Entrevista com o anarquista, filósofo da ciência, Paul Karl Feyerabend, autor de “Contra o Método”, dentre outras obras.
Mais sobre ele: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Feyerabend
Entrevista com o anarquista, filósofo da ciência, Paul Karl Feyerabend, autor de “Contra o Método”, dentre outras obras.
Mais sobre ele: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Feyerabend
Assata por suas próprias palavras (original)
Meu nome é Assata (“aquela que luta”) Olugbala (“pelo povo”) Shakur (“a agradecida”), e eu sou uma escrava fugida do século XX e XXI. Por causa da perseguição do governo, eu não tive outra escolha a não ser fugir da repressão política, racismo e violência que domina a política do governo dos Estados Unidos contra as pessoas de cor¹.
Eu sou uma ex-prisioneira política e tenho vivido em exílio em Cuba desde 1984. Eu fui uma ativista política toda a minha vida e, apesar do governo dos E.U.A. tenha feito tudo que possa para me criminalizar, eu não sou uma criminosa, nem nunca fui. Nos anos 60, eu participei em diversas lutas: o movimento de libertação negra, movimento por direitos estudantis e o movimento pelo fim da guerra no Vietnã. E
u ingressei no Partido dos Panteras Negras. Em 1969, o Partido dos Panteras Negras havia se tornado a principal organização alvo pelo programa COINTELPRO do FBI². Por que o Partido dos Panteras Negras demandava a total libertação do povo negro, J. Edgar Hoover³ chamou o de “a maior ameaça à segurança interna do país” e jurou destruir a organização e seus líderes e ativistas.
¹Do original people of color. Na língua inglesa, a expressão ‘pessoas de cor’ é utilizada para se referir à pessoas que não são brancas, como Negras, Indígenas, Latinas etc e não possui o caráter pejorativo que possui no Brasil.
²COunter INTELigence PROgram (Programa de Contrainteligência) foi um programa do Federal Bureau of Investigation (FBI) que visava investigavar e desmantelar organizações políticas dos Estados Unidos, que muitas vezes atuou com ações ilegais.
³Diretor do FBI na época.
Em 2014, no calor das emoções e bombas lacrimejantes do pós Junho-2013 na cidade do Rio de Janeiro, um grupo de anarquistas conversavam sobre a forma como as informações estavam sendo transmitidas por coletivos que não participavam da imprensa empresarial. A percepção era de que havia muito trabalho bom sendo lançado, mas eram poucos, muitas vezes escassos, os materiais produzidos por coletividades assumidamente anarquistas para um público que não suportava mais os panfletos padronizados da estética militante. A análise sob um viés libertário, a necessidade de realizar contra-informação permanente diante do que Globo e semelhantes nos empurravam guela abaixo, a compreensão de que a informação é poder e que deve ser subvertida… Todas essas questões rodaram entre as pessoas daquele grupo noite adentro. Entre um gole e outro de alguma bebida e nas tragadas esbaforidas de cigarros amassados veio a proposta: e se montássemos um canal de informação no Facebook e em outras plataformas virtuais com o objetivo de descentralizar as informações e fazer a crítica que tanto andávamos sentindo falta? E assim nascia a R.I.A – Rede de Informações Anarquistas, das cadeiras sujas de algum bar sujo no centro vil de uma cidade tão desigual para o mundo afora e quiçá o universo (não necessariamente nessa mesma ordem, mas assim a narrativa fica mais fofa!)
A ideia inicial já estava contida no próprio nome: iríamos usar do bom humor para alcançar mais pessoas com aquilo que precisava ser dito, porém só reproduzido no velho formato acadêmico/militante, tão descolada de nosso cotidiano e tão distante de inúmeras realidades. Não que tenhamos saído demais dessa linha de pensamento, afinal ainda somos uma rede chamada “RIA” e continuamos acreditando no poder pouco explorado do sarcasmo, mas com o tempo (e amadurecimento) percebemos que nem sempre era possível manter-se na “zuera” diante da enxurrada de informações que recebíamos e das tantas coisas com as quais nossa atenção acabava por se voltar.
Inclusive, desde nosso lançamento num simples canal de Facebook em Junho de 2014, observamos como as inúmeras pessoas que nos acompanham diariamente foram desenvolvendo uma certa animosidade com a página. Para muitos, a RIA se tornou um verdadeiro portal para que seus anseios, questionamentos e informes pudessem transbordar mundo afora.
E isso tudo é maravilhoso e muito gratificante, pois não esperávamos que em tão pouco tempo o termo “rede” começasse a fazer tanto sentido Emoticon grin
Hoje, a rede é muito mais que um grupo de anarquistas espalhados por aí se esforçando diariamente para consolidar um canal de comunicação libertária. Hoje, a rede é você! Sim, cada um de vocês, tantas Marias, Joãos, Mônicas, Alices, Marcos… hoje vocês fazem a RIA ser o que se tornou: uma malha de pontos visíveis e invisíveis, pontos aqui e ali, pontos em toda parte, dispostos a dizer NÃO à informação dominante!
Somos (porque vocês são) continuaremos (porque vocês continuam) sendo a ferramenta necessária para potencializar a revolta de cada um de vocês! Todas e todos possuem espaço cativo nessa rede que se estende cada vez mais, num ritmo que chega a espantar até os próprios administradores da página!
Curiosamente, nem todos que acompanham a página são assumidamente anarquistas (e quem somos nós e quem é você para dizer quem é ou não), mesmo após as incontáveis postagens com ideais anarquistas de mais de um século de experiências ao redor do mundo. E isso é incrível, pois denota, para nós, que o trabalho está sendo feito no caminho certo: a descentralização da informação, e não a concentração dela na cabeça de poucos pretensos seres ditos iluminados!
Esse post é um grande agradecimento a cada coração libertário que nos acompanha na luta diária contra o Estado-Capital. Sabemos que erramos muito, diversas vezes. Nossa, erramos feio, erramos rude, até porque para nós também é uma grande aprendizagem, pois por trás de algoritmos existem pessoas e seus sentimentos, existe vida, amor e ódio, carinho e tristeza, existe amizade. Mas nada disso impede de nos manter na tarefa inicialmente proposta. Por isso mesmo cada um de vocês é importante nesse processo Emoticon wink.
Temos muitas novidades lá na esquina do tempo, nas curvas relativas da vida. Nosso trabalho não para por aqui e ainda temos muuuuuitas ideias para colocar em prática, online e off-line. Aguardem!
De baixo para cima, RIA você também!
AMOR, SAÚDE E ANARQUIA!
A comunidade Masterbus nasceu na zona leste de São Paulo em 2014, quando 40 famílias da região ocuparam o terreno que estava vazio há quase 12 anos. Dia 23 de fevereiro de 2016, uma terça-feira, ocorreu a reintegração de posse. Essas fotos foram feitas no domingo, dois dias antes da reintegração, onde o pessoal do Coletivo Ocupa PL e Mídia Nuclear fizeram vários eventos de mobilização pra ajudar a Comunidade. Pra saber a historia toda:
Imagens da desocupação da ocupação Masterbus no dia 23 de fevereiro, por Daniel Arroyo
Não teve arrego por parte do Judiciário. Sem entender nada, moradorxs levantam às 6h com a Tropa de Choque dentro da Comunidade.
23 de fevereiro de 2016 às 6e12 da matina, cerca de 10 viaturas, um ônibus e uma base comunitária da PM travam o cruzamento da Avenida Cipriano Rodrigues com a Rua Manoel Ferreira Pires. A ação de remoção já começa prejudicando o cotidiano dos trabalhadorxs da região que tiveram seus trajetos alterados por conta do remanejo das linhas de ônibus que costumam passar pelo local.
Dentro da Comunidade Masterbus o fluxo de pessoas e móveis é intenso. O Choque entra e se posiciona ao lado de um dos prédios onde ficavam algumas galinhas, patos, gansos e outras aves da criação do Sr. Durval (60), um dos moradores mais antigos da Ocupação Masterbus.
Desolada, uma senhora pede ajuda para retirar suas coisas do cômodo de 4m² no complexo de tijolos destruídos pela ira dxs moradorxs durante a madrugada, ao saber que a Juíza Karina Ferraro Amarante Innocencio não revogou o pedido de Reintegração de Posse do terreno de empresários citados nos escândalos da Lava Jato, Lista de Furnas e na Lista Suja do MTE por associação ao Trabalho Escravo.
O clima de despedida se misturava com a angústia de não saber ao certo para onde ir, eis que com a chegada do Secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, o cenário se transforma. Expectativas ficam sugeridas nos sorrisos de alguns moradores, outros ignoram a presença do engravatado ali e prosseguem com a mudança. O Secretário passou cerca de duas horas ouvindo as demandas da comunidade que não via um político desde a época das eleições, segundo o Vídeo.
Entre pedidos de silêncio e gritos de revolta contra o único representante dos Direitos Humanos presente no local, uma moradora interfere na ouvidoria ambulante e tardia da Prefeitura, “Chega! Preciso tirar minhas coisas, vão me dando licença”, diz a moradora Socorro Gomes, mãe de dois filhos.
Antes de ir embora, Suplicy caminha com parte dxs moradorxs para tentar diálogo com o comandante da ação, Coronel Lucco, sem sucesso ele se despede da comunidade pedindo licença para ir à sua terapia. Desabrigados, sem direito à moradia, muito menos à terapia, os moradorxs voltam às atividades do dia: cuidar do que o Estado não cumpre por elxs. Se organizam para usar o número insuficiente de caminhões da Prefeitura para mudança, fica decidido que a prioridade é das mães autônomas com as crianças, enquanto isso os policiais seguem tomando café com leite e pão com manteiga na base comunitária mas essa foto não deu pra tirar porque imprensa alternativa tem cara de juventude ativista e parece que os milicos não vão curtem muito tirar retrato.
Até a nossa saída do local, por volta das 9h00, não havia nenhum representante do Conselho Tutelar para acompanhar a comunidade que abrigava mais de 400 crianças. Além disso, não houve nenhum tipo de cadastramento dos moradores junto ao Poder Público para os devidos encaminhamentos legais que permeiam uma ação de Reintegração de Posse.
O descaso do Município com a população sem-teto é alarmante, em dois dias ocorreram reintegrações de posse, é bom se familiarizar com o termo gentrificação, parece que ele é tendência em 2016.
Por Mídia Nuclear
Guarapuava, 17 de fevereiro de 2016.
Saudações Anarquistas!
O Núcleo Anarquista Guarapuava NAG saúda a recente Ocupação Bela Vista que surgiu no início dessa semana na Colônia Vitória, Distrito de Entre Rios na cidade de Guarapuava-PR.
A ocupação ocorreu devido às precárias condições em que viviam os moradores do chamado “beco”, região de favelas da vila dos brasileiros. Sem saneamento, sem água e luz, correndo riscos (recentemente houve um incêndio e dez famílias perderam suas casas), havia a possibilidade de contaminação pela dengue e zica vírus, com focos constatados. A situação de calamidade do beco fez com que as famílias tomassem uma atitude independente da burocracia estatal.
A área ocupada abriga mais de 230 famílias com a possibilidade de abrigar muitas outras mais. A prefeitura de Guarapuava entregou a posse de 97 terrenos e de 1 casa há seis anos para 97 famílias. Os moradores estavam esperando a revitalização do local, pois trata-se de uma área urbanizada aos arredores da Cooperativa Agrária Industrial, maior cooperativa de malte da América Latina, gerida por cooperados descendentes de europeus refugiados da Segunda Guerra Mundial. Em 1945, croatas, húngaros e alemães
Conhecidos como suábios do Danúbio ganharam 22 mil hectares que foram distribuídos de 15 a 30 para cada uma das famílias. O governo brasileiro entregou as terras para que cerca de 500 famílias recomeçassem suas vidas, ganharam a melhor terra, ganharam financiamento junto ao governo brasileiro e apoio internacional do governo europeu para não sofrerem nas terras tupiniquins. De 1945 até hoje, exploram a mão de obra barata dos chamados “brasileiros”, os quais trabalham na cooperativa como chão de fábrica, na construção civil ou nas casas dos suábios, como jardineiros, empregadas domésticas, babás ou nos serviços gerais.
A Luta é por terra! Direito dos brasileiros que estão vivendo em situação de miséria, sem auxílio e sem recursos, seus terrenos medem 9×21, foram medidos pelos próprios moradores que encontram-se acampados em barracos de lona. Uma horta já foi iniciada com o trabalho autônomo dos ocupados, que coletivamente fazem a gestão da ocupação.
Mulheres e homens estão na linha de frente resistindo às ameaças da polícia.
Os representantes do Estado tentam coagir os ocupantes com a promessa de que as 97 casas serão construídas, entretanto, há muito mais pessoas precisando de um terreno. Aos poucos o número de desabrigados aumenta, estão saindo das valetas do beco e vislumbrando horizontes mais dignos nesta terra dita “de todxs”.
PUBLIQUE-SE.
“Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito!”
Ocupa e resiste!
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