Quem tem medo de “Black Bloc”? Corações e mentes que não cabem na “ex-querda” institucional/partidária.

Já estamos ciente das recentes declarações das lideranças de movimentos ligados à esquerda partidária/institucional. Deixamos claro que nossa crítica JAMAIS será direcionada àqueles que lutam verdadeiramente pela PAUTA, àqueles que dão o próprio sangue na defesa de uma causa (principalmente àqueles cuja luta é a única saída). Nossa porrada será naqueles que insistem em ser burocratas do povo, os que se dizem lutar junto ao povo mas, na verdade, desejam apenas poder e uma vaga na boquinha da democracia burguesa.

Primeiramente, vamos voltar no tempo. Exatamente ao contexto de 2013 (sim, sempre ele). Apesar do histórico de resistências e práticas de autodefesa anteriores à essa data, é sempre necessário ressaltar que o ano de 2013 é nosso grande referencial recente em termos de táticas de reação à repressão policial nas ruas. Nos desculpe os academicistas, mas a verdade é que muitos dos que hoje conseguem enxergar a necessidade da autodefesa organizada foram forjados pela brutal repressão policial de 2013. É nesse contexto que anarquistas e libertários relançaram a prática da tática Black Bloc nas grandes manifestações populares em todo o Brasil. E afirmamos isso, categoricamente, porque já existiam adeptos dessa tática atuando no Brasil, mais especificamente em São Paulo, desde as jornadas mundiais contra o neoliberalismo no início dos anos 2000. A diferença é que a ação na rua, totalmente descacterizada de lideranças ou centralismos, levou à população geral uma possibilidade até então pouco difundida: ficar e lutar! Ficar e resistir.

A tática black bloc no Brasil, assim como na própria origem da prática, nasceu da resistência aos ataques da repressão policial. Black bloc não é nem nunca será um grupo, uma coisa delimitada por toda sorte de burocracias e procedimentos centralizadores, assim como são as frentes de gente que se diz “Sem Medo” ou os tais levantes que tem de tudo, menos popularidade. Ninguém é black bloc! A tática não está no campo do ser, ideologicamente falando. Assim como inúmeras outras táticas, anarquistas ou não, o bloco negro faz parte de uma estratégia, um conjunto de ideias caracterizadas por um objetivo final comum. E é neste ponto que anarquistas, libertários e independentes se separam da velha e falida esquerda partidária e seus pretensos movimentos sociais.

A tática de criar um bloco negro serve à dois princípios: materializar uma força frente a repressão do Estado contra manifestações e passar a clara mensagem de que ali não estão personalidades ou rostos que buscam o poder! Vestimos o negro porque nosso luto é a luta. Usamos máscaras, muitas delas anti-gás lacrimogênio, para nos defender da perseguição policial e para expressar, simbolicamente, que nosso foco é a defesa da causa e não fotomontagens para jornais de grande circulação no meio empresarial.

Dentro da estratégia anarquista/libertária, o bloco negro faz front para que nossa luta contra a estrutura do Estado e contra os interesses do capital não seja facilmente silenciada pela chuva de bombas de efeito moral que a polícia insiste em utilizar. Nossa reação aos ataques das forças de repressão sempre será direcionada ao patrimônio daqueles que financiam o caos social que vivemos. Vidraças continuaram sim sendo quebradas, quer vocês queiram ou não! Barricadas continuaram sim sendo erguidas, pois nossa fúria não cabe nas urnas! O bloco negro é e continuará sendo a pedra no sapato dos magnatas que financiam as desigualdades sociais que vivemos. Somos temidos pela grande mídia porque não compramos suas mentiras, somos incontroláveis. E a imprensa, que nada tem de imparcial, sabe que nós somos aquelas variáveis que dificultam absurdamente a simples equação do consenso fabricado, ou seja, do controle popular: nós não servimos à narrativa da política de “torcida”, pois não servimos nem à direita nem à esquerda partidária! Não servimos nem às elites, nem aos movimentos burocratas! Nossa ação, QUANDO NECESSÁRIA, é em defesa da pauta, em defesa da causa que está na rua, desde que a mesma esteja em plena sintonia com a estratégia anarquista/libertária.

E o que os anarquistas e libertários tanto querem? Respondemos: cada um na forma que lhe couber, com tática e tempo que julgar ser o mais certeiro, todas e todos nós queremos o fim do caos social provocado pelo capitalismo, pelo Estado e pelos agrupamentos fascistas! E é exatamente por isso que a tática black bloc segue sendo criminalizada pelos burocratas da esquerda e pela imprensa à serviço do empresariado. Não nos surpreende que Guilherme Boulous, cordenador do MTST, tenha corrido à Folha de São Paulo para dissociar sua “gestão” das práticas black bloc. Ele assim fez porque seu objetivo não é instaurar um processo revolucionário que possibilite a luta real dos de baixo. Seu interesse é, na verdade, mais do mesmo, o que todo bom burocrata quer: poder.

O que ainda nos surpreende é a falta de autoconhecimento e crença na própria força que a maioria esmagadora da população tem. Entedemos que isso não é acaso ou cultural, como insistem alguns. Entendemos que isso parte de um projeto de poder que há anos governa a população brasileira para que todos nós sacrifiquemos nossa própria autonomia em função de um de ente abstrato, regulador e violento: o Estado Democrático de Direito.

Conclamamos, mais uma vez, a população para que se libertem das amarras que vos prende. Não precisamos de líderes, heróis, salvadores ou mitos!
Nós carregamos mundos possíveis em nossos corações!
Não façam o jogo do poder dominante, que pega o discurso de burocratas da vida e usa para nos dividir ainda mais. Afinal,
não custa lembrar que um povo dividido é mais facilmente conquistado!
Sempre estivemos e continuaremos nas ruas! Nenhum governo será legitimo, pois a democracia representativa, por si só, é ilegítima!

Viva o movimento libertário!

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