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(Paraná) Massacre de trabalhadores rurais em Quedas do Iguaçu: terrorismo premeditado pelo Estado em favor das Classes Dominantes

foto luto mst

Postado originalmente no Coletivo Quebrando Muros.

A semana passada foi marcada por duros ataques contra a luta dos povos do campo e das florestas. Em Quedas do Iguaçu, cidade do sudoeste do Paraná, Vilmar Bordim e Leomar Bhorbak, dois trabalhadores rurais e militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que estavam numa caminhonete dentro do acampamento Dom Tomás Balduíno, foram assassinados por policiais militares e por capangas da Araupel – empresa madeireira que utiliza milhares de hectares de terras públicas griladas, como reconheceu a própria justiça do Paraná, e que por este motivo não existe qualquer ordem judicial de reintegração de posse. A versão canalha da Polícia Militar, foi que os policiais teriam sido chamados por seguranças da Araupel para combater um incêndio e teriam sido recebidos à bala pelos acampados, e por isso teriam reagido – uma mentira sórdida, que sequer se preocupa em mascarar o fato de que os trabalhadores foram mortos com tiros pelas costas, e nenhum policial sequer foi ferido. Não bastasse tamanha violência, ainda impediram o acesso dos outros acampados ao local do ataque para esconder seus crimes e ajeitar sua “versão” dos fatos.

A morte de Vilmar Bordim e Leomar Bhorbak, é a dura explicitação do massacre sistemático conduzido pelo Estado contra os movimentos sociais, sobretudo nas periferias e no campo, em favor dos interesses dos latifundiários, do agronegócio e das empreiteiras. Em fevereiro deste ano, Pobres Valdiro Chagas de Moura e Enilson Ribeiro dos Santos, militantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Acampamento Paulo Justino em Jaru, RO, foram também brutalmente assassinados por pistoleiros sob as vistas grossas da polícia local. De dezembro do ano passado para cá aconteceram 6 assassinatos e 3 desaparecimentos na região do Vale do Jamari (onde ficam o Paulo Justino e outros acampamentos), transformada pelo latifúndio e o Estado em verdadeiro campo da morte. E isso é uma pequena amostra da brutalidade que usam contra aqueles que lutam por direitos, quando esses afetam os interesses dos de cima.

Ao mesmo tempo, o genocídio contra os povos indígenas segue a pleno vapor, ancorado pelas políticas do Governo Federal, que tem um lado claro: o dos latifundiários e do agronegócio. Na mesma semana em que tombaram os dois companheiros do MST, o Cacique Baubau e seu irmão foram presos em Ilhéus (Bahia), enquanto resistiam a um violento despejo. E não é apenas nas aldeias que a violência aos indígenas tem acontecido: no dia 19 de março, o estudante da UFRGS Nerlei Fidelis foi espancado por estudantes da mesma universidade, pelo simples fato de ser indígena.

Os culpados por mais um massacre, além do governador Beto Richa (PSDB) responsável pela fascista PM-PR, é uma estrutura política muito mais ampla, que só age em favor dos burgueses. O governo Dilma Rousseff (PT) é igualmente responsável por manter a política de concentração de terras e de favorecimento incondicional e sistemático ao agronegócio, à guerra generalizada contra os pobres, à criminalização das lutas dos trabalhadores e do povo. Frente a esse cenário, sabemos que o único caminho é o da resistência e da organização coletiva nos locais de trabalho, estudo e moradia. Que nosso luto seja pelos companheiros assassinados, espancados e privados de uma vida digna, e que nossa solidariedade seja mais que palavra escrita e se estenda a todas e todos que lutam por um mundo mais justo, no campo, nas cidades e nas florestas.

(Bahia) Sem Terra sofre despejo violento na Chapada Diamantina

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Cerca de 180 famílias foram surpreendidas com um despejo violento realizado nesta quarta-feira (7), nos acampamentos Olga Benário e Bom Jardim, localizados no município de Itaberaba, na Chapada Diamantina.

O despejo aconteceu simultaneamente nos acampamentos. A polícia usou uma pá carregadeira e um trator que passou por cima dos barracos e pertences das famílias.

Comandado pelo capitão Gomes Junior, a polícia civil e o comando especial de proteção aos biomas e Caatinga, chegaram nos acampamentos com uma liminar de despejo “sem nenhum cuidado e respeito com as famílias”, denunciaram os trabalhadores.

Para a direção estadual do MST, a forma como a ação foi conduzida representa um retrocesso na luta pela terra no estado.

“Nós não podemos remeter a luta da classe trabalhadora a este método desumano provocado pelo estado brasileiro que possui a burguesia como centro e a defesa da propriedade privada como espaço de acumulo de riqueza. Continuaremos em luta desconstruindo esta lógica de dominação e rompendo as cercas do latifúndio”, enfatiza a direção.

Estes dois despejos se somam a mais dois realizados no mês passado nos acampamentos 25 de Julho e Capitão Lamarca, ambos na mesma região.

A maioria das famílias estão desabrigadas às margens da ‘Estrada do Feijão’, que liga os municípios de Feira de Santana a Irecê.

Em repudio as ações truculentas e desumanas, os trabalhadores criaram um documento denunciando a violência praticada pela polícia.

Via Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

(Uruguai) De 5 de junho à 5 de julho: mês pela terra e contra o capital

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Antes que uma nova tecnologia venha querer nos convencer de que é possível um capitalismo verde, humano, uma gestão mais saudável da devastação e a vida controlada, decidimos intervir.

Antes que nos acostumemos a tanto espetáculo, a perder até a última ilusão de um mundo onde a natureza não escape de ser mercantilizada e coisificada para uso estatal e empresarial, decidimos atuar.

Os protestos pela terra, como tudo neste sistema, tendem a fossilizar-se, tendem a converter-se em parte das vitrines do “dia de”.

Em troca, a ação descentralizada, frontal, livre e autônoma; a ação que busca a raiz do problema e os meios concretos para dar-lhe solução, se dirige ao Capital e às relações sociais que este produz.

Antes de comprovar que já não podemos beber mais água ou ter que pagar por toda a comida às mesmas empresas que a controlam, decidimos não esperar mais, decidimos potencializar a resistência que faz um tempo atravessa os continentes e os oceanos.

As ações de todo tipo nos unem. Potencializemos a crítica real, a que leva em si mesma a prática concreta de uma nova forma de entender a natureza e as relações com os outros e o outro.

O desenvolvimento do capital se faz através de planos, os Estados e as empresas tem suas bases no território, a devastação se concretiza nas ferramentas que se utilizam, tiremos a resistência da abstração, o show e o desespero ativista para convertê-lo em ações que realmente vão transformando a realidade. Juntemos o compromisso e a projeção de nossas lutas para gerar uma transformação real e ampla.

O mês pela terra e contra o capital busca ser uma jornada nada estável ou sacra para potencializar nossas lutas pelo território contra a devastação capitalista e as falsas receitas que tentam potencializar a dominação ou no máximo defender uma menor…

Aos especuladores de todo tipo, à redução da vida e da natureza em mercadoria, à soberba de quem se crê dono do vivo contrapomos a liberdade de todos.

A terra não se vende, se defende!

Pela terra e contra o capital.


Contato:

porlatierraycontraelcapital.wordpress.com

porlatierraycontraelcapital@riseup.net


Originalmente publicado no site da Agência de Notícias Anarquistas