

A maioria só se comove com tragédia importada
Da França!
(Très chic!)
Se não é nos EUA ou na Europa
Ninguém
Fala
Nada.

Ocupações em escolas que serão fechadas?
Crianças negligenciadas?
Mais dores abafadas.
Mais pessoas periféricas silenciadas
Pelo cassetete,
Pela (P)i(M)enta nos olhos
E pelos que não aguentam ver comoção direcionada e empatia seletiva serem problematizadas.

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De: L.S

(POESIA) Meu nada querido amigo secreto

Não teve décadas de diferença que te interrompesse
Não teve peso na consciência
Não teve quem te fizesse pagar.

Desde então não tem banho que me limpe
Não tem tranca que me proteja
Não tem choro que me descarregue
Não tem abraço que me roube a angústia.

Não tem grito que me esvazie
Não tem remédio que me cure
Não tem cola que me restaure
Não tem piada sobre que não me machuque.

Não tem terapia que me faça esquecer
Não tem “vidrinhos de paz” pro psiquiatra me prescrever
Não tem anestésico pra essa dor
Não tem sonhos que afastem esse pesadelo ou o horror.

Não tem borracha que apague
Não tem ano novo que renove minha memória
Não tem fogo que queime a lembrança
Não tem faca que corte esse pedaço da minha existência
Não tem vento que traga de volta minha inocência.

Não tem passo a frente que me faça superar
Não tem como lembrar sem querer vomitar
Não tem tempo que faça passar.

Não tem filme que me fortaleça
Não tem música que me devolva a calma
Não tem nada que faça com que eu esqueça
Não tem poema que me limpe a alma.

Então NÃO TEM reclamação, crítica ou choro que me faça parar de lutar para que isso nunca mais aconteça.
Com nenhuma mulher.
Não vem com essa,
Nenhuma de nós quer.

Não tem “Bolsomito” que me faça pensar que estou enganada
Eu não mereci
E ne-nhu-ma de nós merece ser violentada.

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De: L.S

(RAP) “Quem mandou nascer negro e pobre?

50 tiro levam muito mais que 5 vidas
O bendito sangue escorre
E o mal que corre é de quem proteção devia
Histórias rabiscadas
Só irão viver na memória guardada
E a impunidade pra essa farda
É só o resquício dessa praga!!
A vida inocente que tudo merece, de nada VALE
É levada sem motivos
Junte os corpos, os sonhos e embale.
A polícia e seus males
Chefões lavam suas mãos
As famílias que se esgotem
“Quem mandou nascer negro e pobre?”
Num país onde pouco se vê
Ninguém se comove!!
12342675_709376999198003_4122363613152517135_nDe: Hugo Freire

(ANTIFA) ALERTA ANTIFASCISTA EM CURITIBA!

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Queridas amigas, conhecidas e, eventualmente, pessoas desconhecidas que eu possa ter no Facebook e que residem na cidade de Curitiba. LGBT’s, negras, nordestinas, imigrantes, judeus, moradoras de rua, punks, militantes de esquerda e todas aquelas que ainda não estão sabendo: No próximo sábado (12), Curitiba sediará um evento que, além de contar com a apresentação de diversas bandas fascistas, será o Congresso de fundação da Frente Nacionalista, de viés integralista – a versão brasileira do fascismo. Além da Frente Nacionalista, outras organizações compõe a realização do evento, como a Rádio Combate, Carecas do ABC e o PRTB.

Eu gostaria de dar esse alerta em um dia mais perto do evento, mas infelizmente a ameaça fascista está cada vez mais próxima: dezenas de fascistas (nazistas e carecas) de diversas partes do país já chegaram a Curitiba e estão de rolê pelo centro. Além disso, pichações e panfletos nazistas tem se espalhado pela cidade, não apenas na região central, mas também em bairros distantes.

Estejam atentas e tomem cuidado.

Não fiquem sozinhas pelo centro da cidade. Aprendam a identificá-los. Desconfiem de qualquer pessoa estranha. E, se necessário, defendam-se.

Peço que avisem caso tomem conhecimento de qualquer movimentação estranha. Peço também que deem prioridade para conversar pessoalmente sobre o assunto.

Esses grupos são historicamente conhecidos por seus crimes de ódio contra minorias etambém pela sua impunidade, visto que muitas deles pertencem a famílias influentes.

Não adianta tentarem se esconder atrás de discursos bonitos e aproximados dos anseios do povo, ou então tentarem legitimidade por meio da criação de um partido político. Não adianta dizerem que são pessoas de bem, pais de família, cidadãos exemplares.

Nós sabemos muito bem quem eles são e o que são.

Como já diria Brecht:

Agora escuta: sabemos que és nosso inimigo. Por isso vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades, vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa espingarda e enterrar-te com uma boa pá na boa terra.

Sempre alerta. Sempre Antifa.

mantenha as ruas limpas


Texto adaptado de um comunicado publicado na página da Frente 16.

(ZAPATISMO) 17 de Novembro de 1983 – 32 anos do Exército Zapatista de Libertação Nacional

Em 17 de novembro de 1983, seis pessoas fundaram o Exercício Zapatista de Libertação Nacional – ELZN nas montanhas de ChiapasMéxico.
O Movimento Zapatista e o Exército Zapatista de Libertação Nacional são manifestações baseadas em um dos grandes personagens da Revolução Mexicana, mas não defendem ou pretendem fazer uso de violência. O interesse do Movimento Zapatista é defender uma gestão mais democrática do território, a participação direta da população nas decisões do país, promover a partilha da terra e da colheita, além de preservar o passado e a tradição indígena do povo mexicano. São declaradamente antiglobalização.

Movimento indígena com características ocidentais
O Zapatismo é retratado às vezes como somente um movimento indígena. Mas ele não é isso. É um movimento indígena com características ocidentais. Um movimento horizontal, mas com formas militares hierarquizadas. Ou seja, é uma forma híbrida.
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Direitos das mulheres
Os zapatistas abordaram muitas questões importantes para essas sociedades (indígenas), como os direitos das mulheres, de uma maneira muito importante.
A questão de gênero, em toda sua dimensão, foi propriamente abordada e articulada pelos zapatistas. [Diversas das figuras mais proeminentes do movimento eram mulheres e, logo após o levante, os zapatistas fizeram uma serie de reivindicações específicas em relação a elas].
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O EZLN é um grupo indígena com inspirações Zapatistas com sede em Chiapas, o estado mais pobre do México. Incorpora tecnologias modernas como telefones via satélite e Internet como uma maneira de obter a sustentação local e estrangeira. Consideram-se parte do largo movimento de antiglobalização.
 
Sua voz mais visível, embora não seu líder, porque é um segundo-comandante — todos os comandantes são índios maias — é o subcomandante Marcos. O comunicado abaixo do subcomandante em 28 de março de 1994 explica o porque de esconder os rostos e porque todos os zapatistas dizem que se chamam “Marcos”: “Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no pós-guerra fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e aguentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos.”
 
“Tudo para todxs, e nada para nós.”

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