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(Rio de Janeiro) Nota sobre a chacina ocorrida em Acari no dia 04/04/2016

Foto de Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.
Por: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência

Diferentemente do que diz o discurso oficial, as incursões policiais em favelas continuam a ser a principal forma de atuação estatal na área da segurança pública no Rio de Janeiro.

Esta forma de atuação costuma se caracterizar pelo imenso aparato utilizado, pelo uso descomunal de armas de guerra, pela produção do conflito armado e por uma série de violações de direitos.

Hoje, uma dessas incursões ocorreu em Acari, favela situada no subúrbio do Rio de Janeiro. Foi realizada pela Polícia Federal, com apoio da Polícia Civil. Deixou 5 mortos. Cinco vidas subtraídas de forma brutal.

Exigimos o imediato esclarecimento destas mortes. Como muito bem demonstrou a Anistia Internacional em relatório divulgado no ano passado, em Acari diversas mortes tratadas pela polícia como “mortes em confronto” e registradas como “auto de resistência” não passaram de execuções sumárias, ou seja, cometidas deliberadamente pelos agentes de segurança.

Essa situação não pode continuar nas favelas cariocas e brasileiras. Queremos andar tranquilamente nas favelas onde nascemos.

CHEGA DE CHACINAS, ESTADO ASSASSINO!
CHEGA DE MORTES NAS FAVELAS!
UM BASTA NA “DEMOCRACIA DAS CHACINAS”

(Rio de Janeiro) Enquanto você bate panela, crianças negras e pobres são assassinadas

12933026_1136351386376511_1362948574080613475_nInfelizmente já não são raras as notícias de crianças negras e pobres sendo assassinadas nas favelas e periferias do Rio de Janeiro. Enquanto uma boa parte da esquerda (burocrática ou não) se preocupa em discutir o que é golpe, fazer atos em favor de um governo ou de outro, a população que “nunca parou de militar”, a população negra e pobre, continua sendo morta. Nunca parou de militar pois, em suas vidas cotidianas tem que lutar para sobreviver, para não serem mortas pelos cães do Estado e do capital.

No dia 28/03, mais uma criança foi assassinada. Desta vez em Madureira. A população local em forma de protesto ateou fogo em dois ônibus do BRT e em uma estação, deixando a via interditada por alguns instantes. Como represália, foram brutalmente reprimidos/as pela Polícia Militar.


Pelo Fim do Genocídio da População Negra e Pobre!

 

(Comunicado) Nota Pública de Repúdio ao Governo da Bahia e seus Lacaios, Cúmplices do Pacto da Morte Negra e do Terrorismo desse Estado Racista de Direito Penal

No dia 03 de novembro de 2015 o Núcleo de Familiares de Vítimas do Estado Racista Brasileiro, da Campanha Reaja, convocou uma audiência pública para tratar dos graves atos de intimidação, terror e morte em comunidades negras de Salvador e do Interior da Bahia, onde atuam os Núcleos Avançados de Luta da Campanha Reaja. Estavam presentes os representantes dos Familiares do Jovem Jakson Costa, morto e esquartejado em Itacaré, representantes de Amargosa, Feira de Santana, Ilhéus, representantes das vítimas da Polícia dos bairros soteropolitanos Fazenda Coutos, Valéria, Engenho Velho de Brotas, Periperi e São Cristovão, além dos familiares das vítimas do massacre do Cabula. Procedemos à protocolização de Convites na Sepromi – Secretaria de Promoção da Igualdade, Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – Geraldo Reis, o assessor do Governador, Paulo Cezar Lisboa, o Ministério Público, a Organização Justiça Global e a Defensoria, essas ultimas presentes e solidarias com nossas demandas.

Como demonstração da desatenção, do descaso e da violência institucional do governo e sua incapacidade de dialogar com membros da Campanha Reaja, entre sua maioria Mães e Pais de jovens mortos pela política letal de segurança pública, todos os convocados, se fizeram ausentes, sem qualquer justificativa, demonstrando o total descaso com as vidas negras, respaldando as denúncias que foram colhidas pela Organização Justiça Global e pela Defensoria.

Abuso policial, tortura, desrespeito e criminalização das mulheres, execuções sumárias e extrajudiciais, racismo e terrorismo de servidores públicos de uma administração já largamente confessa em seus abusos contra a maioria da população, porém, que faz uso de seus ardis políticos e da propaganda com auxílio de religiosos, políticos, ativistas e capitães do mato negros que seguem fazendo o jogo do feitor.

Não nos causou espanto, mas revolta! Depararmos-nos com imagens e notícias no dia 04 de abril, com o anúncio de recursos vultosos para o Pacto Pela Vida, programa de segurança que desde o começo, ao contrário do que se imaginou nos círculos de “Igualdade Racial”, tem gerado mais mortes e terror nas comunidades negras.

Utilizando o capital cultural e simbólico dos negros e negras que, historicamente, sempre lutaram contra esse poder colonial da Bahia, o Estado ostenta a presença de líderes negros que continuamente tangenciam as dores e as desgraças que envolvem a comunidade por seus lucros pessoais. O lançamento e anúncio do programa na página da Sepromi foi uma segunda humilhação que o governo impôs aos familiares das vítimas que organizam e comandam a campanha Reaja. Como se isso não bastasse, divulgar fotos de pessoas sorridentes em comoventes místicas com policiais da Rondesp, entre os quais, os citados na ação penal que denunciou a tragédia do Cabula. Agora o governo ignora nossa dor e nosso direito às respostas sobre vários casos apresentados a essas secretarias, desde 2006, e nos impõe esse silêncio que pretende nos matar simbólica e politicamente, ignorando-nos, fingindo que nós não existimos.

O programa Pacto Pela Vida promete recursos para essas ONGs que não se respeitam, para que realizem cursinhos de direitos humanos, fomentem as invenções da moda, aprofundando o sequestro politico do mês da consciência negra. As camisas com o timbre do governo farão caminhadas “chapa branca” enquanto o sangue continua a escorrer nos locais onde moramos, ali mesmo local onde morremos sem que ninguém lamente.

Semelhante às combativas mulheres que lutam contra o terror de demolições e remoções engendradas por ACM Neto – face da mesma moeda de Rui Costa, nós da Reaja estamos nos preparando para ofertar a Rui Costa, num desses jantares e cafés da manhã que ele organizará em novembro, o Troféu Fuzil de Ouro. Com este troféu ele poderá ostentar em suas mãos a responsabilidade pelas mortes de tantas vidas negras e, ainda assim, ter amigos, seguidores e admiradores, entre as quais, pessoas que deveriam lutar contra isso.
Insistimos que essas Secretarias acima citadas , respondam aos chamados das famílias de vitimas e das comunidades atingidas pela violência da policia com seu terrorismo de Estado.

Não queremos mendigar cargo ou emprego , emenda parlamentar ou beneficio para nossos filhos e parentes num carguinho qualquer , queremos que eles respondam porque em 09 anos de incidência da Reaja, nenhuma questão suscitadas por nós foi atendida. encaminhada.

Se antes era a enganação, a conversa interminável e um mar de reunião agora é a desatenção com nossa dor. E as pessoas que se respeitam e que nos apoiam para além das redes sociais, boicotem essas festas de um governo Genocida.

NOVEMBRO NEGRO DE LUTO, NOVEMBRO NEGRO DE LUTA

Originalmente publicado no blog do Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta

novembro negro de luta

(Rio de Janeiro) Relato da Feira da Pretitude, Autonomia Preta!, ocorrida no dia 18 de outubro

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Realizada pelo Fórum de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, a Feira Pretitude Econômica teve a sua primeira edição realizada no Complexo do Alemão no dia 18 de outubro, domingo.

A Feira foi construída a partir da iniciativa de movimentos e coletivos de maioria negra das áreas da saúde, da cultura, da culinária, da educação, da psicologia, do audiovisual, bem como familiares e vítimas do Estado racista Brasileiro.

Também teve como objetivo difundir a cultura de resistência africana e afro-brasileira, impulsionando o consumos de acessórios, músicas, arte, livros entre outros bens materiais e imateriais. Como proposta, parte da renda da Feira é revertido em fundo de apoio às vítimas do Estado.

Contando com a participação de moradores e moradoras do Complexo, a Feira conseguiu atingir o seu objetivo mesmo tendo pouco tempo de divulgação. Todo o processo foi de protagonismo negro, visando fortalecer a autonomia política e financeira dos coletivos e pessoas que participaram.

Estiveram presente na organização o pessoal da Frente de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro e o Ocupa Alemão com apoio da Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta.

A próxima edição será realizada no Vidigal, em dezembro.

Segue algumas fotos da Feira

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(Artigo) Enquanto você chora por uns, milhares são mortas

Nos últitextoetnicidio2mos tempos nos deparamos com diversas notícias sobre assassinatos. Longe de serem casos isolados, esses casos tem alvos muito bem definidos, a população não-branca, negra ou/e indígena, e pobre. Porém, as notícias que aparecem nas capas dos jornais brasileiros pouco mostram os assassinatos que acontecem dentro do próprio território. A mídia burguesa afim de silenciar os problemas internos do território que está inserida, invisibilizando o racismo e o etnocídio que acontece ao seu lado, divulga de maneira incessante notícias de assassinatos de imigrantes africanos, sírios entre outros, que são mortos, de maneira direta ou não, ao tentarem entrar em território europeu.

De maneira alguma queremos dizer com esse texto que a vida destes não são importantes. Pelo contrário, os assassinatos das pessoas que tentam entrar em território europeu em busca de se refugiar de guerras ou apenas para terem melhores condições de vida fazem parte também de uma política pós-colonial que visa, direta ou indiretamente, subjugar povos e culturas.

O que queremos com esse texto é problematizar o papel da mídia burguesa brasileira de fingir que nada está acontecendo ao seu lado. Ataques a templos de candomblé e umbanda, avanço do agronegócio em territórios indígenas, quilombolas e ribeirinhos, Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), genocídio da população negra e pobre, todas essa problemáticas matam crianças, adultos e idosos todos os dias e ganham no máximo uma pequena coluna nos jornais, quando ganham. Crianças negras são mortas na Maré, Complexo do Alemão e outras favelas do Rio de Janeiro. Populações indígenas são exterminadas todos os dias para o (des)envolvimento* da população branca, e o que ganha uma capa de luto nos jornais é a morte de uma criatextoetnicidio1nça Síria. O que queremos problematizar é que no Brasil milhares morrem todos os dias de forma invisível e brutal, e a mídia branca e burguesa pouco se importa, indo criar de maneira insensível e hipócrita uma certa forma de sensacionalismo com os casos que acontecem fora do território que está inserida.

Acreditamos que essas políticas de invisibilizar casos faz parte de um contexto maior de racismo e etnocídio, na qual prega, de maneira direta ou indireta, uma desvalorização à culturas e povos não-bracos. Os ataques a templos de religiões de raízes africanas fazem parte do mesmo racismo e etnicismo que desapropria populações indígenas de seus territórios, em escalas diferentes, é claro, mas que completam um ciclo de reprodução de um colonialismo recriado e repaginado, que só aceita  um tipo de cultura e que subalterna raças. Essa política pós-colonial age de maneira binária, criando um certo e um errado, um desenvolvido e um não desenvolvido, e com isso ajuda a difundir um pesamento racista e eurocentrado, que aceita apenas a norma cultural do “colonizador”.

A RIA repudia o papel da mídia branca-burguesa, que invisibiliza o racismo e o etnocídio e que cria comoção com casos que nos fazem pensar que o racismo está longe de nos.