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(Relato) Mensagem de um Companheiro Anarquista Sírio no Exílio

A Rede de Informações Anarquistas recebeu e traduziu para o português a mensagem de um companheiro anarquista sírio que participou da Primavera Árabe mas que, por conta da repressão do governo de Bashar al-Assad, foi forçado ao exílio. Segue abaixo seu comovente relato.


“Obrigado companheiros e companheiras, e perdão pela demora na resposta.

Nós estávamos na fase de construir nossa propaganda e nossos círculos libertários quando as revoltas da Primavera Árabe começaram.

Existia um círculo de anarquistas e estudantes em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, círculo esse que buscou participar dos eventos. Ela composto em sua maioria por estudantes universitários e algumas pessoas que estavam interessadas em música tentaram compor algo para as revoltas.

Existia também outros indivíduos em diversos outros lugares.

Infelizmente, a situação ficou insuportável. O Estado Islâmico (ISIS), a ascensão dos jihadistas, a repressão brutal de Assad, entre outras coisas, matou a revolta e forçou as pessoas a procurarem por segurança.

Tenho 49 anos e sou originalmente stalinista. Venho do partido comunista formal, mas evolvi ao anarquismo depois da queda da União Soviética.

A partir de 2000 eu comecei a traduzir alguma literatura anarquista para o árabe, diagnostiquei o regime de Assad como um estado capitalista e tentei ajudar na construção das lutas comunistas.

Fui forçado ao exílio.

Agora, meus companheiros e companheiras se juntaram a mim.

Eu estava em Dubai trabalhando como médico, que é a minha profissão, e então vim para a Europa.

Nós estamos tentando compreender a Primavera Arábe e as possibilidades de lutas futuras, além de tentar organizar a propaganda anarquista na Síria e no Oriente Médio.

Eu desejo o melhor a vocês.

Esse é o meu blog em árabe: http://www.ahewar.org/m.asp?i=1385

Sintam-se à vontade para me mandar qualquer análise, notícias, etc., sobre suas atividades e lutas.

Mazen.

SyriaFreedom

(Artigo) O Caso Sírio: as movimentações do capitalismo para a garantia do seu poder absoluto

coloA França anuncia que deve bombardear a Síria para evitar a entrada de pessoas refugiadas na Europa como se a simples solução fosse, do céu, com seus aviões, jogar bombas e exterminar tudo que suas miras tecnológicas julgarem que deve ou não morrer. Como se a solução para parar a entrada de pessoas refugiadas em países da Europa fosse exterminar todo um povo que, com seu sangue, terá que pagar pela manutenção do Capitalismo.

Tudo isso para não terem que abrir suas fronteiras e receberem famílias que fogem das guerras, criadas e potencializadas por esses mesmos países. Tudo isso para não terem que compartilhar suas riquezas com quem tem fome, sede, frio. Riquezas que, deve-se ressaltar, foram adquiridas depois de anos de exploração colonialista dos ditos “países periféricos”, entre eles, os países do Oriente Médio. Acham mais fácil derramar o sangue do que estender a mão e ajudar o próximo.

Vale destacar que para esses países não há a distinção entre Estado Islâmico (ISIS) e a Resistência Curda. Um prega o fascismo fundamento pela religião o outro uma organização autônoma da região do Curdistão. Logo, para os interesses do sistema capitalista, nenhum dos dois é interessante. Como podemos ver, os curdos e curdas que estão na resistência contra o ISIS estão sendo bombardeados principalmente pela Turquia. O governo turco não só os considera como terroristas, como também reprime a população curda que vive em território turco, além de dificultar a passagem pelas suas fronteiras de militantes, apoiadores e recursos para a região de Rojava, situada dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Síria, onde a Resistência Curda mostra-se mais intensificada.

Dessa forma, a Europa apenas evidencia a sua supremacia enquanto uma raça superior, potencializando assim a segregação, o racismo e discriminação. Quanto mais reforçam colonialsuas fronteiras e erguem seus muros mais essa divisão de raças é feita, mais exposto fica a face do seu fascismo desencadeado pelo sistema capitalista, sistema esse que potencializa a desigualdade entre raças e povos para poder gerar uma mão-de-obra barata na produção dos produtos consumidos pelas pessoas brancas dos países do norte.

Não podemos esquecer que quem criou essa situação foram os Estados Unidos e seus aliados, integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ao impulsionarem o Estado Islâmico a derrubar o governo da Síria, os armando e financiando e, assim, através de mais um “governo marionete”, poderem colocar os interesses do imperialismo/Capitalismo na Síria e por todo o Oriente Médio.

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